Eternal Flame escrita por bandolinz


Capítulo 44
3x17 - Recomeço


Notas iniciais do capítulo

Músicas do capítulo: https://www.youtube.com/watch?v=5C0-qDGnGnE
https://www.youtube.com/watch?v=D4HTTXC3Fm0
Espero que gostem!



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Acordei tarde na manhã seguinte, uma vez que passei boa parte da noite acordada pensando no que fazer. A resposta era simples: eu precisava encontrar Nahuel, trazê-lo até aqui e fazer com que ele dissesse a Joham que tem tão pouco interesse em colaborar com o plano doentio do seu pai quanto eu. Joham pode ser determinado quanto for, mas ele não pode forçar uma união quando nenhuma das partes está de acordo. Segundo, eu preciso deixar Candy a par da situação. Ela pode estar trabalhando para Joham, mas duvido que, com sua obsessão maluca por Nahuel, Candy ajudaria o pai a unir Nahuel com qualquer outra mulher. Por fim, vou precisar da ajuda de Eleazar, do clã Denali para descobrir qual o dom de Gabriel. Se Lefroy é alguma peça importante no plano maquiavélico de Joham, descobrir o dom dele me ajudará a decifrar parte desse plano.

Mais importante, eu preciso colocar minhas ideias em prática enquanto meus pais estiverem fora, cuidando de nossos novos documentos, o que significa começar hoje.

Levantei-me, tomei banho, sequei o cabelo e me vesti. Peguei uma mochila e comecei a separar algumas mudas de roupa e o que mais fosse necessário para minha rápida viagem. Duas batidas na porta.

Joguei as coisas rapidamente embaixo da cama e abri a porta.

– Jake. – suspirei o nome com alívio por não se tratar de Edward.

– Esperando outra pessoa? – Jacob ergueu uma sobrancelha.

– Não. Meu pai, talvez. – confessei indo me sentar e deixando a porta aberta para que ele entrasse.

– Bem, ele e a Bells viajaram essa manhã. Pediram que eu te entregasse isso. – falou me estendendo um bilhete azul.

Estava assinado por Bella, ela pedia desculpas por sair sem se despedir, contudo não queria me acordar depois da noite difícil; pedia que eu me comportasse e não saísse sozinha de casa enquanto eles estivessem fora; e por último dizia que em breve estariam de volta.

– Hummm. Obrigada.

Jacob continuava parado na minha frente, os olhos me estudando com cautela.

– O que foi? – indaguei.

– Só queria que você soubesse que eu estou aqui, caso você queira conversar sobre o que houve ontem. Sei que isso não é algo que você gostaria de falar a respeito com seus pais ou tios.

– Também não é algo que eu queira conversar com você. Não sou tão cruel assim.

– Mas você precisa falar com alguém.

– Deixa para lá, Jake. Eu estou bem.

Jacob suspirou pesado sentando-se ao meu lado.

– Eu me alistei para retomar meu cargo de melhor amigo e isso inclui a parte chata. E se me cabe dizer, eu acho que ele foi um completo idiota. – Jacob falou erguendo as sobrancelhas – Ele estava certo, ainda assim, um completo idiota.

Jacob sorriu sinalizando que estava brincando, ainda que eu soubesse que cada palavra que ele acabara de dizer era verdade. Forcei um sorriso fraco.

– Ele não deveria ter descoberto as coisas dessa forma. – fiz uma pausa para corrigir a mim mesma – Ele nunca deveria ter descoberto.

– Não é como se você pudesse levar esse relacionamento adiante por muito tempo sem que ele em algum momento descobrisse a verdade.

– Eu sei. – suspirei. – Nós já havíamos terminado, você sabe. Eu tinha planos de que pudéssemos retomar nossa amizade quando eu deixasse Ketchikan.

– Aham. Você sempre tem. – Jacob revirou os olhos.

– Ei. – o repreendi de leve.

– Desculpe.

– Você acha que algum dia ele vai me perdoar? – perguntei genuinamente esperando por uma resposta franca.

– Você me diz. – Jacob deu de ombros.

Olhei para ele sem entender.

– Ainda não estou muito certo de que você me perdoou pelo modo como descobriu as coisas entre eu e a Bella. E por eu ter beijado a Leah em seguida. – Jacob completou rápido, sua expressão era a de quem conhecia o peso da própria culpa. – Então você sabe que estou sendo cem por cento sincero quando digo que sei como se sente.

Pensei por mais tempo do que deveria na comparação que Jacob acabara de fazer.

– Claro que eu te perdoei. – sussurrei.

Na época eu estava assustada demais, confusa demais, me sentindo traída demais para ouvir o que Jacob tinha a dizer. Meu corpo e mente assombrados pelas revelações que Leah e Jacob me fizeram. Minha vida mudando da noite para o dia e em um piscar de olhos tudo em que eu acreditava se desfez. Eu amava Jacob e não queria magoá-lo com minha reação tão drástica, mas eu mesma me sentia tão devastada pelo que eu acabara de descobrir que transformar minha dor em ódio parecia o caminho mais razoável a seguir, o único modo de tirá-lo do meu coração. Uma medida que no fim das contas se mostrou inútil, pois eu estava danificada demais para deixar transparecer, mas eu nunca deixei de amá-lo. Perdoar Jacob era apenas uma questão de tempo.

Me encolhi ao pensar que fiz Jacob se sentir do modo como Lefroy estava me fazendo sentir agora: culpada, carregando o peso do mundo e incapaz de fazer algo para compensa-lo, uma vez que fui bloqueada da sua vida, talvez para o melhor. Sabendo que um dia ele irá se recuperar, mas não será graças a mim.

Jacob não teve a chance de me compensar pelo dano que causara, ao invés dele, Lefroy foi o responsável por me tirar do ciclo vicioso de lamentos no qual eu me encontrava. Gabriel me ajudou e agora eu estava transferindo minha dor para ele. Eu estou revivendo toda aquela situação, apenas dessa vez me encontro no papel oposto.

– E pelos nove anos? Também estou perdoado? – Jacob perguntou receoso, quase triste, eu diria. Ele já deveria imaginar a resposta.

Sacudi a cabeça como que para espantar a nuvem de pensamentos que me rondava e me peguei surpresa por procurar, de forma inconsciente e sem sucesso, a mágoa por Jacob ter me deixado no escuro por quase uma década.

– Sim. – deixei escapar enquanto eu mesma absorvia a informação. – Parece que sim. – repeti com mais convicção dessa vez.

Jacob me encarava maravilhado.

– Está falando sério. – ele soltou um riso nervoso e aliviado ao perceber a sinceridade em minhas palavras.

– Eu acho que toda essa situação me fez ver as coisas por outro ponto de vista.

– Isso merece comemoração. – o sorriso no rosto de Jacob era imenso e ensolarado. Perdi alguns segundos hipnotizada pelo belo contraste de seus dentes brancos com sua pele avermelhada.

– O que quer dizer?

– Passe o dia comigo. Você está precisando se divertir e esse parece o momento certo. – propôs animado. – Prometo me comportar.

– Seria ótimo, Jake. Mas eu não posso.

– Por que não?

– Joham está à solta e... – meus olhos pousaram displicentemente na ponta da mochila embaixo da cama por meio segundo.

Foi o suficiente para Jacob perceber.

– O que é isso? – Jacob pegou a mochila antes que eu pudesse alcança-lo. – Por que você está escondendo... – ele ficou em silêncio fazendo as contas por si só. – Você pretende fugir para resolver isso sozinha.

– Shii, fala baixo. Meus tios podem ouvir. – peguei a mochila de volta.

– Ótimo. Então você vem comigo. – ele ergueu uma sobrancelha, provocativo.

Soltei um riso incrédulo.

– Está me chantageando?

– Chame do que quiser. – ele deu de ombros – Eu chamo de encontro. Te vejo lá embaixo em meia hora.

Jacob me sorriu brevemente, deixando o recinto.

Eu quis ficar com raiva, de verdade, porém algo no tom dele me deixou de fato curiosa e ansiosa para saber o que Jacob tinha em mente para o dia de hoje. Peguei-me sorrindo ao atirar a mochila para dentro do guarda-roupa.

Isso me custaria um dia de atraso em meu plano, contudo eu não poderia arriscar ser delatada para meus tios. No fim das contas, Jacob é o único que descobriria minhas intenções e não me entregaria imediatamente para meus pais. Se eu pedir do jeito certo, quem sabe, posso até contar com a ajuda dele, o que me economizaria tempo e trabalho.

Desci para o café da manhã e em meia hora estava pronta para sair com Jacob. Esme nos lançou um olhar curioso, mas fiz meu melhor para ignora-la.

– E aonde vocês estão indo, posso saber? – minha avó perguntou.

– Surpresa. – Jacob se recusou a contar. – Mas não se preocupe, não iremos longe.

Esme assentiu e nós fomos para a garagem. Jacob assumiu o papel de motorista uma vez que eu não tinha a menor ideia de onde estávamos indo. Quando pegamos a estrada, Jacob foi o primeiro a falar.

– Então, para onde você pretendia fugir mesmo? – perguntou em tom de deboche.

– Hey, eu não estava fugindo. – cruzei os braços me encolhendo de modo infantil no banco. – Pensei bastante sobre toda a situação que Joham está criando resolvi colocar um fim nisso de uma vez por todas. Já que ninguém consegue localizá-lo, resolvi ir atrás de Nahuel e garantir que ele esteja do nosso lado antes que Joham o abduza como fez com a Candy.

– Hum. Então esse é o seu plano. – Jacob murmurou, os olhos na estrada.

– Parte dele. – dei de ombros.

Jacob me lançou um olhar de quem estava esperando para ouvir o resto e acabei contando tudo para ele.

– Tudo bem. – ele disse quando terminei.

– Tudo bem? – ecoei surpresa que ele não tivesse um protesto a fazer, seja sobre o fato de eu planejar viajar sozinha ou pelo fato de eu estar indo encontrar Nahuel.

– Parece um bom plano. – disse francamente. – Tirando a parte de que é estúpido você ir sozinha.

Revirei os olhos.

– Estava demorando.

– Não, pense a respeito. Você estaria se colocando como uma presa fácil para Joham.

– Eu sei. – suspirei, aceitando o comentário. – Mas se eu contasse a alguém da minha família, na melhor das hipóteses, eles iriam no meu lugar e me deixariam trancada em casa. Como sempre.

– Verdade. – ele apontou num tom misterioso. – O que sugere que talvez você devesse escolher outro companheiro de viagem. Alguém lindo, forte, corajoso, capaz de te proteger e que de quebra seja uma ótima companhia.

Jacob ergueu as sobrancelhas sinuosamente.

Fiz meu melhor para não rir.

– E quem seria essa pessoa? – questionei como quem não fazia a menor ideia de quem ele falava.

Jacob bufou, voltando a atenção à estrada em uma mistura de impaciência e constrangimento.

Eu ri.

Jacob me ignorou até que eu finalmente me recompus.

– Você iria comigo? – pedi, falando sério dessa vez.

Ele me olhou nos olhos antes de responder.

– Para qualquer lugar. – a voz dele era inesperadamente profunda.

Assenti silenciosamente, envolvida pela certeza de que eu poderia acreditar em cada palavra. Eu tinha esquecido o quão confortável e fácil era conversar com Jacob. Quão rapidamente ele me entendia e apoiava. Nós perdemos tanto tempo brigando desde que ele chegou que momentos como esse me fazem lembrar que nem sempre foi assim. Nós já estivemos em paz uma vez, tão sintonizados que pensávamos como um só; agíamos como um só, sempre lá para apoiar um ao outro.

Eu sentia falta disso.

– Combinado então. – falei ainda envolta pela nostalgia, observando o rosto dele.

Viajamos em silêncio por meia hora até que Jacob apontou para nosso destino a distância.

– Quase lá.

– Um parque de diversões? – ri incrédula.

– Há décadas não entro em um desses. – ele ponderou reflexivo.

– Mas Jake, é inverno. Talvez nem esteja funcionando.

– Vale a pena checar. – ele me sorriu desafiador.

Chegamos em poucos minutos. Ao pisar no asfalto escorregadio, coberto por uma fina e cristalina camada de gelo e ao sentir o vento gelado cortando o ar seco para atingir meu rosto e bagunçar meus cabelos, entendi porque o lugar estava tão deserto. Ainda assim, contra todas as probabilidades, estava funcionando.

– Nosso dia de sorte. – Jacob sorriu animado, apontando para a placa de ‘aberto’, quase coberta pela placa ‘promoção’.

– Como eu nunca soube que você é um cara de parque de diversões? – indaguei acompanhando-o.

– Digamos que esse tipo de ação não acontece todo tempo em La Push. E eu tenho boas lembranças da vez que fui com minha mãe, Rachel e Rebecca.

O lugar estava vazio, exceto pelos funcionários. O céu cinza conferia destaque às luzes dos brinquedos, deixando que elas brilhassem sob as nuvens escuras como se fosse noite. Compramos os ingressos, Jacob fez questão de pagar. Observei atentamente enquanto ele me pegava uma maçã do amor. Ele parecia tão leve, tão... Feliz. Ver Jacob sorridente e de coração aberto ao invés de carrancudo e ácido fez com que ele parecesse dez anos mais jovem. Nove anos mais jovem, fiz uma nota mental, me sentindo melancólica. Ele costumava ser assim noventa por cento do tempo quando nós estávamos juntos e eu quase esqueci. Suponho que apesar dos meus lamentos, o tempo realmente fez seu trabalho e me ajudou a esquecê-lo; não tudo, não me ajudou a esquecer da existência dele, mas apagou da minha lembrança com muito sucesso quão claros os olhos de Jacob poderiam ficar quando ele estava animado ou como sua voz rouca às vezes poderia soar doce como mel. Peguei-me imaginando o que mais eu estava perdendo de vista.

– Montanha russa? – ele sugeriu empolgado.

Fiz que sim, aceitando a mão que Jake me estendeu. Aos poucos eu fui aliviando a tensão e permitindo a mim mesma esquecer os problemas por um dia que fosse. Logo eu estava me divertindo com ele.

Nós rimos, brincamos, conversamos como há muito não fazíamos e, para a minha surpresa, não brigamos. Claro, nenhum de nós podia resistir à oportunidade de implicar um com o outro a cada motivo bobo que surgia, ainda assim, nunca passava disso. No fim das contas foi um dia de risos e companheirismo e eu estava feliz por ter aceitado vir até aqui com Jacob.

No fim da tarde, estávamos no topo da roda gigante, de onde o maquinista não teve pressa de nos tirar, uma vez que não havia mais ninguém no parque ou, talvez, ele apenas tenha nos esquecido ali. De qualquer forma, eu estava mais do que confortável com a ideia de desfrutar da vista aqui no topo por mais algum tempo.

Minha cabeça repousava no ombro de Jacob enquanto nós observávamos em silêncio a claridade esvair do céu no que dificilmente poderia se chamar de pôr do sol, uma vez que o mesmo não ousou aparecer durante o dia inteiro. Ainda assim, a paisagem se fazia bela com nuvens de diferentes formas e tons desaparecendo atrás da colina coberta por pinheiros. O vento gelado não me incomodava, principalmente agora que eu estava envolta pelos braços calorosos de Jacob e me peguei desejando que esse momento se estendesse por horas e horas. Eu me sentia confortável, eu me sentia segura, eu me sentia em casa.

Jacob começou a assobiar a melodia de Lucky do Jason Mraz e eu senti meu coração acelerar gradativamente até atingir uma batida audível e frenética. Essa era a música que estava tocando na primeira noite que eu e Jacob dormimos juntos como namorados. Jake disse que a música combinava com a gente e a partir daquele dia eu tomei aquela canção para nós dois. Será possível ele se lembrar disso?

– Por que está assobiando isso? – perguntei incapaz de esconder minha perturbação.

Jacob terminou a melodia da estrofe onde ele estava e muito deliberadamente encostou seus lábios quentes em minha testa me dando um beijo breve. Ele afagou meus cabelos e sussurrou com a cabeça encostada à minha:

– Porque é a nossa música.

Fiquei paralisada por tempo suficiente para ter que lembrar a mim mesma de respirar. Afastei-me delicadamente de Jacob pegando distância para contemplá-lo.

– Você lembra. – sussurrei deslumbrada.

Jacob me lançou um olhar terno que faiscava intensidade, os lábios curvando-se no mais breve dos sorrisos. Sua mão alcançou meu rosto, afagando minha bochecha e eu estremeci, mas não de frio.

– Como eu poderia esquecer? – ele respondeu por fim.

Poderia ser a série de flashbacks que fez com que eu sentisse que estava redescobrindo Jacob; poderia ser a leveza desse dia que me fez sentir como uma garota apaixonada e livre de problemas; poderia ser a brisa suave bagunçando os cabelos de Jacob de forma sedutora ou a respiração irregular dele que fazia com que todo o corpo de Jacob ficasse em evidência. Ou poderia ser simplesmente eu, pela primeira vez em muito tempo fazendo o que eu tanto queria sem antes pensar a respeito. Tudo o que sei é que em uma fração de segundos eu havia eliminado a curta distância entre nós, unindo meus lábios aos de Jacob.

Jacob retribuiu o beijo com ansiedade, os lábios macios pressionados firmemente contra os meus, nossas línguas dançando em um movimentar familiar e tentador. O mundo desapareceu ao meu redor. Deixei um gemido escapar e Jacob me puxou para o colo dele em um movimento rápido e eficiente, aprofundando o beijo como se a vida dele dependesse daquilo, como se eu fosse o ar e ele tivesse passado tempo demais embaixo d’água. Não havia som exterior, não havia luz ou sombra, não havia outro ser sobre a face da terra que não fosse e Jacob. Não havia outro odor além do cheiro amadeirado e confortante que emanava do corpo dele, me deixando inebriada. Tudo o que eu estava consciente eram as mãos de Jacob rapidamente se espalhando pelo meu corpo, uma entrelaçada em meus cabelos me puxando para mais perto e outra em minha cintura, me apertando firme, como se para garantir que eu estava realmente ali. Minhas mãos também trabalhavam, reconhecendo o corpo do qual o meu sentia tanta falta, traçando lentamente o caminho dos braços de Jacob até o pescoço, descendo pelo peitoral até o abdômen e por fim deslizando para suas costas, matando a saudade de cada músculo que sua camisa de malha me permitia sentir.

Apesar de toda a intensidade, nem parecia que estivemos afastados por tanto tempo. Cada toque, cada beijo, retomados exatamente de onde paramos, como se nunca tivéssemos nos separado, como se estivéssemos apenas deixando incendiar uma chama que nunca se apagou. Eu estava nos braços do meu Jacob.

– Nessie – ele suspirou meu nome e senti meu corpo derreter. – Não faz ideia de por quanto tempo eu esperei por esse momento.

Afastei-me olhando diretamente em seus olhos negros e mil emoções cruzaram meu ser. Em instantes eu me sentia como uma garota apaixonada nos braços do homem da minha vida, como se nada entre nós tivesse mudado, como se nada de ruim alguma vez tivesse nos acontecido. Olhando no fundo daqueles olhos que tão bem me conheciam eu me senti segura, me senti amada, me senti em casa.

E então, em um piscar de olhos, tudo desabou sobre minha cabeça: as noites sem dormir, as ameaças dos Volturi, os pesadelos, a rejeição de Jacob, as cartas sem resposta, as doses de euforia alternadas com o medo paralisante de perder todos com quem eu me importava a qualquer momento. Especialmente o pavor de perder Jacob. Lembrar-me de como era tê-lo me trouxe um desconfortável lembrete de como meu coração estava completamente vulnerável nas mãos dele. E de como ele já fora quebrado antes.

Jacob leu tudo isso em minha expressão antes que eu pudesse colocar em palavras o que eu estava sentindo.

– Renesmee? – ele chamou em um tom preocupado.

– Temos que ir. – falei afastando-me dele, percebendo que nossa cabine na roda gigante já estava descendo.

– Renesmee. – Jacob chamou outra vez, a voz mais grave.

Evitei olhá-lo até descermos e sem pensar duas vezes saí andando. Ele me alcançou puxando-me pelo braço.

– Renesmee, o que está acontecendo? – Jacob praticamente gritou frustrado – Por favor, não me diga que se arrependeu.

– Jake eu não sei... – fechei os olhos balançando a cabeça em negativa ainda lutando para pesar as emoções contrastantes dentro de mim. – Isso não foi uma boa ideia. – falei por fim.

Jacob parecia inconformado, beirando a irritação.

– Eu não cruzei nenhuma linha. Você me beijou.

– Eu sei. Me desculpe. – me movi tentando sutilmente me soltar dele, agora eu estava murmurando para mim mesma. – Isso foi um erro, eu não posso fazer isso de novo.

O maxilar de Jacob se contraiu e ele me encarou com ressentimento.

– Você disse que havia me perdoado. – sussurrou.

– E eu perdoei, Jake. Não é isso. É só que...

– Você deixou de acreditar na gente. – ele completou sério.

Ficamos em silêncio por um longo momento.

– Sabe o momento em que tudo mudou? – perguntei.

– Acho que foi quando os italianos vieram te buscar.

– Não. Eu havia decidido deixar você para trás antes mesmo dos Volturi chegarem. Não foi quando descobri que você e minha mãe tiveram um caso no passado, ou quando percebi que você preferiu esconder isso de mim por toda a minha vida; não foi quando te vi beijando outra, nem mesmo quando você não tentou se justificar por isso. Foi no momento em que você me abandonou. No momento em que você escolheu me deixar sozinha enfrentando meus maiores medos, nos dias mais sombrios da minha vida. Eu queria mais do que qualquer coisa que você tivesse me seguido naquele dia, que nunca tivesse me deixado sair da sua casa daquele jeito.

Minhas palavras não eram de acusação, eram de desabafo, ainda assim Jacob abriu a boca para protestar. Levantei uma mão interrompendo-o.

– E eu sei, eu sei, você fez aquilo para me proteger, porque meu pai pediu. – suspirei – Acontece que naquele dia um pedaço do meu coração se rompeu. Não a parte que te amava, continuo te amando e sempre vou te amar. A parte que confiava cegamente no nosso amor, que acreditava que, não importava o quão ruim as coisas fossem, nós estaríamos lado a lado, enfrentando tudo juntos. Eu te perdoei por aquilo, Jacob, eu juro. É só que... Eu não consigo me convencer a deixar você entrar de novo porque... Eu não saberia como te perder novamente.

Ali estava. Eu acabava de confessar diante de Jacob que ainda era dependente do afeto dele. Eu me sentiria menos exposta e vulnerável se estivesse nua em praça pública.

– Você não precisa. – a voz de Jacob era suave e sua mão impossivelmente quente quando ele acariciou meu rosto. – Nunca mais precisa se preocupar em me perder.

– Eu quero acreditar nisso, Jacob. Quero acreditar nisso mais do que tudo. Mas aquilo me quebrou de verdade. Eu nunca mais consegui ser a mesma Renesmee e acho que nunca vou. A cada dia que eu passava longe de você, todos esses anos sem ter notícias suas, sem que você respondesse minhas cartas ou ligações... Era como se eu revivesse aquela tarde de novo e de novo. Passei os últimos dez anos tentando unir os pedaços do meu coração, para que eu pudesse me sentir inteira novamente. Não me culpe por fugir de você agora porque eu estou aterrorizada. Aterrorizada, pois eu sei que Joham e os Volturi não irão descansar até destruírem nossa felicidade e eu não estou pronta para passar por tudo aquilo de novo sozinha Jacob. Se algum dia você decidir que para me proteger precisa me abandonar de novo... Eu não vou resistir Jake. – minha voz agora era trêmula – Não posso passar por todo aquele sofrimento outra vez. Não se você não garantir que, não importa o quão ruim a situação esteja, você nunca mais vai mentir para mim e nunca, nunca vai me deixar outra vez.

Os lábios de Jacob se curvaram em um sorriso dolorido e os olhos dele continham mais umidade do que o necessário quando ele sacudiu a cabeça se inclinando lentamente para depositar um beijo em minha testa, minhas bochechas e, por fim, em meus lábios. Foram toques suaves e ternos, uma promessa selada sem palavras. Me permiti respirar aliviada e desarmada, afundando o rosto no peito de Jacob quando ele me acolheu em um abraço.

– Nós nunca mais vamos ter que nos separar. – Jacob sussurrou afagando meus cabelos. – É uma promessa.

Ficamos ali parados por mais tempo do eu me importei em contar até que Jacob se afastou e ergueu meu rosto para olhá-lo.

– Eu te amo. – ele falou calma e intensamente.

Não havia necessidade para uma resposta, mas eu fazia questão de dá-la.

– E você é o grande amor da minha vida. – falei bobamente.

– Eu sei. – ele sorriu pretencioso.

– Jake! – bati no ombro dele incapaz de conter o sorriso imenso que rasgava meu rosto.

Jacob sorriu ensolarado, pegando minha mão, nossos dedos se entrelaçando em um movimento instintivo.

– Você se incomoda em incluir um destino em nossa pequena viagem? – Jacob questionou ainda com um sorriso bobo no rosto.

– E que lugar seria esse?

– Forks.

Assenti sem maiores questionamentos, puxando a mão de Jacob em direção à saída.

– Precisamos ir. Temos uma viagem para planejar.


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Notas finais do capítulo

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