Passei novamente a mão na minha testa encharcada de suor... Não estava nem 20°, e eu já estava assim! Afrouxei um pouco o nó da gravata e sorri disfarçando o nervosismo que comia meu ser. Olhei mais uma vez pro Zé ruela do Itachi atrás de mim, que tava com o mesmo sorriso paralisado que eu, ao seu lado, a secretaria que não tem mais nada de baranga com seu vestido de festa. Engoli a seco. Olhei para os meninos sentados junto com suas respectivas namoradas na primeira fileira... Eles também sorriram pra mim. Pigarreei. Meu pai a minha frente também sorriu. O coitado de padre por conta das rugas infinitas não dava pra saber se ele tava dormindo ou não. Harr. Fitei a igreja toda... Gohan, Temari, Sai, Titi, todos estavam felizes!

Droga!

To fodido!

Chequei mais uma vez o relógio em meu pulso. Beleza, ela só está 45 minutos atrasada. Nada demais! Uhum.

Passei a mão em meus cabelos.

Vai fazer isso comigo mesmo, Sakura?

Olhei mais uma vez pro meu pai a minha frente no altar. Harr. Por que ele não para de sorrir, hein? Devia estar igual a mim, apreensivo, nervoso, preocupado, desesperado, com o cú na mão e o pescoço na reta do enforcamento.

Ah, qual é, Sakura, vai me dar um bolo mesmo?

Pisquei algumas vezes, já não sabia mais onde botar minhas mãos. Elas já haviam percorrido todo o espaço do bolso da calça e terno. Verifiquei novamente o relógio: 50 minutos atrasada! Onde estaria Sakura e a dona Tsunade?

Merda, por que diabos toda noiva tem que atrasar, hein? Pra dar tempo do noivo repensar na sua sentença de morte? Só pode.

Fiquei mais angustiado quando começou aquela musiquinha do cão... Chegada a hora!

Puta merda. É meu fim!

Por que raios fui me comprometer com aquilo, hein? Logo eu, o maior irresponsável que agora é responsável!

Ah sim, porque me apaixonei justamente pela certinha do cabelo rosa!

Tan, tan, tan... Tan, tan, tan...

Junto da musiquinha clichê que tocava nos violinos, eu via silhueta no vestido bonito branco andando em direção ao altar. O véu lhe cobria o rosto, mas eu sabia que ela também sorria. Ela estava linda.

Uma nova gota de suor brotou na minha testa. Olhei pro bunda branca novamente...

Será que ele não se cansa de sorrir não, ou sua cara estava paralisada como num botox? Não sabia. Também não fazia questão de saber, estava apreensivo demais!

E então finalmente, depois de praticamente uma hora de atraso, a noiva chegou ao altar. Sorriu pra mim que já estava automaticamente com o sorriso implantado no rosto... Congelado na minha cara. Ora, não queria transparecer o que estava sentindo naquele momento. E enquanto sorria que nem um Naruto (Sim, quis dizer retardado), verifiquei pela última vez o bolso da minha calça...

Como já sabia, não havia sinal nenhum de aliança ali.

Tsunade então se virou para o meu pai... É agora, pessoal.

Fechei meus olhos. Meu último suspiro.

Os dois vão me matar!

— Ei, estou aqui, Sasuke! — sussurrou a voz da esperança, abraçando-me por trás. O alívio veio de imediato. Minha maravilhosa salvação. — Me desculpe o atraso, acabei derramando uma gota de vinho na barra do vestido... Foi um desespero só, mas consegui limpar! — explicou-se Sakura, juntando-se a mim no altar.

Gentilmente, sem que ela percebesse, puxei sua bolsinha e peguei as bentitas alianças que deveriam estar no meu bolso, e que por pouco não me fizeram cagar nas calças. Ufa! Havia colocado-as na bolsinha de Sakura e me esqueci de pegar por conta dos amassos que demos antes de ir à igreja. Agora poderia respirar em paz, meu pescoço estava a salvo!

Segurei firme a mão de Sakura e olhei para o meu pai... Coitado, estava em fase terminal da vida. Ele só tinha mais alguns segundos, depois disso iria se casar.

Não que eu não gostasse da Tsunade, pelo contrário, ela é incrível! Meu pai não poderia ter escolhido mulher melhor. A questão é que se casar pela segunda vez é uma escolha muito corajosa, e delicada.

Prestamos atenção à cerimônia de carceramento... Ops, digo, casamento. Herr. Sakura chorava ao meu lado, Itachi atrás de mim. Os bibinhas também se matavam de chorar, e por conta disso, o vírus do choro se espalhou para a igreja toda, fazendo meus olhos coçarem...

É tipo quando brota testosterona dos olhos, sabe? Coisa de macho!

Até parece que eu ia chorar... Rum!

Meu pai e Tsunade disseram os votos e em seguida lhes entreguei as alianças, assim seguiu-se a cerimônia terminando com um beijo. Seguimos atrás deles tacando arroz. Na real, eu só queria acertar com força o arroz na cabeça de jegue do Gaara, mas o idiota achou que foi o Neji e se vingou, Neji tentou devolver, mas o mesmo abaixou-se na hora e o arroz voou todo na cara do Naruto.

Assim iniciou-se a guerrinha de arroz. As meninas rapidamente fugiram para escapar das arroizadas, Itachi, Gohan e Sai também se juntaram na guerrinha. Depois, me toquei que justamente os noivos sequer receberam a chuva merecida de arroz, mas foi quando fui tacar com bastante força, vi as luzes da polícia.

Sabe aquele momento de desespero, quando a coisa começa a ficar difícil? É bom começar a correr, porque pode piorar... Vão por mim.

— Sasuke Uchiha. — chamou o policial que acabara de descer da viatura. Sakura agarrou meu braço e instintivamente a empurrei para trás de mim. — Quem é?

— Sou eu. — respondi sério. Todos já me encaravam. Harr.

— Você está preso por comandar um esquema de práticas ilegais de racha pela cidade. — disse o policial. Tão de zoeira com a minha cara, só pode. Eu não faço mais isso, fora que nunca comandei esquema nenhum, tirava racha por pura diversão! Harr. — Você tem o direito de permanecer em silêncio, tudo o que disser poderá e deverá ser usado contra você no tribunal.

— Tá doido? Eu não faço isso... Sou inocente! — me defendi. Dois policiais posicionaram-se atrás de mim para me algemar, empurrei um deles. — Me larga! Vocês estão prendendo a pessoa errada!

— Sasuke... — gritou Sakura aos prantos.

— Você sabe que eu sou inocente, né Sakura? — perguntei vendo-a assentir trêmula. Olhei para o meu pai. — Pai... Você acredita em mim, pai? Isso é um engano! — gritei empurrando o policial que tentava me algemar, outros vieram para ajudar e acabaram me imobilizando, colocando meus braços nas costas, e esfregando minha cara no capô da viatura. Logo me enfiaram no camburão, eu via meu pai e Itachi conversando com os policiais, Sakura chorando agarrada a Tsunade, e ouvia batidas no vidro... Eram os meninos junto de Sai, que veio dos Estados Unidos justamente para acompanhar o casamento.

— Se preocupa não, Sasuke amigão, nós vamos te tirar daí. — tranquilizou-me Naruto e os outros assentiram.

— A gente sabe que você é inocente, cara! — Neji disse.

— Descubram o que ta acontecendo. Alguém só pode estar tramando contra mim! — avisei ouvindo o barulho do motor da viatura ligar. Mais uma vez iria para prisão. Harr. Enquanto me afastava da igreja, avistei do outro lado da rua, as únicas pessoas que certamente queriam foder com a minha vida... Karin e o babaca do Vedita!

Só poderia ter sido obra desses dois mesmo! Vedita estava ferrado de ódio porque desde que saí dos rachas e a polícia me prendeu, seus esquemas de apostas caíram drasticamente, e ele me culpava por isso. Harr. Já Karin, bem... Desde que levou um pé na bunda quer me ver em picadinhos. Já dizia meu irmão, se ex fosse bom não começava com ex de Exaltasamba! Harr.

Chegue à delegacia, sentindo-me familiarizado com o ambiente, infelizmente. Prestei depoimento ao mesmo delegado velho com cara de safado da outra vez que estive aqui. Contei-lhe tudo o que sabia, mas ao que parecia, Karin e Vedita fizeram um bom trabalho e forjaram provas contra mim.

Fui mandado pro mesmo cubículo da outra vez, e senti saudades do meu amigão de xilindró, Zé manco, que abriu um sorriso de dentes branquinhos pra mim assim que me viu, expondo com maestria o tratamento dentário que paguei pra ele. Graças a Deus mais uma promessa cumprida! Não aguentava mais olhar para aqueles dentes podres dele. Urgh!

Dessa vez, eu mal sentei minha bunda naquele chão podre e já me requisitaram na sala do delegado, que estava mais parecendo um barraco de família. A cambada estava toda lá falando tudo ao mesmo tempo, quando o delegado já vermelho tacou uma pasta pesada na mesa chamando atenção de todos.

— Já chega! — esbravejou. — Não acredito que trouxe um exercito com você! — acusou-me com um olhar incrédulo. Sakura deu um chega pra lá no carcereiro e me abraçou, eu queria confortá-la, mas as malditas algemas ainda estavam em meus pulsos.

— Sou inocente! — disse me sentindo um miserável.

— Você disse isso da ultima vez, e desta, não haverá fiança que te tire daqui! — avisou com um olhar ao meu pai em seu refinado terno e à dona Tsunade que erguia a barra do vestido branquíssimo para não encardir naquela podridão. Quando o bunda branca ia por ordem no bagulho, uma vozinha ofegante pela corrida, surgiu junto com os braços que abriam caminho na multidão de amigos que lotavam aquela delegacia a meu favor.

Era a repórter.

— É verdade. Ele é mesmo inocente, e eu posso provar! — disse com um ar triunfante, Neji quase rolou no chão na frente dela como um cachorro de estimação. — Tenho imagens e gravações. Estive me empenhando desde a primeira vez que Sasuke veio pra cadeia, e fui atrás dos fatos, descobrindo que Vedita, um dos participantes de corridas, era quem comandava os rachas. Com a ajuda de Karin, uma ex namorada recalcada do Uchiha, ele conseguiu fazer a culpa cair sobre ele.

Todos ficaram eufóricos, esperando o delegado analisar todas aquelas coisas, e sentenciou que tinha material o suficiente para me libertar e por o verdadeiro responsável atrás das grades.

— Eu disse... Essa mulher é demais! — comemorou Neji levantando-a e dando um beijo babado na garota, que parecia gostar. Vai entender...

E o pior é que não pude contestá-lo! Todo esse tempo eu vinha sendo perseguido e infernizado pela aquela mulherzinha, e no fim, foi ela que livrou meu coro de ser injustiçado!

Agora sentindo pela segunda vez o gosto da liberdade, pude abraçar minha namorada, meus amigos e família...

Depois de toda a confusão resolvida, meu amigão Sai voltou para os Estados Unidos no dia seguinte, e pelo que conversamos, ele já tinha encontrado uma namorada por lá... Achei ótimo. Um pescoço a menos pra ser quebrado, caso decidisse olhar na direção da minha namorada!

O viadinho do Gohan voltou a ser amigo de Sakura, e por vezes fui obrigado a socializar com ele nos programas duplos de casais que ele e Sakura inventavam de fazer junto de Temari.

Itachi recebeu o dinheiro da herança de nossa mãe assim como eu, e comprou um apartamento melhor do que aquele barraco velho. E por mais que eu reclamasse daquele cafofo despencando, o barraco do Itachi era um lugar cheio de boas recordações... Ainda assim, não sentirei um pingo de saudades! Tsc...

O bunda branca e a dona Tsunade não tiveram a festa de casamento, mas partiram pra lua de mel em Paris.

Naruto conseguiu um transplante de cérebro! Zoeria, mas bem que poderia. Tsc... Continuou sendo o mesmo carinha gente fina, junto com seu par de vaso, a Miss miojo. Um dia ainda roubarei aquela bolsinha dela pra ver como diabos ela consegue acumular tantos apetrechos ali dentro.

Gaara e Ino quando não estão se matando, estão se beijando. E eu ainda não sei por que aquela menina rica trabalha!

E finalmente a menina que fez entrar nos eixos. Que me ajudou na fase mais complicada da minha vida, se meteu em várias roubadas junto comigo e fez o cara mais pegador se apaixonar por ela... Sakura!

Assim que terminei de ler o fim, fechei o livro de lançamento publicado por Tenten, "Rehab". Sacudi a cabeça ao reviver todos os momentos importantes de minha vida registrados ali, e só de lembrar cada foto, vídeo e gravação que aquela repórterzinha metida a besta fez de mim para escrever tudo isso, dava vontade de estrangulá-la, e só não fiz isso porque Neji viria atrás de mim para se vingar. Harr.

Milhares de exemplares já estavam orgulhosamente vendidos — orgulhosamente, é claro — até eu descobri que Naruto, Gaara, Hinata, Itachi, Sakura, Neji, Ino, haviam comprado cada um, pelo menos uns 150. Harr.

Guardei o meu único dentro da mochila, e olhei para o lado vendo que Sakura bocejava de olhos fechados aconchegando-se no banco do avião. Faltavam por volta de meia hora para aterrissarmos em Londres.

Com o meu pai casado com a mãe dela e ambos em plena lua de mel, descobri que não poderia viver dos miojos de Naruto. Foi quando recebemos a proposta do bunda branca, para administrarmos o setor de publicidade da Cosmetc Uchiha local... Aluguei um apartamento, sem mesmo saber sua resposta e lhe convidei antes de tudo, agradando-a com um celular novo que havia prometido e um anel de ouro branco, propondo um noivado que faríamos assim que nossos pais viessem nos ver.

Ela reagiu feito uma mulherzinha, com os olhos cheios de lágrimas e um abraço apertado, dizendo que me amava.

Sim, ela me ama. A Poodle me ama.

Perguntei quando foi que isso aconteceu, tentando puxar da memória quando foi que comecei a tomar jeito, mas ela me surpreendeu ao responder que havia sido desde o inicio, quando desmaiou no meu primeiro dia de trabalho na empresa com ela.

Com todos os meus defeitos, pirraças e rebeldia. Ela gostava de mim. Assim como eu também já gostava daquela nerdezinha, estagiária, certinha de uma figa.

E depois de tudo, posso concluir que... Nós dois mudamos um ao outro, a fim de nos completarmos, e enfim, termos uma história completa... Juntos.

Fim.