Entre Mares e Livros escrita por mille_crotti, kat_h


Capítulo 25
Encarando a realidade


Notas iniciais do capítulo

Olá leitores furiosos com a demora!
Eu tenho explicações, mas vou colocá-las lá em baixo pq vocês estão loucos para saber o que aconteceu certo?
Boa leitura!
Beijos



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POV. ANNIE

                Três anos. Eu não acreditava no que estava vendo. Não era possível, parecia que tínhamos passado apenas algumas horas naquele hotel. Eu fitava o jornal, minha mente trabalhando na velocidade da luz. Passou o prazo que tínhamos para encontrar o raio. Estávamos agora com 15 anos, e tínhamos um semideus indeterminado em nosso grupo. E eu tinha certeza de que Percy estava escondendo alguma coisa de mim.

                Confesso que enquanto estávamos no hotel, notei algumas mudanças no corpo de Percy. Seus músculos estavam mais definidos, uma rala barba começara a crescer, e sempre tivemos a mesma altura, mas agora, olhando melhor, ele estava muito mais alto do que eu. Grover também estava mudado, por cima de sua boina era possível notar um pequeno volume, causado pelo crescimento dos chifres, e ele estava mais alto e com uma cara mais madura.

                Olhei ao meu redor. O mundo estava um caos. Alguns prédios estavam pegando fogo, algumas casas, destruídas. Na rua, pessoas gritavam, vários carros virados se misturavam com escombros de prédios que vieram abaixo, e havia também alguns corpos pelo chão.

                - Meninos, vocês sabem o que isso significa não? – Perguntei.

                - Isso significa... – Grover disse.

- Que o nosso prazo expirou, e os deuses entraram em guerra. – Percy completou, eu só assenti. Nico nos olhava com os olhos arregalados.

                - Bom, precisamos nos mover. – Falei, eu não podia entrar em desespero, alguém nessa equipe precisa colocar a razão antes da emoção. – Temos que descobrir o que perdemos nesses três anos, temos que avisar ao acampamento que estamos vivos, e, principalmente, precisamos descobrir em quais deuses podemos confiar. Acho que já ficou claro para todos que Ares não está nessa lista. O ideal seria que conseguíssemos falar com nossos pais, Percy. Só podemos confiar neles.

                Ele me olhou, depois olhou ao redor de onde estávamos. E então ele sorriu, juro que morro de medo quando ele faz isso, geralmente suas idéias não são das melhores.

                - Eu já sei como Annabeth. - Ele apontou para o fim da rua, e pude ver o que ele via. Lá tinha um prédio que veio abaixo, e entre os escombros, um forte jato d’água, proveniente de um encanamento estourado. Captei sua idéia imediatamente. – Só precisamos de uma fonte de luz.

- Então não precisamos mais, tenho uma lanterna na minha mochila. Vamos lá.

Confesso que foi desesperador chegar até lá, o fim da rua não estava tão próximo como parecia. Passar dentre tantos escombros, feridos e pessoas em desespero foi uma experiência que eu jamais quero repetir.

Finalmente chegamos, a água jorrava bem alto, e só de ficar perto já conseguíamos um belo banho. Ignoramos a água, nos aproximamos da fonte e peguei minha laterna, rezando para que funcionasse. Graças aos deuses, funcionou, surgiu um arco íris e jogamos um dracma. Com um acordo silencioso e pacífico do tipo “Eu primeiro!” eu e Percy falamos juntos:

- Ó, Íris, aceite minha oferenda, por favor mostre-me Atena, Deusa da Sabedoria e da Justiça.

- Ó, Íris, aceite minha oferenda, por favor mostre-me Poseidon, Deus dos Mares e Terremotos.

Nos entreolhamos. E agora, o que será que iria acontecer?

- É culpa sua! – Falei. - Se me deixasse assumir, não teríamos jogado um dracma fora!

- Minha culpa? – Percy respondeu. – Não sei se você se lembra, mas a missão foi dada a mim! É a mim que a profecia se refere!

Parei e olhei bem em seus olhos. Algo me dizia que não estávamos falando da mesma profecia. Eu abri a boca para perguntar do que ele estava falando, mas Nico nos interrompeu:

- Er... gente?

Olhamos para ele, que olhava boquiaberto para a fonte. Acompanhamos seu olhar, e lá estava uma Mensagem de Íris, e, o que mais nos espantou, nossos pais estavam abraçados. SIM! ATENA E POSEIDON ABRAÇADOS! DEVE SER O FIM DO MUNDO MESMO!

- Mãe? – Perguntei.

- Pai? – Disse Percy.

Eles se separaram assustados, procurando a origem das vozes até que finalmente viram nossa mensagem.

- Annabeth! Graças aos deuses, você está viva! – Disse minha mãe, se afastando de Poseidon. Eu não sabia que os deuses coravam.

- Percy! Como você está? Eu pensei que... bem, você está aí, então pensei errado, não é? – Disse Poseidon.

- É claro, Poseidon, afinal, quem pensa aqui sou eu – Disse Atena. Eles iam começar a discutir, por isso fui logo cortando.

- Mãe, Sr. Poseidon, não temos muito tempo, mas temos muito a contar, por isso seremos breves.

- Não precisa, filha. Diga-me onde vocês estão. – Disse minha mãe.

- Estamos em Las Vegas. Quero dizer, no que sobrou dela.

Imediatamente, minha visão ficou embaçada, e eu fiquei sem fôlego. Parecia que estava em uma piscina, lutando para respirar. Percebi que de repente eu estava molhada, mas logo a sensação melhorou. Ou não. Eu não sei como, mas fomos tele transportados para... o fundo do mar. À nossa frente, minha mãe e Poseidon nos olhavam sorridentes. Percebi que não estava mais com dificuldade de respirar pois tinha uma bolha de ar em volta da minha cabeça, assim como Nico e Grover. Percy não precisava disso, então era o único que não estava parecendo um astronauta.

                Sequer tivemos tempo de assimilar o que aconteceu, quando dei por mim, minha mãe estava me abraçando, e Poseidon fazia o mesmo com Percy. Alguns minutos assim e então finalmente conseguimos sentar para conversar.

                - Eu não acredito nisso! Vocês estão vivos! Eu achei...- Minha mãe disparou, não parava nem para tomar fôlego – Todos pensaram que vocês... ai meus deuses vocês estão aqui, estão bem, o que aconteceu? Por onde andaram? Como...

- Atena! Calma! Respira! Tenho certeza que eles contarão tudo para nós, mas para isso você precisa parar de falar!

Poseidon recebeu o pior olhar mortal que já vi. Agora entendi porque Percy treme quando faço isso, é genético. Percebi que eles iam começar a brigar, então logo tomei a palavra.

- Bom, mãe, respira, sinto dizer isso, mas o Sr. Poseidon tem razão. – Para a minha infelicidade, nessa hora o Deus abriu um enorme sorriso, deu uma leve cotovelada em Percy e disse “Adorei essa menina! Agora entendi por que gosta dela!”. Não sei quem estava mais vermelho: eu, Percy ou minha mãe (de raiva). Resolvi fingir que não ouvi, sem muito sucesso já que meu rosto me denunciava, e então voltei a falar. – É o seguinte, nós não sabíamos até meia hora atrás que ficamos três anos desaparecidos.

- Como assim? – Perguntou o Deus do mar.

Com a ajuda de Percy e Grover, contei toda a história, desde o momento em que fugimos do baile para não sermos mortos por Zeus. Os dois deuses estavam boquiabertos com tudo o que contava, mas para nossa surpresa, quando contamos que Ares nos deixou em frente ao Hotel e Cassino Lótus, os dois imediatamente ficaram em pé, um de frente para o outro e disseram juntos:

- Eu falei!

E aí começou outra discussão, pareciam duas crianças brigando por um pirulito.

- Eu falei primeiro!

- Não senhora, a idéia foi minha Atena!

Eu já não agüentava mais ver os dois discutindo, até que a pessoa que eu menos esperava tomou uma atitude.

- JÁ CHEGA! – Gritou Percy. Os deuses olharam-no bravos, mas ele continuou. – Será que vocês não percebem? Bem, então vou esclarecer os fatos. Annabeth não terminou de contar a história. Nós ficamos três anos sumidos e nós nem percebemos isso. E        ntramos em um hotel com 12 anos e saímos de lá com 15. Encontramos um novo semideus que está aqui conosco e vocês nem falaram oi para ele. O prazo que tínhamos para provar nossa inocência terminou há anos, o mundo entrou em guerra, tem feridos e mortos espalhados pelas ruas, nós não sabemos mais em quem podemos confiar, nem o que fazer agora, e a única coisa que vocês estão fazendo é discutir um com o outro como se fossem crianças brigando por um pirulito? Já chega, vocês, por favor, sentem novamente em seus lugares, e ouçam o resto da história quietinhos e sem nenhuma intervenção.

Não sei se foi o choque do surto de Percy, ou se o choque foi que isso partiu do próprio Percy, mas Poseidon e minha mãe sentaram imediatamente, afastados um do outro, e ouviram o resto da história sem sequer abrir a boca. Acredite, eu estava tão chocada quanto eles.

- Bom... agora aqui estamos. Esse é o Nico, ainda não sabemos de quem ele é filho. Agora, por favor, mantenham essa maravilhosa paz e nos contem o que aconteceu nesses três anos que estivemos... fora, na falta de uma palavra melhor.

Poseidon levantou de sua poltrona, esfregou os olhos e fitou a janela por um tempo. Depois, soltou um barulho estranho com a boca, e logo apareceu um golfinho. Ele conversou nessa língua estranha com ele por alguns instantes, e o animal logo se foi. Depois, ele voltou para o assento, e fitou minha mãe.

- Bom, Atena, eu não sei você, mas guerra por guerra, ajudá-los não vai piorar ou melhorar a nossa situação.

Minha mãe avaliou bem a situação antes de responder.

- Milagrosamente, eu concordo Poseidon. Prefiro ajudá-los e saber que eles têm chances de sobrevivência, do que carregar a culpa de não ajudá-los e algo acontecer.

Eles tiveram uma daquelas conversas com o olhar. Alguém bateu na porta, e logo entraram duas ninfas carregando bandejas com vários quitutes deliciosos e alguns que eu nunca vi, além das mais diversas bebidas. Não me pergunte como, mas eles não estavam molhados, e eram deliciosos.

- Sirvam-se. A história é longa, e eu vou precisar de muito néctar para ela descer.

Depois que todos estavam servidos, e de uma cena muito estranha de Poseidon servindo bebida educadamente à minha mãe, que corou, ele começou a contar.

- Bem... vocês já estavam cientes das nossas discussões no Olimpo e toda a desconfiança de que Percy e Annie... posso te chamar assim? – Assenti, e ele continuou. Percy bufou, ele era o único que não pode me chamar de Annie, mas confesso que faço isso por diversão, não me incomodo mais. Poseidon soltou uma risada, aposto que ouviu o que eu pensei, mas então ele continuou - Então... quase todos pensavam que vocês tinham roubado o raio mestre. Eu e Atena tínhamos certeza de que vocês conseguiriam recuperá-lo a tempo, por isso não estávamos muito preocupados. Alarmados talvez, mas não preocupados. E então, faltando alguns dias para o solstício... vocês sumiram, sem mais nem menos. É claro que sabíamos que algo tinha acontecido, mas os outros deuses, principalmente Zeus, pensaram que vocês tinham fugido. Atena ainda tinha o benefício da dúvida, por ser a filha preferida de Zeus, mas eu não. Meu irmão tem essa maldita mania de conspiração, sempre achando que alguém quer tomar seu poder. Enfim, ele se voltou contra mim, e junto com ele Deméter, Hefesto, Ártemis e Hera. Ares está neutro, na verdade, joga para os dois lados, ele adora todas as guerras não é? Enfim, Hermes, Dionísio, Apolo e Afrodite estão do nosso lado. Então, voltando à reunião do conselho olimpiano, Atena discutiu com Zeus dizendo que ele estava cego pelo poder e que não queria enxergar a verdade: que nossos filhos eram tão vítimas quanto ele. Mas é claro que ele não ouviu, e então a partir daquele momento...

- Pode deixar que eu mesma conto essa parte, Poseidon. Então, meu querido pai me acusou de traição, e, para o espanto de todos, baniu a mim e a Poseidon do Olimpo. Foi assim que eu vim parar aqui, Annabeth. Eu fui expulsa de minha própria casa, pelo meu próprio pai que está cego pelo poder e se recusa a aceitar a verdade. Já discutimos várias vezes com ele, que vocês nem sabiam da condição de semi deuses quando o raio sumiu, mas ele insiste em uma teoria maluca de que vocês cresceram treinados para fazer isso.

Sério, não conseguia acreditar nisso. Zeus é pirado, acabo de receber a confirmação.

- Desde o conselho, o mundo entrou em guerra. Meu pai acha que pode tomar nossos domínios por ter nos banido. E, dessa forma, a humanidade paga pela ignorância de um velho cego. – Disse minha mãe.

POV. PERCY

Sério, nunca imaginei que Atena diria isso sobre Zeus. Eu podia sentir a tristeza em seus olhos, a decepção de ser desacreditada pelo próprio pai. Meu pai, apesar de estar em sua própria casa, também tinha estampado nos olhos o quanto sentia falta do Olimpo. Isso abriu meus olhos. Eu não ia decepcionar meu pai. Há alguns dias... quero dizer, há três anos, prometi que iria provar sua inocência. Eu não disse que faria isso dentro do prazo do solstício.

Uma idéia absurda começou a se formar em minha cabeça. Ares, ele nos colocou naquele hotel de propósito. Pensando melhor, essa guerra era extremamente vantajosa para ele. E se foi ele que...

Levantei-me de um pulo. Olhei para Annabeth, e tivemos uma silenciosa conversa por olhares. E ela entendeu imediatamente a minha mensagem. Ela também se levantou, e me disse:

- Você está certo. Está com ele.

Meu pai e Atena nos olhavam intrigados pensando se concordavam com nossos pensamentos ou não, Grover e Nico nem comento, os dois estavam mais perdidos do que cego em tiroteio.

- Temos que procurá-lo. Safado, filho da mãe foi tudo armado desde o começo...

Nossos pais devem ter tido outra conversa silenciosa, pois logo concordaram.

- Provavelmente sim, vocês estão certos. – Disse Atena. – Deve estar com ele, faz todo o sentido.

- Mas vocês não partirão hoje. – Disse meu pai. – Não nesse estado.

Eu e Annie avaliamos nossas roupas, estávamos limpos e arrumados por causa do hotel então não entendemos o que ele estava dizendo.

- Mas pai... – Comecei, mas ele não me deixou falar.

- Nada de “mas” Percy. Para vocês, tudo aconteceu em um dia, mas vocês já pararam para pensar que na verdade, estão há três anos sem dormir ou se alimentar direito?

Juro que não sei o que aconteceu, mas de repente eu pude sentir todo o cansaço desses três anos se acumulando em meus ombros, meus olhos lutavam para ficar abertos.

- Percy, já se passaram três anos dessa guerra, dois dias a mais não farão muita diferença se vocês não estiverem preparados para o que está por vir. – Disse Atena. – Poseidon tem razão, vocês devem estar totalmente recuperados para poder sair atrás de Ares. Todos vocês. – Ela completou, olhando para Grover e Nico, que já dormiam esparramados no sofá. Eu sei que babo enquanto durmo, mas Grover dorme de boca aberta e ronca muito alto.

Olhei parra Annie, que lutava contra o cansaço assim como eu, e com um acordo silencioso, apagamos na mesma hora.

A última coisa que senti foram as mãos de meu pai em minhas costas evitando que eu caísse no chão.


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Notas finais do capítulo

E então? Gostaram? REVIEWS POR FAVOR!
Explicações sobre a demora:
1 - Eu tinha o cap´pronto há muito tempo, mas tive problemas com meu pen drive e eu perdi tudo o que tinha feito.
2 - Eu e Kat estamos atoladas até o pescoço de provas e trabalhos
3 - Eu tive uma idéia pra uma nova fic que simplesmente bloqueou minha imaginação para qualquer outra fic até q eu escrevesse essa, portanto, estamos com uma nova fic, chama Entre Mundos e vale a pena conferir: http://www.fanfiction.com.br/historia/165697/Entre_Mundos
Esperamos os reviews e, é claro, recomendações!
Beijos