Entre Mares e Livros escrita por mille_crotti, kat_h


Capítulo 23
Muito irritados


Notas iniciais do capítulo

Olá amados!

Mais um capítulo para vocês!

Capítulo dedicado à Layne Sobral pela linda recomendação!

BOA LEITURA!

Mille e Kat



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Saímos correndo, é obvio, ninguém queria virar café da manhã de cães infernais. Falando em café da manhã, já estávamos quase na esquina quando Grover resolveu voltar para pegar o resto de nossas tortas. É sério, não estou mentindo.

- Grover! Isso não é hora de fazer um lanchinho! – Annabeth ralhou.

- Annie, toda a hora é hora de um lanchinho! – Reclamou Grover.

- Então por favor não diga isso para eles! – Falei apontando para os cães.

Não sabíamos para onde estávamos indo, nem de onde viemos e muito menos onde estávamos. Naquele momento, a única coisa que fazíamos era correr, sem pensar, as nossas pernas tinham vida própria. E por mais que corrêssemos, os cães estavam cada vez mais perto.

Mas a nossa alegria acabou quando sem querer nos vimos em um beco sem saída. É claro, até parece história não é? Mas foi o que aconteceu. Nossa única solução foi lutar, com uma enorme desvantagem: aquela corrida tinha nos esgotado, mas não fez nem cócegas aos cães, que agora se aproximavam aos poucos, em posição de ataque.

Saquei contracorrente. Annabeth já estava com as adagas nas mãos, e Grover improvisara uma arma com uma barra de ferro que estava caída ao chão. Podia ouvir o cérebro de Annabeth trabalhando com afinco criando um plano. Ela apenas disse “Distraiam eles!” antes de sumir com seu boné da invisibilidade.

Certo, pensei. Como distrair quatro cães infernais sem ser comido de café da manhã? Olhei para a barra de ferro nas mãos de Grover. A idéia era ridícula, mas àquela altura do campeonato estava valendo tudo.

- Grover, dê-me a barra! – Gritei. Ele arremessou e eu agi rápido.

- Aqui cachorrinho, aqui, olha a barra ó... você quer? Então pega! – E arremessei por cima de sua cabeça. Então... quando você parar de rir da minha idéia, eu continuo... ... ... ... Parou? Ok, então, voltando... Ele abocanhou a barra no ar, e começou a mastigá-la, ainda com os olhos cravados em mim. Mas nesse pequeno tempo de muita baba e ferro mastigado, ele simplesmente se desfez em pó dourado. Annabeth, provavelmente, acertou-lhe por trás.

Por mais ridículo que tenha sido, dera certo. Mas ainda faltavam três cães, e eu não tinha mais brinquedinhos para arremessar. Segurei firme minha espada, e logo corri atrás do que estava mais próximo. Grover começou a tocar uma melodia em sua flauta de bambu. Enquanto lutava com um, os outros dois começaram a ficar confusos, na verdade, me lembravam bêbados. Não conseguiam andar em linha reta, e trombaram umas duas vezes. Annabeth aproveitou essa confusão e acabou sorrateiramente com os dois. Só faltava um, que estava lutando comigo e, para o meu azar (N/A: Sorte é que não é, né Percy?!), era o maior de todos. Grover continuava tocando sua melodia, mas parecia não fazer efeito. Não sabia onde estava Annabeth até que, para o meu desespero, o cachorro abocanhou alguma coisa no ar e arremessou. O boné de Annabeth caiu de sua cabeça e eu assisti seu corpo ir de encontro à parede. Ela caiu e não se levantou mais.

Aquela cena mexeu comigo. Eu tremia de raiva. De medo. De desespero. Passei a enxergar tudo melhor. Cada movimento do cão parecia em câmera lenta. Ele veio para cima de mim, fiquei parado no lugar até o último instante, até que eu simplesmente dei um passo para o lado ao mesmo tempo em que atravessava minha lâmina em seu corpo. Ele explodiu em poeira dourada, e tudo ficou em paz.

Eu ainda ofegava, estava com dificuldade de respirar e sentia que poderia desmaiar a qualquer minuto. Mas eu corri até a Annabeth. Grover lhe dava um pouco de néctar, ela tinha um feio corte na cabeça. Grover recolheu as adagas e o boné, que ficaram caídos ao chão, e eu a peguei no colo.

- Precisamos ir para um lugar seguro, antes que mais alguma coisa apareça. – Falei.

- Mas para onde vamos Percy? – Grover me olhou, claramente desesperado.

- Vocês aceitam uma carona? – Perguntou uma voz grave. Olhamos para trás, na entrada do beco tinha um homem enorme, musculoso com jaqueta de couro e óculos escuros parado ao lado de uma moto que deixaria marmanjo sair correndo gritando pela mamãe (foto da moto: http://www.google.com.br/imgres?q=motos&hl=pt-BR&sa=X&rlz=1T4RNSN_pt-BRBR394BR420&tbm=isch&prmd=ivnscm&tbnid=Hef89VFFZkHXFM:&imgrefurl=http://curiosidadedant.blogspot.com/2011/04/super-motos-especialmente-selecionadas.html&docid=cCYHEoMI-q8PkM&w=482&h=361&ei=5KtmTpCaKcShtweNpJmACg&zoom=1&biw=1024&bih=518&iact=rc&dur=141&page=2&tbnh=164&tbnw=241&start=10&ndsp=6&ved=1t:429,r:2,s:10&tx=108&ty=86 ).

- Não, obrigada, estamos bem, sabe, nossa amiga não comeu e a pressão dela baixou, mas já estamos indo, não é Grover?

Grover nem respirava direito, tamanho espanto com o misterioso homem.

- Olha aqui, Perseu Jackson, eu te aconselho a aceitar toda e qualquer sugestão que um Deus lhe der. Então, vou perguntar de novo: vocês aceitam uma carona?

É, Percy, não dá para piorar seu dia.

- Eh... claro.

- É claro, senhor. – Disse o deus. – E respondendo à sua pergunta, acredite, sim, dá para piorar. Agora vamos que eu não tenho o dia inteiro para ficar à sua disposição.

Ele estalou os dedos e sua magnífica moto transformou-se em um carro... ou tanque, um híbrido das duas coisas. Na verdade, lembra muito o Batmóvel, do filme Batman Begins (imagem do carro: http://www.google.com.br/imgres?q=batm%C3%B3vel&hl=pt-BR&rlz=1T4RNSN_pt-BRBR394BR420&biw=1024&bih=518&tbm=isch&tbnid=CenpF4a1vunZoM:&imgrefurl=http://lazer.hsw.uol.com.br/batmovel.htm&docid=2c_khf8GX1ycEM&w=400&h=233&ei=Ja1mTtKKAsTqgQe4pJiKCg&zoom=1&iact=rc&dur=469&page=1&tbnh=162&tbnw=250&start=0&ndsp=6&ved=1t:429,r:0,s:0&tx=169&ty=113 ).

E por incrível que pareça, foi somente quando vi o carro que percebi quem era o homem.

Eu estava pegando uma carona com Ares, o Deus da Guerra.

***

A parte de dentro era toda de couro negro. O revestimento das portas e do teto era de camurça com estampa de chamas, o que nos dava a impressão de que estávamos dentro de uma lareira.

- Acredite, Jackson, essa é a intenção. – Disse Ares, respondendo aos meus pensamentos.

Olhei para Annabeth, deitada no banco com a cabeça em meu colo. A cor já estava voltando ao seu rosto e o sangramento já tinha parado, mas ela ainda estava desacordada.

Eu achava que estávamos indo muito devagar, mas ao olhar pela janela percebi que via apenas borrões, não dava para distinguir nada do mundo lá fora. Senti Annie se mexer, ela estava acordando.

- Annabeth? Está tudo bem? – Perguntei. Ela se levantou, ainda meio tonta, e olhou em volta.

- Onde estamos? – Ela perguntou.

- No carro de Ares. Ele... hum... gentilmente se ofereceu para nos dar uma carona.

- Ah... sim... obrigada, Senhor Ares. – Ela disse, embora em seu olhar ela nos dissesse claramente “Estamos ferrados.” Ares riu de alguma coisa, mas não fez nenhum comentário.

- Bom, para onde as crianças estão indo? – Ele perguntou.

- Nós... hum... ainda não decidimos, senhor. – Disse Grover.

- Bom... se não se incomodarem, gostaria que me fizessem um pequeno favorzinho. Nada de mais na verdade.

Annabeth soltou um “eu sabia!” inaudível, mas respondeu assim mesmo:

- Claro, Lorde Ares, do que precisa? – Ela perguntou.

Parei um pouco para pensar. Tinha alguma coisa errada. Esse não era Ares. Pelo menos, ele não estava sendo ele mesmo. Lembrei de como Clarisse agia e em todos os seus irmãos. Ares só estava sendo “bondoso” por que queria que fizéssemos algo para ele.

- Eu deixei meu escudo em um parque aquático aqui perto. Eu estava no meio de um... hã... encontro com a minha namorada quando fomos... interrompidos, e acabei deixando lá. Gostaria que vocês fossem lá buscá-lo para mim.

Troquei um olhar com Annabeth, já estava cansado daquela falsidade.

- Por que não volta lá e pega você mesmo? – Falei. Como sempre faço quando eu acho que as coisas não podem piorar.

Ele tirou os óculos e naquele momento vi que onde deveriam ter olhos, haviam chamas.

 - Por que não transformo você em uma marmota e o atropelo com minha Skull Harley? Porque não estou com vontade. Um deus está dando a você a oportunidade de se pôr à prova, Percy Jackson. Você vai mostrar que é um covarde? - Ele se inclinou para a frente. - Ou, quem sabe, você só luta quando há um rio para mergulhar dentro, para que seu papai possa protegê-lo?

Queria dar um murro naquele cara, mas, de algum modo, sabia que ele esperava por isso. O poder de Ares estava causando a minha raiva. Ele adoraria se eu o atacasse. Eu não queria lhe dar esse gostinho.

- Não estamos interessados - falei. - Já temos uma missão.

Os olhos ardentes de Ares me fizeram ver coisas que eu não queria - sangue, fumaça e corpos no campo de batalha.

- Eu sei de tudo sobre sua missão, seu imprestável. Quando aquele item foi roubado, Zeus enviou seus melhores para procurá-lo: Apolo, Atena, Ártemis e, naturalmente, eu. Se eu não consegui farejar uma arma tão poderosa... - Ele lambeu o beiço, como se a própria idéia do raio-mestre o tivesse deixado com fome. - Bem... se eu não consegui encontrá-lo, você não tem nenhuma chance. Entretanto, estou tentando lhe dar o beneficio da dúvida. Seu pai e eu nos conhecemos há muito tempo. Afinal, fui eu quem lhe contou minhas suspeitas sobre o velho Bafo de Cadáver.

- Você disse a ele que Hades roubou o raio?

- Claro. Acirrar os ânimos para uma guerra. O truque mais antigo de todos. Eu o reconheci imediatamente. De certo modo, você tem de agradecer a mim por sua missãozinha.

- Obrigado - resmunguei.

- Ei, sou um cara generoso. Faça meu serviçinho e eu o ajudarei em sua viagem. Vou arranjar um hotel bem legal para vocês se instalarem. Um hotel de luxo.

- Estamos indo muito bem sozinhos.

- Sim, certo. Sem dinheiro. Sem rodas. Sem nenhuma pista do que vão enfrentar. E com a garota sangrando. Ajude-me, e talvez eu lhe conte algo sobre que precisa saber. Algo sobre a sua mãe.

- Minha mãe?

Ele sorriu. O filho da mãe sabia que dessa forma ele tinha a minha atenção.

- Isso despertou sua atenção. O parque aquático fica um quilômetro e meio a oeste, na Delancy. Não há como errar. Procurem o Túnel do Amor.

- O que interrompeu seu namoro? - perguntei. - Alguma coisa o assustou?

Ares arreganhou os dentes, mas eu já tinha visto aquela cara ameaçadora antes, em Clarisse. Havia nela algo de incerto, quase um nervosismo.

- Você tem sorte de ter me encontrado, imprestável, e não um dos olimpianos. Eles não são tão indulgentes com a grosseria quanto eu. Encontrarei vocês no café do fim da rua quando tiver terminado. Não me desaponte.

Depois disso a porta do carro se abriu e, acredite, o banco do carro/tanque/batmóvel se inclinou, jogando-nos para fora. Estávamos caídos um em cima do outro quando Ares arrancou com seu mega carro. Estávamos na porta do parque aquático. E estávamos ferrados.

Bom, vou resumir o que aconteceu: o parque estava abandonado, por isso foi fácil entrar pulando o muro. Procuramos por uma hora o maldito escudo, antes de encontrá-lo no meio da piscina do túnel do amor. Sim, eu e Annabeth entramos no túnel do amor em um pedalinho em forma de cisne, fazer o que. Voltando ao assunto: era uma armadilha de Hefesto. Assim que pegamos o escudo, que estava junto com um lenço de Afrodite, ficamos presos em uma grade de ferro, com aranhas robôs do mal surgindo de todos os lados, e com todo o Olimpo assistindo pelas câmeras, que surgiram junto com a rede. Conseguimos fugir usando a força da água para dar impulso no barco, e pularmos por cima da grade.

E agora aqui estamos, sentados na calçada ao lado do café esperando Ares chegar. Annabeth e Grover estão encharcados (eu não, mais uma das vantagens de ser filho de Poseidon) e tremendo de frio. Já eu, tremia de raiva.

Ouvimos a moto do Deus da Guerra se aproximar, o barulho era realmente ensurdecedor. Ele fez questão de parar à nossa frente, e rir da nossa cara antes de falar alguma coisa.

                - Ora, ora, que belo show vocês deram, todo o Olimpo aplaudiu de pé a atuação de vocês meninos, embora confesse que Atena ficou um pouco brava quando a filha dela caiu bem em cima de Percy. (Ok, eu não contei isso para vocês por que... ah... não tinha necessidade.)

- Aqui está, Ares – Falei, ainda tremendo de raiva. – Agora cumpra a sua parte. O que aconteceu com a minha mãe?

- Ah! Aquilo? Simples, ela foi seqüestrada pelo minotauro, não foi morta.

Juro que se Grover e Annabeth não tivessem me segurado eu tinha caído.

- Mas... Como pode ter tanta certeza? – Perguntei. Não, eu não confiava nem um pouco em Ares.

- Simples. Ela explodiu em pó dourado. Para monstros isso significa ir para o Tártaro, mas no caso dela, significa transformação. Ou seja, ela está lá no Mundo Inferior com o seu querido Titio Hades. Agora, se vocês me derem licença, eu tenho mais o que fazer do que ficar de babá de uns pirralhos. Fui.

- Ei, espere Lorde Ares, você ainda não cumpriu sua parte no trato. Disse que nos deixaria em um hotel. – Disse Annabeth. Cara, como ela consegue manter a educação na frente desse cara?

- A claro. Tchauzinho.

Puf! Estávamos na porta de um dos Hotéis mais luxuosos de Las Vegas. Nós simplesmente surgimos na porta, mas ninguém pareceu notar. Na verdade, a única coisa que aconteceu foi que o carregador de bagagens veio buscar nossas mochilas. Era um cara alto e magrelo, mas com um sorriso que, convenhamos, era muito falso, no rosto.

- Podem deixar que eu cuido de suas bagagens, senhores e senhorita. O apartamento de vocês fica na cobertura, ele tem quatro suítes. Por favor, entrem, fiquem à vontade, e sejam bem vindos ao Hotel e Cassino Lótus.


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Notas finais do capítulo

E aí, o que acharam? sinceramente?

PELOS DEUSES, QUEREMOS REVIEWS COM AS OPINIÕES DE VOCÊS!

E QUEM ACHAR QUE MERECEMOS, ACEITAMOS RECOMENDAÇÕES!

BEIJOS

Mille e Kat