Jogando com os Sentimentos escrita por GabrielleBriant


Capítulo 1
As Aparências




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CAPÍTULO I. AS APARÊNCIAS...

Várias pessoas amontoadas em frente a computadores. Não desgrudavam os olhos da tela por um segundo sequer. O único som que se ouvia era o dos dedos batendo furiosamente contra o teclado, formando uma orquestra quase harmoniosa...

Ela suspirou.

Ela não se encaixava naquele lugar, ela sabia. Não tinha motivos para estar ali. Odiava aquelas pessoas, odiava aquela infame máquina que teimava em se impor a ela... E, sobretudo, odiava aquele maldito barulho de dedos batendo furiosamente contra o teclado.

Parou de digitar.

O homem que estava sentado na cabina ao seu lado olhou-a preocupado, embora sempre carregasse o mesmo sorriso simpático no rosto. Adam Pland. Talvez ele fosse o exemplo de cidadão que todos devessem seguir. Vivia rodeado de amigos, sempre tinha uma boa piada para contar. Tinha um bom emprego. Era casado e, ao que consta, jamais traíra sua mulher. E tinha filhos, também. Uma menina e um menino... Ele era exatamente tudo o que ela mais abominava.

- Algum problema, Katrina? Cansada?

Trouxa burguês falso idiota! Aposto que, por trás desse sorriso acolhedor, a sua vontade é metralhar todos os que estão aqui... Eu ainda te mato um dia.’

Ela deu um sorriso igualmente acolhedor... Mas tomou cuidado para que as suas feições parecessem cansadas. Com a voz mansa, disse:

- Sim, na verdade eu estou um pouco cansada. Eu trabalhei bastante na noite passada, dormi pouco... Ainda falta muito tempo para o horário do almoço?

Adam consultou o seu relógio de pulso.

- Quinze minutos, apenas. Você agüenta?

- Claro.

E voltou a digitar.

Trouxa idiota! Metido! Eu juro que um dia eu te mato!’

O seu dia estava bastante ruim. Mal sabia ela que estava para piorar. Que o próximo acontecimento marcaria a vida dela. Se ela soubesse o que a esperava, talvez até desejasse continuar com os trouxas imundos, como ela chamava.

Tudo mudaria...

Com a tão conhecida dor no braço esquerdo.

Ela se esquivou. Colocou a mão em cima de onde estaria a Marca. Esfregou. Baixou a cabeça.

Finalmente algo bom.’

Deu um meio-sorriso.

- Katrina?

Sobressaltou-se. Olhou para o lado. Adam estava em pé, ao seu lado. A dor latente em seu braço e a vontade imensa de ver o seu Mestre fez com que ela se desligasse da realidade por apenas um segundo, de modo que nem percebeu que o trouxa tinha se levantado e se aproximado dela.

- Adam... Você... me assustou.

- Desculpe – o sorriso que tanto a irritava voltou ao rosto do homem. – Mas é hora do almoço. Posso me oferecer para te acompanhar nessa refeição?

Graças ao meu Mestre, essa indigestão será poupada.’

Sorriu sem-graça, desculpando-se.

- Infelizmente tenho um outro compromisso. Inadiável. Será que podemos deixar esse almoço para amanhã?

- Amanhã, então.

Trouxa imundo!’

Ela desligou o computador e saiu.

XxXxXxX

A estátua da Fênix o levava para o escritório de Dumbledore.

Ele sentia as mãos tremerem de tanto ódio. Como? Como aquele velho idiota pudera, mais uma vez, lhe recusar o cargo que tanto almejava? Já fazia anos! Já tinha provado a sua lealdade milhares de vezes, mas, mesmo assim, o velho não o deixava apenas...

Ele não pedia muito! Não senhor! Só queria deixar tentar colocar na cabeça daqueles pirralhos a sutil arte do preparo de poções. Ele só queria perder o seu tempo com algo que realmente valesse a pena! Queria até, talvez, fazer a diferença...

Sim... Fazer a diferença. Talvez aquele fosse o real motivo. Aqueles jovens, especialmente os grifinórios, acham que são feitos de algum material derivado do aço... Têm a ingênua ilusão de que nada pode acontecer com eles... E, pensando assim, se jogam de peito aberto numa guerra que não lhes pertence... E, se ele apenas pudesse ajudar alguns deles a sobreviver por um tempo, por mais curto que este seja, ele sentiria que uma parte da sua dívida para com a sociedade pudesse ser considerada como paga.

E ele só pode fazer isso passando a esses pirralhos o conhecimento que a vida que teve como um jovem inconseqüente lhe deu... Mas o maldito velho não lhe deixava fazer isso!

Chegou até a sala do diretor. Tentou colocar a sua respiração em ordem antes de lhe falar. Entrou lentamente... Passos leves, como os de um lobo se aproximando de sua presa. O olhar mais ameaçador que ele dispunha.

O velho, em contraste àquela figura furiosa, apenas sorriu. Brandamente, quase paternalmente, se levantou para recebê-lo.

- Severo! Sente-se, meu filho.

Ele crispou os lábios. Alvo Dumbledore. O homem que o salvou da escuridão que Voldemort e seu exército trouxeram para a vida dele. O homem que foi muito mais pai para ele do que o seu próprio pai... Um sábio... Mas, ainda assim, um velho tolo.

Sentou-se. Sua voz, fria e aveludada, ressoou no escritório.

- Você sabe o que me traz aqui, não sabe?

- Eu temo que sim.

Ele fechou o punho. A tranqüilidade daquele velho o irritava.

- Então? Qual o motivo para, mais uma vez, me recusar o cargo de Defesa Contra as Artes das Trevas?

- Eu fui contatado por uma pessoa que se interessou pelo cargo...

- Quem?

- Katrina White.

Ele se recostou na cadeira.

White... Katrina White... Eu já ouvi esse nome?’

- Posso saber quem é essa? Será ela tão habilidosa quanto a nossa querida Umbridge?

- Não seja tão amargo, Severo. – Ele fechou os punhos mais fortemente. – Ela é uma garota que têm vivido entre os trouxas pelos últimos anos.

Ele sorriu com desdém.

- Uma garota? Quantos anos essa garota tem?

- Vinte e dois.

Sentiu vontade de surrar o velho. Perder o cargo para uma menininha inexperiente! Que ultraje! Levantou-se, não querendo ouvir mais nada que aquele velho tolo porventura tivesse a dizer.

- E eu suponho que esta menina seja mais habilidosa que eu.

Sem dar chances para que Dumbledore respondesse, ele saiu.

XxXxXxX

Felicidade. Era isso que ela sentia todas as vezes que o seu Mestre a chamava. Ele era um homem bom... Ele sempre tinha cuidado dela... Como uma filha, talvez. E ela se sentia feliz, mesmo saindo do ar respirável de Londres para aquela casa fétida no meio do nada.

Entrou. A cobra já esperava por ela. O seu Mestre não sabia disso, mas ela tinha medo de cobras. Apenas suportava aquela por causa do seu Mestre... Por ele suportava tudo. Por ele fazia tudo.

A cobra a fitou por um momento, e então se pôs a rastejar para aquele que ela tão ambicionava encontrar. Instantes depois, o ranger daquela escadaria velha revelava que o Mestre estava descendo as escadas. Longo, ele estava frente a frente com ela.

Finalmente.’

Ela abriu um largo sorriso e se atirou ajoelhada no chão. Sentiu os seus joelhos esfolarem, mas não ligou. Tudo o que importava era o seu Mestre, e ele não deveria esperar uma recepção menos calorosa. Beijou as barras das vestes do homem, de Lorde Voldemort.

- Ah, Mestre! Em que lhe posso ser útil?

O mestre olhou para o chão quase que com desprezo.

- Levante-se. Você demorou a me atender.

O coração dela pesou. Não era bom desagradar o Mestre.

- Eu sei que nenhuma desculpa é boa suficiente para lhe deixar esperando... Mas eu não podia sair até que a hora do almoço chegasse... Os – ela fez uma careta de nojo – trouxas são muito rigorosos com horários... Certamente pediriam uma explicação se eu saísse do trabalho por um segundo sequer. Eu não quero dar motivos para ninguém desconfiar de mim.

O Mestre caminhou até a poltrona, que ficava bem no centro da sala, e se sentou. Ela apenas o observou.

- Dois anos... Desde a minha volta, você não tem feito quase nada, senão se misturar com trouxas...

- Sim, mestre. O senhor ordenou que eu me misturasse, e assim eu fiz... E faço até hoje.

- Você gosta? De se misturar?

- Eu devo admitir que não. O senhor me ensinou que os trouxas são seres inferiores, desprezíveis. Eu não aprecio estar entre eles. Eu me sinto contaminada pela sua mediocridade. Mas faço qualquer coisa que o senhor disser, pois eu sei que tudo que o senhor me diz para fazer tem um propósito maior.

O Mestre quase sorriu.

- É ótimo que pense assim, Katrina. Se todos os meus comensais pensassem assim, talvez eu já tivesse até ganho essa guerra.

- Eu apenas cumpro o meu dever.

- Continue. Aliás, você vai me provar mais uma vez a sua lealdade fazendo o que você deve.

- É só me dizer, e eu farei com prazer.

- Preciso de você em Hogwarts. Já mandei uma carta para Dumbledore assinada em seu nome. Ele lhe aceitou como a nova professora de Defesa Contra as Artes das Trevas.

Ela olhou para o Mestre, um tanto confusa.

- Tudo bem, eu faço. Mas o senhor não já tem um espião lá?

- Sim, Snape... E ele é uma parte da sua missão.

XxXxXxX


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