Tanjoubi Omedetou, Naruto-kun! escrita por Akahime


Capítulo 1
Um presente especial


Notas iniciais do capítulo

Anteriormente, era a fic original.
Como surgiu continuação, se tornou o marco do início de vários acontecimentos que todos os fãs do anime/mangá esperam... ou pelo menos boa parte...rs
Fãs de NaruSaku, não me matem... mas NaruHina é muito mais bonito... hehe...



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Acabei de chegar ao Ichikaru, morrendo de fome, como sempre. Mas não era uma fome comum, era uma fome tremenda, acho que comeria um boi inteiro se tivesse oportunidade. Caramba, como minha barriga roncava, dattebayo! Parecia que aquela raposa maldita que ficava presa dentro de mim tinha dado uma volta, feito alguns estragos e voltado, tal a dor que eu sentia ao ouvir meu estomago roncar naquela manhã.

 

Saí de casa com um instinto quase assassino, acho que se alguém me atrapalhasse enquanto eu corria em direção à barraquinha de rámen, tal pessoa não viveria mais do que alguns minutos. Entrei e já pedi um triplo de porco, para ver se matava logo aquela fome louca que tinha tomado conta de mim. O tio, percebendo logo o meu desespero, tratou de fazer meu prato bem rapidinho e já me trouxe. Com os olhos brilhando, agradeci a refeição com um rápido “Itadakimasu” e tratei de encher a boca com aquele macarrãozinho dourado e suculento, que ainda fumegava. Humm, como estava bom! O rámen do Ichikaru é o melhor de todo o País do Fogo, na minha opinião, mas hoje ele está divino, maravilhoso! Também, acho que com a fome que estou hoje eu seria capaz de tomar sopa de pedra ou até aquelas pílulas de soldado nojentas que a Sakura faz, e considerá-las um manjar dos deuses. Hehe, mas não contem isso para o tio, ou ele nunca mais vai me dar uma porção extra de rámen, dattebayo!

 

Sabe, agora que eu estou me sentindo mais fortalecido pela saborosa refeição, posso pensar melhor sobre hoje de manhã. É que eu acordei esta manhã sentindo algo estranho no ar, como se estivesse me esquecendo de algo importante. Ok, ok, sei os outros iriam pensar se me pegassem falando isso em voz alta: “Naruto, esquecendo-se de algo? Nada mais natural...” Até ouço a Sakura me falando isso... Já perdi a conta das vezes que me “zoaram” por eu ser um pouco desatento... Ou melhor, MUITO desatento, não preciso fingir para mim mesmo, mas o que posso fazer, eu sou assim, estou me esforçando para melhorar, mas é difícil, sabe, mudar um traço de personalidade tão marcante de uma hora pra outra... Mas eu não vou desistir, ainda serei o ninja mais atento de Konoha, ou não me chamo Uzumaki Naruto, dattebayo!

 

Mas como eu estava dizendo (ou pensando, mas isso não vem ao caso agora), acho que estou me esquecendo de algo muito, mas muito importante mesmo, mas não consigo me lembrar, já vasculhei minha memória e nada, não consigo descobrir o que é. Ao acordar com essa dúvida fui consultar meu calendário, mas estranho, ele não estava na parede! Cocei a cabeça, tentando descobrir aonde raios aquele bendito calendário poderia ter parado, procurei pela casa toda, debaixo da cama, atrás dos móveis, até olhei dentro da geladeira, que por sinal estava completamente vazia, até achei que poderia ser dia de fazer a compra do mês, mas aquela sensação não passou. Limpei a casa toda, que estranhamente estava cheia de pó (ou será que era areia? Eu não reparei, sabe...), pensando que poderia ser o dia da minha faxina trimestral, mas aquela sensação, aquela ansiedade não passava de jeito nenhum! Aí, depois daquele trabalho todo, minha barriga começou a roncar de um modo assustador e então eu percebi: eu ainda não havia comido nada! Nisso, saí na carreira para tomar meu desjejum, e o resto é fácil: estou aqui, comendo o segundo prato do rámen do Ichikaru... hehe... Pois é, a fome é tanta que estou repetindo.

 

Estou olhando as pessoas que estão andando pelas ruas, e estranho: vejo várias com velas acesas, como se fosse alguma procissão. Será que alguém morreu? Eu não entendo, ninguém me falou de nenhuma missão rank S que poderia levar a morte de alguém, e não lembro de ninguém doente na vila, também, com a Tsunade-obaachan aqui nem tem como! Caramba, isso tá estranho, mas se eu perguntar pra alguém ou a pessoa vai me ignorar, como faziam comigo quando eu era pequeno, ou vai revirar os olhos e dizer que vai ser “problemático” me explicar (palavras do Shikamaru). Mas, quer saber, eu não me importo com essa opinião que todo mundo tem de mim, depois que eu terminar aqui vou perguntar pro primeiro shinobi que eu encontrar, de preferência pra algum daqueles com quem estudei na academia. Caramba, como sou rápido, eu já acabei com o segundo prato, hehe... Também, com a fome que eu estava, nem tinha como eu comer devagarzinho... Eu comi no desespero, oras! Chamei o tio, agradeci pela refeição e peguei meu porta-moedas pra pagar. Ao olhar para ele, com aquele formato de sapo, lembrei do ero-sannin e me bateu uma tristeza...

 

Para eu não acabar chorando ali mesmo, na frente do tio do rámen, paguei rapidamente e saí praticamente correndo dali, pedindo a Kami para chegar em casa antes que qualquer um me visse naquele estado, com os olhos marejados e segurando as lágrimas. Fiquei me lembrando daquele sorriso pervertido do meu mestre e daquelas vezes que ele ficava tentando me transformar num cara ero como ele, e não pude deixar de sorrir um pouco, Jiraiya sempre me colocava em cada situação que eu não sei como é que ainda sou normal... bem, quase, hehe... afinal, não tinha como eu continuar “inocente” viajando com ele, enquanto ele me treinava e ao mesmo tempo escrevia aqueles livrinhos que o Kakashi-sensei tanto ama...

 

Mas eu sinto tanto a falta dele, ele era como o pai que nunca pude conhecer, me incentivando, me motivando, me ajudando a ser mais forte, a alcançar o meu sonho de ser Hokage, me ajudando a crescer, na verdade... Com ele reafirmei minhas convicções pessoais de nunca desistir, embora tudo parecesse sem solução e eu estivesse em desvantagem perante um inimigo... Como ele me lembrava sempre, Chiri mo tsumoreba yama to naru¹, ou seja, se eu fosse persistente eu chegaria lá, não importasse o tempo ou o que falassem de mim... Fico olhando as nuvens, tentando talvez descobrir para onde ele teria ido, aonde estaria agora, talvez conversando com Kami ou argumentando com alguém sobre seus trabalhos literários, rs, do jeito que ele era é capaz de querer criar um Icha Icha Paradise Life, não digo nada, rs...

 

Ela me encontrou
Eu tava por aí
Num estado emocional tão ruim
Me sentindo muito mal

Perdido, sozinho
Errando de bar em bar
Procurando não achar

 

Com esses pensamentos, correndo e olhando para o céu, acabei não percebendo por onde eu ia e... PLOFT! Acabei atropelando uma pobre moça que estava distraída por ali, e, tragicamente, acabei em cima dela. Sem olhar, eu já fui pedindo mil desculpas, me acusando internamente: “Caramba, Naruto, isso é coisa que se faça, atropelar uma pobre moça inocente, e que, bem,  dá pra sentir que é bem “farta” na frente, se é que me entende...”

 

Foi aí que abri os olhos e me deparei com dois orbes perolados magníficos, que me encaravam assustados. O rosto delicado dela estava vermelho, como costumava ficar quando ela me encontrava, eu fiquei estático olhando para ela, nunca tinha reparado em quão bonita a menina Hyuuga ficara, sua pele branquinha, que agora se tingia dum tom escarlate, parecia ser de veludo quando encostei nela, caramba, senti um arrepio louco tomando conta de mim, acho que até suei frio naquela hora.

 

-N-Naruto-kun...

 

Foi aí que me toquei e saí daquele transe. Passei a mão pelos cabelos, coçando minha cabeça (um gesto típico meu), e fui me levantando. Ajudei Hinata a se levantar também, ela parecia desconcertada e nervosa, fiquei olhando ela batendo os indicadores um no outro e pensei: “Caramba, como ela fica linda toda tímida desse jeito!” Eu nunca tinha percebido que Hinata crescera e se tornara uma bela mulher, ela deixara o cabelo crescer e agora, com a brisa que soprava, eu o via ser levado pelo vento da manhã de uma maneira tão bela que eu achei que eu estava vendo algum quadro renascentista. Afastei os pensamentos, balançando a cabeça, e tratei de pedir desculpas, afinal, eu era o desastrado da história:

-Gomen, Hinata-chan, eu estava meio perdido nos meus pensamentos... – Sorri, lembrando do que Sai dizia: “Um sorriso é a melhor maneira de se livrar dos problemas”, ou alguma coisa assim, não me lembro bem ao certo, pois é, estou percebendo que além de atrapalhado sou desmemoriado... Yare, yare...

 

Ela demonstrou tanto prazer
De estar em minha companhia

-N-não t-tem p-problema, N-naruto- k-kun... V-você e-está b-bem? – Ouvi a voz meiga e doce dela, e senti uma emoção tão forte que achei que ia morrer, como ela poderia ser tão gentil com um baka como eu? Fitei seus olhos, esperando descobrir, mas ela evitava me encarar, ficava olhando o chão enquanto continuava unindo os indicadores repetidas vezes, ela parecia indecisa, confusa. Me aproximei dela devagar, tomei suas mãos e num ato impulsivo beijei-as.

 

Eu experimentei uma sensação
Que até então não conhecia

 

Ela me encarou, novamente assustada, senti ela inteira tremer, então a abracei, sentindo o suave perfume de jasmim que emanava dela chegar aos meus sentidos e tomando conta de mim, um perfume suave e doce, assim como ela. Um sentimento maravilhoso tomou conta de mim quando ela, que estava estática, me abraçou forte também e me puxou para mais perto dela. Seu coração batia tão forte que eu o sentia por cima da blusa, e tenho certeza que o meu não estava diferente. Eu finalmente me sentia tranqüilo, querido, necessário, e, talvez... será... Eu sentia que talvez ela pudesse estar gostando de mim... Mas não, que é isso, uma menina linda e meiga como Hinata, que tinha uma família tradicional e tals, gostando de alguém que era desprezado por metade da vila por carregar um monstro selado dentro de si? De repente senti ela relaxar e quando percebi, ela estava desmaiada nos meus braços. Caramba, como é que isso foi acontecer, se o Neji me pega aqui com ela nesse estado vai ser meu fim, ele vai achar que estou abusando da prima dele!

 

 

Cara, mas eu estava no céu, tendo aquele corpinho perfeito e cheiroso junto a mim e com as flores do campo sendo levadas pela suave brisa que passava naquele momento. Tirei uma daquelas melenas azuladas que teimavam em cobrir os olhos daquele anjo que eu segurava, e fiquei admirando a delicadeza de cada traço de seu rosto. Eu nunca sentira uma vontade tão forte de proteger alguém, de estar com alguém daquele modo que eu estava sentindo com Hinata nos braços. Eu já havia amado uma vez, mas Sakura não tinha uma personalidade muito fácil de ser lidar e, além disso, havia sido um amor totalmente platônico, pois minha amiga era apaixonada (e ainda é) pelo teme, mesmo depois dele haver fugido de Konoha e se juntado ao Orochimaru. Guardei esses sentimentos no fundo de meu coração, jurando nunca deixá-los aumentarem ou atrapalharem nossas missões. Aos poucos, eles foram diminuindo, diminuindo... Até que só restou um grande amor de irmão por ela, um respeito profundo pela minha colega de time.

 

De se querer bem
De se querer quem se tem...

 

Mas o que eu estava sentindo pela menina que se encontrava desmaiada em meus braços era diferente, era estranho, era como se um calor louco tomasse conta de meu corpo cada vez que eu tocava sua face ou em seus cabelos sedosos, e ao mesmo tempo ela me inspirava um respeito tão grande, que eu não tinha coragem nem de beijar os pés delicados dela, por me sentir indigno de tal honra. Fiquei confuso com essa mistura de sensações e sentimentos que estavam tomando conta de mim, eu não sabia como agir, não tinha idéia do que estava acontecendo comigo, caramba, não tô entendendo mais nada!

 

Eu estava sentindo uma vontade louca de beijar aqueles lábios carnudos e rosados, de sentir sua boca encostada na minha e novamente ter aquela sensação reconfortante que tive quando ela me abraçou... Mas, olhando para ela, fico sem coragem, ela parece tão tranqüila e serena, eu não poderia fazer isso, afinal, eu não entendo o que estou sentindo, eu não posso dar uma de ero-sannin e abusar da amizade que ela tem por mim, e depois magoá-la, eu não posso, não é do meu jeito ninja fazer algo assim, acho melhor eu aguardar essa confusão toda passar e  então, se eu realmente estiver sentindo algo a mais por ela, aí eu ajo, dattebayo!

Fico tentado a fazer carinho em seus cabelos, mas me contenho. Parece um anjo adormecido.

 

Ela vira devagar para um lado, e lentamente abre os olhos. Ao me ver, primeiramente ela sorri, e eu fico novamente em transe, caramba, ela consegue ficar mais linda do que já é com um simples sorriso! Mas então ela dá um pulo, e por pouco não a derrubo no chão, caramba, ela me deu um baita susto agora! Graças a Kami eu desenvolvi bons reflexos, senão eram dois ao chão, de novo!

 

- N-naruto-k-kun! – Ela me olha assustada, e depois olha em redor. Já passa das duas da tarde, está ventando um pouco e ela passa os braços em volta de si, não sei se para se aquecer, se proteger de meu contato ou ambas as coisas. – O-o q-que a-aconteceu? – Ela me olha com aqueles orbes prateados e eu quase me perco neles, mas assumo o controle e novamente sorrindo, respondo, meio envergonhado.

 

-Hina-chan, é que eu tropecei em você, aí nós dois caímos, levantamos, eu te abracei, você desmaiou... – Eu estava desconcertado, confuso, sem saber o que fazer naquela hora, não sabia aonde punha as mãos, acabei passando-as pelos cabelos, como sempre faço. A pobre menina (que menina que nada, ela é um baita de um mulherão, pára Naruto de pensar besteira! Ela já está corada o suficiente, quer que ela perceba o que ela provoca em você e ela acabe desmaiada de novo?) estava como eu, envergonhada ao extremo, olhando pro céu, pro chão, pras casas em volta, e nada de me encarar, ela evitava olhar pro meu lado, eu já estava ficando nervoso com aquela situação, até que reparei que quando caímos, ela havia derrubado alguns pacotes, resolvi tomar coragem e fazer o mais correto.

 

Comecei a pegar todos aqueles pacotes, até tentei descobrir o que eram, mas fiquei com vergonha, afinal eles não me pertenciam, eu não tinha o direito de invadir a privacidade dela. Comecei a organizá-los (pelo menos tentei!) e os entreguei para ela. Ao ver-me recolher seus pertences, Hinata olhou-me, perdendo aquela timidez natural dela por um instante, aproximou-se de mim e deu-me um cálido beijo na bochecha, depois de dizer um simples “Arigatou”. Depois se afastou, corando.

 

E ela me faz tão bem
E ela me faz tão bem
Que eu também quero
Fazer isso por ela...

 

Agora o tímido ali era eu, um fogo louco subia pelo meu corpo e eu suava frio, caramba, como um simples beijo na bochecha consegue me deixar desse jeito? Tentando acabar com aquele silencio de morte que havia tomado conta do local, resolvi tirar minhas duvidas quanto a aquelas pessoas que eu havia visto mais cedo perto do Ichikaru. Será que ela poderia saber alguma coisa sobre aquela estranha procissão?

 

Hinata me olhou surpresa com minha pergunta, será que a resposta era tão obvia e eu não havia percebido? Mas em seus olhos eu não vi desprezo nem impaciência, como eu sempre via nos olhos das outras pessoas da vila. Eu senti que ela realmente queria me ajudar, e foi isso que ela fez.

 

- N-naruto-k-kun,h-hoje é o-o a-aniversário d-da m-morte d-do Q-quarto H-hokage...

 

Ela me encontrou
Eu tava por aí
Num estado emocional tão ruim
Me sentindo muito mal

Enchi os olhos de lágrimas... Então era isso que eu havia esquecido. Mas não me admiro com isso, é um dia que sempre tento esquecer. O dia odioso. O dia maldito. O dia aonde o herói de toda a vila havia se sacrificado para salvá-la da Kyuubi.

 

O dia em que eu havia nascido.

 

Cansado, perdido, f*****
Errando de bar em bar
Procurando não achar

Já havia se passado muito tempo desde tal fato, cerca de 16 anos... A cada ano, esse dia era uma tortura para mim, ao lembrar que eu não tinha uma família para celebrar meu nascimento, para cantar “Parabéns a Você” ou cortar um bolo especialmente feito para mim. Nunca tive balões coloridos decorando minha casa, nunca me diverti lambendo o recheio ou abrindo presentes. Nunca ganhei afagos ou abraços nesse dia, salvo uns cafunés que o  Iruka-sensei me dava quando moleque. O máximo que recebo é um clássico e discreto “Tanjoubi Omedetou”. Nada de festas, surpresas ou presentes, na verdade ganho sim vários olhares atravessados e hostis das pessoas da vila, como se eu fosse culpado da morte do Yondaime... Até mesmo o Jiraiya-senpai, num dos meus aniversários, o máximo que fez foi me presentear com um daqueles livrinhos pervertidos, que no final acabou indo parar nas mãos do Kakashi-sensei...

 

Minhas lágrimas começaram a cair discretas, tentei abafá-las e não consegui. Por Kami, como era dolorido não ter ninguém que REALMENTE se importasse comigo, não digo isso em relação aos meus senseis ou aos meus colegas de time, eu sei que eles se importam, mas eu queria sentir que alguém me considerasse especial, único. Eu queria ser necessário para alguém, as vezes me perguntava se sentiriam minha falta se algum dia eu partisse..

Senti uma mão delicada e macia pousar sobre o meu ombro. Levantei meus olhos e me deparei com ela, sorrindo toda corada, me estendendo os pacotes, como se fosse para eu pegá--los. Olhei intrigado para ela, não estava entendendo o porquê dela querer que eu segurasse os pacotes, afinal eu acabara de devolvê-los.

 

Ela demonstrou tanto prazer
De estar em minha companhia

Eu experimentei uma sensação
Que até então não conhecia


-S-são p-pra v-você, N-naruto-k-kun! – Ela continuava sorrindo, e percebi que não era nenhuma brincadeira. Peguei os pacotes, sem continuar entendendo. Olhei pra ela, par os pacotes e novamente para ela.

 

-Mas porque você está me dando isso? – Acho que eu sou mesmo burro, caramba, eu realmente não estava entendendo mais nada!

 

-P-porque... – Ela respirou fundo, tomando coragem, e falou quatro palavras. Quatro palavras que eu nunca esqueceria, pois estavam cheias de carinho, amizade, respeito, e... AMOR!

 

-Tanjoubi Omedetou, Naruto-kun!

 

De se querer bem
De se querer quem se tem...

Eu não via mais nada. Meus olhos novamente encheram d’água, meus joelhos bambearam, o nó na garganta que eu sentia há minutos atrás sumira, eu realmente fiquei surpreso, mas, mais que isso, uma emoção muito forte tomou conta de mim, uma vontade louca tomou posse dos meus sentidos, eu não me importava mais com o que iriam dizer, com as dificuldades que eu poderia passar por aquele ato impulsivo, eu só queria agir. E agi.

 

Deixei os embrulhos em cima de uma grande pedra que estava por perto, me aproximei dela devagar, para não assustá-la, puxei-a de encontro a mim, diminuindo a distancia entre nós e colei meus lábios aos dela. De início ela ficou parada, sem se mexer, parecia ter desmaiado novamente, e quase me recriminei por ter feito algo sem ter pedido permissão, mas como eu faria, ninguém simplesmente diz: “Estou louco pra te beijar, posso?” ou será que alguém faz isso? Mas isso não importa, eu me sentia novamente no céu, só que desta vez melhor. Meu coração parecia sair do peito, e eu estava preocupado, e se ela não quisesse me beijar e acabasse me rejeitando? Mas quando ela começou a corresponder o meu beijo suspirei de alívio, por pouco eu achara que ela iria me odiar por agir de impulso. Ela agarrou-se a mim, e eu amei a sensação de senti-la me querendo também, eu curtia cada segundo sentindo o sabor de seus lábios nos meus, eram doces e macios, não dava vontade nenhuma de largá-la, eu me sentia finalmente completo, querido, AMADO.

 

E ela me faz tão bem
Ela me faz tão bem
Que eu também quero
Fazer isso por ela...

 

Há quanto tempo ela sentia isso por mim? Eu não tinha idéia, mas eu percebia que não era de hoje, ela acariciava meu cabelo espetado com tanto carinho que eu a abracei mais forte ainda, com medo de perdê-la ou dela de repente me empurrar e sair correndo, mas ela fez o contrário. Abraçou-me também, abrindo sua boquinha delicada para aprofundar o beijo, permitindo uma intimidade maior entre nós. Segurei seu rosto delicado com uma das mãos, para sentir melhor o beijo dela, eu estava nas nuvens, nunca havia me sentido tão bem, com ela eu não me lembrava da amargura de perder um amigo como Sasuke, não havia o monstro de nove caudas para causar tantas dores nos outros, com ela eu não era só um shinobi de Konoha, eu era um homem que faria tudo para fazê-la feliz. E se isso não era amor, era quase.

 

Quando nos separamos para tomar ar, ela estava corada, mas com um sorriso tão lindo que não pude deixar de comentar:

 

-Hina-chan, seu sorriso... Me deixa sem palavras...

 

E ela me faz tão bem
E ela me faz tão bem

Eu nunca fui bom com as palavras, na maioria das vezes só falo bobeira e por isso quase todo mundo fica me “zoando”. Mas eu sentia que ela não era assim, que com ela eu poderia ser eu mesmo sem me preocupa em agradar os outros, com ela eu poderia ser realmente eu, e naquela hora eu apenas queria lhe dizer milhões de coisas bonitas, mas que não saiam da minha garganta. Como ela me conhecia, segurou meu queixo com aquelas mãozinhas maravilhosas e me disse simplesmente:

 

- Aishiteru. – E me abraçou, de uma maneira tão gostosa que não tive como não retribuir. Dattebayo, não existe nada melhor do que se sentir amado, e eu finalmente tive o que sempre sonhei: ser amado por alguém, e isso me tornou imensamente feliz, como eu nunca havia sido. Me esqueci dos anos de solidão, da tristeza que eu sempre sentia nos meus aniversários anteriores e do desprezo que muitas pessoas haviam me demonstrado. Essas coisas agora não importavam mais. Por Hinata eu iria até o fim do mundo, e nem que eu tivesse que enfrentar todo o clã Hyuuga, ela seria minha e eu lutaria por ela até que acabassem todas as minhas forças. Eu nunca a deixaria sozinha, isso eu tinha certeza, e todos aqueles sentimentos maravilhosos que tomavam meu ser naquele momento me fizeram responder.

 

Que eu também quero
Fazer isso por ela...

 

-Aishiterumo. – Ela sorriu, e se aninhou mais uma vez em meus braços, sorrindo com os olhos fechados, tão linda e perfeita que só consegui beijar seus cabelos em resposta. Ficamos assim, abraçados, durante muito tempo. Eu não sentia este passar, eu só queria ficar junto a ela.  O sol começou a se esconder no horizonte, mas ficamos ali, juntos, como se o tempo tivesse parado para olhar nós dois e para o nosso amor nascente.

 

Nada mais importava para mim, eu queria ficar ali para sempre com ela, olhando o céu se tingir aos poucos de um negro escuro profundo, destacando as pequeninas estrelas que brilhavam na imensidão, estrelas que me lembravam seus olhos ao ouvir minha tímida declaração de amor. Mas infelizmente nosso momento foi interrompido por um ser altamente escandaloso, mais do que eu costumo ser:

 

-Yoooooshiiii, Naruto-kun! Isso é que é o Fooogo da Juventude!!! – Aquele ser de roupas berrantes nunca fora discreto e eu já estava acostumado, então apenas sorri e olhei para Hinata, que estava novamente corada por causa do infeliz comentário do sobrancelhudo.

 

 -Hehe, desculpe interromper, mas é que o pessoal queria fazer uma festa surpresa pra você, mas como você sumiu... – Ele me olhava divertido, acho que ele gostou da idéia de ter a atenção da Sakura-chan só para ele (ou pelo menos tentar, não é...).

 

- Já vamos. Vem comigo, Hina-chan? – Olhei para ela, e com um discreto “Hai” ela concordou.

 

Fomos para a tal festa, que por acaso foi na casa da minha querida “irmã” Sakura-chan. Ganhei alguns presentes, como um outro Icha-Icha (desta vez do Kakashi-sensei), um uniforme verde berrante (do Lee e do Gai), algumas kunais e shurikens... Mas ao olhar para Hinata no fim da festa, percebi que eu recebera o melhor presente de todos, e esse, não haveria ninguém nessa terra que o tiraria de mim. Eu ganhara de presente o amor de uma bela e delicada kunoichi de olhos perolados, a quem eu protegeria pelo resto de meus dias com todas as minhas forças, pois esse era o meu jeito ninja de ser, um jeito que acabara de ser aperfeiçoado por ela, alguém que estava me ensinando a amar.

 

E ela me faz tão bem!

 

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Glossário:

Tanjoubi Omedetou = “Parabéns a Você”, Feliz aniversário.

Itadakimasu = expressão utilizada sempre que se inicia uma refeição.

Obaachan = avó, ou vovó

Chiri mo tsumoreba yama to naru = provérbio japonês que traduzindo significa: “O lixo, quando acumulado, também vira montanha”, parecido com os nossos dizeres populares “ De grão em grão a galinha enche o papo e “Água mole em pedra dura tanto bate até que fura.”

Arigatou = Obrigado.

Aishiteru = Eu te amo.

Aishiterumo = Eu também te amo.

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Música: Tão Bem, do Lulu Santos.

 


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Notas finais do capítulo

Ah, como amei fazer uma fic de meu casal favorito! *_* Não tem coisa melhor que o amor, gente! Falo por experiência própria!
Ah, como espero o dia em que o meu querido loirinho vai olhar pra menina Hyuuga! Se bem que ela não é mais uma menina... rs.
Por favor, deixem rewiews!
Obrigada a todos por lerem e por comemorarem comigo o aniversário do Naruto também!
Ja ne!