POV Bella

Três meses passaram-se desde que o Edward me abandonou. Tantas coisas aconteceram desde aí. Na primeira semana fiquei apática, acho que se o mundo acabasse eu nem daria por isso, e talvez até agradecesse. Depois disso fiz um esforço para parecer o mais normal possível, para o Charlie não se preocupar, mas parecia que era um robot, era como se cada movimento fosse programado. Um desses dias decidi guiar sem destino, o que importava para onde eu ia? Percebi mais tarde, que isso importava a alguém, a Vitória.

Ela apareceu no meio da estrada, eu assustei-me e quase bati com a picape. Ela veio até mim com aqueles olhos vermelho sangue, e eu podia ver através deles, eu podia ver a sede de vingança que ela tinha. Ela tirou-me do carro e atirou-me contra uma árvore, eu senti todo o meu corpo doer, e o escuro começando-me a envolver. Ela aproximou-se de mim, quando eu pensei que ela ia acabar comigo ela foi projectada para longe. A última coisa que me lembro de ver foi uns profundos olhos azuis.

Quando abri os olhos novamente estava numa cama, a minha visão estava meio turva, mas com o tempo foi ficando melhor, permitindo-me ver onde estava. Eram um quarto grande, as paredes eram revestidas a madeira, a janela era coberta por cortinados. Haviam alguns livros no chão, outros em prateleiras. Quando olhei para a porta esta lá alguém, eu não conseguia ver muito mais que os seus contornos. Ele veio na minha direcção, não posso negar que fiquei apreensiva, mas quando vi aqueles olhos azuis, senti-me segura, como não me sentia à semanas. Ele sentou-se na cama e me olhou, depois de algum tempo ele começou a falar.

- Como estás?

- Acho que estou bem, por incrível que pareça. – disse, era de facto estranho que depois de ser jogada contra uma árvore eu não estivesse toda partida, mas não estava.

- Que bom. Como te chamas?

- Isabella Swan, mas prefiro Bella. O que és tu? Como podes ter derrotado uma vampira? – não posso negar que fiquei nervosa.

- Eu sou um vampiro, mas um tipo diferente daquela que te atacou. O meu nome é Damon Salvatore, prazer – ele disse beijando minha mão.

- Prazer. Onde estamos? – disse um pouco envergonhada, é impossível negar a beleza dele.

- No Canadá, não muito longe da fronteira. Eu vivo aqui com o meu irmão e a minha cunhada – ele fez uma expressão estranha, e eu não pude evitar sorrir.

- Como eu não estou ferida? – esta era a pergunta que mais me martelava na cabeça.

- Eu dei-te do meu sangue, ele permite que te possas curar mais depressa. – eu não sabia o que dizer, aquele silencio preencheu o ar durante alguns minutos, até que voltei a falar.

- Porque me salvaste?

- Nem eu sei, acho que eu não tenho muita vocação para super herói, mas foi mais forte do que eu – ele começou num tom irónico, mas acabou muito sério, fiquei confusa com isso.

- Obrigada, se eu te poder ajudar com algo, eu o farei. – disse

- Deves estar com fome, vamos descer. Os outros estão lá em baixo. – e foi o que fizemos.

Eu rapidamente fiquei amiga deles, eles contaram-me a história deles e eu contei a minha. Eu sentia-me bem junto deles, por isso decidi ficar lá. Escrevi uma carta à minha mãe, eu sabia que o Charlie ia desconfiar dos Cullen, eu não podia deixar que recaíssem as atenções sobre eles, podia ser perigoso para eles, e eu não queria isso, por muito que eu quisesse eu não os conseguia odiar.

Os dias foram passando, eu estava cada vez mais próxima do Damon, acho porque os dois tínhamos amado alguém que não nos amou. Mas esses dias de aparente tranquilidade logo foram assombrados. Eu comecei a ficar doentes, não conseguíamos perceber porquê, mas cada dia me sentia mais cansada, e qualquer coisa que comece era rapidamente mandada para fora. O Damon começou a dar-me o seu sangue, era estranho, mas eu gostava, e durante um tempo melhorava, mas depois voltava ao mesmo.

Alguns dias depois percebemos o que se passava, ficou demasiado evidente, eu estava grávida. Foi extraordinário perceber isso, no fim de contas era fruto do meu amor pelo Edward, fruto da noite mais mágica da minha vida, aquela noite que começou tão mágica, mas acabou dramaticamente, tinha agora uma boa razão para me recordar do meu aniversário. A gravidez estava a ser demasiado rápida, depois de muito pensarmos, o Stefan, irmão do Damon, sugeriu que fosse devido ao sangue que eu estava a beber, se fazia curar mais depressa, talvez levasse a que a gravidez fosse mais acelerada. A Elena foi uma leal amiga, estava sempre comigo, comprou muitas roupas para a criança, que eu não conhecia, mas já amava tanto. Cada vez mais me sentia em família, eles e o meu bebé fizeram que eu me recuperasse, e isso era algo que nunca iria esquecer.

A minha gravidez aproximava-se do final, e eu tenho de admitir que estava a ficar preocupada com isso, e por muito que o Damon me quisesse transmitir confiança, eu sabia que ele estava preocupado. Ele era muito diferente do que a Elena e o Stefan me falavam, acho que ele comigo tirava a máscara que usava para os outros. Eu gostava de estar com ele, ele me fazia bem.

Foi então que recebi o primeiro sinal que o meu bebé queria nascer, foi uma dor muito aguda, algo que me fazia sentir afundar, o Damon mal viu isso me socorreu, deitou-me na minha cama e chamou a Elena e o Stefan para o ajudarem, eu pouco tinha consciência das coisas. Mas eu tinha de lhe dizer algo.

- Damon, por favor salva o meu bebé, não o deixes morrer – a minha voz estava muito débil, eu pouca força tinha para falar, mas tinha que lhe dizer isso, o meu filho era o mais importante, eu tinha que saber que ele ia ficar bem.

Ele aproximou-se de mim, e olhou-me com aqueles olhos azuis, eu vi neles desespero, ainda nunca tinha visto isso lá, e dilacerava-me vê-lo assim.

- Eu prometo, eu não vou deixar que ele morra, nem a ti. Eu preciso de ti, eu te amo.

Foi a última coisa que me lembro de ouvir antes de as trevas me invadirem.