Eternal Flame escrita por bandolinz


Capítulo 43
3x16 - Adeus Ketchikan


Notas iniciais do capítulo

Música do capítulo: https://www.youtube.com/watch?v=TFZewO2-QFM



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Não sei como Carlisle é capaz de tão instantaneamente se colocar a par de tudo e nem por um segundo parecer ter perdido o controle da situação. Estamos todos reunidos na sala enquanto Lefroy continua desacordado em um dos quartos de hóspedes sob o efeito de tranquilizantes. Carlisle disse que ele deslocou um ombro, além de cortes e arranhões superficiais, mas deve ficar bem dentro de algumas semanas.

Quanto a última parte não estou tão certa.

– Acho que deveríamos simplesmente mata-lo. – Emmett falou após longos minutos de silêncio recebendo olhares com os mais diversos níveis de reprovação. – Calma, eu estava apenas brincando. Não sei qual é a de todas essas caras tensas. É apenas a Situação Bella toda novamente.

– O que quer dizer? – minha mãe indagou quase ofendida.

– Você sabe o que ele quer dizer. – Rosalie cortou impaciente. – O garoto não vai sossegar até que lhe contemos absolutamente tudo e seremos obrigados a transformá-lo em um de nós.

– De jeito nenhum! – a voz de Jacob era um rosnar furioso.

– Bem, com certeza teremos de considerar. – Rose retrucou dando de ombros.

– Não é de todo uma má ideia. – Bella falou pensativa e depois virou-se para Emmett – Melhor do que mata-lo de qualquer maneira.

Emmett afundou no sofá bufando.

– Já disse que era uma brincadeira.

– De péssimo gosto. – Esme apontou. – O que você acha Carlisle?

– É muito cedo para discutirmos isso. Talvez o garoto nem tenha visto nada demais.

– Ah, melhor não contar com isso. – Alice se apressou em dizer. – Ele viu Jacob em forma de lobo e a pilha de membros em chamas, pra dizer o mínimo.

– Só por cima do meu cadáver vocês vão transformar aquele pirralho em um sanguessuga. – Jacob falou entredentes.

– Se tivermos de transformá-lo você pode descansar sua cabecinha quente na cova sabendo que foi graças a você e sua indiscrição. – Alice rebateu.

– Não estaríamos nessa situação para começo de conversa se você estivesse fazendo o que prometeu e ficasse de olho nas decisões do vampiro psicopata.

– Ah, agora a culpa é minha? E quem mesmo tinha ficado responsável por cuidar do humano? Se não fosse minha visão, só Deus sabe onde ele estaria agora e você passaria o resto da vida tentando convencer Renesmee de que não foi por incompetência sua.

– Já chega! – meu pai exclamou silenciando ambos. – Ainda que nossas opções estejam limitadas, devo concordar com Jacob. Não acho aconselhável sacrificar a vida de Lefroy ao transformá-lo.

– Concordo com Edward. – disse Carlisle.

– Sei que estão todos muito preocupados em como enganar o humano, mas Joham continua a solta e não há como saber o que ele planejava com esse ataque. – Jasper apontou – Estamos em clara desvantagem se continuarmos de braços cruzados esperando seus avanços.

– Jasper tem razão, Joham ainda está lá fora. Se transformarmos Lefroy pelo menos ele será capaz de se defender sozinho. – Bella sugeriu, aguardando uma mudança de posição de Edward.

Meu pai apenas acenou em negativa.

– Creio que chegou a hora de deixarmos Ketchikan. – Carlisle falou por fim.

Pisquei algumas vezes incapaz de decidir se aquela era uma boa ou péssima ideia.

– Finalmente uma sugestão decente. – Jacob bufou parecendo mais impaciente do que satisfeito ao concordar com meu avô.

– Logo agora que eu estava começando a me divertir. – Emmett suspirou conformado e me pareceu que todos estavam mais do que preparados para a súbita mudança.

– Não podemos apenas partir. E os Lefroy, como ficam? – questionei.

– Eles estarão mais seguros longe de nós. – Edward rebateu.

– Não sozinhos, sem proteção. – minha voz subiu duas oitavas. – Como podem considerar algo assim quando Joham acaba de orquestrar um ataque a Gabriel?

– Ele só queria te atingir. – Rosalie murmurou.

– Não há como ter certeza disso. – respondi rápido, uma fúria ascendendo dentro de mim. – Joham pode ter suas próprias razões para ir atrás de Gabriel.

A testa de mármore do meu pai se vincou em uma expressão preocupada enquanto ele pensava.

– Tudo bem, nos mudamos e deixamos uma boa quantia para os Lefroy recomeçarem suas vidas em algum lugar longe daqui. Tenho certeza de que Carlisle pode ajudar a conseguir uma vaga em um bom hospital para a mãe de Lefroy, não é mesmo?

– Isso não seria um problema. Mas antes de tudo devemos nos certificar de que não há outra alternativa. Ainda acho que seja possível convencer o rapaz de que ele sofreu um acidente uma vez que a pancada e os sedativos o farão acordar um tanto confuso.

– Deveriam apenas transformá-lo em um de nós de uma vez. – Rosalie bufou.

– Parem com isso todos vocês. – levantei minha voz me sentindo profundamente nauseada pelo modo que a vida de Gabriel estava sendo discutida como se a opinião dele não importasse.

Isso é o que minha família sempre fez e faz comigo, planejam meu futuro às escondidas e depois apenas me dão a notícia como se estivessem entregando uma receita médica que eu deveria estar mais do que satisfeita em seguir.

E eu não estou nem um pouco disposta a continuar suportando isso.

– Você está certa, talvez devêssemos deixar o próprio tomar essa decisão. – Edward respondeu aos meus pensamentos. – Ele está acordando agora.

Meu corpo enrijeceu de imediato. Havíamos concordado que eu falaria com Gabriel. Eu seria a responsável por enfrentar e contornar qualquer que fosse a reação dele ao ocorrido. Respirei fundo me encaminhando para o quarto de hóspedes.

Carlisle me parou no caminho.

– Lembre-se, tente convencê-lo de que ele esteve em um acidente de carro.

– Eu sei, eu sei. – assenti fazendo meu caminho pelo corredor.

Parei, respirei fundo e dei duas batidas suaves na porta para anunciar minha chegada. Ao entrar, encontrei um atordoado Gabriel. Ele levantou-se devagar até ficar sentado na cama, hesitando em olhar diretamente para mim.

– Como você está? – perguntei em um tom suave.

– O que aconteceu? – indagou desconfiado, seus olhos vagando pelo quarto em busca de pistas.

– Você sofreu um acidente. – falei pausadamente, me aproximando com calma, dando a mim mesma tempo para estudar cada reação dele.

As sobrancelhas do garoto a minha frente se uniram por uma fração de segundo, contudo em um piscar de olhos sua expressão era neutra. Neutra não, controlada.

– Um acidente. – ele ecoou com a voz embargada.

– Emmett encontrou o seu carro batido em uma árvore na estrada secundária. Sei que deve estar muito confuso agora, mas eu esperava que você pudesse me dizer do que se lembra. – sugeri cautelosamente.

Lefroy engoliu com dificuldade e se moveu com desconforto na cama, testando o movimento do seu ombro machucado. Constatei fúnebre que a fratura era no mesmo ombro onde ele escondia sua cicatriz; Cicatriz que ele adquiriu em um acidente de carro não muito tempo atrás e agora eu era obrigada a levá-lo de volta àquele dia terrível onde Gabriel perdeu seu pai. Como me corroía enganá-lo dessa maneira.

– O que eu lembro é... – Gabriel começou com uma voz rouca, os olhos fixos no chão e seus batimentos cardíacos cada vez mais audíveis – Bem, para começar Emmett não estava lá.

– Sim. Quando ele chegou você já estava desacordado. – menti.

Os olhos azuis de Lefroy eram duros como diamantes quando ele me encarou pela primeira vez naquele quarto. Um simples olhar dele foi capaz de me atravessar como um punhal. Tantas acusações cobertas por revolta emanavam dali e eu não podia, eu não queria, continuar mentindo para ele.

– Eu estive em um acidente de carro. – falou entredentes, o maxilar rígido – Há três anos. E não importa o quanto eu tenha tentado me livrar das memórias, dos flashes de luz na estrada, da chuva ou do desespero do meu pai naqueles breves segundos que antecederam a batida, eu nunca fui capaz de apagar aquela noite da minha cabeça. Então não pense que eu sou idiota ou estou confuso o suficiente para acreditar em qualquer coisa que me digam. Não houve acidente nenhum. Por que você tentaria mentir para mim dessa maneira? – decepção e mágoa transbordavam em sua voz.

Eu estava sem palavras diante da inevitável catástrofe que viria a seguir.

– O que houve então? – indaguei num fio de voz.

Gabriel cerrou os punhos e estremeceu brevemente.

– Tinha esse cara na estrada... Eu estava voltando para casa e esse cara apareceu na frente do meu carro do nada. – Lefroy franziu o cenho forçando a memória – Eu freei para não atingi-lo, mas ele nem sequer piscou. Ele não era normal... Seus olhos eram vermelhos e ele parecia prestes a pular no meu pescoço ou algo assim. Além de ser assustadoramente forte, me arrancou do carro com uma mão só. – Gabriel enrijeceu, retraindo-se na cama, repentinamente alarmado. – Ele perguntou por que eu não usava meu poder. – o rosto de Lefroy estava contorcido de confusão. – Eu não tenho a menor ideia do que ele queria dizer com isso, mas foi aí que a coisa toda ficou bizarra... Um lobo gigante apareceu nos atacando e a partir daí as coisas não estão tão claras para mim. – houve uma longa pausa – Mas você estava lá. Você estava lá e você falou diretamente nos meus pensamentos que tudo ficaria bem. Como isso é possível? – seus olhos fulminaram em minha direção como se ele temesse que ele mesmo estivesse enlouquecendo e esperava que eu fosse capaz de convencê-lo do contrário. – Sei que parece loucura, mas eu sei o que eu vi. Você estava lá, Jasper e Alice também.

Me aproximei de Gabriel e ele endireitou-se na cama, inconscientemente se afastando. Ele estava com medo de mim.

– Vocês mataram aquele cara. – a pergunta soou mais como uma afirmação quebradiça.

– Gabriel, por favor, você precisa ter em mente que nós apenas fizemos o que foi preciso para mantê-lo a salvo.

– Você matou um homem? – perguntou com urgência dessa vez, a voz elevando-se com indignação.

– Não. Eu não matei ninguém. – pelo menos não hoje, pensei, lembrando o homem que abandonei sangrando inconsciente em Port Townsend. – Eu fiquei ao seu lado, garantindo que você estivesse seguro.

Lefroy me encarava insatisfeito, esperando por maiores explicações. Esse era o momento do confronto, não havia como fugir da verdade quando sinais tão claros já haviam sido revelados a Gabriel. Expirei derrotada parando ao pé da cama. Eu só poderia torcer para que ele não surtasse ou ameaçasse contar para o resto do mundo o que eu estava prestes a lhe dizer.

– Eu preciso que você me escute com atenção. Quando você entender tudo o que aconteceu, o mundo que conhece nunca mais será o mesmo. Está certo de que pode lidar com isso?

– O que quer que seja me diga de uma vez.

– Eu prefiro mostrar. – falei colocando minha mão no rosto de Gabriel.

Aquele cara era um vampiro, falei diretamente em seus pensamentos, e ele estava prestes a mata-lo quando eu, Alice, Jasper e Jacob chegamos. Nós o matamos, porém ele estava ali a mando de outro vampiro, Joham. Joham tem me seguido há algum tempo e no começo eu achava que era só a mim que ele queria e por isso me afastei, pra evitar que ele te fizesse algum mal... Mas foi tudo inútil. Aparentemente você tem algum dom que interessa a ele.

– Espera aí. – Gabriel afastou minha mão, seu rosto três tons mais pálido. – Você está dizendo que vampiros existem? – praguejou em voz baixa – Você nem sequer disse alguma coisa, apenas jogou essas palavras diretamente na minha cabeça. Como conseguiu fazer isso?!

– Eu nasci assim. – dei de ombros – E sim, vampiros existem e você está em uma casa repleta deles nesse momento.

Assisti o semblante de Gabriel mudar conforme a compreensão o atingia. Entretanto, isso nem de longe fez com que ele parecesse menos atordoado. Ele xingou baixo, então um tom mais alto e continuou proferindo palavrões para si mesmo pelo que pareceu uma eternidade. Atirou o lençol para o lado em um movimento brusco e levantou-se da cama. Eu nunca o vira daquele jeito antes, tão fora de si.

– Isso só pode ser uma brincadeira... Esta me dizendo que você é uma vampira? Vampira?!

– Meio vampira. Minha mãe engravidou quando ainda era humana...

A expressão horrorizada de Gabriel indicava que ele estava fazendo perguntas das quais não queria saber a resposta.

– Gabriel, por favor, eu preciso que você fique calmo. Eu ainda sou a mesma Renesmee de sempre... – falei estendendo minha mão na direção dele.

– Não toca em mim! – Gabriel gritou, os olhos alarmados, as mãos para o alto. – Eu não quero saber. Eu não quero saber de nada disso.

Apenas o modo como ele estava me olhando agora causava feridas na minha alma que eu não imaginava que ele tivesse o poder de causar. De repente parecia difícil encontrar minha voz.

– Você já sabe demais e você não está a salvo. – falei fracamente. – Desculpe.

– E quanto a Catherine? Ela está sozinha em casa... – os olhos dele se arregalaram em pânico.

– Ela está bem. Esme a está vigiando.

Gabriel se apoiou na poltrona ao lado, sentando-se devagar. Ele enterrou o rosto em uma das mãos, poupando o ombro fraturado, e permaneceu ali parado por longos minutos, cabeça baixa e respiração acelerada. O que eu não daria para ter o dom de Edward agora.

– Por que? – Lefroy emitiu um sussurro fraco. – Por que você nunca me disse nada disso antes? Você não acha que eu tinha o direito de saber com quem eu estava me envolvendo? Você não pensou em mim ou na Cat? – Gabriel ergueu a cabeça para me olhar por um instante, seus olhos estavam vermelhos – Por Deus... O que eu vou dizer para ela...

Ele baixou a cabeça novamente afundando o rosto na palma da mão.

– Ela não pode saber sobre o que aconteceu hoje. – meus olhos ardiam.

– Claro que não. – ele praticamente rosnou em minha direção parecendo ainda mais ofendido e revoltado do que estava meio minuto atrás. – Não vou arruinar a vida dela do mesmo jeito que você acabou de arruinar a minha.

Fechei os olhos com força, sentindo uma lágrima silenciosa fazer seu caminho pelo meu rosto. Duvido que algum dia eu tenha me odiado mais do que me odeio agora.

– Você disse que Jacob estava lá. – Gabriel apontou ainda furioso – Eu não me lembro de tê-lo visto.

– Ele era o lobo. – confessei em um sussurro.

Lefroy piscou rápido algumas vezes tentando dissipar as lágrimas que se acumulavam em seus olhos vermelhos.

– Ele sabia de tudo, sobre quem você realmente é. Ele sempre soube.

– Gabe, por favor. – supliquei, minha voz desaparecendo enquanto eu sucumbia às lágrimas, querendo mais do que tudo evitar esse assunto. Eu já o havia magoado o suficiente para uma vida inteira.

– Não. Pare com isso agora! – ele levantou-se completamente transtornado parando bem a minha frente – Você não tem o direito de chorar. O tempo todo você sabia exatamente o que estava fazendo. Você sabia quem você era, você tinha essa paixão absurda por esse cara que pode se transformar em um lobo e ainda assim você me arrastou para dentro dessa bagunça. Eu fui o único a quem você enganou. – seu rosto estava bem perto do meu agora, consumido pela raiva enquanto eu continuava paralisada, fazendo o meu melhor para não desabar ali mesmo – Eu me abri pra você, confiei em você... – o tom de Gabriel era bem baixo agora, seus ombros encolhidos como se ele estivesse subitamente exausto, a raiva dando lugar à dor. – Eu amei você. Em pensar que por um momento eu fui estúpido o suficiente para acreditar que você poderia me amar de volta.

Ele virou-se para o lado, enxugando o rosto com as costas da mão, tentando inutilmente esconder suas lágrimas de mim. Se eu pelo menos pudesse abraça-lo, confortá-lo como ele merecia.

– Gabriel, por favor. – falei pousando uma mão trêmula no peito dele. Lefroy estremeceu ao meu toque, mas não se moveu. – Eu não podia contar a verdade para você. Não era seguro na época assim como não é agora. Mas eu juro, cada minuto que passamos juntos, o que tivemos foi real. Eu me importo com você e eu nunca, nunca tive intenção de te magoar.

Lefroy soltou uma respiração pesada e entrecortada. Uma de suas mãos envolveu a minha enquanto eu ainda segurava seu peito, sentindo as batidas fortes do seu coração.

– Quando você me deu as costas mais cedo, quando eu cantei aquela música para você, eu sabia que se eu não desistisse de vez, você ia acabar partindo meu coração. – ele gentilmente tirou minha mão do seu peito e virou-se para mim. – Eu só não fazia ideia de que iria estilhaça-lo em tantos pedaços. Se eu realmente significasse alguma coisa, você não teria brincado com a minha vida e com a vida das pessoas que eu amo dessa forma.

O rosto de Gabriel estava vermelho e ainda úmido pelas lágrimas, sua expressão era de um garoto assustado e perdido, mas seu tom era firme quando ele prosseguiu.

– Me faz um último favor: fica longe de mim e, acima de tudo, fica longe da Catherine. Eu nunca mais quero ter que olhar para você.

– Gabriel, por favor, espere. – pedi em vão assistindo enquanto ele deixava o quarto.

Afundei o rosto em minhas mãos fazendo um esforço sobrenatural para conter as lágrimas e abafar o desespero que me corroía por dentro. Minha dor ia bem além de saber que Gabriel agora me detestava. Com isso eu posso lidar e, provavelmente, até mereço. Minha maior preocupação nesse momento é saber que enquanto Joham estiver vivo, Lefroy nunca estará a salvo.

– Essa conversa ainda não acabou. Você poderia muito bem sentar-se por alguns minutos enquanto terminamos. – ouvi Edward dizer.

Enxuguei meu rosto às pressas, correndo para a sala e encontrei toda a minha família reunida ao redor de Lefroy.

– Eu não tenho nada para conversar. – Gabriel lançou um olhar para trás, reconhecendo minha presença. – Com nenhum de vocês. Eu só quero ir embora desse lugar.

– Você não vai deixar essa casa até ouvir o que tenho para dizer. – Edward foi incisivo, intimidador até.

– Eu não quero ouvir sobre a vida que vocês levam. Eu já sei o suficiente para saber que eu não quero ter nada a ver com isso. – Gabriel respondeu.

– Isso não é sobre nós, não mais. Agora que você sabe de tudo, e mais importante, agora que Joham mostrou interesse no seu dom, você não está seguro.

– Que droga de dom é esse que vocês todos estão falando? Eu não tenho dom nenhum.

– Sim, você tem. Acredite, é um mistério tão grande para nós quanto é para você. Nesse momento o único que aparentemente tem a resposta para essa pergunta é Joham. – meu pai falou calmamente – Sei que está assustado, confuso, frustrado, irritado até. Tem todo o direito de estar. Mas nós estamos apenas nos certificando que você e sua família não sejam prejudicados.

– Tarde demais para isso.

– Os danos de hoje não são nada se comparados ao estrago que Joham pode causar. Você tem sorte de ainda estar vivo. – Carlisle ponderou.

– Você precisa deixar a cidade. – Edward falou sem mais delongas.

– O que? – Lefroy piscou incrédulo.

– Exatamente isso que você ouviu, garotão. – Jacob retrucou, parecendo entediado, de braços cruzados no fundo da sala. – E a propósito, não há de que.

Gabriel lançou um olhar mortal para Jacob.

– Você me atirou contra um carro a vinte metros de distância. Duvido que haja muito a agradecer.

– Suponho que você preferia ter o sangue drenado por um sanguessuga psicopata. Vou me lembrar disso na próxima vez.

– Parem com isso. – interferi. – Não vai haver uma próxima vez.

– Renesmee está certa, não haverá uma próxima vez. Você e sua família devem deixar Ketchikan o quanto antes. – Edward disse metódico – Não se preocupe, nós iremos fornecer uma boa quantia em dinheiro que deverá ajudar com a mudança e garantir que vocês tenham uma vida confortável nessa nova cidade. Carlisle se certificará de que sua mãe consiga uma vaga em um bom hospital, onde quer que vocês desejem ir.

– Eu não quero ir a lugar algum. Eu não vou a lugar nenhum, vocês estão loucos? – Gabriel protestou parecendo bastante ofendido pela proposta de Edward.

– É isso ou se transformar em um de nós. – Rosalie deu de ombros. – São suas únicas opções.

O queixo de Lefroy caiu.

– Tudo o que seria necessário era uma mordida e você estaria apto a se defender e defender sua família por conta própria. E, além disso, você poderia finalmente descobrir qual o seu dom, uma vez que ele aflora quando a transformação ocorre. – Bella explicou otimista.

– DE. JEITO. NENHUM. – Lefroy retrucou entredentes.

Por alguma razão inexplicável, o repúdio instantâneo de Gabriel me ofendeu.

– Eu não vou abrir mão da minha vida, da minha família, dos meus amigos por causa do que aconteceu hoje. Vocês que procurem outro lugar para jogar esse jogo doentio de arruinar a vida das pessoas.

Edward suspirou começando a perder a paciência.

– Nós deixaremos Ketchikan, mas antes precisamos garantir que você e sua família estejam a salvo. – Carlisle falou.

– Então garantam isso. Vocês podem nos proteger enquanto não deixam a cidade, não podem? – Gabriel sugeriu.

– Sim, nós podemos, mas...

– Então protejam. – Gabriel comandou, os punhos cerrados e os olhos flamejantes enquanto ele contrariava uma sala cheia de vampiros.

Houve um minuto de silêncio.

– Como preferir. – Carlisle disse por fim. – Mas você tem que prometer não falar sobre o que descobriu hoje para ninguém, jamais. Nossa existência precisa permanecer em absoluto sigilo.

– Isso não vai ser um problema uma vez que eu mesmo quero esquecer. Mas você garante que eu e minha família estaremos a salvo?

– Você tem a minha palavra. – Carlisle assentiu.

– Se existir algum meio, qualquer coisa que eu possa fazer para compensar... – comecei.

– Não estou falando com você. – Gabriel cortou friamente. – Se me dão licença, preciso ir para casa antes que a doutora Miranda chegue. Já tenho justificativas demais para dar. – ele gesticulou para o ombro enfaixado.

– Tudo bem, eu o acompanharei até sua casa. – Carlisle se ofereceu.

Lefroy hesitou por um segundo, mas concordou. Ambos deixaram a mansão indo para a garagem.

– Uau. Eu não me lembro da Bella reagindo tão mal. – Emmett retrucou.

– Isso porque ela nem sequer reagiu. – Rosalie revirou os olhos.

– Hey, eu estou bem aqui. – minha mãe protestou.

– Rosalie está certa. Você estava tão apaixonada por Edward que não se afastaria para o seu próprio bem ainda que ele dissesse que era o demônio em pessoa. – Alice falou.

– Bem, isso foi exatamente o que eu disse a ela. – meu pai deu um meio sorriso malicioso.

– Primeiro: você não era um demônio; segundo: olha onde minha persistência nos trouxe. – minha mãe se aprumou no sofá, orgulhosa de si mesma. – Nós criamos uma linda família.

– Como você está, Renesmee? Essa conversa não deve ter sido nada fácil. – Edward perguntou pousando uma mão sobre o meu ombro.

– Estou bem. – menti. – Tenho outras coisas para me preocupar. Precisamos garantir que os Lefroy estejam a salvo e precisamos encontrar Joham o quanto antes. Deveríamos nos separar em grupos para cuidar disso imediatamente.

– Tem razão, contudo não posso me dar ao luxo de deixa-la se envolver com nenhuma dessas tarefas.

– Mas... – protestei em vão.

– Isso não está aberto para discussão, Renesmee. Você é tão alvo de Joham quanto o Lefroy e estará mais segura dentro da mansão até que tudo esteja resolvido. Nós cuidaremos disso.

– Devo viajar o quanto antes para encontrar J. Jenks a respeito dos nossos novos documentos. – Bella falou ficando de pé e vindo até mim. – Tem certeza de que está bem? Não quer conversar sobre isso?

Eu fiz que não forçando um sorriso.

Pode, por favor, bloquear meus pensamentos? Perguntei afagando o braço de minha mãe. Bella assentiu. Bom. Acho que isso é tudo o que eu preciso agora. Obrigada.

– Procure dormir, querida. – Bella beijou minha testa.

– Eu irei com Bella. Os demais ficam responsáveis pela segurança de Lefroy e por caçar Joham até voltarmos.

– Com o maior prazer. – Emmett entusiasmou-se.

– E claro, façam as malas. – Edward completou.

– Hora de dizer adeus ao Keyhi. – Alice suspirou melancólica.

Todos na sala me desejaram boa noite e pelo olhar de Jasper eu sabia que ele estava controlando minhas emoções para que eu não desabasse em lágrimas. Isso entregava que minha atual estabilidade emocional era uma farsa, mas eu estava grata por meu tio estar cuidando de mim. Ao entrar em meu quarto conclui que não é hora de ficar chorando pelos cantos, é hora de ir atrás do que eu quero. Quando Jacob me perguntou a respeito disso, algum tempo atrás, eu não estava certa de qual seria a resposta, mas agora está claro como cristal em minha mente.

Eu queria nunca ter precisado conhecer os Lefroy, queria nunca ter cruzado o caminho deles, arruinado suas vidas. Queria que meus pais nunca tivessem me tirado de Forks, de perto de Jacob e Charlie. Queria nunca ter sido forçada a viver uma farsa de vida humana, expondo a vida de pessoas inocentes ao perigo que nossa presença atrai. Queria enfrentar o que quer que fosse por minha própria conta, ao lado de Jacob. E agora, mais do que qualquer coisa, eu queria vingança.


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Notas finais do capítulo

Então:
— O que a Renesmee fará para se vingar de Joham?
— E qual é o dom de Gabriel?
— Será esse o momento do retorno Jake+Ness?

As respostas para algumas dessas perguntas vocês terão no próximo capítulo.
Até lá, me deixem saber suas opiniões e se vocês querem esse novo capítulo próxima semana! ;D

Abraços e até a próxima! .õ/