Eternal Flame escrita por bandolinz


Capítulo 24
2x04 Eu Já Sabia Que Acabaria Assim




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Eles vieram flutuando com elegância, sua formação impecável e coreografada, exatamente como seis anos atrás. Entretanto, o número era menor dessa vez. No geral, eles somavam vinte e seis. O que seria encorajador se o nosso número também não estivesse indiscutivelmente reduzido.


Dessa vez eles não trouxeram as vampiras que ficavam na linha de trás, as esposas, eu acho. Talvez alguns membros da guarda estivessem faltando, por rosto eu jamais saberia dizer.


Quando eles pararam, desfizeram a formação bizarramente harmoniosa de mantos escuros deixando os três anciãos no centro.


Outros dez vampiros que não eram da guarda chegaram, ficando mais atrás. Testemunhas.


Aro deu um passo à frente retirando o capuz negro que cobria seu rosto, uma vampira que lhe servia de escudo moveu-se o acompanhando. Os olhos vermelhos e leitosos de Aro percorreram a formação dos Cullen de uma ponta a outra com certa descrença e diversão. Provavelmente ele esperava por nós, lobos, e pelos possíveis aliados que os Cullen deveriam ter tentado agrupar.


A satisfação transcendia a máscara de cordialidade.


– Olá meus preciosos Cullen. – cumprimentou num tom repleto de júbilo.


Carlisle avançou alguns passos respondendo ao cumprimento.


– Aro, meu velho amigo. A que devemos a honra de tão inesperada visita?


Bufei inquieto. Me perturbava o modo como eles agiam entre si, como se fossem melhores amigos para a eternidade. Por Deus, aquele parasita estava ali para matar a família dele! Por que Carlisle tinha que ser tão irritantemente gentil?


– Ouso dizer, meu amigo, que temo as razões que o trazem até Forks. – Carlisle completou.


– Uma visita amistosa. – Aro respondeu numa voz açucarada. – Estávamos cumprindo a lei a algumas milhas daqui e eu pensei, por que não visitar meu amigo Carlisle e ver com os meus próprios olhos como se desenvolveu a adorável Renesmee?


Ele avançou mais alguns passos, depois inclinou a cabeça procurando Nessie.


– Não vejo porque a necessidade de trazer um exército então. – Edward interrompeu.


– Apenas seguindo o protocolo, meu caro Edward. Da última vez que nos reunimos seu clã se amotinou como para uma batalha quando não havia necessidade.


– Por que só assim vocês notariam que uma batalha não era necessária. – Edward argumentou baixo.


– Como eu disse, apenas protocolo. – Aro repetiu ignorando a provocação silenciosa de Edward. – Agora, por favor, aproxime-se preciosa Renesmee, assim poderemos contemplar o status atual do seu desenvolvimento.


Renesmee olhou para Edward como se pedisse permissão e ele assentiu, não muito convicto. Nessie caminhou ficando ao lado de Carlisle.


As testemunhas dos Volturi fixaram seus olhos vermelhos e especuladores em Renesmee. Um calafrio percorreu minha espinha e os pêlos do meu pescoço se eriçaram.


– Vejo que está mais encantadora do que nunca. E plenamente desenvolvida, como o previsto. – Aro virou-se para a direita, lançando um olhar de conivência para o vampiro mais a frente no grupo das testemunhas.


O vampiro se diferenciava dos demais. Não parecia tão ansioso quanto os outros, tinha o queixo erguido e uma expressão de superioridade que era parcialmente ocultada pelos grandes óculos escuros que usava. Me perguntei por que diabos um vampiro usaria óculos escuros, mas deixei passar.


Eu não gostava daquilo. Era como se Aro estivesse exibindo Nessie para aquele sanguessuga. Ou talvez eu estivesse imaginando coisas, talvez ele falasse para todo o grupo de testemunhas, vai saber.


– Todavia, você parece um tanto abatida minha cara Renesmee. O que me faz imaginar... – os olhos dele varreram a clareira, buscando algo dentro da floresta – Onde estão os transfiguradores? Aquele, especialmente afeiçoado a você e ao seu clã?


Renesmee se endireitou encarando Aro com mais firmeza.


– Eu não sei.


Os olhos astutos de Aro se estreitaram e antes que ele dissesse alguma coisa, o ancião de cabelos brancos se antecipou.


– É um truque! – grunhiu – Não há por que perder tempo com formalidades quando os Cullen sabem exatamente do que estão sendo acusados.


– Acusados? – Renesmee ecoou num fio de voz.


– Parcimônia, irmão. – disse Aro suavemente, então voltou sua atenção para Renesmee. – Caius refere-se a um rumor que chegou até nós, querida Renesmee. Rumor esse que dizia que uma híbrida e um transfigurador estavam envolvidos... Amorosamente. – explicou ele com ar de diversão.


O queixo de Renesmee caiu e eu senti meus próprios ossos gelarem. Claro que ele sabia. Um silvo de espanto percorreu as testemunhas.


Mas como eles podem ter descoberto sobre meu envolvimento com Renesmee? Era absurdo que aqueles italianos soubessem de tudo. Eu jurava que poderia passar uma vida longa e feliz ao lado de Nessie antes de eles ao menos desconfiarem.


Isso só podia ser coisa daquela cria de sanguessuga que a Nessie chegou a considerar uma aliada. Claro que era. Quem mais seria? Cadence sabia de tudo sobre mim e Renesmee, ficou instalada por semanas na casa dos Cullen e justamente quando ela vai embora, os Volturi aparecem com esse “boato”.


Ah se eu coloco minhas garras naquela parasita! Ela vai ser uma semi-vampira morta.


– Que a híbrida se apresente logo para que possamos averiguar a acusação. – sibilou Caius nervosamente.


– Se me conceder a honra, adorável Renesmee, gostaria de apurar a verdade ou a calúnia presente nessa informação. – murmurou Aro estendendo a mão.


Edward e Bella já tomavam a frente quando a própria Renesmee respondeu em alto e bom som.


– Não será preciso. Eu e Jacob estivemos juntos sim.


As testemunhas se agitaram em grunhidos, agachando-se como para atacar. A repulsa e incredulidade eram visíveis nos rostos da guarda Volturi, exceto por Marcus que parecia entediado e Aro que parecia... Satisfeito.


– Mas não estamos mais. – Nessie continuou como um apelo. – Não há absolutamente nada entre mim e Jacob agora, então não há o que temer.


– Que conveniente. – Jane balbuciou.


– Não se deixe ludibriar por essas palavras, meu irmão. – Caius protestou. – Temos uma transgressora confessa, não há mais o que discutir.


– Transgressão? A que regra? Até onde eu sei o nosso código não fala nada sobre o caso de Jacob e Renesmee. – disse Edward, esforçando-se para manter um tom neutro.


– Eu não poderia concordar mais, meu caro Edward. Nunca, em milênios, poderíamos prever algo assim. – endossou Aro.


– Se não há lei, não há crime. Não pode nos acusar por uma infração que simplesmente acabaram de inventar. – Edward continuou.


– Cuidado com as palavras, meu caro amigo. Falando desse modo, sugere que nossas leis são arbitrárias e têm como finalidade benefícios particulares. Nada me faria mais feliz do que selar a paz definitivamente entre nossos clãs.


Edward se curvou rosnando baixo e Bella segurou o braço dele para que ele se acalmasse. A reação de Edward só indicava que as palavras de Aro divergiam de suas verdadeiras intenções. Eu mesmo me peguei rosnando.


– Paz, irmão. Não pretendo que uma só vida seja desperdiçada hoje. Ainda há muito a ser discutido. Agora, preciosa Renesmee, se me permitir, gostaria de ver até aonde foi o seu envolvimento com o transfigurador. – pediu Aro, estendendo a mão outra vez.


Renesmee lançou um olhar rápido para Edward e Bella. Sem que uma palavra fosse necessária, ambos a acompanharam até o centro da clareira.


Aro estalou os dedos.


– Demetri, Félix.


Os três e a outra vampira – a que andava grudada em Aro como uma sombra – foram ao encontro dos Cullen


Nessie estendeu a mão para Aro que a agarrou ansiosamente.


Aquele monstro tão perigosamente próximo de Renesmee, vendo todos os nossos momentos juntos. Aquilo era demais para mim. Comecei a correr na direção da clareira a toda velocidade e fui derrubado por um lobo que pulou em cima de mim.


Quil, me deixa ir. Rosnei, empurrando ele para o outro lado.


Jake, não! Os Cullen vão dar conta disso. Seth pensou aflito.


É cara, não vai adiantar nada se meter agora. O que você vai fazer lá? Só piorar a situação para a Renesmee. Quil argumentou.


Tentei correr de novo e ele mordeu minha pata traseira. Grunhi de dor, virando e rosnando para o lobo diante de mim.


Quil, não me faça usar o tom alfa com você.


Faça o que quiser. Não estou aqui como seu subordinado na matilha, estou aqui como o seu amigo.


Respirei fundo recuperando o controle. Quil tinha razão, não fazia sentido interferir agora. Sacudi a cabeça prestando atenção aos pensamentos de Seth. Quil sentou ao meu lado, vigilante.


Aro já estava soltando a mão de Renesmee com a testa de mármore franzida.


– Sinto muito pelo sofrimento de seus últimos dias, pequena Renesmee. – sussurrou ele com o mais sincero lamento. – Há muito no que se pensar, entretanto.


– Não há como tolerar esta infâmia, Aro. Mesmo que eles não estejam juntos agora, quem poderá nos defender da aberração que viria a ser a prole de tão horrenda união? – Caius vociferou.


– Eles não chegaram a esse ponto, meu querido irmão. – esclareceu Aro e Renesmee corou.


A raiva fervia dentro de mim, prestes a entrar em ebulição. Era excruciante ver aquele bando de parasitas discutindo o que meu relacionamento com Renesmee deveria ser.


Caius fechou a cara. As testemunhas murmuravam entre si, aterrorizadas.


– Infelizmente esse quebra-cabeça não pode ser concluído com apenas um depoimento. Adoraria ver os fatos pela versão do transfigurador. – ciciou ele com uma insatisfação quase infantil, depois falou mais alto. – Suponho que o transfigurador em questão não se reunirá a nós.


Eu vou. Seth, diga a ele que eu vou. Não agüento mais ficar tão longe. Pensei o mais alto que pude.


Edward abanou a cabeça em repreensão e eu rosnei em resposta. Coisa que só ele poderia ouvir.


– Não, ele não virá. – disse Edward firmemente.


– É uma pena. – Aro uniu as mãos, pensativo.


– Se quiser, posso lhe mostrar o que sei. – Edward antecipou numa voz inocente e eu quase enfartei.


Aro, entretanto, abanou a mão fazendo pouco caso e eu tive que dar o braço a torcer. Edward sabia o que estava fazendo.


– Creio que se um de vocês tem um segredo a guardar, não seria você, meu caro Edward. Seria alguém com um escudo mental muito poderoso. – respondeu com os olhos leitosos cintilando para Bella.


Bella ergueu as sobrancelhas dando um passo à frente com um sorriso provocante nos lábios.


– Não seja por isso. – ela disse estendendo a mão para Aro.


O ancião arregalou os olhos sem entender, deu um breve sorriso em desdém e acho que ele só pegou na mão de Bella por mera cordialidade.


Entretanto, no instante em que suas mãos se tocaram, os olhos vermelhos do vampiro brilharam de perplexidade.


Um minuto se passou enquanto ele compartilhava todos os pensamentos que Bella já tivera. Pensamentos estes que com certeza sempre lhe foram fonte de curiosidade.


– Você trabalhou para repelir seu próprio dom. – ele disse, demonstrando mais entusiasmo e interesse em Bella do que em qualquer outra coisa naquela tarde. – Fascinante.


A vampira baixinha com um dom letal sorriu para Bella instantaneamente, esperando ainda encontrar o escudo em baixa. Mas a julgar pelo sorriso superior de Bella, o seu escudo já protegia todos os Cullen novamente.


– Tanto foi descoberto neste encontro fortuito. – Aro suspirou. – É uma pena que nosso dever fale mais alto.


Aro e seus guardas recuaram para a formação original. Edward, Bella e Renesmee voltaram para perto dos outros Cullen. Os anciãos se reuniram no centro da formação, protegidos pelo restante da guarda.


– Deliberemos. – Aro anunciou estendendo uma mão para Caius e outra pra Marcus.


Todas as testemunhas destinaram sua atenção à encenação dos Volturi. Todas, exceto o vampiro com óculos de sol. Este parecia mais intrigado com a dinâmica dos Cullen, do outro lado da campina.


A expressão no rosto de todos os Cullen poderia ser facilmente descrita como a de alguém que estava cara a cara com a morte. Renesmee colocou uma mão na testa iniciando um choro silencioso. Logo Jasper se aproximou abraçando-a e provavelmente fazendo o melhor que podia com seu dom para acalmá-la.


Meu coração batia rápido e inconstante, sufocado pela angústia. Era ali que eu deveria estar.


Quando a formação Volturi se abriu novamente, o rosto de Edward estava contorcido em uma carranca de dor. Eu não precisei esperar as palavras do sanguessuga italiano para saber que era isso. Os Volturi não estavam satisfeitos com os argumentos que foram apresentados e Edward não tinha mais nenhuma carta na manga.


Era o fim.


Antes que qualquer coisa fosse dita eu já sabia exatamente o que fazer. Não era como se eu em algum momento tivesse mesmo acreditado que aquilo daria certo, então minha decisão já estava meio que pronta.


Aro deu um passo à frente se dirigindo aos Cullen que já se inclinavam esperando o ataque.


– Paz, meus amigos. – começou ele com seu tom perturbadoramente cordial. – Eu e meus irmãos concordamos que é inaceitável essa união entre a primogênita de Edward e Bella e o transfigurador.


Rosnei baixo começando a correr.


Nenhum de vocês se atreva a me seguir ou tentar me impedir. Ordenei usando o tom alfa.


– Todavia, não podemos puni-los por uma regra que ainda não havia sido estabelecida. – Aro continuou.


– Era uma regra implícita, que vocês ignoraram arbitrariamente. – Caius bradou com a mão crispada em uma garra.


Aro ignorou o surto do outro ancião.


– Apesar dos testemunhos apresentados serem bastante convincentes e claros, não há como garantir que o incidente não irá se repetir.


Eu estou garantindo. – Edward sibilou entredentes.


– Lamento meu caro Edward, mas receio que o laço entre sua filha e o transfigurador seja mais forte do que aparenta. Então em nome de todos os séculos de amizade entre nosso clã e Carlisle, propomos um acordo.


Edward rosnou, mostrando os dentes, indício de que o acordo seria rejeitado de qualquer forma. Boa coisa não poderia ser.


– Qual o acordo? – Rosalie foi a única que se atreveu a perguntar.


Aro maneou a cabeça com um sorriso perverso ameaçando se formar em seus lábios.


– A garota vem conosco.


Eu basicamente engoli toda a raiva e o fogo que corria em meu corpo agora, voltando para a forma humana. Eu já podia me considerar um homem morto, eu sei. Mas tudo o que eu podia pensar enquanto vestia uma bermuda e corria o mais rápido que conseguia ao mesmo tempo, quase tropeçando em meus próprios pés era:


Ah, que se dane...


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