Meu Amado Monitor escrita por violetharmon


Capítulo 37
Capítulo 37 - Eu Nunca Disse Adeus


Notas iniciais do capítulo

Olá, galera! Estamos de volta :D
Nossa previsão era postar dia 25, hoje é dia 24, então estamos dentro do prazo rsrsrs!
Esse cap é grande, vai compensar muitas coisas. Esperamos que gostem, de coração, porque foi MUITO difícil escrever ele, vocês entenderão o motivo depois.
Boa leitura!



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Narrado em terceira pessoa

Haviam se passado dois meses e meio - era março, o calor do sol agradava a todos. Embora todo esse tempo tivesse passado, algumas pessoas sentiam como se apenas poucas horas houvessem caminhado. 

E Minerva McGonagoll era uma dessas pessoas. A respeitada diretora da Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts estava com os pensamentos inebriados, tanto por problemas pessoais como por problemas pessoais. Mas havia um assunto em especial que envolvia a ambos os lados: Blásio Zabini. 

O rapaz era muito mais do que um aluno, era um filho que Minerva deixara há 19 anos. O filho dela e de Voldemort. O filho do demônio. Ela tentara resistir, mas não fora possível. Voldemort dissera que, caso ela viesse a engravidar, queria que a criança seguisse seus passos, que viesse para o lado das trevas e desse continuidade ao que ele iniciara. Mas ela não podia fazer isso com uma criança inocente, ela não podia preparar seu pequeno e indefeso filho para seguir os passos do bruxo mais maligno, cruel e sedento de poder de toda a história. 

No entanto, agora que tudo havia acabado, Minerva almejava mais que tudo revelar ao rapaz suas verdadeiras origens. Mais do que isso: ela desejava poder cuidar dele como uma mãe. Ela o fizera às escondidas durante os anos que o filho vem passando em Hogwarts. Vê-lo entrar para a Sonserina - a Casa do pai - não a agradou, tampouco suas atitudes diárias. Mas seu segredo era superior a tudo - às suas vontades, aos seus quereres de mãe -, ela não podia revelar o que escondia devido aos seus caprichos; sem contar que a segurança de Blásio estava acima de qualquer desejo seu. 

Minerva conversara com David e Louise Zabini há uma semana. Após uma intensa conversa e uma relutância absurda, os Zabini concordaram que Blásio deveria saber a verdade; afinal, tratava-se dele. Mas Minerva não sabia como e muito menos por onde começar. Seria um choque muito grande para o garoto descobrir que é adotado, veja lá saber que é filho de Voldemort. No entanto, agora que estava determinada a contar a verdade para Blásio, Minerva não podia recuar. Desistir a essa altura do campeonato não era do seu feitio. 

E esse rapaz tão jovem estava caminhando pelos jardins de Hogwarts, desejando que todos os seus medos se dissipassem e todos os seus desejos se realizassem. Ele poderia estar com Pansy, mas ela estava com Emília Boostrode - e Blásio não se dava bem com ela -, por isso decidira caminhar um pouco. 

Durante seu trajeto, Blásio viu Ron e Luna sentados num banco - conversando, rindo, se beijando. Eles deram um aceno para Blás, que retribuiu. O Sonserino só queria ter um relacionamento como o deles, seria pedir demais? Ele só queria poder ser agraciado com algo tão bom quanto o amor. Ele sentia isso em seu coração e sabia que Pansy também sentia, mas ela lutava tanto contra aquele sentimento… 

Blásio sentia necessidade de estar com Pansy. Ao contrário do esperado, ela não era a pessoa que bagunçava tudo, que o deixava sem rumo, que desnorteava sua vida; Ela era a pessoa que dava sentido a tudo, o norte de sua bússola, a base para sua vida. Ele sabia que era amor, tinha certeza disso. Mas ficava em dúvida se ela conseguia ver o quanto o sentimento entre eles era bom e maravilhoso. 

Enquanto caminhava de volta para o castelo, Blásio imaginou se não deveria ir ficar com Pansy mesmo que Emília estivesse por perto. Afinal, Pansy precisava de alguém literalmente forte por perto. A Sonserina já estava com oito meses de gestação, uma barriga enorme a acompanhava. A qualquer momento era possível que a bolsa estourasse, sem contar com as contrações. Decidiu, então, que deveria permanecer ao lado dela. No entanto, enquanto retornava à sala comunal da Sonserina, encontrou uma pessoa. 

- Olá, sr. Zabini. 

- Diretora. - Blásio a cumprimentou educadamente. 

- Podemos conversar? 

A diretora estava visivelmente nervosa, mas permaneceu firme em seu propósito. 

- Claro. 

Ambos seguiram para a sala de Minerva. Blásio ocupou a cadeira que ficava exatamente em frente a ela, então esperou que a diretora começasse o assunto. 

- Blásio, o assunto que tenho para tratar com você é muito delicado. 

- Sobre o que é? Pansy? Meus pais? - Blásio sobressaltou-se. 

- Acalme-se. - Minerva ajeitou os óculos e, olhando fixamente nos olhos do Sonserino, proferiu: - É sobre você. 

O rapaz arregalou os olhos, surpreso. Ele não fizera nada de errado nos últimos dias. Fizera? 

- Blásio, você já esta com dezenove anos e, por assim dizer, já é adulto. Então é capaz de entender muitas coisas que não entenderia há dez anos atrás. 

O rapaz estava completamente confuso, tanto pelas palavras da diretora como com seu excesso de pessoalidade - como, por exemplo, chamá-lo pelo primeiro nome. 

- Então, Blásio, eu estou aqui para lhe dizer uma coisa que você não sabe ao seu respeito. 

- A senhora está começando a me assustar. 

A mulher inspirou profundamente, inclinou-se para a frente e disse lentamente: 

- Querido, você não é filho de quem pensa, você é adotado. 

Aquelas palavras foram extremamente pesadas para Blásio, foi como se um elefante houvesse caído sobre ele. Seus olhos arregalaram-se de surpresa - e de medo do que viria a seguir. 

- Como assim? - Ele perguntou para si mesmo, depois dirigiu-se a diretora: - Então quem são meus pais biológicos e por que David e Violet Zabini não estão aqui para me contar isso? Por que é a senhora quem está me dizendo isso? 

Minerva não se deixou intimidar pelas perguntas de Blásio. Olhando firmemente nos olhos negros do rapaz, ela falou: 

- Eu sou sua mãe biológica, Blásio, e é por isso que eu estou te dando essa notícia. 

Mas a expressão no rosto de Blásio a fez temer que ele a rejeitasse, que ele não aceitasse os fatos, que ele saísse correndo daquela sala e não mais voltasse. Entretanto, ele se recompôs e perguntou em voz baixa e trêmula: 

- E quem é meu pai? - Ele iria completar a frase com o "biológico", mas preferiu deixar como estava. 

- Essa é a parte mais complicada. 

Blásio a interrompeu: 

- Não importa. A senhora começou, agora insisto que termine. 

Ela suspirou.

- Pois bem… Seu pai é Tom Marvolo Riddle. - Minerva proferiu com firmeza, sem se deixar dominar pelo medo que lhe corroía as entranhas. 

O Sonserino empalideceu no mesmo instante, ele precisou piscar algumas vezes e se beliscar para acreditar no que estava ouvindo. Quer dizer, isso era realmente possível? Minerva McGonagoll e Lord Voldemort juntos? Não parecia nem um pouco real. 

- A senhora só pode estar brincando comigo… - Ele disse com um sorriso desconfiado nos lábios. 

A falta de pessoalidade com que Blásio agia a perturbou. Ela acabara de dizer que era mãe do rapaz e ele pareceu ignorar completamente a questão. Mas ela não poderia exigir que ele a chamasse de "mamãe" logo de cara - seria muita falta de tato. 

- Eu não estou brincando, Blásio. - Ela disse seriamente. - Estou te dizendo a mais pura verdade. 

Ele balançou a cabeça negativamente, depois levantou-se com brusquidão. 

- Aonde você vai? - Ela perguntou, levantando-se, e estendeu a mão brevemente para ele, como se quisesse segurá-lo. 

- Sei lá, pra qualquer lugar onde haja uma conversa mais sensata. A senhora queria que eu fizesse o quê? - Ele perguntou com os olhos cerrados e uma expressão de puro sarcasmo.

- Quero que ouça a história completa. Depois, você pode ir para onde quiser, desde que seja dentro dos terrenos de Hogwarts. 

Relutante, Blásio se sentou. A verdade é que não fazia sentido sair dali sem saber toda a história. 

- Pode começar. 

Minerva fixou os olhos nele de uma forma que o Sonserino não conseguiu desviar. Então, calma e firmemente, ela começou: 

- Era apenas para ser uma visita, uma visita na qual eu pediria a ele piedade pelo mundo mágico. Mas a conversa acabou levando um rumo diferente, e não deveríamos ter chegado ao ponto que chegamos... Então, quando a ficha caiu, estávamos nos beijando com uma ferocidade inacreditável, um desejo descomunal... Eu jamais esperaria aquilo de mim... - Ela passou os dedos pelas lágrimas. - De manhã, quando acordei, ambos estávamos no tapete da sala e cercados por Nagini. Então ele me disse "Se não passar de uma transa medíocre, quero que a criança seja criada para ser meu descendente", mas eu não podia permitir que uma criança inocente fosse criada para o mal. Então, quando descobri que estava grávida, disse a Dumbledore que precisava de umas férias e viajei para a Rússia. Você nasceu lá, Blásio, mas adulteramos sua certidão de nascimento e colocamos sua nacionalidade como inglesa. Mas eu não podia criá-lo, então entreguei você a uma grande amiga: Louise Zabini. Você recebeu uma criação excelente e eu precisei fazer o máximo possível para não permitir que as pessoas descobrissem a verdade. Exercitei minha oclumência para que Voldemort não descobrisse, e obtive sucesso. - Ela deu um longo suspiro, estudando Blásio.

O rapaz estava chocado, assim como Hermione ficou ao descobrir. De fato, não era uma história nada agradável. 

- Querido, me entenda, por favor? Eu não podia deixar você à mercê de um destino tão terrível. 

Mas Blásio quase não estava ouvindo. Ele estava muito ocupado processando o resto da história. Quer dizer, como algo tão absurdo podia ter acontecido?! 

- Já posso ir embora? - Ele murmurou. 

Minerva ficou um pouco desapontada com a pergunta do filho então, antes de responder, perguntou: 

- Está tudo bem com você, querido? 

- Sim, só me deixe sair daqui, por favor? Eu preciso entender tudo isso, é muita informação para minha cabeça. 

- Tudo bem. - Ela abaixou a cabeça, sustentando-a com as mãos, os cotovelos apoiados sobre a mesa. Não sabia o porquê, mas esperava que o filho viesse até ela e lhe desse um abraço. 

Mas isso não aconteceu. Blásio apenas saiu, deixando-a com seus pensamentos atordoados. 

Ele precisava ir para a sala comunal da Sonserina. Algo dentro de si dizia que Pansy estava precisando dele. Chegando lá, correu para o dormitório feminino, em direção a onde Pansy estava. Mas, para seu alívio, ela estava conversando tranquilamente com Emília - em suas mãos o livro de poesias que Hermione lhe dera. No entanto, ambas pararam de falar ao verem Blásio.

- Tá na minha hora. - Disse Emília, retirando-se do cômodo. 

Blásio caminhou alegremente até Pansy e sentou-se na cama, em frente a ela. 

- Como está? - Ele perguntou, tocando a mão da garota. 

- Bem… - Ela sussurrou, os olhos focados em suas mãos entrelaçadas. 

Os olhos cor de âmbar do rapaz a observaram minuciosamente. Era óbvio que Pansy estava um pouco receosa - mas receio pelo quê? 

- Me diga logo o que está havendo, Pansy. 

Ela correu seus olhos verdes por todo o cômodo, mas não os parou em Blásio. A única coisa que ela não precisava era ter que olhar diretamente para ele. 

- Estou com medo. - Foi apenas um fio de voz, um sussurro quase inaudível. 

- Do quê? - Blásio aproximou-se mais dela, agora segurando as duas mãos da Sonserina. 

Uma lágrima fina escorreu pela pele de pêssego de Pansy. 

- Da dor… Do parto… De ser mãe… - Mais duas lágrimas. - De tudo, Blás, estou com medo de tudo. 

Ele a abraçou - a enorme barriga de Pansy aconchegada entre os dois - e disse: 

- Eu estarei com você, eu irei te ajudar a passar por tudo isso, se você permitir. 

Pansy desatou a chorar. A gravidez mexera muito com seus hormônios. Dias atrás ela se pegara chorando porque uma folha se desprendeu da árvore. Mas agora o choro era por um motivo obviamente aceitável. 

Ela ergueu o rosto e, olhando nos olhos de Blásio, suplicou: 

- Me perdoe, por favor…? Eu não fiz por mal, eu… 

- Espera. - Blásio a interrompeu. - Do que você está falando? 

Mais lágrimas escorreram pelo rosto da garota. Ela não sabia como falar aquilo, mas precisava falar. 

- Ele… - Pansy colocou as mãos sobre a barriga. - Ele é seu. 

Os olhos de Blásio se arregalaram. Como se não bastasse descobrir que era adotado, agora estava descobrindo que… 

- Ele é meu filho? 

Pansy concordou com um meneio de cabeça, depois voltou a dizer: 

- Por favor, por favor, me perdoa? Blásio, por favor… 

Ele se levantou e caminhou até a janela. Nada parecia fazer sentido, desde o começo de seu dia nada estava exatamente como deveria ser. Primeiro descobrira que era adotado, depois que seus pais eram Minerva McGonagoll e Tom Riddle e, para completar o pacote, a mulher mais importante da sua vida acabara de dizer que ele seria pai. Numa circunstância normal ele daria pulos de alegria e comemoraria, mas essa história envolvia muito mais. 

- Por que você mentiu, Pansy? Por que disse que o filho é de Draco quando, na verdade, é meu? 

A garota se levantou com dificuldade, caminhou até ele e desembestou a falar coisas sem pé nem cabeça. 

- Eu não sei… Talvez ele me aceitasse de volta… A criança… Ahh, é tudo tão estranho, tão confuso… Eu queria te contar… - Ela agarrou os cabelos, desesperada. - Eu não podia… Minha mãe ficaria furiosa se… 

- Se o que? Se admitisse que está amando alguém? - Blásio havia alterado o tom de voz, o que deixara a garota com medo. 

- Por favor, pare! Pare de falar nisso, pare com isso! 

Blásio ia abrir a boca para dizer sabe-se lá o que, mas Pansy envolveu a barriga e fez uma expressão de dor. 

- Pansy? - Ele segurou os braços dela. - Pansy, o que houve? 

Mais nada precisou ser dito, a situação falava por si só: a bolsa rompera - a saia molhada de Pansy gritava isso. 

- Eu voi levar voce par ala hospitalar.

Pansy começou a gemer de dor e soube que era a hora. A criança nasceria em pouco tempo. 

Blásio a pegou com velocidade e maestria e com as mesmas habilidades a levou para a ala hospitalar. Madame Pomfrey correu apressadamente até os jovens e disse:

- Oh, por Merlim! Eu irei comunicar à diretora. VIOLET! - Ela gritou pela outra médica, que apareceu em poucos instantes.

- Sim? - Então, sem precisar de resposta, Madame Violet olhou para Pansy e instruiu que Blásio a colocasse numa das camas. 

Ainda gemendo de dor, Pansy segurou a mão de Blásio com toda a força que podia e pediu:

- Chame Draco e Hermione, por favor… 

Blásio não sabia exatamente o que fazer. Ele queria ficar com Pansy. 

- Agora, Blás, por favor, por favor…

Sem pensar, Blásio deu um beijo - um beijo de verdade - em Pansy e saiu correndo em busca de Draco e Hermione. Felizmente encontrou ambos no salão principal. Ofegante, Blásio disse:

- Pansy quer ver vocês… A bolsa estourou… 

Os três jovens correram em direção à ala hospitalar. Chegando lá, as coisas já estavam parcialmente preparadas para o parto. Hermione aproximou-se de Pansy e, segurando sua mão, disse:

- Vai dar tudo certo, vai ficar tudo bem.

- Ouça… - Ela murmurou com esforço. - Draco, você também. - Draco colocou-se ao lado de Hermione. - Me desculpem, por favor… Eu não fiz por mal… 

- O quê, Pansy? - Draco perguntou, confuso. 

- O bebê… Ahhh! - A dor aumentava a cada instante. No mesmo momento que Pansy gritou, Blásio olhou para o lençol sob ela e assustou-se. 

- MADAME VIOLET, ELA ESTÁ SANGRANDO! 

Pansy entrou em desespero após ouvir as palavras de Blásio. Ela começou a chorar ainda mais - devido também à dor. Então, sem perder tempo, apertou a mão de Hermione e disse: 

- Hermione, ele é… ele é filho do Blás. 

Hermione e Draco ficaram chocados. Quer dizer, a notícia fazia sentido? Para Blásio, sim. Ele se pegara pensando sobre isso uma vez - fizera as contas de agosto para cá -, mas não deixou de entrar em choque ao descobrir. 

- Draco, eu juro que pensei… que era seu… - A garota arquejava de dor. - Só descobri que não era… ahh… depois que o médico disse, naquela consulta, que o bebê estava com quatro meses. - Ela parou e respirou fundo. - Por favor, me perdoe… 

Draco olhou intensamente nos olhos dela e disse:

- Não é hora de pensar nisso, Pansy. Você precisa de força, agora mais do que nunca. 

Em seguida, Madame Pomfrey chegou acompanhada de Minerva. 

- Querida, tenha calma. - Minerva pediu a Pansy. - Vai dar tudo certo. 

Blásio se afastou um pouco com a aproximação de Minerva, mas procurou não deixar transparecer que ainda estava em choque com a revelação. Sem contar que o mais importante era Pansy. 

- Draco, Hermione, me perdoem, por favor? - Pansy suplicou.

- Deixe isso pra depois, Pansy. - Draco disse. 

Arfando, Pansy insistiu: 

- Eu preciso da resposta de vocês agora… Ahhh! 

Eles se entreolharam, tiveram uma breve conversa silenciosa. Finalmente, Draco falou:

- Pansy, se tem uma coisa que aprendi nessa vida é a perdoar. Fique tranquila quanto a isso. 

- Preciso que se retirem. - Madame Pomfrey disse. 

Draco e Hermione saíram, deixando Blásio com Pansy. 

- Blásio, se alguma coisa der errado, quero que nosso filho se chame Matthew. 

- Que história é essa, Pansy? Eu tenho certeza que nada vai acontecer. 

A garota respirou fundo algumas vezes, ainda em pranto, depois disse: 

- Estou sentindo, Blás… Não vai dar certo. 

Os olhos negros de Blásio se encheram de lágrimas. 

- Nem diga uma coisa dessas. 

- Eu te amo. 

Blásio a beijou com todo o amor que podia, e dessa vez Pansy não mostrou resistência. Ela sabia que não podia resistir, não dessa vez. Quando se afastaram, ela murmurou:

- Lembre-se: eu nunca disse adeus. 

Ele não entendeu o que ela quis dizer, mas saiu da sala, deixando-a nas hábeis mãos das médicas. 

No corredor, Hermione não sabia o que pensar, muito menos o que dizer. Draco sentia-se aliviado por si e feliz por Blásio, mas não sabia porque se sentia um pouco incomodado. Quer dizer, ele sabia - de certa forma -, Pansy mentira para ele, mesmo tendo descoberto a verdade depois ela devia ter contado logo que a ficha caiu. 

- Draco - Hermione apertou sua mão -, será que vai dar tudo certo? 

- Claro que sim, Pansy é muito forte. 

Naquele mesmo instante Gina, Harry, Ron e Luna chegaram. 

- Mione, vimos o quanto Blásio estava aflito quando foi falar com vocês no salão principal, o que houve? - Gina perguntou, esbaforida de tanto correr. 

- O bebê de Pansy está quase nascendo. - Ela respondeu.

- Espera… - Luna disse. - Ela já completou nove meses? 

- Não, ainda não. - Blásio disse ao alcançá-los. - Mas a partir do oitavo mês os bebês podem nascer a qualquer momento. 

Animado, Harry disse:

- Parabéns, Draco. Acho que você está muito feliz. 

Bom, obviamente Harry estava perdendo algo. Draco e Blásio se entreolharam, então o moreno disse:

- O filho é meu. - E sorriu. 

Os quatro ficaram embasbacados, sem saber o que dizer - e o que pensar. 

- Como assim, cara? - Ron perguntou. 

Ainda alegre por saber que seria pai, Blásio murmurou: 

- Uma longa história… 

Mas Luna percebeu que havia algo diferente no ar, algo além dessa descoberta, então perguntou: 

- Algum problema, Blásio? 

Blásio não queria dizer aquilo em voz alta, não queria confessar o que estava sentindo. Ele já ouvira dizer que desabafar era bom, que compartilhar os sentimentos trazia leveza e um pouco de calmaria, mas ele não estava preparado. Então não respondeu nada, ficou apenas sob o olhar preocupado de Luna - a Ravina não se importou por não obter resposta, tinha uma leve impressão de que sabia o que era. Ele estava com medo: Blásio tinha medo do que estava por vir. Ele mesmo vira o sangue sob o lençol, ele mesmos vira o desespero nos olhos de Pansy e, mais do que isso, convivera com ela durante todo o período da gestação e viu quantas vezes ela passou mal. 

Seus amigos falavam, riam com a alegria de ter um bebê por perto. Mas Blásio não prestava atenção; Ele só tinha seus pensamentos conectados à moça que estava na ala hospitalar, gritando de dor, suando de tanto esforço e, acima de tudo, com medo do futuro. Ele só queria poder estar ao lado dela, segurando sua mão, dizendo que ficaria tudo bem, que não tinha com o que se preocupar. Contudo, ele precisava estabilizar sua mente antes de pensar em ajudá-la a estabilizar-se. Tudo estava acontecendo tão rápido, de formas tão inusitadas, que ele não sabia mais para onde ir. 

Sua mente estava amontoada de coisas relacionadas à sua vida pessoal. Seus pais biológicos eram Minerva McGonagoll e Tom Riddle - uma combinação completamente fora do normal -, algo que ele não sonhara nem em seus sonhos mais anormais e sem sentido. E ele seria pai dentro de poucos instantes, uma criança iria chorar em seus braços e também iria sorrir, ele ajudaria a trocar fralda, ensinaria a andar e falar, iria advertir quando necessário, ele iria educar uma nova vida. Então ele pensou no quão semelhantes as situações eram, de certa forma. Se Pansy não tivesse contado nada, seu filho cresceria achando que era filho de outra pessoa e quando descobrisse suas verdadeiras origens ficaria completamente perdido - e era assim que Blásio se sentia. Então, aliviado, agradeceu mentalmente por Pansy ter tido a coragem de contar a verdade. 

Passos apressados foram ouvidos, então Minerva surgiu. 

- Alguma novidade, diretora? - Gina apressou-se em perguntar. 

- Ainda não, srta. Weasley. - Ela lançou um olhar automático para o filho. - Quero apenas pedir a vocês para não espalharem nada a respeito do nascimento, não por enquanto. Não queremos mais pessoas pelas redondezas da ala hospitalar, o.k? 

Os alunos confirmaram com um meneio de cabeça. Após receber a resposta, ela perguntou a Blásio:

- Posso falar com você um instante? 

Eles se distanciaram do grupo de alunos, indo para o final do corredor. Blásio quase se esquecera que sua mãe o chamara para conversar, quase. 

- Filho, quero pedir que fique tranquilo, dará tudo certo. 

Blásio direcionou os olhos para ela e pediu: 

- Não me chame de "filho". 

Constrangida, Minerva disse:

- Tudo bem… Você tem o direito de me pedir isso. 

Lutando contra sua ansiedade, ele perguntou:

- Como Pansy está? E o bebê? 

- Está tudo correndo como deve ser. 

Blásio notou a falta de informação em sua resposta, ele sentia que algo estava errado, então pressionou:

- Me diga a verdade. 

Um suspiro longo escapou da diretora. Ela não sabia se deveria dizer o que realmente estava acontecendo, apenas pioraria o estado do filho - que já estava extremamente nervoso. Cautelosamente, ela disse: 

- Blásio, você viu que ela estava sangrando, certo? - Ele concordou com a cabeça. - Isso pode trazer algumas complicações, mas peço que não se desespere. 

Algo no fundo de seu coração o estava aterrorizando. Ele não conseguia seguir o que Minerva dizia, não conseguia ficar calmo diante dessa situação - ainda mais porque vira que Pansy estava sangrando. Talvez, se não tivesse visto, poderia ficar mais tranquilo, mas agora já era tarde. 

- A senhora já disse tudo que tinha pra me dizer? - Ele perguntou, a voz sem emoção. 

- Sim. 

Então Minerva viu seu filho se distanciar e juntar-se aos seus amigos. Ela queria poder tê-lo abraçado, confortado-o como qualquer mãe o faria. No entanto, ela não podia pressioná-lo, ainda mais diante dessa situação. Ela não podia se aproveitar desse momento de angústia para se aproximar dele - a não ser que ele desse liberdade. 

- Blásio, você precisa de alguma coisa? - Hermione perguntou gentilmente quando o amigo se juntou a eles. 

- Não, obrigado… 

Mas ele precisava sim de algo. Precisava estar ao lado de Pansy, precisava dela, precisava estar com ela para transmitir-lhe segurança. Mas não, ele estava ali, parado num corredor e esperando por notícias. 

Quanto mais esperava, mais ansioso ficava. Blásio viu passar uma, duas, três horas e nada de notícias. Hermione lhe dissera que partos normais tendiam a demorar algumas horas, mas isso não o deixara mais aliviado. Toda aquela demora só piorava a situação cada vez mais. Então, quando já estava quase explodindo de angústia, Minerva surgiu a passos apressados. 

- Nasceu! - Ela exclamou com um sorriso no rosto, mas Luna reparou que a alegria de seu sorriso não correspondia com o que estava em seus olhos. 

Sem esperar por mais nada, Blásio saiu correndo em direção a Pansy e ao seu filho. Ele só queria poder beijá-la e abraçar o bebê, ele só queria poder compartilhar momentos com eles, só queria poder aproveitar ao máximo cada segundo da nova vida que estava para começar. Então, ao adentrar na sala fria, viu que Pansy estava pálida. 

- Meu amor, vocês conseguiram! - Ele murmurou ao se aproximar dela. 

Pansy, no entanto, abriu os olhos com dificuldade e disse tão baixo que quase não se podia ouvir: 

- Cuide dele… 

- O quê? - Blásio não entendia. - Não, nós cuidaremos dele. Juntos. 

A cabeça de Pansy se moveu minimamente em sinal negativo. 

- Você cuidará dele. 

O choro do bebê ecoou pelos ouvidos de Blásio, mas ele só tinha olhos para a moça que perdia a cor do rosto perante si. 

- Blásio, eu amo você, sempre amei e sempre amarei. E peço que me perdoe por não ter admitido isso antes. - Uma lágrima escorreu pelo rosto dela. - Agora peço que siga em frente, que dê todo o amor ao Matthew e que diga a ele que eu nunca disse adeus. 

Um barulho: o aparelho que indicava a frequência cardíaca de Pansy fez um piii contínuo. Uma dor: os olhos da garota perderam o brilho que um dia tiveram, a pele já não possuía mais cor, o sorriso já não mais existia. 

- Pansy, não… - Blásio urrou, depois a beijou como se ela ainda estivesse viva. - Por favor, não… Por favor… 

Ele sentiu lágrimas correrem por seu rosto enquanto contemplava o amor de sua vida. Ela estava morta, ela nunca mais voltaria. Então por que ela disse "eu nunca disse adeus"? 

Relutante, Blásio fechou os olhos mórbidos de Pansy. Aquele era o fim. 

- NÃÃÃÃO! - Ele gritou, sem acreditar no que estava fazendo. 

Blásio agarrou-se ao corpo inanimado de Pansy e começou a chorar como nunca chorara antes. A dor da perda o estava consumindo, pensamentos soturnos aterrorizavam sua mente. Apenas quem conhece a dor de perder alguém poderia entender o que Blásio estava sentindo. As pessoas são insubstituíveis, seus lugares nunca podem ser preenchidos, principalmente o lugar da pessoa que mais amamos na vida.

Ele sentiu uma mão feminina pousar em suas costas - era Madame Pomfrey. 

- Por favor, querido, vá lá pra fora. 

- Não, não, não… - Ele murmurou. Tudo o que Blásio não queria era ter que sair daquela sala e enfrentar os olhares curiosos de seus amigos. 

- Precisamos cuidar do resto, sr. Zabini. Por favor? 

Vencido por Madame Pomfrey, Blásio saiu do cômodo. Lá fora, no corredor, Hermione correu para ele e perguntou:

- O que houve? Por que está chorando? 

Blásio ignorou a pergunta de Hermione. Ele não queria tocar naquele assunto, já bastava a imagem de Pansy perdendo o brilho perante seus olhos. Em vez de abraçar um de seus amigos, ele olhou para Minerva e pediu: 

- Mãe, me abraça… 

O grupo de alunos se entreolhou, sem entender, com exceção de Hermione e Draco, que já tinham conhecimento sobre esse fato. 

Sem hesitar, Minerva abriu os braços e acolheu Blásio. Seu coração de mãe sofreu tanto quanto o dele. Ver o filho chorar em seus braços por perder a mulher amada era quase como se ela o houvesse perdido. 

Blásio agarrou-se à mãe com toda a força que tinha, tentando espantar a visão que tivera há poucos instantes. Ele jamais esqueceria do momento que viu os belos olhos verdes de Pansy perderem a vitalidade.

Mais tarde, já sabendo do ocorrido, Gina, Ron, Harry e Hermione estavam entristecidos na sala comunal da Grifinória. Parecia que a ficha não caíra. 

Com os olhos grudados na lareira, Gina murmurou: 

- Não acredito que não iremos fazer guerra de ovos, farinha e chantilly… - E abraçou Harry, as lágrimas rolando por seu rosto. 

Nem um dos três tivera o mesmo contato que Hermione tivera com Pansy, mas todos sentiam a ausência dela igualmente, como se uma amiga de longa data houvesse partido. Hermione, que ainda não derramara uma lágrima, começou a chorar desenfreadamente. A preocupação dela era com Blásio e o bebê, Blásio precisaria de ajuda. 

- Gente, e agora? Como vai ficar? - Ela sussurrou.

- Como assim? - Ron perguntou, sem entender. 

- Blásio e o bebê… Quer dizer, eles não terão Pansy para ajudar e exercer seu papel de mãe. 

Ninguém soube dar a resposta, era um futuro sobre o qual nenhum deles teria conhecimento até que a hora chegasse. 


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Notas finais do capítulo

Eu, Gabi, confesso: chorei com o cap. E quero saber se vcs sentiram a mesma sensação estranha que eu >.< Gente, foi terrível pra nós duas ter que fazer o que a gente fez, mas isso estava nos nossos planos desde que a Gabs teve a ideia da gravidez... Bom, nossa intenção era fazer não com que vcs ficassem aliviados com a morte da Pansy, mas sim que sentissem um pouco de tristeza, por isso desenvolvemos bastante a história dela.
ps: ficamos lisonjeadas com os reviews do cap anterior, esperamos o mesmo dos reviews desse.
Beijos sabor nenhum, porque estamos de luto >.