Ready, Steady, Love escrita por N_blackie
Gentileza Inesperada
Enquanto o sol tentava aparecer por trás de várias nuvens no céu, o ar das masmorras se enchia de fumaça proveniente de quase dez caldeirões que fumegavam e apitavam de diferentes maneiras, pontuado pelos passos de Horace Slughorn, particularmente mal humorado naquela tarde.
Numa das últimas fileiras James se achava completamente perdido. Havia pulado a penúltima linha das instruções e esquecera-se de colocar o excremento que precisava, fazendo sua poção calmante, que deveria estar rosada, ficar amarelo bosta. Ao seu lado o único tendo mais sucesso era Sirius, que ia bem em tudo mesmo, mas até mesmo Remus estava encontrando problemas para achar o ponto, e o fato de Slughorn estar tendo um péssimo dia só piorava as coisas ainda mais.
Quando a sineta finalmente bateu, James fez uma careta enquanto embalava o que sobrara da poção (um pouco de caldo ralo e algo que parecia seriamente pus) e colocou em cima da mesa do professor, desesperado para sair dali. Quando Slughorn viu o trabalho do maroto, no entanto, não perdoou.
- Senhor Potter, posso perguntar o que é isso? – falou o homem em voz alta, fazendo todos os olhares se virar para James, que guardava o material apressadamente.
- Minha poção, senhor. – murmurou o garoto, sentindo as orelhas ficarem quentes. Sirius sussurrou algo para Remus, e ambos puxaram as varinhas, prontos para causar alguma confusão que tirasse James daquela cena. Apesar dos esforços, antes que pudessem combinar o feitiço, Slughorn abriu a poção e cheirou, seu rosto gorducho se contorcendo em nojo.
- O que o Senhor quer ser da vida, Senhor Potter?
As costas de James ficaram subitamente eretas, e Peter começou a tremer de nervoso pelo amigo.
- A –auror, Senhor.
- Auror, eh? – debochou o Professor, e alguns sonserinos deram risadinhas abafadas. – O Senhor sabe quanto precisa tirar em seus N.I.E.M's para conseguir passar pela porta da Academia, Senhor Potter?
- Excede Ex-pectativas, Senhor.
- Errou, Potter. Eles requerem um Ótimo. Sabe quanto eu, bem como qualquer examinador do Ministério, daria?
- Não. – a cabeça de James baixara. Sirius fechou os punhos.
- No máximo, Potter, um D. E estaria sendo generoso. – cuspiu o bruxo. – O Senhor sabe onde errou?
- Acho que pulei a penúltima linha, Senhor. – James continuava com a cabeça baixa.
- Ah, acha, eh? Sabe ler? Leia a penúltima linha.
- A-acrecente do-dois pedaços de essência de beladona, girando no sentido anti-horário.
- Acho que não fez isso, fez? – ironizou Slughorn, deixando os sonserinos rirem mais um pouco. James parecia que ia desmaiar, e Sirius já estava perdendo a paciência. Se tornar auror era o sonho que James mais queria alcançar, e não deixaria um Professor de Poções arruinar tudo.
- Não.
- Bom, então acho que não vai ligar se eu pegar essa coisa inútil e sumir com ela, certo?
- Eu vou. – Sirius rosnou, dando um passo para frente. Slughorn ergueu as sobrancelhas.
- Tomando as dores, Senhor Black. Tsk, tsk, para quê?
- James é o melhor dessa escola. – cuspiu Sirius, ficando perigosamente vermelho. Sentia aquele velho espírito rebelde tomando conta de novo, como quando discutia com sua mãe aos berros, em casa.
- Não é isso que esse frasco me diz, Senhor Black. – Slughorn retrucou com sarcasmo. – Ora vamos, comporte-se para a sua estirpe e para de se incomodar com isso.
- Não preciso que você me trate como se eu fosse idiota. – Sirius deu outro passo, pegando seu próprio frasco e o de James. – Se quiser jogar o dele no chão, vai fazer o mesmo com o meu. – E misturou ambas as poções. Atrás dele, James abriu a boca em choque, mas o estrago já estava feito.
- Acho que não precisa mais da detenção para acabar de estragar o dia, Senhor Black?
- Se quiser me dar uma detenção, pode mandar, não vai mudar nada. – Sirius deu de ombros e virou as costas, jogando o restante das coisas de James na mala dele. – Da próxima vez que vier incomodar a mim ou a qualquer um dos meus amigos, vou pegar essas poções e jogar todas em cima do Senhor. Vamos ver quem vai ser o auror genial que vai querer salvar você.
E dito isso, arrastou James para fora da sala. Slughorn parecia ter levado um soco, e logo dispensou a sala aos gritos, tremendo. Do outro lado do corredor, James caia no choro de frustração.
- Hey, se acalma. – Remus recomentou, conjurando um copo com água para o amigo. James tremia com a humilhação, e Sirius o segurava pelos ombros com firmeza.
- Ele é só um professor de poções fracassado, não ligue para o que ele diz. Você vai entrar na Academia, Prongs.
- Se eu não entrar, como vou ajudar a minha mãe? – desesperou-se James.
- Para de ficar nervoso, vou ficar também. – Peter balbuciou, dando tapinhas nas costas do amigo.
- Potter? – chamou uma voz delicada. Os quatro se voltaram para a direção de onde vinha a voz, e Lily enrubesceu diante da súbita atenção. James respirou fundo, tentando controlar a incrível vontade de chorar.
- Hey.
- Eu não concordo com o Professor Slughorn. – falou a garota, se aproximando. Peter foi arrastado por Remus para longe, tanto para deixar Prongs e Lily a sós quanto para evitar Dorcas, e Marlene cutucou as costas de Sirius.
- Eu queria te oferecer ajuda. – propôs Lily. – você é ótimo, só precisa de um pouco mais de lógica.
- Gostei do que você fez ali atrás. – elogiou Marlene quando Sirius se aproximou, e pela primeira vez naquela hora o maroto sentiu orgulho de ter peitado o professor.
- Obrigado, só fiz o que achei justo.
- Fez certo, não sei onde Slughorn estava com a cabeça. – Marlene revirou os olhos. – Os únicos que realmente fizeram algo que prestasse foram Lil e Snape, nenhum dos outros chegou ao fim.
- Ele é um idiota. – concordou Sirius, esperando uma reação mais calorosa. Queria que ela espalmasse as mãos em seu peito e sorrisse orgulhosa pelo que ele havia feito, mas tudo que ela fazia era olhar para James, que agradecia.
- Juro que vou te recompensar algum dia, Lily. – James apertava as mãos da ruiva, que se encolhia de timidez.
- Tudo bem, tudo bem.
Quando se levantaram, James já parecia mais animado. Antes de irem embora, Lily parou na frente de Sirius e revirou os olhos.
- Seu estúpido.
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