Remember Me escrita por lininhaaa


Capítulo 7
- VII -




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Capítulo O7

Já era por volta de quatro da tarde quando Sasuke estacionou o carro em frente a um portão enorme com grades. A visão da escola era maravilhosa, toda construída em tijolos marrons e com um belo jardim com grama verde e árvores. Crianças brincavam em um playground colocado estrategicamente naquele espaço tão “natureza”.

Olhando pelo retrovisor, Sasuke teve a visão da menina no banco de trás. Presa com o cinto de segurança, Saky tinha os olhos brilhando. Parecia deslumbrada com a escola. A boca entre aberta e as duas esmeraldas acompanhando o movimento de diversas crianças que deveriam ter a idade dela.

Aquela já era a quinta escola em que os dois estavam visitando.

- Vamos entrar. – Sasuke comentou ganhando a atenção da menina.

Saindo do carro, o Uchiha ajudou a pequena a descer e colocou sua mão nas costas da mesma, guiando-a ao portão. Ela parecia totalmente atônita.

- Boa tarde. – uma moça de cabelos castanhos presos em duas maria-chiquinhas e olhos da mesma cor cumprimentou-os. – Bem vindos à Konoha Kindergarten, sou Tenten. – a mulher sorriu para a pequena que agora encontrava-se atrás das pernas do pai. – E qual é o seu nome?

Saky escondeu-se ainda mais atrás de Sasuke, enquanto ele a olhou pelo canto dos olhos.

- Saky... – resmungou envergonhada.

Tenten sorriu carinhosa e dessa vez direcionou seu olhar para o moreno.

- Podemos conhecer a escola?

- Mas é claro! – exasperou-se animada.

A passos receosos e acompanhando o pai, Saky mantinha-se agarrada com uma das mãos na calça do mesmo, enquanto ouvia Tenten falar sobre a estrutura do lugar.

*

A visita demorou pouco mais de meia hora. Sasuke realmente tinha gostado de tudo ali. Da estrutura, dos métodos de ensino, da segurança  e da organização da escola. Parecia um bom lugar para colocar a pequena, mesmo sendo um pouco pequena. Seria uma experiência saudável para todos.

De volta ao carro, o moreno arrumou a menina no banco de trás e posicionava-se atrás do volante. O dia tinha sido tão exaustivo quanto trabalhar na editora.  Ele tentava entender como Konoha, apesar de ser pequena, havia tanto transito no período da tarde.

Enquanto mantinha-se com os olhos fixos na estrada, Sasuke ficava em silêncio. A menina também mantinha-se quieta distraída com as ruas e os carros. Olhando de relance, ele notou que Saky também estava cansada. Os olhos verdes herdados da mãe faziam uma força tremenda para se manterem abertos. A cabeça da pequena tombou algumas vezes para os lados, enquanto os cabelos rosados acompanhavam o balançar do veiculo. E aquela cena acabou arrancando um discreto sorriso do moreno.

*

Sakura sentia-se tão independente. Finalmente tinha se livrado da bota ortopédica que tanto a incomodava e a privava dos movimentos. Sentia-se libertada, apesar das pequenas fisgadas na perna que eram constantemente ignoradas por ela.

- Como será que eles estão? – Sakura perguntou para Shizune que pegava alguns pratos para arrumar a mesa de jantar.

Já era hora do jantar e por mais que a empregada insistisse que Sakura deveria descansar, a rosada parecia irredutível. Naquela tarde, a Uchiha fez questão de preparar o jantar para a família, tendo como assistente  Shizune. A mulher apenas pegava algumas coisas que por ventura, Sakura ainda não se lembrava. Era uma “comemoração” de sua liberdade.

- Creio que daqui a pouco eles estarão chegando, Sakura... – comentou sorrindo. – Não quer mesmo que eu termine isso? – ela retorquiu pela milésima vez.

- Não, Shizune! – bufou emburrada. – O cheiro do meu jantar está tão horrível assim? – perguntou brincalhona.

Shizune soltou uma risada alta, fazendo-a rir também. Era bom ver Sakura radiante daquela forma. A empregada sabia dos últimos acontecimentos e tinha a família como uma extensão da sua própria e vê-los brigando e a um ponto de se separar, fazia seu coração doer. Por instantes, Shizune se perguntava se aquele acidente era um sinal ou uma chance da vida dos três recomeçar. Era estranho pensar que tamanha tragédia fosse uma “salvação”, afinal aquilo poderia ter causado conseqüências gravíssimas... Mas ver a calma e paz naquela casa, faziam-na refletir sobre aquela idéia.

- Oh, droga! Deve estar terrível porque você não respondeu Shizune! – Sakura fez um bico.

- O cheiro está delicioso, Sakura. Não seja boba! – ela sorriu carinhosamente. – Aqueles dois vão lamber os dedos depois do jantar. Além disso, Saky e Sasuke adoram sua comida...

Sakura se surpreendeu.

- Jura?

- Sim. Saky sempre reclamava quando você não fazia pelo menos um jantar por semana.

Como gostaria de lembrar dessas coisas. Lembra-se de como conheceu Sasuke, dos dias de namoro, do casamento, do dia em que descobriu que estava grávida da pequena. Dos pequenos detalhes que ela tinha vivido num passado nem tão distante, mas ainda muito desconhecido por conta do acidente.

- Sakura, tudo bem? – Shizune perguntou tocando-lhe o ombro. A rosada tinha ficado quieta e os olhos adquiriram um brilho tristonho. – Foi algo que eu disse?

- Não... – comentou vagamente, tetando dispersar aquela tristeza momentânea. – Só me distrai. Foi isso. – sorriu.

O silencio que se instalou na cozinha, permitiu-lhes ouvir a porta da sala sendo aberta e passos rápidos e leves aproximando-se delas. Poucos segundos bastaram para encontrarem a pequena Saky na porta da cozinha, alegre e admirada por ver a mãe cozinhando.

- Mamãe! – ela exclamou contente, direcionando-se para a rosada.

- Vocês já chegaram? – Sakura agachou-se para abraçar a filha que não titubeou em agarrar-lhe pelo pescoço em um abraço tão carinhoso quanto recebera. – Como foi?

Os olhos da menina brilhavam acompanhado de um sorriso maravilhado. A rosada viu a silhueta do moreno recostada no batente da porta.

- Foi muito legal, mamãe! Eu vi um monte de crianças... – Sakura sorriu com o comentário. – E as pessoas parecem ser legais.

- Que bom, pequena. – Sakura sorriu e desviou rapidamente o olhar para Sasuke, que via a cena calado.

 Saky olhou para a mesa de jantar colocada e completou:

- Você fez a comida?

Sakura soltou uma risada baixa, acenando positivo com a cabeça. Automaticamente, os olhos verdes da filha adquiriram um brilho ainda mais intenso, fazendo a Uchiha comprovar o que Shizune falara a pouco.

- Está com fome? – a rosada perguntou divertida.

- Muita, muita! Desse tamanho! – Saky abriu os pequenos bracinhos o máximo que podia, arrancando risadas da mãe.

- Há muito tempo você não cozinha, Sakura. – Sasuke finalmente resolveu falar.

- Algo errado?

O moreno apenas deu os ombros de forma desinteressada. Não havia problema algum em Sakura  ter feito aquele pequeno gesto. Na verdade, aquilo significava que Sakura aos poucos estava voltando para o que ela realmente era. Ele não podia negar o fato de que sentia falta de quando eram recém casados, onde as coisas pareciam tão mais simples entre eles.

- Não. Só que faz muito tempo que você não faz o jantar.

- Foi o que eu disse à ela.- Shizune comentou, recebendo uma carranca nada amigável por parte da moça.

- Além disso, Tsunade não vai aprovar essa atitude... – Sasuke completou visivelmente preocupado com a reação da médica de cabelos loiros ao saber que ele  tinha deixado Sakura esforçar –se tanto.

Sakura revirou os olhos impaciente e bufou por entre os dentes.

- Já disse que me sinto bem. – garantiu-lhes sentando-se ao lado da filha. – Além disso, Shizune me auxiliou durante todo o tempo.  Parem com isso!

Saky assistia toda a pequena discussão em silencio e soltou uma risada baixa ao perceber a mãe levando bronca.

- Mamãe.. – a pequena resmungou, ganhando a atenção dos três adultos. – Tô com fome!

- Ok, ok! Chega de falar e vamos ver se Sakura perdeu ou não a prática em cozinhar. – Shizune comentou de forma brincalhona.

*

Após o jantar, Shizune insistiu que deixassem que ela arrumasse toda a cozinha enquanto a família Uchiha fosse para a sala. De certa forma, a empregada sentia-se bem em perceber que aos poucos, Sakura e Sasuke estavam se unindo e finalmente aquela casa estava voltando a ser um lar.

Jurou a si mesma que, se dependesse dela, aquela família seria feliz novamente... como há muitos anos atrás.

*

- Já está tarde. – Sakura atentou-se ao olhar para o relógio em cima da TV em que a pequena e ela assistiam.

Saky, que estava apoiada com a cabeça no colo da mãe, olhou-a tristonha e formou um bico emburrado.

- Não faça essa carinha. Você quer chegar com cara de cansada no seu primeiro dia na escolinha? – A Uchiha perguntou acariciando as madeixas rosadas da filha, vendo-a negar com a cabeça. – Então, vamos dormir, ok?

- Hum... ok. – respondeu resignada.

Os dois pares de olhos verdes foram desviados para a escada onde a única figura morena da casa estava descendo. Sasuke carregava um travesseiro e um lençol em seus braços já que seu quarto seria a sala de estar e sua cama o sofá.

Depositando as coisas no sofá ao lado delas, Sasuke sentiu-se observado pelas duas. A filha olhava-o curiosa com os olhinhos quase se fechando sem sua permissão.

- Seu pai está cansado, Saky. – Sakura avisou-a colocando a menina em pé. – Vamos, afinal o dia de amanhã será longo.

*

Já devidamente embrulhada debaixo das cobertas, Saky olhava a mãe curiosa. Era como se todo aquele sono de minutos atrás tivesse sumido em um passo de mágica.

- Você precisa dormir, Saky. – a maior disse baixo e doce, ouvindo um resmungo frustrado da pequena. – Eu sei que está ansiosa, mas precisa descansar.

Dando um beijo casto na testa da menina,  Sakura a ajeitou mais uma vez, ligou o abajur branco ao lado da cama da menina e desligou a luz do quarto. Ela pôde ver os olhos de Saky pouco a pouco se fechando e suspirou aliviada.

Ela não fechou a porta. Saindo cautelosa do quarto, Sakura levou as mãos a boca quando deparou-se com Sasuke no corredor.

- Não queria assustá-la. – o Uchiha comentou vendo a forma como tinha surpreendido a esposa.

A rosada soltou o ar preso pela boca e deu os ombros.

- Tudo bem. Saky está ansiosa. Por um momento pensei que ela não dormiria tão cedo.

Os olhos negros acompanharam os orbes de Sakura para a direção da cama de Saky. Ela parecia já ter se entregado ao sono, mesmo não querendo.

- Ela está bem cansada. – Sasuke disse e percebendo um sorriso um tanto triste nos lábios dela, comentou: - Você virá conosco amanhã?

- Eu... queria muito, mas não posso. – respondeu resignada.

Já era tão difícil aceitar o fato de não lembrar-se de nada sobre sua vida e a vida daquela pequena criatura que havia colocado no mundo. Talvez a mais doce que um dia chegaria a conhecer e, perder aquela passo tão importante na vida de Saky deixava um sentimento de frustração.

- E por que?

- Amanhã é minha consulta com Tsunade. Tenho que estar lá pela manhã.

- Ela não vai se importar caso você se atrase alguns minutos, Sakura.

Sakura pareceu considerar a idéia por alguns instantes.

- Deixaremos Saky na escola e te deixo na porta do consultório dela. – ela completou. – Imagino que amanhã seja um dia importante para você.

A Uchiha concordou. Sasuke estava sendo tão bom com ela.

- Tudo bem. Acho melhor descansarmos, então... boa noite. – e com um sorriso ela entrou no quarto que um dia fora deles.

Sasuke ainda ficou parado algum tempo, olhando a porta fechada do quarto. Reconquistaria Sakura custe o que custasse.

*

O sol já iluminava as ruas de Konoha naquela manhã. Uma brisa calma e confortável fazia os cabelos rosados da pequena Saky voarem de forma majestosa, enquanto Sakura ajeitava a mochila branca nas costas da filha.

Os três já se encontrava em frente a escola onde Saky dava seu primeiro passo para um novo mundo, onde conheceria a maioria das crianças que também estavam com suas famílias ali.

- Comporte-se, Saky. – Sakura murmurou ao pé do ouvido da menina, vendo-a concordar.

Sakura deu mais uma olhada na pequena vestida com o uniforme da escola. Saia azul clara, uma blusa branca com um lenço envolto do pescoço também azul e uma discreta boina na cabeça da mesma cor do lenço.

A menina deu mais um beijo e abraçou Sakura pelo pescoço para depois ir em direção do pai que a aguardava um pouco mais a frente e as observava. Ele deu um sorriso de canto ao perceber os olhos verdes da mulher adquirir um brilho maravilhoso e ali ele teve a certeza que tinha sido uma boa idéia ter levado Sakura junto deles.

Saky segurava a mão de Sasuke enquanto ele a guiava em direção a sala onde ela passaria boa parte daquele dia. A pequena parecia estar admirada com tudo aquilo, com tantas crianças aparentemente da mesma idade ou talvez 1 ou 2 anos mais velhas.

- É aqui, papai?- ela perguntou ao ver que o moreno parou em frente a uma sala com várias mesas baixas e uma mulher de cabelos loiros permanecia numa mesa maior.

- Sim. – respondeu.

Mal pôde piscar... em um momento Saky estava ao seu lado e no outro ela já corria para dentro da sala. Sasuke sentiu-se estranhamente desconfortável. Era como se ela não se importasse tanto em “deixá-lo”, como se Saky sentisse apenas falta da mãe e não dele.

Ele ajeitou as mãos nos bolsos da calça e balançou a cabeça algumas vezes. Aquilo não deveria incomodá-lo. Nunca tinha sentido isso, então por que seria diferente agora?

“E agora está claro que tudo que se vê nem sempre é o que parece”


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Notas finais do capítulo

Deeeesculpeeeeeeeem!
Gente, fiquei ausente por muito tempo e abandonei minhas fics... eu sei! Mas aconteceram diversas coisas, algumas boas e outras nem tanto que são meu real motivo de ter deixado minhas histórias de lado.
Aos poucos vou voltando para as fics e prometo atualizá-las mais rápido.
Espero que vocês não tenham desistido delas, porque são vocês o real motivo de eu continuar a escrever.
Não gostei muito do capítulo. Voltei a ficar enferrujada, mas prometo melhorar, ok?
Qualquer erro de português ou ortografia que possa ter passado despercebido, já peço desculpas.
Espero que gostem.
E mais tarde... Capítulo novo de Procura-se uma Acompanhante.
Beeeijo! :*