Eternal Flame escrita por bandolinz


Capítulo 12
Antes da Tempestade...




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Jacob foi em casa trocar de roupa e contar o que havia acontecido. Foi de moto, voltaria de lobo. Aproveitei para tomar banho e me aprontar. Selecionei algumas músicas e deixei tocando no meu laptop. Eu estava estranhamente eufórica, com um agradável frio na barriga, eu dançava, cantava e rodopiava dentro do closet. Tarefa difícil foi escolher o baby doll, até cogitei a hipótese de chamar Alice, mas não queria que ela percebesse que eu estava valorizando muito aquela nova regalia.


Brinquei entre uma opção em outra. Mesmo fazendo frio, não dispensei os tecidos leves, o frio seria a última coisa que me incomodaria essa noite, sorri feito uma boba com esse pensamento. Experimentei o vestidinho vermelho de seda e alças finas que eu nunca tive o atrevimento de usar. Contemplei meu reflexo até chegar à conclusão de que eu estava exagerando. Era necessário mais que coragem para se manter naquele lindo, porém inútil, vestido eram necessárias segundas, terceiras e quartas intenções.


– No que você está pensando, Renesmee? – murmurei comigo mesma entrando no closet disposta a trocar por um pijama que me cobrisse da cabeça aos pés.


– Nessie – Esme chamou lá de baixo – Jacob está aqui.


Corri para a porta só que logo me detive, eu não sairia daquele jeito.


– Er... Manda ele subir. – gritei.


Dei um meio passo na direção do closet depois parei sem saber o que fazer.


– Droga, droga, droga – murmurei dando pulinhos histéricos.


Duas batidas na porta, e o cheiro dele invadiu o quarto.


– Que foi? Pisou numa bara...


Mordi o lábio e girei nos calcanhares me virando para Jacob que estava ali, paralisado e boquiaberto. Como sempre acontecia quando vinha em forma de lobo, vestia apenas o essencial, uma calça de moletom surrado. Os olhos dele percorreram meu corpo descaradamente diversas vezes. Senti minha bochecha formigar e me arrepiei por completo, dessa vez não era o frio e sim o calor e a admiração no olhar daquele homem em minha frente, eu poderia derreter ali mesmo sem que ele encostasse um dedo em mim.


– Hei Jake – forcei as palavras a soarem o mais natural possível e funcionou – vai ficar parado aí?


Jacob piscou como quem sai de um transe e se aproximou devagar com um sorriso travesso nos lábios.


– E é você quem diz que uma jaqueta é sexy? – lembrou.


Apertei os lábios na intenção de reprimir um sorriso em vão. Encurtei a distância entre nós me atirando em cima dele. Como sempre, Jake me segurou sem dificuldades e me abraçou firme. Fechei meus braços em torno do seu pescoço, ele me beijou forte, voraz, diferente de como foi no carro, deu um passo para trás fechando a porta e apagando a luz depois avançou novamente e me colocou no chão, sem interromper o beijo. Num segundo eu não estava mais com frio, o confortável calor dele atravessava facilmente o cetim fino me aquecendo por completo.


Ele se curvou sobre mim, me apertando contra seu corpo com as mãos espalmadas em minhas costas deslizando num sobe e desce, como o vestido era leve o tecido inevitavelmente acompanhava o movimentar delas. Quando afastei meu rosto procurando ar ele beijou o canto dos meus lábios foi descendo pelo pescoço, seus lábios percorreram meu ombro e desceram acompanhando a alça delicada até o meu colo. Com uma mão ele me segurava mantendo nossos corpos colados enquanto a outra subia lentamente pela parte interna da minha coxa quase entrando no vestido. Mordi o lábio deixando escapar um gemido, Jacob estava me enlouquecendo. Agarrei seus cabelos o fazendo erguer o rosto para me beijar, nossos lábios se reencontraram. Deslizei as unhas de leve pelo braço forte dele e Jake suspirou pesado.


Hoje eu queria mais do que o habitual, não que o habitual não me satisfizesse, pelo contrário, o simples fato de ter Jacob ao meu lado fazia de mim a garota - imortal ou não - com a maior sorte do mundo. Talvez devido à minha experiência de quase morte, talvez porque o detector de pensamentos estivesse prestes a chegar, também o pavor que tive de perdê-lo essa noite, tudo conspirava para tornar mágico, quase surreal estar agora em seus braços. Meu coração batia forte demais, só não chegava a ser constrangedor porque eu podia sentir o dele batendo de forma semelhante. Fiquei contente com isso, me fez perceber que aquele momento era tão importante para ele quanto estava sendo para mim.


Ele roçou a ponta do nariz em meu pescoço, me arrepiando dos pés à cabeça ao sentir sua respiração forte contra minha pele.


– Vai ser muito, muito difícil não pensar nisso amanhã. – Jacob sussurrou no meu ouvido com um tom bem humorado.


– É... – respirei fundo esperando as idéias se reordenarem na minha cabeça – Estamos atrevidos hoje, isso é bom.


– Eu diria mais que isso, só que prefiro fazer.



Jacob segurou minha nuca e me beijou mais uma vez, apoiei minhas mãos no ombro dele empurrando-o até a cama. Quando chegamos perto empurrei com mais força e ele caiu me levando junto. Deixei meu peso em cima dele e me entreguei ao beijo segurando seu rosto entre minhas mãos. Nossas línguas travaram uma batalha, se encontrando e espremendo-se uma na outra, os lábios movendo-se em formas perfeitas enquanto eu sentia o quão macio e quente ele era. Era impossível que estivéssemos mais próximos, ainda assim todo meu corpo queria se aproximar dele cada vez mais. A mão de Jacob subiu pela minha coxa, deslizou pelo quadril indo parar nas minhas costas. Os braços fortes dele se fecharam em minha cintura, me apertando para mais perto dele. Deslizei minhas mãos pelo pescoço dele e subi outra vez, meus dedos se perdendo nos fios macios de seu cabelo.


Senti uma leve vertigem e logo afastei meus lábios dos dele, completamente sem ar.


– Uau! – Jacob disse extasiado e ofegante, o rosto muito perto do meu.


Meu coração disparou ao ouvir a voz dele e eu precisei me concentrar na respiração para não ter uma parada cardíaca.


– Está calma agora? – brincou lembrando o motivo de ele estar aqui e levantou o rosto para encostar o lábios nos meus num beijo rápido.


– Não seja idiota, Jake! Sabe que eu perco os trilhos quando estou com você.


– Então você enganou o pobre Carlisle só para ter uma noite comigo? – sussurrou ele num tom de voz presunçoso e exibiu um sorriso de orelha a orelha. – Você é uma pervertida Nessie!


Colocando daquela maneira parecia algo muito indigno de se fazer, só que tanto ele quanto o restante da minha família sabiam que eu não estava levando para esse lado, era uma necessidade primária ter Jacob perto de mim quando eu passava por alguma situação difícil.


– Eu?– arfei ultrajada tentando me afastar dele, Jake manteve os braços firmes ao meu redor e o sorriso largo cravado no rosto. – Não teve graça. Me solte agora seu mal agradecido! É você quem está me assediando desde que entrou nesse quarto.


Ouvi o riso baixo dele. Jacob rapidamente rolou para cima de mim apoiando-se com as mãos para que eu não sentisse seu peso. Mas era apenas o peso que eu não estava sentido, porque todo o corpo de Jacob estava espremido rente ao meu e eu sentia o calor emanar dele assim como era impossível não sentir o volume em suas calças pressionando em minha barriga. Causou-me uma onda de prazer sentir o contato entre nossos corpos tão próximos.


– Estou falando sério Nessie. É verdade que eu te acalmo mais do que o Jasper? – ele perguntou se divertindo com a situação, ainda assim a pergunta era séria, seus olhos ansiosos mostravam que ele esperava uma resposta.


– É verdade. – confessei constrangida – Eu sinto um pouco de medo quando você não está por perto. Insatisfeita, incompleta... Sei lá. É difícil dizer.


Jacob refletiu sobre isso por um minuto, esperei engolindo em seco. Eu não podia ignorar o meu corpo preso embaixo do dele, nossas formas se moldando com naturalidade, como se fôssemos feitos para completar um ao outro.


– É bom saber disso. – ele disse calmo.


– Mas você já sabia. – assinalei categórica.


– Verdade. – Jake deu um meio sorriso hipnotizante e para minha surpresa seu olhar ficou de repente vago, parecia triste.


Era tarde demais, mesmo assim ele encostou o rosto ao lado do meu no intuito de esconder sua expressão.


– Gosto disso. Gosto de ter certeza do quanto você me quer. Tenho tanto medo de fazer algo errado, estragar tudo e te perder. – ele murmurou com a voz abafada no travesseiro.


– Hei, Jake – tive de fazer um contorcionismo para levar minhas mãos ao rosto dele que permaneceu imóvel e eu precisei insistir. – Jake, olha para mim!


Ele ergueu o rosto, me encarando com os olhos sinceros e cheios de emoção.


– Você nunca vai me perder. – falei devagar deixando que as palavras soassem bem claras – Eu sou sua. Você foi o primeiro e será o último homem que eu vou amar.


Falei isso olhando nos olhos dele sem vacilar ou temer estar sendo leviana. Eu sabia o bastante sobre meus sentimentos em relação a Jacob para ter certeza de que eu o amaria para o resto da eternidade, quem sabe além disso.


– Também amo você – ele devolveu com a voz calorosa, os olhos presos aos meus como se tentassem me convencer disso.


Não era necessário, Jacob vinha demonstrando seus sentimentos em pequenos e grandes gestos, eu não precisava daquelas palavras para me sentir amada, na verdade eu me sentia tão plena, tão leve, tão feliz com seu amor que poderia passar décadas apenas experimentando minha felicidade. Ele soltou o corpo deitando ao meu lado, não esperei o ar gelado me envolver para me aconchegar em seu peito, com uma perna sobre a dele. Jake passou um braço em minha volta me puxando para mais perto.


– Sempre amei. E sempre vou amar. – completou.


– Isso é ótimo porque eu não pretendo te deixar escapar. – apertei os lábios no pescoço dele.


Jake riu.


– Não estou tentando ser idiota e nem mal agradecido, – ele franziu a testa me olhando sugestivamente ao usar minhas palavras de agora a pouco – mas se eu fui o primeiro como você foi parar nos braços daquele meio sanguessuga?


Fiz um muxoxo, pela primeira vez em semanas, lembrando Nahuel.


– Não vai fugir dessa! – acrescentou descontraído, ele aparentava mais curiosidade do que ciúmes, o olhar vivo e iluminado me desafiando.


– É... Eu realmente senti alguma coisa por ele. – murmurei ruborizando, sem ter como contestar. – O primeiro foi Nahuel.


Jacob fez um biquinho e eu ri da expressão dele. Foi quando me ocorreu uma lembrança da minha não tão distante infância.


– Ei! Não! – eu quase gritei com o sorriso se alargando no meu rosto – Foi você.


– Como?


– Lembra de quando eu aparentava ter uns dez anos e cismei que nós íamos nos casar?


Ele processou isso por um segundo antes de explodir numa gargalhada, rimos juntos. Eu lembrava bem, Bella me explicara que toda criança passa por essa fase de admirar tanto um adulto ao ponto de achar que está apaixonada, mas na verdade não está. Lá pelos meus quatro anos eu tinha completa convicção de que eu e Jacob éramos namorados. Foi uma novela mexicana até que eu aceitasse as coisas em seus lugares corretos. Coisa de criança. Vai entender.


– Claro que eu lembro! – ele bateu uma mão na testa, um sorriso radiante nos lábios – Edward quis me matar e pela primeira vez fui grato por ele poder ler meus pensamentos e ver que eu não tinha nada a ver com isso.


– Sinto muito. – eu disse entre risos.


– Ele ia literalmente arrancar minha pele, não deveria rir! – Jacob me censurou fingindo estar ofendido.


Eu apertei meus lábios com força e simulei passar uma chave. Ele ficou me olhando ainda com cara de acusação, não aguentei e voltei a rir.


– De qualquer forma era merecido. Quem mandou você me evitar naquele tempo?


– Ah, para com isso! Eu nunca te evitei. Só não era para ficarmos juntos... Ainda.


– É? E o que mudou agora? – estreitei os olhos e me estiquei para chegar mais perto na intenção de intimidá-lo.


Jacob ergueu as sobrancelhas como se eu estivesse deixando passar alguma obviedade.


– Você? – ele mais insinuou do que falou, fazendo soar como uma pergunta.


– Ah! Isso sim é uma boa justificativa. – eu sorri e repousei o rosto em seu peito outra vez.


A mão de Jacob encontrou a minha e ficou brincando com minha pulseira, a que ele me deu no nosso primeiro Natal. Aquela pulseira e o colar que ganhei de Bella eram meus acessórios em tempo integral, significavam muito para mim.


– E você, Jake? – perguntei timidamente, os olhos presos em nossas mãos.


– Eu...?


– Acabamos de provar que você foi o primeiro cara que eu amei. Teve... Teve alguma garota antes de mim? – fechei os olhos com força me arrependendo imediatamente da pergunta. Havia uma boa probabilidade de eu não gostar da resposta.


– Sim. – respondeu simples e sonoro.


Aquela palavra me rasgou por dentro, era como beber um primeiro e longo gole de uma bebida muito forte acreditando que era apenas água. Acho que ele não ia falar mais nada e eu duvidava que eu mesma quisesse ouvir, só que havia uma espécie de curiosidade mórbida que me fazia querer saber mais sobre ela. Como era? O que fazia? Como o conquistou? Será que ainda estava por perto? Engoli em seco e torci para que minha voz saísse o mais casual possível.


– Então, o que deu errado?


Jacob respirou fundo.


– Olha, Nessie, eu não acho que...


– Se te machuca lembrar isso, não precisa contar. – interrompi.


– Não me machuca mais. – ele disse convicto e ergueu meu queixo para que olhasse para ele – Desde que vi você o passado não me importa.


Senti minha expressão relaxar, contudo não foi o suficiente para me fazer sorrir. Minha mente trabalhava a mil imaginando as piores hipóteses. Eles ficaram quanto tempo juntos? Eu saberia quem ela era? As perguntas não paravam de brotar na minha cabeça e incomodavam, muito.


– Ela tinha outra opção, então... – Jake disse a contragosto.


Meu queixo caiu.


– Eu não acredito nisso! Que tipo de idiota te trocaria? – senti raiva dessa estranha, mesmo assim houve espaço para um prazer egoísta, fiquei grata a ela por ter deixado Jacob para mim.


– Nessie, não quero que perca seu tempo pensando besteiras. Isso perdeu a relevância há muitos anos, para ser preciso no dia em que você nasceu. Você me salvou e hoje tenho você aqui comigo. – ele apertou o braço em minha volta – O que importa o passado?


– Tudo que diz respeito a Jacob Black me interessa.


– Tem algumas coisas sobre mim que você não sabe, não muitas apenas algumas. Umas que eu preferia que você nunca soubesse, outras que eu morro de vontade de contar. Mas de qualquer modo, não posso.


Ele beijou minha testa por um longo instante. Eu não insistiria mais nesse assunto. Fiquei calada, meio sonolenta graças ao silêncio que se prolongava e ao conforto dos braços dele. Evitando pensar a respeito prestei atenção na música que tocava agora no meu laptop, Lucky do Jason Mraz.


Lucky I'm in love with my best friend – cantarolei baixinho.


Jacob afagou meu cabelo agora prestando atenção à letra da música.


– Parece com a gente. – ele sussurrou perto do fim, a voz macia se encaixando no ambiente como se me introduzisse ao sonho.


Fiz que sim me aninhando mais perto dele.


– Pronto para sonhar comigo? – espalmei minha mão no peito dele.


Eu controlava meus poderes quando acordada, mas uma vez que estava inconsciente, deixava meus pensamentos vazarem aleatoriamente. Esta noite meus pensamentos estariam diretamente conectados com Jacob, meus sonhos, ou pesadelos, serão os dele também.


– Sempre. – ele murmurou e logo adormeci.


Quando acordei de manhã e meus olhos encontraram o rosto de Jacob a centímetros do meu, quis gritar de tanta felicidade. Ele ainda estava ali, seu braço ainda me envolvia protetoramente, minha mão ainda repousava em seu peito e com um pouco de sorte a noite teria sido longa o suficiente para o cheiro dele se fixar em cada objeto daquele quarto.


A claridade entrava pela ampla janela de vidro iluminando todo o cômodo. Examinei o rosto de Jacob, gastando alguns prazerosos minutos com a tarefa. Ele parecia tranqüilo, com um discreto sorriso no rosto. Meu Deus, ele estava tão lindo! Eu queria isso sempre, me parecia a definição perfeita de paraíso acordar pela manhã e Jacob ser o primeiro que meus olhos encontram ao abrir. Me libertei do abraço e cheguei mais perto de seu rosto, roçando a pontinha do meu nariz do queixo até a bochecha dele. Jacob sorriu antes de abrir os olhos. Pronto. Agora aquele era oficialmente o amanhecer mais fantástico da minha vida.


– Bom dia! – falei animada beijando seu rosto.


– Ótimo dia! – o sorriso se alargou nos lábios de Jake.


Enterrei meu rosto no pescoço dele desfrutando de seu cheiro.


– Dormiu bem? – ele afagou meu cabelo.


Nesse momento tive a nítida lembrança de seus braços me apertando inconscientemente quando acordei no meio da madrugada assustada por um pesadelo.


– Aham. Espero que você também – retribui um pouco preocupada.


– Claro. – Jacob esticou a palavra. – Sem dúvida a melhor noite da minha vida.


Sorri envaidecida e nossos olhos se encontraram.


– Nossa primeira noite juntos como casal. – conclui meio boba.


– Não no sentido bíblico. – ele completou bem humorado.


– Jake!


Puxei rapidamente um travesseiro e atirei em cima dele.


– Então vai ser assim, é? – um sorriso maligno lampejou no rosto de Jacob.


Comecei a rir um tanto nervosa me afastando. Jacob se sentou e arremessou a almofada de volta. Eu segurei e pulei da cama fugindo dos novos ataques. Nisso que dava ter uma quantidade considerável de travesseiros decorativos. Assim começou uma guerra de travesseiros, ficamos correndo pelo quarto e nenhum dos dois conseguia parar de rir, nos divertindo como duas crianças.


– Tudo bem, Jake. Você venceu! – me rendi com o estômago doendo de tanto rir, desmoronando na cadeira próxima a escrivaninha.


– Bandeira branca? – indagou incrédulo.


– Totalmente. – tombei a cabeça para trás, e empurrei o pé no chão fazendo a cadeira girar.


Jacob se aproximou e me segurou pelos ombros depositando um beijo em minha testa. Sorri para ele e então meus olhos pousaram em um bilhete colocado em posição estratégica na escrivaninha.


– Ei, o que é aquilo? – tive o impulso de levantar para pegar, mas Jacob me atrasou, girando a cadeira outra vez e alcançando o pedaço de papel antes de mim.


– Isso? – ele passou a vista nas letras miúdas com desinteresse.


– É! Não seja chato, Jake! – reclamei tentando pegar o papel, ele levantou o braço e eu me estiquei, ficando na ponta dos pés. O máximo que eu alcançava era seu cotovelo.


– Pode pegar. – disse ele achando graça da minha tentativa de alcançá-lo.


– Rá! Que engraçado. – fingi que desisti fazendo uma careta para ele.


Jacob fez um biquinho me mandando um beijo. Aproveitei a distração e saltei pegando o papel de suas mãos. Nem parei para ler, disparei logo pelo corredor e saltitei os degraus da escada, Jacob me seguindo.


– Socorro! Tem um louco querendo me pegar! – gritei entre risos.


– Deixa só o louco te pegar! – respondeu ele num tom atrevido.


Estranhamente não tinha ninguém em casa. Se alguém visse de fora poderia até acreditar que eu corria algum risco, uma garota de aparência frágil, e não devemos esquecer o baby doll vermelho, correndo desesperadamente de um cara de dois metros, forte e descamisado. Quando cheguei à sala, Jacob pulou em cima de mim, me derrubando no chão. Continuei rindo e ele também, enquanto com calma os dedos dele percorriam meu rosto tirando as mechas de cabelo acobreadas do caminho. Eu deveria estar completamente desgrenhada àquela altura, mas não me importava.


– Jake, eu queria realmente saber o que tem escrito aqui. – sacudi o bilhete em algum lugar, completamente fora do meu campo de visão. Aliás, tudo que eu conseguia ver era Jacob.


Ele revirou os olhos e beijou meus lábios brevemente, saindo de cima de mim e se sentando no tapete branco, fiz o mesmo. Sorri em agradecimento e ele sacudiu a mão em sinal de pouco caso. Voltei minha atenção para o bilhete. Era a letra de Alice, li em voz alta.


“Antes de qualquer coisa devo dar os parabéns aos dois por ontem à noite. Jasper quase não teve que interferir.” Quase? – repeti confusa.


Jacob deu de ombros revirando os olhos teatralmente.


“Vamos ao aeroporto recepcionar Edward e Bella. Não, não fique chateada por não vir conosco! Precisamos ter uma conversinha de adultos e colocá-los a par de algumas complicações. Quando voltarmos, nós lhe contaremos tudo, então, sem drama. Afinal você ficou em boas mãos, ficou com Jacob. Beijos, Alice.”


Fiquei em silêncio pensando a respeito. Aquilo me chateou, a velha mania de esconder as coisas de mim como se eu não tivesse capacidade de lidar com os acontecimentos que afetam a família ou como se minha opinião simplesmente não importasse. Senti uma mão afagar meu rosto.


– Se serve de consolo eu também não sei de nada. – Jacob disparou, entendendo exatamente onde o bilhete tinha me atingido.


Tombei a cabeça para o lado, me apoiando no ombro dele. Deixei o papel deslizar pelos meus dedos e cair no chão.


– Complicações... – refleti – Consegue imaginar do que se trata?


– Não e nem quero! – ele respondeu enérgico, me contagiando.


– É verdade. Quem se importa? – empinei o nariz disposta a ignorar isso.


Os dedos dele desceram displicentemente pelo meu pescoço percorrendo meu colo em um toque suave, me fazendo arrepiar.


– Eu não me importo. Afinal você ficou em minhas mãos. – Jacob me olhou indecente com um sorriso cheio de segundas intenções.


– Nossa, que medo. – sussurrei encurtando a distância entre nós.


Um rosnado impaciente veio do jardim. Nós dois olhamos pela janela ao mesmo tempo.


– Leah? – Jacob murmurou incrédulo.


– Parece que sim. – sibilei irritada com a intervenção.


Em um segundo Jacob já estava de pé inclinado na direção da porta. Me levantei às pressas segurando a mão dele.


– Preciso ver o que houve – ele disse um pouco culpado por me deixar só, eu creio – Mas volto logo. Tudo bem?


– Não, Jake. – gemi fazendo manha – Precisa mesmo ir agora?


Percebi que ele vacilou na dúvida.


– Nessie, pode ser importante. Você sabe que a Leah não se transforma a mais de um mês. Deve ter acontecido algo para ela vir até aqui... E eu sou responsável por ela. Por toda minha matilha.


Leah grunhia impetuosamente no jardim. Ela estava tentando nos apressar?


– Ah, quer saber? Vai logo! – puxei minha mão cruzando os braços.


– Meu amor, não fica assim. Não tem motivo pra isso. – ele se aproximou para me dar um beijo e eu virei o rosto com raiva. – Nem um beijo? Um beijinho?


Ele insistiu fazendo graça. Tive de usar todas as minhas forças para não ceder.


– Não é a Leah que você quer? Então vá lá falar com ela. – gesticulei altiva para a porta.


– Aham. – ele me olhou por um longo instante parecendo aborrecido, abriu a boca para falar algo, mas desistiu. As mãos apertadas em punho – Sendo assim, a senhorita quem manda.


Minha chantagem barata não funcionou. Jacob me deu as costas indo para a porta e eu deixei a máscara cair descruzando os braços e encolhendo os ombros. Foi tão rápido que eu nem tive tempo de reagir: Jacob parou abruptamente, voltou em dois passos largos me pegando desprevenida. Me puxou firmemente pela cintura e segurou meu rosto com a outra mão, antes que eu reagisse, antes que eu ao menos entendesse o que aconteceu estávamos nos beijando. Meu coração começou a martelar e eu retribuí o beijo, aliviada e acima de tudo satisfeita. Quando o beijo acabou ele calmamente colou os lábios nos meus outra vez. Abracei a cintura dele com um sorriso iluminando minha expressão e era impossível desfazê-lo. Jacob distribuiu beijos breves pelo meu rosto, terminando na minha testa.


– Eu volto logo. – ele disse.


Uma das coisas que eu mais admirava em Jacob era a incrível capacidade dele de me surpreender. O observei sair e cruzar o jardim em uma corrida constante, desaparecendo na floresta junto à loba. Ele sabia por que eu sentia ciúmes da Leah. Mesmo se eu estiver errada em achar que ela tem uma quedinha pelo meu namorado, não consigo ignorar o fato de outra garota ter pleno acesso aos pensamentos dele. Ainda mais agora que voltou a se transformar. Isso sem falar na parte em que Leah fica nua na frente dele... Sacudi a cabeça a fim de espantar esses pensamentos maldosos. Se eu tinha certeza de algo era do amor e da lealdade de Jacob.


Contemplei a sala procurando o que fazer e meus olhos pousaram no piano de Edward no canto da parede. Há quanto tempo mesmo eu não tocava? Deslizei até o instrumento e me acomodei. Sorri orgulhosa de mim mesma ao reparar em como as notas saíram fáceis iniciando uma complicada e harmoniosa melodia. Entreguei-me à canção no intuito de fazer os minutos correrem mais depressa e funcionou.


Jacob se aproximou silenciosamente, mas eu pude sentir seu cheiro envolvendo o ambiente no instante em que ele cruzou a porta. Ele parou ao lado do piano, me olhava com admiração, os olhos ansiosos brilharam denunciando sua expectativa em compartilhar a novidade, pelo jeito eram boas novas. Disfarcei minha curiosidade e continuei tocando até a canção chegar ao fim.


– E então?


Rapidamente Jacob sentou-se na bancada de forma não convencional, ficando de frente para mim, com um sorriso bobo no rosto.


– Charlie e Sue vão se casar. – disparou.


– Sério? Que notícia maravilhosa! – abracei Jacob rindo em êxtase.


Charlie merecia ser feliz e Sue era uma mulher incrível seria ótima esposa para ele. Os dois já namoravam há muitos anos, eu só não contava que eles fossem investir no casamento.


– É verdade. – Jacob afagou minha bochecha.


– E por que a Leah se transformou?


– Por isso. – ele inspirou lentamente e depois soltou o ar de uma vez. – Leah acha que Charlie está roubando a única pessoa que se importa com ela. O que não é bem verdade. – Jacob fez uma careta e eu fiquei na dúvida se ele se referia a Charlie roubar Sue ou se estava declarando que se importava com Leah. – De qualquer forma, Sue decidiu morar com Charlie para ficar mais perto do trabalho dele.


– Quer dizer que Seth e Leah vão morar sozinhos?


– Eles já estão bem grandinhos. – o sarcasmo na voz de Jacob mal disfarçava sua preocupação.


– Tem mais alguma coisa. – constatei.


– Um pensamento dela me deixou intrigado – as sobrancelhas dele se uniram em confusão e ele pareceu se concentrar em entender o tal pensamento, desistindo rapidamente – Quer saber? Isso nem importa.


Ouvi o som de carros se aproximando e me empertiguei com pulsação acelerada.


– São eles. – sussurrei agitada com a proximidade dos meus pais, quase transbordando de saudade – Já se passou tanto tempo.


– Nossos últimos minutos a sós. – ele fez uma careta.


Segurei sua mão e Jacob beijou meus lábios com carinho. Repousei a outra mão no ombro dele, chegando mais perto. Os dedos de Jacob se agarraram ao meu joelho e deslizaram lentamente pela minha perna, quando chegou à barra do baby doll ele afastou a mão rapidamente como se tivesse levado um choque.


– Droga Nessie! Por que você ainda está com esse maldito vestido? – ele murmurou subitamente constrangido.


Eu ri da expressão dele voltando a colar nossos lábios.


– Pensei que gostasse. – murmurei entre os beijos.


Por isso mesmo eu vou odiar a reação de Edward. – admitiu ele com um pesar cômico apoiando a testa na minha.


– Deixa de ser bobo. – dessa vez eu que fiquei sem graça.


Ficamos ali, próximos, olhando um nos olhos do outro até ouvirmos um barulho na garagem. Um sorriso imenso se formou no meu rosto e eu pulei do assento puxando Jacob pela mão.


– É melhor controlar seus pensamentos se quiser continuar com todos os dentes Jacob Black.


Eu ri. Meu pai estava de volta.


– Porque eu não estou surpreso? – Jacob sussurrou em meu ouvido me fazendo estremecer.


Edward foi o primeiro a aparecer, impecável como sempre, o semblante tenso, ainda assim ele sorriu ao me ver. A comitiva vinha logo atrás, Bella ultrapassou todos me pegando em um forte abraço.


– Mãe! Que saudades.


– Renesmee, como você fez isso com a gente? Como fez isso comigo? – ela perguntou com a voz tingida de preocupação.


– Eu não me machuquei. Não foi nada demais.


– Você poderia ter morrido. – meu pai comentou paralisado ao nosso lado. – E pelo amor de Deus, vista uma roupa decente antes que eu mate esse cachorro.


– Porque simplesmente não sai da minha cabeça? Pronto. Problema resolvido. – Jacob respondeu.


– Também senti sua falta, pai. – murmurei amargurada pela falta de sensibilidade dele.


Eu aqui morrendo de saudades e é assim que eles me tratam?


– Não pense assim, minha querida. – Edward se apressou em me puxar para um abraço. – Você e sua mãe são a razão da minha existência, como espera que eu reaja ao saber que aproveitou a primeira oportunidade que surgiu para se colocar em risco?


Abracei a cintura dele apoiando o rosto em seu peito enquanto ouvia Jacob cumprimentar minha mãe com o entusiasmo e a alegria que lhe eram característicos.


– Eu sinto muito. Mas não vejo motivo para essa tensão toda. – me afastei do abraço de Edward e fitei todos os rostos ao meu redor, igualmente sérios. Apenas Jacob permanecia alheio e foi nele que meu olhar se fixou procurando algum abrigo naquela situação estranha.


– Renesmee, Jacob, eu preciso que mantenham a calma. – Edward pediu com a voz perigosamente estudada.


Balancei a cabeça sem entender a mudança drástica no tom dele.


– Por que eu perderia a calma? – Jacob deu um passo à frente se impondo de forma ameaçadora.


A mão fria de Bella apertou a minha e eu comecei a ficar com medo. Complicações, Alice dissera. Edward ignorou Jake, se dirigindo a mim.


– Nós vamos embora de Forks.



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