Eternal Flame escrita por bandolinz


Capítulo 8
Se Eu Me Apaixonar Por Jacob Black


Notas iniciais do capítulo

Obrigada a todas pelos comentários! Espero que continuem acompanhando a EF nas emoções dos próximos capítulos =D



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Eu ainda não acredito que Jacob fez isso comigo. Senti-me péssima quando soube quem realmente mandou as flores. Fui muito injusta com Nahuel, mesmo depois da confusão no meu aniversário, e com a eminência do fim do nosso namoro relâmpago, ele se deu ao trabalho de me presentear. O que justificava o comportamento dele na manhã de ontem e o triste vestígio de esperança em seu olhar. Mas que grande idiota eu sou! Em que mundo Jacob me mandaria flores? Flores!


Venho ignorando Jacob desde então. Ele bem que tentou se justificar, mas eu definitivamente não quis ouvir. Tranquei-me no quarto e coloquei meu ipode no volume máximo. Jake bateu na porta até que Emmett e Jasper o convenceram sair. Mais tarde minha mãe me convenceu a abrir a porta com o pretexto de se despedir, e não deixou de dar seu sermão. Conversei com Edward também, embora ainda estivesse um pouco chateada. Àquela altura, Jacob já havia saído furioso e se transformado em lobo. Estava correndo por aí. E foi melhor assim. Passei o resto do dia com Rosalie. Foi bem produtivo. Ela parecia adorar tudo aquilo e não economizou acusações contra Jacob. Alice e Jasper não se manifestaram e Emmett estava muito frustrado. Ficou reclamando o tempo todo com Rose e tomou o partido de Jacob. Só depois me dei conta de que ele precisava que eu e Jake estivéssemos juntos para poder se divertir tentando nos separar. Me livrar de Emmett era uma coisa boa nessa história afinal. Hoje, pela manhã as amazonas e Huilen vieram se despedir. Nahuel não apareceu.

Agora estamos em um vôo para Washington. Fiz questão de me sentar com Rose e Emmett nas poltronas de trás e na fileira oposta da que os outros ficaram. Troquei a janela pela cadeira da ponta só para espiar Jacob dormindo. Eu não queria dar o braço a torcer, mas não agüentaria continuar com isso por mais tempo, era muito esforço ficar com raiva de Jacob. Já estava louca para abraçá-lo e dizer que estava tudo bem.


– Nessie, o avião já pousou. – Rosalie interrompeu minhas reflexões.

– Nossa. Como foi rápido dessa vez.

– Claro, passou a viagem toda babando pelo lobo! Nessie, Nessie, eu já disse, deixe de besteiras, se entregue ao amor. – Emmett, que tinha a poltrona na janela, se levantou.

Corei imediatamente. Jacob se espreguiçava no assento praticamente ao lado. Eu sabia que ele estava ouvindo.

– Pare de colocar coisas na cabeça da garota. – Rose também se levantou para bater no ombro de Emmett. – Aquele vira-lata mentiroso não serve para ela.

Emmett começou a rir e puxou Rose beijando-a. Eu não ia ficar para ver isso. Peguei minha bolsa e me levantei já saindo.

– Ei, Ness! – Emmett chamou. Virei para ele com cara de poucos amigos. – Escuta os conselhos do tio Emm aqui e pára de bancar a durona. Vai por mim. – ele piscou e sorriu.

Revirei os olhos e segui pelo minúsculo corredor.

– Por que a pressa? – indagou uma voz rouca bem atrás de mim.


Perdi o ritmo das passadas, da respiração, das batidas do meu coração. Enfim, de tudo. Como eu não respondi, ele continuou.

– Então, você ficou na cadeira de trás para me vigiar? – Ele estava muito perto e provavelmente inclinado, pois eu podia sentir seu hálito quente em meu ombro. – Que tolice. Poderia ter sentado ao meu lado e ter feito bem mais do que olhar.

Senti o sangue subir, agora eu devia estar vermelha como um pimentão.

– Jacob, não devia dar ouvidos às besteiras do Emmett. – falei com desdém, fingindo segurança. Um dia, ainda não sei como, Emmett me pagará por isso.

Esgueirei-me para passar do homem que caminhava lentamente na minha frente, a última coisa que eu precisava nesse momento era Jacob dando uma de superior. E com razão!

– Vai ficar fugindo de mim agora? – Jacob perguntou ficando para trás.

Continuei ultrapassando velhinhas, crianças e gestantes, depois desci as escadas e fiquei no portão de desembarque esperando os outros enquanto, mentalmente, listava as tantas coisas que realmente tornariam a viagem mais prazerosa se eu tivesse ficado ao lado de Jacob. Facilmente avistei meus tios e Jake entre os demais passageiros.

– Aconteceu alguma coisa, Nessie? Você parece nervosa. – Jasper quis saber.


– Não, claro que não. – sorri para ele e fiquei me balançando de um lado para o outro.

Acidentalmente pousei os olhos em Jacob. Erro. Ele me olhava com aquele novo olhar que me deixava sem graça.

– Enquanto vocês cuidam das malas, vou dar uma olhada na livraria lá em cima. Estou precisando de algum romancezinho barato para passar o tempo.

– Tudo bem, vê se não demora. Se aqui tivessem roupas decentes eu até iria com você. – Alice franziu o lábio.

Eu ri de seu comentário e dei as costas para eles.

– Eu vou com você. – Jacob me alcançou em duas passadas longas.

– Não. Você fica. – cuspi a frase em uma súbita retomada de minha raiva inicial.

– Não, ele vai. – Emmett ordenou em um tom sério que eu nem sabia que ele era capaz de usar.

O encarei incrédula. Ele abriu um sorriso e voltou a ser o Emmett de sempre.

– Se você se empolgar com os livros vai acabar perdendo a noção de tempo e vai me fazer esperar a eternidade aqui. É melhor o Jacob ir, além do mais ele vai te proteger dos perigos da cidade grande. – ele segurou o braço de um pobre rapaz que estava passando com três malas. – Esse mundo está um perigo hoje em dia, não é?

O coitado assentiu rápido, obviamente assustado se não com a abordagem, com o tamanho de Emmett. Jacob olhou para mim sorridente. Absolutamente lindo. Quase sorri em resposta, mas comecei a andar antes que eu me afundasse na tentação.


– Mas não se empolga não, garotão. Quero vocês aqui de volta em dez minutos. – Emmett avisou.

Jacob me alcançou seguindo lado a lado comigo.

– Tudo isso por causa de umas flores idiotas? – quis saber.

Senti que ele me encarava, mesmo assim mantive os olhos atentos na direção que eu tomava.

– Sim! Por causa de umas flores idiotas. – respondi sarcástica. – Você... Você mentiu para mim!

– Epa. Não menti.

– Mas também não me contou a verdade quando teve chance.

– Tudo bem. Escute. Sei que errei e peço desculpas. Vamos deixar isso para trás, que tal?

– Jake, entende que nosso relacionamento já começou com uma mentira? Porque me deixou acreditando que foi você quem mandou as flores, enquanto eu nem sequer agradeci ao Nahuel? E ele foi tão nobre...

– Vai dizer que só está comigo por causa da ‘atitude romântica’ do semi-sanguessuga?

Finalmente olhei para Jake, ele deu um sorriso debochado e aquilo me irritou. Andávamos cada vez mais rápido atravessando o saguão do aeroporto.

– E quem disse que eu estou com você? – ergui uma sobrancelha, sentindo o gosto da vitória.

Jacob vacilou e o sorriso em seu rosto se desfez. Eu podia ver que minhas palavras o magoaram, mas eu não o deixaria sair por cima dessa vez.

– Agora estou me sentindo usado.

– Sinta o que quiser. – virei o rosto jogando o cabelo para trás.


No mesmo instante houve um impacto surdo, olhei de volta para Jake e diante dele estava caída uma garota, garota não, uma mulher. Olhos verdes, cabelo curto loiro, chegando aos ombros. Jacob parecia surpreso, como se não percebesse que ela estava caída ali porque ele praticamente a atropelou, mas logo tratou de oferecer-lhe a mão. A mulher olhou para ele primeiro, irritada, depois a expressão mudou. Rapidamente ela avaliou Jacob da cabeça aos pés, havia admiração e desejo em seus olhos. Odiei aquela estranha com todas as forças de minha alma. Ela levantou o braço como se fosse aceitar sua ajuda, no entanto interrompeu-se no caminho levando as mãos à cabeça e caindo para trás novamente.

– Você está bem? – Jacob se ajoelhou perto dela preocupado.

– Não. – ela gemeu.

– Vem. Eu te levo para a enfermaria. – ele a pegou no colo – Tem alguma enfermaria por aqui, não tem?

Ela riu, eles agora iam ficar de ceninha?

– Tem sim, mas não precisa. Já estou melhor. Sou Sophia, e você é o...?

– Jacob.

– É um prazer conhecê-lo, Jacob. Ainda que tenha sido de uma maneira tão... Impactante.

Ele riu. Sem fazer cerimônias mostrou para ela aquele sorriso que eu tanto amava. O meu sorriso. E nesse momento eu também o odiei.


– Tem certeza de que não quer ver um médico?

– Tenho sim. – ela apertou os lábios e depois passou a vista por mim. – Alem do mais, sua namorada vai ficar irritada.

– Nessie? Ah, não. Ela não é minha namorada. – Jacob respondeu olhando para mim com ar de provocação enquanto a colocava no chão.

Entendi perfeitamente o que ele queria dizer com aquele olhar: o troco. Senti o sangue subir de raiva, se ele queria me irritar, estava conseguindo. Meu primeiro impulso foi partir para cima daquela oferecida e causar no mínimo umas cinco fraturas para ela aprender a não dar em cima do meu lobo. Apesar disso respirei fundo e fui tomada por uma subida calma. Eu chamaria de sangue frio.

– Imagine Sophia! Eu e o Jake? Namorados? – soltei a gargalhada mais falsa de minha vida, contudo era possível perceber uma nota de histeria em minha voz.

Ela sorriu amarelo me olhando confusa. Jacob então estava perplexo.


– Eu e ele somos apenas bons amigos. – dei duas batidinhas no ombro dela em um gesto de camaradagem. A animação faiscou nos olhos de Sophia, deixei que ela desfrutasse disso por alguns segundos antes de completar. – Mas se eu fosse você tomaria cuidado para o meu tio não pensar que você está interessada no bonitão aqui. Ele não tira os olhos de Jake um segundo sequer. Meu tio é muito possessivo, sabe? – confidenciei.

Por providência no mesmo instante Emmett assobiou alto chamando a atenção de Jacob, e de metade do aeroporto.

– Quem? Aquele grandalhão ali? – perplexa, ela gesticulou para Emmett.

– Ô cachorro! – ele gritou apontando para o relógio impaciente.


O queixo dela caiu e eu me segurei para não rir.

– Marcação cerrada, não é? – cochichei.

Novamente Sophia olhou Jacob de cima a baixo, só que dessa vez com descrença e repúdio, com um pouco de lamento também, é verdade. Ele me encarou indignado, em resposta eu sorri e sacudi os ombros de leve.

– Estamos quites. – soprei um beijo para ele e saltitei triunfante para o elevador.


Meu dia de sorte, nem precisei esperar. Enquanto eu me aproximava, as pessoas esvaziavam o elevador e apenas uma velhinha elegante permaneceu. Assenti ao entrar e ela me sorriu simpática. A porta já estava fechando quando vi Jacob chegando perto com passos longos e rápidos, pedindo para segurarem o elevador. A gentil senhora apressou-se em estender a mão para travar a porta e eu imediatamente a interceptei. Em êxtase, desfrutei do adorável bipe que a porta fez ao se fechar. Só depois reparei que a velhinha me olhava com olhos arregalados enquanto eu ainda a segurava.

– Oh. Desculpe-me. – larguei seu braço me colocando no canto do elevador.

Ela ainda me encarava com o olhar inquisidor.

– É... Está quente aqui, não é? Achei melhor evitar a super lotação. – sorri sem jeito me abanando com as mãos.

Desacreditada, olhou para o termômetro digital que marcava 6ºC, passou a vista pelo elevador vazio e depois me encarou de novo, com ares de reprovação. Ela deveria me achar preconceituosa ou no mínimo egoísta. Resolvi ignorá-la, parando com a encenação e foi aí que eu notei. Estávamos no subsolo, ou seja, voltaríamos ao térreo antes de chegar ao quarto andar, meu destino.

– Droga! – soltei sem pensar e mais uma vez a velhinha me olhou torto.


Um homem entrou e apertou o botão do térreo. Bufei impaciente. Térreo. A porta se abriu e, não para a minha surpresa, Jake esperava em frente a ela. O homem saiu e eu rapidamente apertei o botão para o elevador se fechar. Jacob segurou a porta e me sorriu cínico ao entrar.

– O que você quer aqui?! – perguntei exasperada.

Jacob me ignorou indo tranquilamente para o canto oposto do elevador.

– Vai ficar me seguindo agora? Porque não fica lá cuidando da sua nova amiga inválida, turbinada, oxigenada e me deixa em paz?!

Ele não respondeu, mas a velhinha me fitou mais escandalizada do que antes.

– Não me ignore. Jacob, eu estou falando com você!

– Primeiro esse é um local público, eu posso ir onde eu bem quiser. Segundo você está surtando, eu só ajudei a garota, poderia ser qualquer um. E terceiro aquilo foi muito infantil. – respondeu por cima da velhinha, o que não foi difícil considerando que ela mal chegava à cintura de Jake.

Soltei uma gargalhada frenética no momento em que a porta se abriu. Primeiro andar. Não sei por que, ninguém se atreveu a entrar.


– Escute bem. A culpa disso tudo é sua, desde o começo! No Brasil com a história das flores e agora isso! – desatei a falar, mas ele parecia nem estar me ouvindo.

– Jovem, você namora essa moça malcriada? – a velhinha perguntou timidamente interrompendo meu tagarelar.

– Senhora, não a leve a mal. É que minha namorada tem problemas. – ele girou o indicador ao lado da cabeça insinuando que eu estava louca. – Essas coisas de transtorno bipolar, saca?

– Sim, sim, meu filho. Que pena, uma jovem tão bonita. – ela me olhou agora cheia de piedade.

– Eu não tenho doença nenhuma! Apenas estou... Nervosa.

– Não precisa ter vergonha de sua condição, minha querida.

– Está vendo, Nessie? Eu disse que não precisava ter vergonha. – completou Jacob demonstrando compaixão. – Ela quer sair sozinha, mas sabe que não pode. Às vezes ela chega à extremos de fugir de mim, como hoje. Mas eu imagino como deve ser difícil viver dependendo dos outros, por isso relevo.

– Com toda certeza, filho. Você é um rapaz muito bom. Um sobrinho meu tem esse mesmo problema. É uma tristeza para toda a família.


Segundo andar.

– Vou ficar por aqui, meus amores. Se comporte, hein, mocinha. Você é uma garota muito especial, e sortuda por ter um namorado que a ame tanto.

Jacob deu um passo para o lado, abraçou meus ombros e sorriu acenando para a velhinha. Eu também sorri sem saber onde enfiar a cara. Assim que a porta se fechou Jake caiu na gargalhada, irritada dei um pisão no seu pé. Ele gemeu em protesto, mas continuou rindo. Comecei a distribuir tapas por seus ombros, braços e costas. Onde pegasse. Ele se curvou ainda desfrutando de sua crise de riso.

– Pára. De. Rir. – grunhi entre tapas.

Jacob se endireitou e me segurou pelos pulsos, ainda risonho.

– Já chega de agressão por hoje, não acha?

– Não. – tentei me soltar. – Só quando minha raiva passar. E eu ainda estou irada!

E lá estava ele me encarando de novo com aquele olhar sedutor.

– Pois você – ele beijou o canto dos meus lábios – é a irada mais encantadora – desceu para o queixo – e irresistível que eu já vi.

Com a respiração fora do ritmo me controlei para não agarrá-lo.

– Me solta, Jake. – sussurrei.

– Tem certeza de que é isso que você quer? – um arrepio percorreu meu corpo quando senti sua respiração ao pé do ouvido.


– Não – arfei derrotada.

Jacob riu satisfeito com minha resposta. Virei meu rosto buscando seus lábios e nos beijamos.

No mesmo instante meu celular vibrou, tocando alto logo em seguida. Eu estava salva, embora até eu mesma duvidasse de que era isso o que eu queria.

– Perfeito! – Jacob me soltou e se escorou na parede.

Por reflexo peguei o aparelho em um segundo. Era uma mensagem de Alice.

“Se ainda estiver no elevador, saia agora. Vai faltar energia.”

– Droga. – murmurei indo direto para o painel. Para completar, Jacob estava lindo e parado de braços cruzados bem na frente dos malditos botões.

– Que foi? – ele ergueu as sobrancelhas, preocupado, enquanto eu o empurrava. Apertei o botão do terceiro andar. Tarde demais, o elevador continuou subindo e logo depois parou, então veio a escuridão.


Começaram os murmúrios do lado de fora. Um humano normal não enxergaria um palmo à frente do nariz. Mas eu podia muito bem ver a expressão assustada de Jacob que não demorou muito e foi substituída por empolgação.

– Legal. – disse entusiasmado.

– Legal? Estamos presos aqui dentro, Jake! Isso não é legal.

– É uma questão de ponto de vista. – ele deu de ombros.

– Do meu ponto de vista você abre essa porta agora e a gente sai.

– Esqueça essa idéia. – ele sentou no chão e deu duas batidinhas no espaço ao lado.

– Vamos ficar aqui até a energia voltar.

Cruzei os braços e fechei a cara.

– Nessie, não faz assim. – ele soltou um suspiro pesado e se levantou, aproximando-se com olhos suplicantes. Sua voz rouca doce como mel. – Não quero brigar com você.

Eu recuei o quanto pude, até colar as costas no aço congelante. Me encolhi em reação ao frio, eu ainda não queria ceder. Ele apoiou as duas mãos na parede, me prendendo entre os seus braços. Jacob manteve os olhos nos meus enquanto lentamente se aproximava.


– Devia ter pensado nisso antes de dar bola para aquela metida a bonitona. – murmurei ressentida.

Jacob se afastou de mim repentinamente indo parar do outro lado do elevador.

– Mais que droga, Renesmee!

Renesmee? Problemas.

– Você realmente acha que eu te trocaria por uma estranha qualquer? Ou está só procurando uma desculpa? Se estiver arrependida, não precisa de tudo isso. Basta falar que eu esqueço o que houve nesses últimos dias e nós voltamos a ser apenas amigos.

Fiquei paralisada de olhos arregalados enquanto processava aquelas palavras, aquela reação inesperada. Apenas amigos, aquilo jamais voltaria a ser suficiente para mim. Fui tomada pelo pavor.

– Me desculpe Jacob. – sussurrei de cabeça baixa e dei um passo inseguro em sua direção – Talvez eu esteja fazendo isso errado, mas... Eu quero você. Eu preciso de você.

Jacob deu um passo para frente, mas não disse nada, apenas deslizou a mão pelos meus cabelos. Respirei fundo e fui dominada pelo seu cheiro amadeirado. Tranqüilizante. Entorpecente. Senti meus ombros relaxarem, quando eu nem sequer havia notado que meus músculos estavam retesados. Não tive coragem de encará-lo, coloquei a mão sobre o seu peito e me espantei ao perceber que dessa vez era eu quem estava tremendo.


– Está vendo como eu fico agora quando estou perto de você? – soltei um riso curto de incredulidade.

– Nessie...

– Não, Jake. Não é ruim. Só é... Diferente. – respirei fundo mais uma vez. Iria falar tudo o que eu estava sentido, escolhi falar porque talvez escutando da minha própria voz aquilo fizesse um pouco mais de sentido. – Com você tudo fica melhor, sabe? E nada fica bom o suficiente se você não estiver. É como se você pudesse invadir minha alma, decifrar meus pensamentos, adivinhar o que eu preciso e me trazer tudo isso com o simples fato de estar presente. Cada vez que eu te olho ou escuto a sua voz, a alegria toma conta do meu corpo e tudo o que eu quero é estar mais perto. Eu sempre te amei, e você sabe disso. Só que agora... Estou me apaixonando por você. Eu nunca fui tão feliz, mas também nunca tive tanto medo. – imaginei que Jacob fosse me interromper, mas ele permaneceu calado, fiquei grata por isso, então completei. – Nesses dois dias a gente brigou mais do que em toda minha vida. Estou apavorada com isso. Eu não posso te perder, Jake.

Jacob acariciou meu rosto com a ponta dos dedos, passando pelos meus lábios e se demorando ali. Estremeci com seu toque e um arrepio subiu por minha coluna. Depois ele seguiu lentamente até o queixo. Aplicando mais delicadeza do que força ergueu meu rosto para que eu o olhasse.


– Não sabe o quanto eu queria ouvir isso. – ele respondeu com um fogo intenso nos olhos.

Segurei sua nuca, o desejo dominando meus sentidos. Meu coração batia tão forte que retirava o ar dos pulmões. Estava ávida para que ele me beijasse de novo, mas Jacob não o fez. Ele colou nossas testas mantendo seus lábios distantes dos meus e fechou os olhos com força, a expressão próxima da dor.

– Você precisa de mim e eu de você. Não continua complicando as coisas, por favor. – ele suplicou com a voz enrouquecida.

Uma onda de culpa me invadiu, eu jamais quis ver Jacob sofrendo e muito menos ser a causadora de sua dor. Afaguei seu rosto e o puxei para perto beijando seus lábios com urgência. Ele retribuiu com o mesmo ardor. Comecei a perder a noção do tempo e do lugar. Antes que eu ficasse completamente desnorteada abracei Jacob. Ele me apertou com força em seus braços.


– Prometo que vou me comportar a partir de agora. – sussurrei.

Fiquei ali no conforto de seus braços quentes e macios e fui tomada por uma felicidade imensa. Com Nahuel não era assim. Com ninguém mais era. Eu tinha certeza agora, nenhum outro poderia me fazer sentir desse jeito. Eu me sentia caindo de um abismo em alta velocidade, com direito a frio na barriga e tudo mais e, apesar disso, me sentia completamente segura. Aquecida. Jacob me soltou do abraço, mas manteve os braços firmes em minha cintura. Também deixei as mãos sobre seus ombros.

– Como isso foi acontecer com a gente... Porque as coisas mudaram tão rápido? – indaguei reflexiva.

– Nem imagino. Acho que eu acordei um dia e resolvi complicar minha vida te querendo comigo de todas as formas. – ele deu um sorriso malicioso.

Aquelas palavras invadiram minha mente e devastaram meu sistema nervoso incendiando tudo. Eu também queria Jacob de todas as formas.

– Isso tudo ainda é um mistério para mim, mas se você me der a sua mão vai ver... – ele pegou minha mão e a colocou sobre seu peito. A pressão do braço forte em torno da minha cintura aumentou e, sem esforço algum, Jake me levantou me deixando na mesma altura que ele. Com a palma da mão eu sentia seu coração acelerado e também o meu igualmente fora do compasso. Olhei para Jake fascinada e ele me sorriu. – Seu coração está mantendo ritmo com o meu.


E naquele momento eu percebi: tudo em mim reagia à proximidade dele, ao ritmo de sua respiração, ao seu cheiro, ao calor de seu corpo.

– Ah, Jake...

Ele me interrompeu com os lábios quentes sobre os meus. Senti o sangue correr mais rápido pelas minhas veias enquanto sua língua explorava a minha boca. Agarrei sua nuca e deslizei a mão pelos curtos fios pretos retribuindo ao beijo. Ele me puxou para si com mais força, seu corpo musculoso contra o meu, as mãos moldando minhas costas. O tempo pareceu parar. Cada centímetro meu respondia a Jacob.

Ele foi me levando até a parede e me encostou. Dessa vez o aço gélido não me incomodou. Uma paixão forte me dominava e tudo ficava cada vez mais quente. Era impossível dizer onde o meu calor terminava e o de Jake começava, com nossas temperaturas tão elevadas. Minhas pernas envolveram seu quadril enquanto Jacob desceu em beijos e roçou os lábios macios e quentes no meu pescoço. Estremeci por completo. Era bom estar apoiada contra a parede e por Jacob, caso contrário eu teria desabado ali mesmo. Fechei os olhos com força e mordi o lábio contendo um gemido. Nossa respiração estava completamente acelerada, eu nunca sentira tanto desejo em minha vida. Apertei minhas pernas em sua volta.



Aonde iríamos parar? Não havia em mim forças suficientes para me afastar um centímetro de Jacob e ele também parecia decidido a não parar. Então voltou aos meus lábios e nos beijamos mais uma vez em uma sincronia perfeita, agarrei seus cabelos o puxando para mais perto. Deixando um rastro de fogo por onde passava, sua mão percorreu minha perna indo pelo quadril, subindo minha camisa, ele agarrou com urgência a pele da minha cintura, depois seguiu caminho por baixo dela. Suas mãos deslizavam pelas minhas costas me levando num vai e vem discreto ao seu corpo. Com esse ritmo seus lábios procuravam meu colo e depois meu pescoço. A sensação do corpo de Jacob contra o meu era alucinante. Eu não cabia mais em mim. Minhas mãos encontraram seus ombros largos e fortes enquanto meus pés tocavam o chão. Seus braços fortemente envolvidos em meu corpo faziam com que eu o sentisse por completo e o corpo dele estava reagindo a mim.


– Estamos indo rápido demais. – Jacob ofegou girando para o meu lado, se encostando à parede.

– Não. – gemi e fui para frente dele o puxando pela gola da camisa em mais um beijo.

As luzes tremularam e acenderam me dando um choque de realidade. Gemi contrariada e Jake sorriu com os lábios ainda nos meus. O elevador tremulou em um balanço sutil. Sem tirar os olhos dos meus, Jacob apertou o botão do térreo. Suspirei tentando normalizar minha respiração.

– É o que dizem. Tudo que é bom, dura pouco. – apoiei a cabeça no ombro dele para aproveitar os últimos segundos daquela nossa proximidade.


Jacob afagou meus braços com ternura e ficamos ali até que ouvi o som, agora inconveniente, da porta abrindo.

– Então, é isso. Agora vem a parte difícil. – Jake segurou minha mão.

Meus tios esperavam a dois metros de distancia. Respirei fundo e saímos sob o olhar chocado de Rosalie. Jasper aparentava imparcialidade, especialmente por estar entre o ar especulador de Alice e o sorriso enorme de Emmett. Imaginei um balão de ‘Missão cumprida’ sobre a cabeça de Emm.

– Quem diria, os pombinhos se acertaram. Nada como um blackout para esquentar as coisas! – disse Emmett fitando nossas mãos dadas.

Revirei os olhos.


– Menos, tio. Por favor.

– Vejamos. Sem previsão de futuro, sem leitor de mentes. – ele colocou a mão no queixo pensativo – Vou deixar essa passar. Mas vou impor novos limites por aqui... É melhor se comportarem ou da próxima vez terei de ser enérgico! – Emmett piscou para mim e se virou, levando o carrinho com as malas.

– Ele não está levando isso a sério, está? – Jake cochichou.


– Não esquenta com isso. – lhe dei um beijo rápido e ele sorriu.

Seguimos para o estacionamento. Sorri presunçosa ao perceber que formávamos três casais e eu havia ficado com o melhor partido.

– Que foi? – Jacob me puxou para mais perto enquanto descíamos a rampa.

– Nada não.

Ele me avaliou com os olhos curiosos e bem humorados. Percorri cada detalhe de seu rosto, Jacob era incontestavelmente lindo, tudo nele me atraia, me fascinava. Seus traços, seus lábios, seus olhos profundos, agora em um castanho claro, os dentes perfeitos que guardavam meu mundo naquele sorriso. Sem falar no cheiro maravilhoso que ele tem e nos efeitos devastadores que sua voz rouca exerce sobre mim. Eu tinha mesmo muita sorte de ser a garota que estava ao seu lado e eu me sentia convicta de que esse era o meu lugar, era aqui que eu sempre estaria: ao lado de Jacob. Meu sorriso se alargou. Mostrei a ele o que eu estava pensando, depois as lembranças de nossos momentos juntos, como quando ele me pegou no colo e se jogou na cachoeira, no meu aniversário, quando me contou tudo o que sentia e eu mesma descobri o quanto o queria comigo, nosso primeiro beijo, e o que houve agora a pouco no elevador, de como me sinto quando ele me prende em seus braços e me beija despertando desejos e sensações que eu nunca imaginei sentir.

– Ness... Assim eu perco o controle de vez. – Jake gemeu em um tom que soou extremamente sexy.

Fiquei na ponta dos pés para sussurrar em seu ouvido.

– Estou contando com isso.



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