Prostitution Is Revolution. escrita por rumpelstiltskin


Capítulo 6
Capítulo 6


Notas iniciais do capítulo

obrigada.



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06.There’s nothing worse than knowing how it ends.

POV do Alex.

            Quando se é dono de um lugar como um cabaré renomado, conhecido por ser sigiloso e harmonioso, você tem que burlar algumas leis para que tudo o que acontece aqui, fique apenas aqui. Era como se eu trouxesse um pedaço do ditado de Las Vegas se fizesse naquele lugar.  Engraçado, estávamos presentes numa das cidades mais conservadoras e difícieis, mas ao mesmo tempo éramos muito bem freqüentados. Talvez o que imperasse em Salt Lake fosse a hipocrisia.

            Já havia algumas noites que um homem me chamava atenção mais do que deveria. Mais até do que eu queria que ele me chamasse. Percebia que todas as noites ele olhava todo o meu mundo com um cuidado quase que invejado. Ele não bebia nem uma gota de álcool e observava tudo, tentando me dizer que tudo estava divertido. Mas eu conhecia muito bem o lugar que eu trabalhava e conhecia ainda mais os freqüentadores. Nenhum homem me chamava atenção, exceto aquele. Nenhum homem ia para aquele lugar e não acabava em um dos quartos ou dentro de seus próprios carros com outros homens. Todas as noites ele entrava sóbrio e saía sóbrio. Sóbrio e sozinho.

            Chamei meu segurança pelo interfone e este veio o mais rápido que ele pôde. Comentei com quem eu queria conversar e mandei que ele o chamasse, sem que falasse de quem se tratava e porquê. O homem saiu atrás daquele que eu queria conversar, para saber se minhas suspeitas estavam certas e se elas realmente estivessem certas, eu saberia muito bem como me portar diante daquele homem. Nick, meu sócio, estava fora a alguns dias e ele era muito mais forte que eu em tomadas de decisões como aquela. Eu não costumava agir com crueldade, mas naquele momento era necessário.

“Retire a máscara.” Exigi e o homem arregalou os olhos. Meu segurança fechou a porta atrás de si após meu agradecimento singelo vindo de um sorriso completamente torto, mas sincero. Voltei logo para minha pose de durão, como uma forma de me deixar um pouco mais amedrontado que ele parecia.

“Não é proibido tirar a máscara aqui?” Percebi sua sobrancelha elevar-se aos poucos e eu tive que conter uma risada. “Responda.”

“Não quando eu peço.” Falei, torcendo os lábios infantilmente. “Você não está me vendo com máscaras está?”

            Minha vez de arquear a sobrancelha e impor alguma coisa. Sentei-me na minha cadeira confortável, olhando bem para o homem em minha frente, quase que com um pouco de deboche. Eu não era debochado com ninguém, nunca fui, mas naquele momento eu senti vontade de encarar um personagem para cair na tentação daquele homem. Devagar, ele desamarrou a máscara e eu não contive o sorriso. Seus olhos iam se reabrindo a medida que seu dono os levantava, mostrando-me uma beleza que eu jamais tinha visto. Foi então que as bochechas dele coraram de leve, talvez ao sentir meu olhar, o que deixou aquele ser ainda mais adorável.

“Pronto.” Falou baixinho.

“Qual seu nome?” Perguntei.

“Se eu disser, quebrarei outra regra.” Respondeu, encolhendo os ombros.

“Eu sou o dono disso aqui, senhor.” Falei um pouco mais firme. “Eu não me importo se nessas quatro paredes o senhor quebre alguma das minhas regras, ainda mais se eu estou ordenando.”

“Nathan.” Respondeu receoso. “Nathan Novarro.”

            Eu não sabia se Nathan Novarro era seu nome real, ou o nome que usara para entrar. Não me importava. Apenas assenti com a cabeça, e fiz um gesto para que ele se sentasse em uma das cadeiras postas à frente da mesa, que conseqüentemente, era à minha frente. Tímido, e ainda receoso ao descumprir as regras tão bem impostas. Talvez ele escondesse um pouco mais do que quisesse me dizer.

“Sabe, Nate, eu tenho te observado daqui há alguns dias.” Expliquei, olhando-o com um pouco de compaixão  e ao mesmo tempo, sabendo que minha atitude seria a mais correta possível para aquele momento em especial, se minhas suspeitas se confirmassem a respeito dele. “E você entra e sai daqui, sozinho e sóbrio.”

“Qual o problema nisso?” Perguntou, encolhendo os ombros na defensiva.

“Homens e mais homens vêm aqui para se divertir. Há muitos anos. E você é o primeiro que entra e sai sozinho e sóbrio.” Respondi, quase que num tom de acusação, que o fez ajeitar-se na cadeira de forma incômoda. “E sabe o que eu acho que o senhor é, Nathan?”

“Hmmm?” Arrastou, sorrindo com o canto dos lábios.

“Polícia.” Falei. “Policial em serviço. Porque essa corja é a única que não bebe e não fode em serviço, sabe?”

“E se eu realmente for?” Levantou a sobrancelha novamente e eu formei um sorrisinho sacana para o homem, me inclinando na mesa até ele. Apenas para deixar um pouco mais claro, embora seria um desperdício com a humanidade o que aconteceria.

“O senhor está em sérios problemas.” E encolhi os ombros. “Polícia não é bem vinda aqui, Nathan. Estar com outros homens não é nenhum crime, mas o tipo de diversão que essa casa promete infringe a lei, várias vezes. O tipo de diversão que o senhor vê no palco  é criminosa, regida à mãos de  ferro.”

“O senhor está me confessando que os meninos que estão lá embaixo são escravos sexuais?” Nathan mordeu o lábio e eu apenas assenti. “Eles parecem felizes ao fazer o que fazem. Não me soam como escravizados, privados de seu direito de ir e vir por Salt Lake. Aqui é tudo muito bem preservado.”

“Eu estou confessando exatamente isso.” Sorri. “Uma pena que o senhor não seja um padre.”

“Posso mandar você rezar alguma coisa, se é esse seu problema.” Encolheu os ombros e eu arqueei a sobrancelha, como se o desafiasse para uma batalha que eu já sabia quem seria o perdedor. E não importava muito quem era o perdedor, só que eu não seria eu. “Agora não eu não posso ir?”

“Não.” Neguei com a cabeça. “Qual é seu real interesse nesse lugar?” Perguntei em meio a um suspiro baixinho, enquanto me sentava ao seu lado, na cadeira de visitas. Eu não podia dar alguma chance de fuga ao homem que parecia dar lugar a um sentimento mais incomodado com a minha repentina proximidade.

“Tem ocorrido muitas mortes aqui.” Relatou o que me era óbvio. “As famílias querem solução para elas, principalmente a família de Urie.”

“Urie?” Franzi o cenho. Havia muitos anos que eu não ouvia aquele sobrenome, por isso demorei um pouco para ligá-lo ao rosto de Loise. O que era engraçado, Loise havia me dito que tinha sido repudiada por toda sua família conservadora e mórmon quando sua opção sexual fora revelada, quando chegou a levar um namorado qualquer – que provavelmente não sabia de seu trabalho sujo aqui – queriam sua cabeça. É estranho, de repente, ter  algo tão... acolhedor vindo de uma família que o lançou fora sem muita piedade. Acabei rindo, quando toda essa história do Urie me voltou à mente. 

“Por que tanta estranheza?” Ele ergueu a sobrancelha, vendo-o completamente tenso. Arrastei a cadeira vagarosamente até ficar muito mais próximo a ele, sem deixar de ter aquele jeito relaxado que o deixava ainda mais tenso e tímido. Nate me acompanhava com os olhos com tanto cuidado que vez ou outra eu chegava a duvidar de minha escolha. Se Nick não aparecesse, o que eu faria para tocar um lugar como aquele? “Garotos de programa também têm família.”

“Oh, claro.” Ri baixinho, em tom de deboche. “Não me respondeu ainda, Nathan. O que te faz ir e voltar desse lugar sem beber nada ou possuir alguém?”

“Eu falei sobre as mortes.” Suspirou e ergui a sobrancelha. “Acha mesmo que tem mais algo que me prende aqui, senhor...?”

“Suarez.” Respondi meio rápido. “E sim. Acredito que sim.”

            O olhar de Nate levantou-se ao meu de forma vagarosa. Ele virou-se completamente para mim e bruscamente juntou nossos lábios. Eu não sei exatamente o que aconteceu depois. Eu demorei um bocado para raciocinar qualquer coisa e, quem dirá, reagir ao beijo, mas aos poucos eu fui fazendo isso. Entreabri os lábios e deixei que ele curtisse bastante o beijo, como eu o fazia. Eu só o tinha visto de longe, por alguns dias, e confesso que eu havia desejado aquele beijo ao longo dos  meus dias. Nate segurava meu rosto com uma doçura que eu não era acostumado a ter, não era sequer acostumado a ver.

“É o senhor que me prende aqui.” Falou ao nos separar. Achei um bocado estranho as palavras do homem, mas meu ego – eu confesso – ficou bem confortável com aquelas palavras. “O vidro de sua janela permite que, de lá de baixo, eu consigo ver tudo o que faz aqui em cima...”

            Eu não dei muito ouvido ao que ele estava falando, a final, consegui me lembrar que existem policiais que eram treinados para mentir. Eu provavelmente nunca descobriria se Nathan estava falando a verdade, eu nunca descobriria, sequer, se o nome dele era mesmo o que havia me dito. Eu não iria mais me importar com ele para poder conseguir fazer o que me era necessário.

“Por que eu?” Perguntei baixinho. “Com tantos lá em baixo, você deseja o que não é acessível ao seu toque.”

“Touché.” Apenas respondeu, enquanto eu o sentava em meu colo, bem devagar. Acariciei seus cabelos e voltei a beijá-lo. Nem uma outra pessoa havia chegado tão perto do que ele estava fazendo comigo, meu coração estava à mercê daquela sensação; uma sensação que eu não queria ter, porque ele era o homem errado pra mim.

            Abaixei vagarosamente a mão até seu pescoço. De vagar, comecei a apertá-lo. No início, carinhoso, meigo, deixando que Nate relaxasse e confiasse o suficiente para que seu pescoço tombasse para trás, e em seguida eu graduava os apertões, até que eu ar começava a faltar. Até que ele arranhava meus braços com força, pedindo por sua vida. Confesso que daquele homem em minha mente: enquanto o fôlego eu escutei-o balbuciar algumas coisas e entre elas, algo que soou como “Eu amei você.” mas isso é uma daquelas coisas que vão me atormentar pelo resto da minha vida, mas agora não estava na hora de me arrepender. Tudo estava feito. Liguei pro segurança e antes de sair da minha sala para dar uma volta, disse ao homem.

“Livre-se do corpo.” Suspirei. “Era policial, você sabe o que fazer.”

Fim do POV do Alex. 


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