Prostitution Is Revolution. escrita por rumpelstiltskin


Capítulo 7
Capítulo 7


Notas iniciais do capítulo

obrigada.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/140140/chapter/7

07. Hey, kid, take the stage and deliver.

Pov do Gerard.

            Eu gostava da glória. Gostava dos aplausos que vinham de todos os lados. Era assim que eu realmente gostava de viver. Não importava quanto tempo eu tivesse que dançar, quantas peças de roupa eu tinha que tirar em cada apresentação. Eu gostava, principalmente, de ostentar um homem em particular na platéia. Um homem que não era meu, um homem que nunca seria meu de fato, já que toda vez que ele vinha ali, era fácil sair bêbado e com  outro homem que eu não sabia quem era. Em seu dedo, uma aliança grande, imponente, que me chamava e que deveria ter o meu nome gravado nela.

            Mas esse último era só uma questão de tempo. Hoje eu estava me arrumando para que ele percebesse que eu não ia sair daquele palco, sem que eu tivesse a resposta que eu queria. Até que ele esteja tão entregue a mim que não consiga fazer mais nada que pensar em mim e no meu corpo. Terminei de fazer a maquiagem – que não era algo tão feminino assim – e ajeitei o terno preto. Juliet iria entrar no palco e iria com um objetivo.

            Juiliet era tão provocativa quanto Loise. Tão aclamada quanto ela, tão desejada quanto! Seu corpo fazia todos aqueles homens irem ao delírio, porque ela sabia como os manipular, como se eles fossem – e na verdade eram – seus brinquedinhos. Não havia – em teoria – envolvimento emocional. Nada mais além do sexo bom e da cena de um palco que mexeria com a cabeça de muitos.

“Hey!” Carlie bateu na minha porta. Por incrível que pareça, ele estava meio que no controle do lugar. Eu nunca achei ruim, a final, ele era um companheiro de strip excelente. Ele era excelente. Espero que Alexandro consiga sustentar isso aqui sozinho, porque os homens não merecem ficar sem Carlie. Até eu gostava do trabalho dele, na realidade. Eu me espelhava nele por milhares de vezes ao criar minhas apresentações. “Tá na hora.”

“Muito obrigado.” Sorri com o cantinho dos lábios, descendo da mesma. O camarim estava cheio de flores para mim e nenhuma delas pertencia quem eu queria. Eu vivia por ele e eu sabia que ele vivia por mim, mas negava. Negava porque era casado, porque tinha filhos. Levantei meus olhos para o homem magro parado na porta. “Gostou?”

“Falta brilho.” Encolheu os ombros. “Esse terno preto básico tá muito estranho.”

“Tem gente que fantasia com homens de negócios certinhos que se soltam ao som de uma música agitada.” Encolhi os ombros.e ele repetiu meu gesto. Acabei rindo baixo, enquanto seguia com ele pra perto do palco. Ritter gentilmente colocou gliter em meus olhos e eu aceitei a gentileza, antes de eu ser anunciado. “Foi com base nisso que eu criei esse número.”

            Fiz meu show da forma que eu era pago para fazer. Uma a uma, as peças de roupa caíam de meu corpo com charme e malícia, mas na platéia, quem eu mais queria tirar do sério, fingia não me olhar – ou se mantinha apático à minha apresentação. Era doloroso demais para mim, perceber aqueles olhos buscando muito mais que meu corpo.

            Eu perdi as contas de quantas vezes tentei provocar alguma reação nele, mesmo que fosse alguma minúscula, além do levantar e abaixar da cerveja que bebia. De longe, eu conseguia sentir o cheiro da bebida, o gosto da mesma em meus lábios. De longe, eu sentia um arrepio corroer minha espinha, quando imaginava o outro homem ao seu lado refazendo meus toques, meus passos, em um homem delicado. Em alguém que era meu. Muito meu.

            Quando acabei a apresentação, desci do palco e fui até aquele baixinho que encarava o copo de cerveja vazio, como uma criança que queria mostrar para seus pais como tinha tomado todo o seu leitinho. Ri baixo da minha própria comparação, enquanto enroscava a gravata em seu pescoço e o puxava pra mim. Todo o salão estava em silêncio naquele momento e só havia um feixe de luz jogado em nós. Meu pequeno negou com a cabeça.

“Eu não vou.” Falou ele.

“Uuuuh.” Respondeu a platéia, indignada com a rejeição. Alguns me pediram pra desistir, mas eu tinha algo em mente. Não podia desistir daquilo e ao invés de soltá-lo, apertei a gravata com mais força e disse baixinho em seu ouvido.

“Você não tem escolha, amor.” Sedutor era tudo o que eu decidi ser naquele momento. Já havia me exibido ao máximo para ele, mas meu cliente mais precioso não me queria por algum motivo. Eu já não estava me importando. Não hoje e talvez nunca mais me importasse.

Faria coisas movido por um sentimento que se fundia entre o lógico e o absurdo, mas eu só queria que ele entendesse que por mais que eu fosse relativamente sujo – e isso me lembrava muito de Loise e o seu amado, de como ela gostava de se apresentar e tinha que se dividir entre aquilo que consideravam sujo com um amor puro – mas meus sentimentos eram reais e palpáveis. Eu o queria, não importava o preço que ele pagaria por isso.

Podem me chamar de ciumento, de revolucionário. Eu fui o primeiro e não serei o único a isso. Esse é meu conto, é minhas regras. Eu sustentava uma vida boa e mansa, cuidava de meu irmão com a dança e ainda me deliciava com os olhos dele a me olhar.

A maioria das vezes, eu recebia os números dos quarós e escolhia para qual ir. Naquele dia, eu o levei para o primeiro quarto vazio que consegui achar, depois de bater em tantos outros estragando sua noite. O pequeno estava sendo puxado por mim como se estivesse em uma coleira, andava contra a vontade e com um bico contrariado. Eu me sentia satisfeito pela submissão revoltada. Eu me sentia feliz com a falta de vontade, embora gostasse da glória, do agressivo, do que me era jogado aos pés.

“O que quer de mim?” Perguntou o baixinho, indignado.

“O seu prazer.” Revelei. “E o meu próprio.”

“Mas eu já lhe disse.” Reforçou, enquanto eu o joguei contra a porta do quarto, já do lado de dentro. “Eu não o quero. Amo minha esposa, amo meus filhos. Não quero o seu prazer”

“Todos me querem e você não é a exceção.” Reclamei mimado, dando uma mordida forte em seu queixo. “Pra que vem aqui, afinal, senão para ver - e pagar – pelos shows?”

“A bebida, os garçons...” Ele suspirou. “Existem alguns freqüentadores interessantes. Agora o quase feminino não me atrai e você peca demasiadamente nisso. Você é delicadamente vulgar. Ridiculamente feminino. Não o quero, já lhe disse.”

“Eu realmente não me importo.” Falei baixinho em seu ouvido. “Eu escolhi você. Não gosta de esposas? Eu posso ser perfeita para suas necessidades.”

            Nessa hora comecei a abrir-lhe a camisa de linho fino, mas este me parou pelo caminho. Seus olhos voltaram-se para os meus, como se em silêncio pedisse para que eu não continuasse, mas ao invés disso, rasguei a peça de roupa, falando-lhe sedutoramente das vantagens de ser sua esposa.

“Você nem sabe o meu nome, senhor.”

“Eu não me importo.”

Talvez ele não tenha percebido o quão longe eu queria chegar. Segurei-o com força pelo queixo e comecei a morder gentilmente seus lábios, até que seus pedidos para me deter se tornassem pequenos gemidos satisfeitos. Talvez ele nunca tivesse aproveitado as vantagens de um quase feminino.

“...seu ego me irrita.” Disse o pequeno e eu dei uma risada baixa. “Sua promiscuidade me enoja.”

“Mas está indo pra cama comigo.” Falei, abaixando sua calça num puxão. Eu estava semi-nu e talvez ele tivesse percebido minhas intenções reais. “E eu não sou bom com rejeições. Não as aceito bem.”

            O pequeno então arregalou os olhos e livrou-se de meus braços. Bateu na porta feito um desesperado e, como estava trancada e a chave comigo, ele não conseguiu abri-la. Imitei gemidos inebriados, para que quem passasse por ali – e que Deus, como passava gente naqueles corredores – achassem que os gritos eram frutos de um sexo selvagem, puro e grotesco. Aos poucos, os murros foram parando e minha imitação foi contemplada com sua atenção.

“Mas o que é que você está fazendo?” Perguntou. “Vai dormir comigo contra minha vontade?”

“Se você não for meu, querido, não será de mais ninguém.”

            Em todos os quartos, tínhamos um mecanismo de defesa. Na parte debaixo da cama, deixávamos sempre um punhal bem afiado. Eu sabia que era loucura, mas não suportava mais dividi-lo, sabendo que ele não se importava em me dividir. Ele não me quis em nenhum momento. Eu dei todo o meu corpo em apresentações maravilhosas por ele e este nunca me quis. Nunca.  Eu segurei o punhal, fui em direção do menino.

“Me diz seu nome, delicinha.” Perguntei, com o punhal apontado pra ele.

“Você disse que não o importava com isso.” Falou, meio apavorado.

“Eu quero saber agora.” Avisei. “Diga-me. Qual o seu nome?”

“F-Frank Iero.” Falou falho e eu sorri, assentindo. Era um belo nome. Frank tentou uma fuga. Bateu na porta enquanto capturou meus lábios e eu tão tolamente caí, mas cravei a faca de corte afiado em suas costas e em meus lábios Frank gemeu dolorido.

“Por favor, eu quero viver.” Avisou ele. Era tarde demais.

Fiz questão que vagarosamente o punhal corresse sua garganta e sujasse minha pele branca com a cor vermelha. Eu vi a vida de Frank escapando pela pequena abertura que fiz – pequena, mas profunda – em seu pescoço. O gemido se enfraqueceu e o corpo amoleceu.

Eu perdi o pequeno, mas ele também não seria de mais ninguém. Li o nome de quem estava em sua aliança e decidi não contar a ninguém. Frank fora o homem que eu amei e o que me rejeitou. Frank teve o final que mereceu e este conto acaba com minha vitória.

Não sei precisar se isso era amor, se isso foi amor, mas Frank e seus gemidos – sejam eles quais forem – nunca mais sairiam de mim ou de minha mente.

Fim do Pov do Gerad.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Prostitution Is Revolution." morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.