Prostitution Is Revolution. escrita por rumpelstiltskin


Capítulo 5
Capítulo 5


Notas iniciais do capítulo

obrigada.



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05. And takes a moment to assess the sins he’s paid for.

POV do Nick.

            Todas as noites da minha vida eu passei aqui, vendo garotos talentosíssimos tirando suas roupas para pagantes que eles não conheciam os rostos. Um amigo e eu idealizamos cada parte dessa casa de shows, desde o lugar que mais necessitava da mesma até como o atendimento seria.  E mesmo com o grande sucesso que isso se tornou, eu transformei minha vida em um inferno e por mais que eu quisesse mudar todas as coisas que me aconteceram, eu não poderia. Eu simplesmente não poderia desfazer tudo o que foi feito.

            Ao contrário dos demais empregados, eu estava acima de tudo, apenas observando as coisas acontecerem. Eu havia posto uma grande janela para poder observar o bom funcionamento de tudo por aqui, mas ao mesmo tempo, eu queria ver o homem dos meus sonhos se apresentando. Loise era fabulosa dançando, eu havia acertado em cheio ao selecioná-la para meu corpo de dança. O mesmo com Juliet.  Eu era um homem de muita sorte em ter um elenco de dançarinos dispostos a vender seus corpos para me enriquecer e ao mesmo tempo, disporem de uma pequena fortuna.  Não é em todo lugar por aí que se pagava tão bem por um programa, prezando acima de tudo pela integridade e sigilo necessário. Porém havia um no corpo de dança que fazia todo meu corpo perder os sentidos com uma de suas graças. Por mais ridículo que seja aquele homem me mantinha preso a ele por seu sexo, por sua dança e por seu jeito debochado de ser. Seu nome artístico; Carlie, mas para pessoas como eu, Tyson. Tyson Jay Ritter.

            Nunca senti absolutamente nada por ninguém como eu me sentia com Tyson, quando ele estava perto. Quando ele entrava na minha sala, aqui mesmo na administração do cabaré, ele a enchia de vida, me fazia estremecer. Não precisava dizer uma palavra sequer, apenas o seu sorriso tirava toda a maldade do meu dia e o transformava na melhor das manhãs. Tyson conseguia fazer com que todos os meus problemas se diluíssem em um deboche ou outro, em uma risada ou outra. Quando ele vinha até mim pra dizer que eu estava gostoso com a gravata, mas poderia ficar ainda mais se eu afrouxasse o nó da minha gravata e desfizesse a pose séria. Ele era maravilhoso quando queria, mas sabia infernizar com o mesmo sorriso e sem mudar a expressão divertida. O mesmo sorriso que mostrava o quanto meu amado estava feliz era exatamente o mesmo que mostrava o quanto ele estava triste. Apenas quem o conhecesse muito bem diferenciava seu jeito de vida do disfarce.

            Eu parava tudo o que eu estava fazendo para vê-lo dançar. Parava tudo o que estava fazendo para que ele me provocasse de onde estava. Porque ele sabia muito bem que eu era seu principal expectador. Sabia que eu não tinha ciúmes das danças e que sabia muito bem diferenciar o meu Ritter da Carlie, mas eu havia feito besteira e enquanto ele tirava as peças de sua roupa, uma a uma, sedutoramente, recebendo dinheiro pela maravilhosa performance, ou mesmo roubando as bebidas dos seus clientes, eu me perguntava como faria para aquele homem maravilhoso de olhos claros saber que em nossa última briga eu acabei transando com uma garota e ela é uma mórmon. Ou seja, a partir desse momento, estou oficialmente noivado com ela. Eu vou me casar e terei que largar o negócio com Alexandro e vou ser pai. Como dizer para ele que todos os nossos sonhos se esgotaram completamente?  Os meus se acabaram em fim.

            O lugar que eu ocupava na vida de Tyson era bastante invejado, porque todas as noites de sua vida, ele estava em um palco, mostrando o quanto poderia ser atraente, sedutor e encantador. Eu não tinha ciúmes, porque fora eu mesmo quem o levou por esse caminho e ao mesmo tempo eu foi quem destruí seus sonhos; ele queria dançar em Las Vegas, onde tudo é mais fácil, mas confirmo que ele não ganharia metade do dinheiro que ele ganha comigo. Ritter era um homem fabuloso visto de perto, conhecendo e decifrando seus sorrisos, e era por isso que eu estava vivendo cheio de culpa que me destrói aos poucos. Eu teria que contar, simplesmente o deixaria tão decepcionado que ele mal conseguiria reagir, e se ele reagisse, seria algo muito ruim. 

            Sai da minha sala e fui até um dos seguranças, pedindo a ele que não deixasse Tyson ir para um quarto, porque eu precisava falar com ele. O homem assentiu e o meu amado chegar. Suspirei, andando de um lado para o outro antes de servir uma dose reforçada de gin – um que eu havia deixado ali para ocasiões estressantes. Tyson era o único que não batia para entrar, mas era sempre o mais sorridente de todos os que entravam por ali. Administrar um lugar daquele não era fácil.

“Psiiu.” Sorriu, colocando a cabeça dentro da sala. Fiz um sinal com a mão para que ele entrasse e o servi de bebida também – embora Tyson sempre teve um gosto duvidoso em questão de bebidas. Ele adorava cerveja, e eu sempre preferi as destiladas. Quando o servi, a sobrancelha dele formou-se um arco, como se me perguntasse algo. “Eu já cheguei, Nickolas.”

            Fui até ele – sabendo que depois que contasse eu não poderia mais fazer isso – e choquei nossos lábios repentinamente. Tyson acabou dando um passo pra trás num primeiro momento, mas logo me abraçou fortinho e correspondeu ao meu toque desesperado. Quando acabamos o beijo, lá estava meu amado com aquele sorriso confortador que tinha um misto de deboche com satisfação.

“Eu não sabia que você tinha saudades.” Falou, brincalhão.

“Você não sabe da missa, um terço.” Apertei-o com força e ele correspondeu meu abraço e minhas expectativas, a final, eu sabia muito bem que poderia contar com o abraço dele enquanto o mesmo não soubesse do que realmente se tratava.

“Então pode começar a rezar essa missa toda pra mim.” Debochou, dando-me um beijinho no topo da cabeça. Soltei-o, voltando pra minha dose de gin, enquanto me preparava para tudo o que pudesse acontecer.

“Eu engravidei uma garota.” Soltei de forma repentina, virando a bebida de uma forma rápida, como se aquilo fosse recompensa por eu ter finalmente contado.

“E eu sou São Tyson, o santo protetor dos strippers indefesos.” Levantou a sobrancelha, me fazendo repetir o seu gesto. Acho que foi nessa hora que ele entendeu que eu realmente não estava brincando. E foi então que estendi meu dedo para ele que viu a aliança que tinha em meu dedo. “Mas que merda é essa, Nick?”

“Eu vou me casar com ela, Ty.”

“Porra!” Explanou, irritado. “Não é por nada não, Wheeler, mas eu to aqui por você e olha o que faz comigo. Quando foi isso, hm?”

“Na nossa última briga.” 

            Tyson abaixou a cabeça, em silêncio. Talvez sua expressão – aquele mesmo sorriso beirando ao deboche intencional, como se nada o importasse, como se não houvesse coração dentro daquele corpo desejado por muitos – quisesse dizer justamente o oposto do que demonstrava. Devagar, me arrastei até ele e abracei seu pescoço.

“Tem um prêmio de consolação...”

“Eu quero você, Nick, não o prêmio de consolação.” Tyson fez um carinho em minha mão e me olhou. “Mas deixe-me analisar se vale a pena trocar você por esse prêmio de consolação...”

“É minha parte no cabaré.” Falei dentro do seu ouvido. “Não vou conseguir vir aqui todo dia e não poder mais ter você.”

“E você vai sustentar seu filho com vento?” Ritter me afastou de forma brusca. “Se você me chamou pra vir aqui, beber essa coisa que você chama de destilada pra me pedir que te deixe casar, eu faço o que você quer, só não se iluda achando que eu vou aceitar cuidar disso tudo só porque você quer me consolar com algo que não é consolo. Nunca foi.”

            Tentei falar, mas Tyson foi para fora da sala. Um milhão de coisas haviam se passado em minha mente e o mais doloroso é que por mais bronca que ele estivesse me dando, por mais triste que ele poderia soar, o sorriso que eu tanto amei ainda estava em seus lábios. Escrevi um pequeno bilhete. Eu estava disposto a não me entregar a ninguém. Meu suporte e a única pessoa que me amou, mesmo eu sendo um cafetão, fora ele. A única pessoa que me olhou um pouco mais doce quando eu era só um poço de sonhos incertos.

            Peguei meu carro e fui para uma estação de esqui nas montanhas de Downtown*. Não era muito longe dali, eu queria por minha cabeça no lugar, mas começou a chover. Trovejava fortemente e o sorriso debochado de meu amado não me saía da cabeça e o que era para ser apenas pôr uma cabeça no lugar, virou um acidente de carro. Ao tentar desviar de um caminhão, acabei derrapando com o carro e capotando com o mesmo montanha a baixo. Pude sentir muitos dos meus ossos se quebrando com o bater da lataria no chão, mas o que me deixou mais triste e doloroso foi a última imagem que me veio à mente antes de encontrar-me com a eternidade. A última imagem que tive em mente foi ter encontrado o paraíso no sorriso triste do meu Tyson.

Fim do POV do Nick. 


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