Meu Amado Monitor escrita por Gabriela Alves, violetharmon


Capítulo 6
Capítulo 6 - Homens...


Notas iniciais do capítulo

oooi, nós desculpem a demora, ok ? Por isso o cap vai ser grande. :]



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Estou em meu quarto agora. Sozinha. A solidão foi minha única companheira nas últimas horas, dispensei até mesmo a companhia de meu mais novo amigo: Malfoy. Gina não quis falar comigo depois da fotografia, Luna muito menos. Harry pareceu querer conversar, mas Ron deu a entender que não queria.

Agora uma pergunta começa a martelar em minha cabeça: Quem tirou a foto? Que eu saiba, apenas Malfoy, Córmaco e eu estávamos lá. Não poderia ter sido nenhum de nós, então quem? Também não vimos ninguém suspeito nos corredores. Então como? Quem? E por quê?

Olho para a cadeira em meu quarto e desejo outra coisa. Imediatamente transformo-a em uma cadeira de balanço - vale a pena frequentar aulas de Transfiguração. Levo-a até a varanda e sento-me. Olho fixamente para o horizonte, onde o sol se mistura às colinas e árvores. Ele está alaranjado, e contagia o céu com ssua esplendorosa cor. As nuvens estão finas e em um leve tom de rosa. O vento toca meu rosto suavemente, como se quisesse me acalmar.

Não acalma. O simples fato de Ron estar bravo comigo me deixa tensa. Não consigo imaginar minha vida sem ele, meus dias sem ele. Ron é o amor da minha vida e nada faz sentido sem sua presença. Eu não existo longe dele. Meu coração diminui com o passar das horas, clamando por seus beijos. Lágrimas grotescas me vencem e correm rapidamente por meu rosto. Um grito aterrorizante ameaça sair por minha boca, mas eu o prendo.

O som do piano de Malfoy só piora meu estado emocional. Ele toca uma música trouxa que eu conheço muito bem: When you're gone, da Avril Lavigne. Para desandar tudo, ela descreve exatamente o que estou sentindo. A cada acorde eu me sinto mais sozinha, mais triste. Abraço minhas pernas e escondo o rosto nos joelhos. Cravo as unhas em mim mesma numa tentativa frustrada de diminuir o vazio. Ouvir aquela música não está me ajudando nem um pouco... Sinto minhas costas pesadas, as pernas incapacitadas e o coração despedaçado.

O sol foi desaparecendo e a lua foi se apresentando. Percebi que um não existe sem o outro, mas nunca estão no céu ao mesmo tempo, não de forma visível.

Estou com um colar no pescoço. Puxo-o e observo-o. Ron que me deu em meu aniversário de 18 anos. É um coração que abre e tem uma foto nossa dentro. Choro ainda mais. Cada lembrança faz-me perder o rumo.

Não sei por que já estou desesperada. Ron ainda não disse se continuaremos a namorar ou não.

Mas isso me preocupa ainda mais. Ron não é de pensar, ele fala logo e pronto. E dessa vez ele pediu um tempo...

Nada está fazendo sentindo desde o dia que voltamos para Hogwarts. Todos estamos malucos, desajuizados. Algo mudou muito em todos nós. E não voltaremos ao normal até descobrir o motivo de tais mudanças. O problema é que quando descobrirmos, talvez não iremos querer voltar a ser quem éramos.

Um pássaro pousa na sacada. Observo-o. Ele cantarola um pouco e logo vai embora. Ele cantarola um pouco e logo vai embora... E logo vai embora...Isso martela em minha cabeça durante algum tempo. Será que meu namoro com Ron "cantarola um pouco e logo vai embora"? Não entendo absolutamente nada do que está acontecendo. Eu amo Ron e tenho certeza de que ele também em ama. Mas por que está acontecendo isso tudo? O que eu fiz para merecer tal sofrimento?

Duas chamas estão acesas em meu coração: a do amor e a da tristeza. Ambas enfrentam-se de segundo em segundo. Não basta estarem ocupando meu coração, elas precisam me fazer sofrer. E riem disso.

Ouço a porta se abrir. Sei que é Malfoy. Enxugo as lágrimas rapidamente, mesmo sabendo que isso não espantará o inchaço sob meus olhos. Sinto-o perto de mim mesmo sem olhá-lo. Sua mão pousa em meu ombro e ele pergunta:

- Está melhor?

Abaixo a cabeça. Ele sabe que não.

- Desculpe.

Não precisa se desculpar, penso. Mas não consigo dizer. Há um nó grande demais em minha garganta.

- Dê um sorriso, por favor. Não gosto de ver pessoas tristes.

Engulo o nó e esforço-me para dizer:

- Não dá.

Enterro o rosto entre os joelhos. Não demora muito tempo até as mãos de Malfoy levantarem-no.

- Me desculpe a expressão, Granger, mas esse Weasley é um estúpido. Sério. Eu não faria o que ele fez.

- E o que eu fiz, Malfoy? Eu beijei Córmaco.

- Não. Você não o beijou.

Fico sem entender por um segundo, então ele logo se apressa em explicar:

- Ele beijou você.

- E qual é a diferença?

- Qual é a diferença? Qual é a diferença? TODA! Poxa, Granger, se toca: você não quis beijar o Mclaggen.

Envergonho-me.

- Só queria saber quem tirou aquela foto... - Falo melancólica.

- Prometo que vou te ajudar a descobrir.

Surpreendo-me.

- Eu estava lhe devendo uma, lembra?

- Pensei que aquela história com a Pansy tinha entrado dentro do pacto.

- Poderia até entrar, mas não entrou. Vou saudar meu débito logo.

Sorrio levemente. O suficiente para iluminar seus lindos olhos.

- Tenho um favor a te pedir. - Ele segura o próprio queixo.

- Qual?

- Pansy vai passar aqui daqui a pouco, mas tenho que tomar banho. Será que poderia abrir a porta caso ela chegue antes de eu sair do banheiro?

Minha mente está lenta, então levo um tempo para responder. Quando respondo, tropeço em um "sim".

- Grato.

Ele dá um beijo em minha testa e sorri.

- Quero te ver feliz mais tarde.

Seu polegar afaga minha bochecha e ele vai embora.

Não quero ter que abrir a porta para a buldogue. Ela ainda não fez nada comigo desde o tapa que lhe dei no primeiro dia de aula. Não tenho medo dela, só quero evitá-la. Ainda mais agora. Não estou em condições psicológicas para discutir com alguém de nível tão baixo como ela. Sinceramente, não sei o que Malfoy tanto gosta nela. Sei lá... Vai ver ela tem "tesão". Sinto um embrulho no estômago ao imaginá-los na cama.

Levanto-me e faço a cadeira voltar a sua forma normal, depois coloco-a dentro do quarto. Sento-me em frente ao espelho e observo-me: rosto inchado e olhos vermelhos. Queria não estar com essa aparência, mas é isso que a tristeza fez comigo.

Tenho a impressão de que alguém está me abraçando por trás. Ilusão. Minha mente só está querendo pregar-me peças.

Saio do quarto e desço as escadas. Há uma pasta preta sobre a mesa. Não é minha, então é de Malfoy. Sei que não devo fazer isso, mas abro-a. Está tão abarrotada de desenhos que alguns caem. Dos que foram parar no chão, vejo imagens diversas: seu pai, sua mãe, Hogwarts - o único que eu já havia visto -, pássaros e borboletas e um que me surpreendeu muito. Não era a buldogue, Astoria ou outra deusa de Hogwarts, era eu. Um desenho muito bem feito, por sinal. Mas eu pareço uma boneca de porcela no desenho, pareço alguém muito frágil. Reparo melhor no desenho. Estou sentada em um sofá com os braços cruzados na frente do corpo e os cabelos presos num coque. Aparentemente normal. Porém meus olhos estão produzindo lágrimas. Observo o fundo do desenho, algo que não tinha visto antes: olhos indiscutivelmente iguais aos de Ron estão sobre minha cabeça, e muito grandes. Estranho isso, então olho a 28 de outubro desse ano. Hoje. Ele fez o desenho há pouco tempo, depois que Ron brigou comigo.

Teria apreciado mais sua arte se batidas ansiosas à porta não tivessem feito com que eu guardasse os desenhos tão rapidamente. Corro para a porta e abro-a.

- Buldogue.

- Cabelo de vassoura.

Saudação amigável, não?

- Por que é você quem está abrindo a porta para mim e não Draquinho?

- Ele está tomando banho.

Dou passagem para ela entrar.

- Hum... Está ficando cheirosinho pra mim. - Ela fala consigo mesma. Seu comentário me enjoa.

- É... Hã... Pode subir. Acho que ele não vai se importar.

Ela me olha da cabeça aos pés.

- É. Não vai mesmo.

Sinto-me a empregada e ela a madame.

- Mas há algo que devo resolver primeiro.

Sei o que é. Só acho estranho que ela caminhe até a mesa e pegue a jarra de suco de abóbora. Não acho mais: ela jogou o suco em mim.

Vagabunda, rapariga, cretina, piriguete, filha da... - Não. Eu prometi que não falaria mais palavrão.

- Poooode xingar. Não vai adiantar nada. - Seu sorriso é presunçoso.

Minha maior vontade é chutá-la para Durmstrang, mas não tenho forças suficientes para fazer isso, então falo:

- Garota, se eu fosse você, sairia logo daqui.

E quem disse que ela foi?

- Granger, Granger... O que vai fazer, hem? Chorar? Porque eu acho que é só isso que você sabe fazer. Quer dizer, depois de hoje de manhã, quem precisa sair daqui é você. Acho que não quer ser mais humilhada, não é? - Ela crava as unhas em meu pulso. - Você é ridícula, sabia? Namora, ou namorava, o vagabundo do Weasley e traiu ele com o McLaggen. Se fosse com alguém mais interessante era compreensível, mas com o McLaggen? Por Merlim, Granger!

Não consigo olhá-la nos olhos por causa da minha vontade de chorar. Consigo soltar-me com certa dificuldade, eis que não comi hoje. Corro para meu quarto e, antes de fechar a porta, ouço-a dizer:

- O inferno está apenas começando, Granger.

Bato a porta. Infelizmente o resultado não é o que eu esperava: ela apenas se fecha, sem barulho - a fraqueza não permite mais que isso.

O choro toma conta de mim. Passo a mão por meus cabelos grudados por causa do suco e percebo que preciso de um banho. Tiro a roupa e entro rapidamente sob o chuveiro. Ainda estou chorando. A água quente não me faz esquecer os problemas, apenas remove o suco de meu rosto. Sinto um pouco de tontura e sei que é pela falta de alimentação, mas não saio de baixo d'água. Termino o banho, seco-me e visto a camiseta de alsinhas e os shorts que estão pendurados com a toalha de rosto. Pentei-o os cabelos e deito na cama.

Não parei de chorar desde que entrei no quarto. Sei que preciso parar, mas não consigo. Não sei se estou chorando por causa da saudade que sinto de Ron ou se é por causa das palavras de Pansy Parkinson. Acho que um pouco de ambos... Sei que um dos dois pega mais, mas qual?

Levanto-me e vou até a varanda. O vento frio bate violentamente contra meu corpo frágil. Ignoro. O frio pouco importa quando a solidão está presente.

Queria ter os ouvidos menos sensíveis, já que posso ouvir o que Parkinson está dizendo no exato momento:

- Vou te mostrar que sou mulher de verdade.

Sou tomada pelo nojo. Como pude deixar Malfoy causar em mim as mesmas sensações que causa nela? Como pude deixá-lo me tocar com as mesmas mãos que toca nela? Balanço a cabeça na tentativa de livrar-me desses pensamentos. E livro-me.

Agora o que toma conta de mim é a vontade de conversar com Harry. Isso mesmo, com Harry e não com Gina. Ele me entende mais do que ela quando se trata de solidão. Queria ter forças para passar pelas portas do Salão Principal e sentar-me ao lado dele no jantar, porém sei que os olhares de todos se voltarão para mim e os burburinhos se formarão. Uma única lágrima desce por meu rosto. Dessa vez não é por saudade de Ron, e sim por saudade de Harry, meu melhor amigo. Sinto que ele tem consciência da minha inocência, mas não posso ir falar com ele.

Ouço novamente a voz de Pansy, só que dessa vez é diferente:

- Mas é um frouxo mesmo, não é? Não é homem o suficiente para ir até o fim. - E logo em seguida ouço uma porta bater.

Vou até a porta de meu quarto e abro-a o suficiente para ver Pansy batendo a porta de entrada com uma força desnecessária. Não vejo Malfoy, então julgo que ele está no quarto. Abro sua porta e entro. Encontro-o apoiado à escrivaninha. Ele vê meu reflexo pelo pequeno espelho, mas ignora. Aprecio os músculos rígidos de suas costas nuas e arrepio-me ao perceber que ele só está com uma cueca boxe preta. Aproximo-me e pergunto:

- Está tudo bem?

Ele passa a mão furiosamente pelos cabelos e grita:

- NÃO. - E joga um vidro de perfume contra a parede.

Percebo a irritação e a raiva em seus olhos.

- Desculpa, você não tem nada a ver com isso. Eu não deveria estar assim na sua presença.

- Não, tudo bem. Somos amigos, lembra? Quer desabafar?

Malfoy senta-se na beirada da cama e eu sento-me no chão à sua frente.

- Nunca falhei antes.

- Pra tudo tem uma primeira vez.

- É diferente. Uma mulher falhar é normal, mas um homem...

Não digo nada. Não intendo o que ele quer dizer, sou virgem.

- Não me sinto um homem completo.

- Só por que não transou com a Pansy? Uau, vocês homens são ridículos mesmo.

- Como assim?

- Você não é homem porque pega várias, e sim porque faz uma feliz. Um homem de verdade não se importa com o tamanho dos seios ou a largura das coxas de uma mulher, porque sabe que a curva mais linda da mulher é o sorriso. Um homem de verdade repara na forma tímida com que as mulheres colocam o cabelo atrás da orelha, na risada, na forma como os lábios dela se movimentam, nos movimentos leves ou exagerados, na forma como ela pronuncia seu nome. Isso faz um homem de verdade.

Percebo que ele fica constrangido, mas não deixo de dizer uma última coisa:

- Se você amasse uma única garota, isso já o faria um homem de verdade.

Ele dá um sorriso sem jeito e diz:

- Muito grato. Agora, se me der licença, preciso fazer algumas coisas.

- Tudo bem. E foi um prazer poder ajudá-lo.

Antes que eu saia do quarto, ele pega uma de minhas mãos e a beija. Sorrio e fecho a porta. Desço as escadas e sento-me no sofá. Não sei se o que acabei de dizer para ele foi exagerado, mas sei que ele fará bom proveito de minhas palavras.

Embora eu esteja com muito frio, não estou com vontade de subir e trocar de roupa. Ao invés disso, deito-me no sofá e fico olhando para o nada. Nenhum pensamento ocupa a minha cabeça e isso me satisfaz.

Minutos depois, sinto a mão de Malfoy em meus pés e ele pergunta:

- Vai jantar?

- Não.

- Por que?

- Não quero chegar lá e ver todos rindo da minha cara.

- Você não comeu nada hoje, precisa se alimentar.

Eu não quero.

Malfoy fica defronte para mim.

- Tem certeza?

- Absoluta.

- O.k. Vou descer. Espero que mude de ideia.

Ele se vai, deixando-me sozinha com minha tristeza.

A conversa que tive com Malfoy sobre ser homem volta à minha cabeça. Eu não compreendo os homens, aqueles que nós insistimos em chamar de gente. Eles são tão confusos, tão ridículos, tão arrogantes, tão hipócritas, tão blábláblá. Nem me atrevo a tentar desvendar essa espécie primitiva de gente. Por Merlim, homens são muito complicados.

Desviando minha atenção desses seres estranhos, fico observando um mosquito voar. Devo estar passando mal, porque ninguém em sã consciência fica parado no tempo observando um mosquito. Exceto Hermione Granger. E ainda fico planejando o voo desse inseto insignificante... Avada Kedavra.Mato-o. Preciso descontar toda a raiva e a tristeza em algo.

Uma moleza anormal invade meu corpo. Acho que não é bom sinal. Começo a sentir mais frio do que antes, o que é estranho porque só tem janelas nos quartos. Encolho-me como se fosse um novelo de lã, o brinquedo favorito de um gato. E o gato que brinca com esse novelo é Ronald Weasley.Droga, por que toda vez que fasso uma comparação lembro-me dele? Talvez seja porque tudo nessa minha vida é ele, nada mais.

Meus olhos começam a pesar. Entrego-me ao sono e permito que a escuridão que vejo ao fechar os olhos me leve para qualquer lugar. Formas estranhas tomam conta do meu pensamento. As vezes vejo coisas vermelhas, as vezes azuis. Mas tudo sempre lembra uma única pessoa: Ron. Não me preocupo em desviar a atenção, apenas permito que a lembrança de seu toque tome conta de meu ser, antes que isso tudo vire uma tragédia.

Hermione... Hermione... Hermione... Alguém está me chamando. Ele. Ron. Tenho certeza, é a voz dele. E um arrepio toma conta de meu corpo. É o toque dele. Algo me incendeia. O beijo. É o beijo, tenho certeza absoluta. Não sei bem o que está acontecendo, mas ele está aqui. Não sei de que maneira, mas ele está aqui comigo. E me beijando, e me abraçando, e me amando como nunca. Tudo está diferente. Não há magoas, muito menos a lembrança da maldita fotografia. Só há amor e tudo o que ele abrange.

Hermione? Hermione? Dessa vez está diferente. É ele? Não. É outra pessoa. Hermione, olha pra mim. E olho.

- Você está bem?

É Malfoy. Não sei bem por quê, mas estou vendo tudo girando. Não dormi, sei disso. É outra coisa. Então falo o inesperado:

- Ron...

- Pelas cuecas de Merlim!

Há algo errado. Malfoy me pega nos braços após tocar meu rosto. Ele está me carregando pelos corredores, só não sei para onde estamos indo.

- Ron... Eu preciso dele...

- Calma, Granger. Você vai ficar bem.

- Ron... - Falo novamente.

Passamos por várias pessoas que nos olham de forma estranha, como se eu estivesse com algum problema físico.

- Ron... - Minha voz sai fraca.

E finalmente alguém conhecido nos chama: Luna.

- O que aconteceu com ela?

- Lovegood... - Malfoy murmura seu nome. - Ela está com muita febra, está delirando.

Senti a mão fria de Luna tocar meu rosto.

- Devem ser zonzóbulos... Ela vai ficar bem.

- Espero que sim.

Ele volta a andar. Depois de corredores e mais corredores, chego a uma sala que ainda não tinha vindo por estar doente ou algo do tipo.

- Madame Pomfrey! - Malfoy grita.

- O que houve, filho?

- Ela está com muita febre.

Sinto minhas costas pousarem na cama. Malfoy afasta-se um pouco, mas seguro sua mão e puxo-o para perto.

- Não vou sair daqui. - Sua voz tem tensão pura.

- O que ela fez hoje?

- Não compreendo sua pergunta, madame Pomfrey.

- O que a atingiu física ou psicologicamente?

- Bom, ela não comeu nada e brigou com o namorado. E estava delirando agora há pouco.

- O que ela dizia?

- O nome do namorado.

Embora meu estado não seja normal, percebo seu tom de tristeza.

- É isso então. A febre é por causa do problema psicológico. Ela passará a noite aqui sobre meus cuidados.

- Posso ficar?

Há uma pausa. Ela o observa por um tempo depois diz:

- Sim.

Madame Pomfrey some por um tempo.

- Ron... - Falo novamente.

- Não, Hermione. Não é o Ron. Você sabe quem está com você.

Mesmo estando em péssimo estado, o fato de ele ter mencionado meu primeiro nome não passa despercebido.

- Eu preciso dele, Malfoy.

- Desculpe, mas eu que ficarei com você.

Ele aperta minha mão. Sinto-me segura. Não sei como Draco Malfoy pode me transmitir segurança, mas transmite. Um cobertor pousa sobre mim - colocado por madame Pomfrey.

- Preciso de um favor seu, querido.

- Qual?

- Pegue uma muda de roupas quentes para ela.

- Não. - Falo entredentes.

Os olhos de ambos voltam-se para mim.

- É pro seu bem, Hermione. - Malfoy fala.

- Não, Draco. Você acabou de dizer que ficaria comigo.

Ele dá um leve sorriso ao perceber que mensionei seu primeiro nome. Seus olhos piedosos me fitam. Não é necessário uma resposta verbal, sei que ele não sairá daqui.

- Bom, acho que eu mesma terei que fazer isso.

Continuo encarando-o enquanto ouço madame Pomfrey caminhar para fora da enfermaria. Sei que há pouco critiquei essa rara espécie - a masculina - mas não posso negar que os homens são sempre cuidadosos e carinhosos quando mais necessitamos.

- Estou com frio... - Murmuro.

- É a febre. Vai passar.

Draco passa os dedos carinhosamente por minha bochecha, deixando-me sem jeito.

- Sei que isso é estranho, Hermione, mas agradeço a você por existir.

Sorrio. Realmente é estranho, mas pouco importa.

- Gosto muito de você, embora não pensasse assim há um ano e meio atrás.

- Que bom que sua opinião ao meu respeito mudou.

Seus lábios tocam meu rosto carinhosamente. Não é preciso que ele diga mais nada: sei que cada palavra é verdade.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado.
Opiniões, sugestões, criticas??
Quero reviews!! kkk'
Beijos, Gabrielaa & gaabslunetta.