Meu Amado Monitor escrita por violetharmon


Capítulo 21
Capítulo 21 - Lembranças Perdidas


Notas iniciais do capítulo

Oii, amores. Como estão?
Esse capítulo é pequeno em relação a muitos, mas acho que é o suficiente :D
Espero que gostem!
Boa leitura.



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POV HERMIONE

Meu coração acelera. Minha respiração paralisa. Sinto as lágrimas formarem-se com uma velocidade inacreditável quando ele repete: 

- Quem é você? 

Percebo que ele não está brincando. E por que brincaria com algo tão sério? 

- Draco, sou eu, Hermione. 

Ele me observa da cabeça aos pés, prestando atenção nos mínimos detalhes, até mesmo nos bagunçados fios de cabelo. 

- Não me lembro de você.

Essas palavras me atingem como se fossem um milhão de adagas afiadas. Enquanto algumas lágrimas teimosas escorrem, aproximo-me dele e digo: 

- Draco, eu sou sua namorada, Hermione Granger. - Forço um sorriso. 

Seus olhos me percorrem mais uma vez. Depois, suas maravilhas tempestuosas estacionam em meus olhos castanhos. 

- Seu olhar é tão familiar, mas eu não sei quem você é. 

Lúcio aproxima-se do filho e diz: 

- Querido, lembra-se de mim? 

Draco, ainda com os olhos em mim, responde calmamente: 

- Claro, pai. 

Lúcio alterna seu olhar entre mim e ele. A voz da enfermeira nos interfere: 

- Chamarei o médico para que o avalie. 

- Muito obrigado. - Lúcio agradece. 

Assim que os três enfermeiros saem do ambiente, Lúcio diz: 

- Acho que vocês dois precisam conversar um pouco. Irei avisar à Minerva que Draco acordou e logo volto. 

Nem eu nem Draco dissemos uma palavra antes dele sair. Quando a porta se fechou, caminhei lentamente até ele e segurei sua mão. Ele correspondeu ao meu toque, prensando seus dedos contra os meus. 

- Você não se lembra de como é segurar minha mão? 

Senti o calor de sua mão, o fervor de seu toque. 

- Essa sensação... a do seu toque... é tão familiar. Mas por que diabos não consigo me lembrar de você? 

Seus olhos confusos beijam os meus com uma intensidade avassaladora. 

- Se não me reconhece, por que me olha como se eu fosse a única pessoa do mundo? 

Ele dá um sorriso levemente perturbado, depois difunde nossas mãos. 

- Não sei... é como se eu conhecesse você de algum lugar... Talvez dos meus sonhos. 

- Pode até ser. - Enxugo uma lágrima. - Mas e se não for dos seus sonhos, e sim da realidade? 

- Se é da realidade, por que eu não reconheço você? Por que? 

As lágrimas começam a escorrer com brutalidade pelo meu rosto. Sendo efeito da minha visão embaçada ou não, vejo-o chorar também. Como se fosse atraído por um ímã, ele ergue a mão direita e enxuga as lágrimas de meu rosto. 

- Queria tanto me lembrar de você... Uma garota tão linda, tão doce... Por que infernos não consigo me lembrar? 

- A vida sempre está estabelecendo dificuldades. Nós precisamos resistir, superar... Só assim conseguiremos alcançar a tão desejada felicidade. 

- E tão inteligente... 

Ele se senta na cama, aproxima-se um pouco mais de mim e me pede: 

- Por favor, me ajude a superar isso? 

Sem consegui dizer nada, apenas meneio a cabeça. Sou tomada pelas inúmeras e incontroláveis lágrimas que parecem apostar corrida em meu rosto. Sinto seus braços confortadores me envolverem, transmitindo-me uma sensação mesclada de paz e desespero. 

- Você precisa se lembrar de mim, Draco. Por favor, se lembre... 

Suas mãos se apertam mais em minha cintura. 

- Eu quero muito me lembrar de você, Hermione. Quero muito... 

Aperto meus dedos em suas costas, como se estivesse perdendo-o, como se ele estivesse... morrendo. 

- Amo-te. - Sussurro. 

- Gostaria de poder dizer o mesmo, mas não posso dizer sem ter nenhuma lembrança. Por mais que eu esteja sentindo meu coração pedindo para que eu te beije e diga que amo-te, meu cérebro não está funcionando. 

A contra-gosto, digo: 

- Tudo bem, não quero que me diga algo movido pela emoção. Quero que tenha a razão como principal fundamento. 

Não quero me afastar dele, mas também não quero ficar sofrendo, então permito que nossos corpos se desunam. 

Draco respira fundo e leva as mãos à cabeça. 

- Está tudo bem? - Pergunto. 

- Sim... Só está doendo um pouco...

Toco seu rosto apenas com a ponta dos dedos, o que não me impede de sentir o calor de sua pele. 

- Você se lembra de outras coisas ou só de seu pai? 

Ele dá um sorriso. 

- Lembro-me de minha mãe, Blás, Pansy, Goyle... Lembro-me também de Potter e dos Weasleys. 

Sinto uma pontada em meu peito. 

- Então se lembra de Harry, Ron, Gina... e não se lembra de mim? 

Seus olhos piedosos me fitam. 

- Desculpe. 

- Tudo bem...

Essas são nossas últimas palavras antes de Lúcio, Minerva, o doutor e a enfermeira entrarem. 

- Draco, você acordou! - Diz o doutor. - Fico muito feliz por isso. Teremos que fazer alguns exames para ver como seu sistema nervoso está, o.k.? 

- O.k. Quando serão os exames? 

- Ainda hoje. 

O doutor tira o estetoscópio do pescoço afim de ouvir o coração de Draco. 

- Respire fundo e prenda a respiração. 

Draco o obedece. Sinto um alívio gigantesco ao vê-lo inspirar, é como se um peso enorme fosse tirado de minhas costas. Vê-lo vivo, de olhos abertos... nenhuma sensação é comparável a essa. 

- Com licença. - Digo, depois saio. 

Tenho a sensação de ouvir Draco me chamar, mas não estou emocionalmente preparada para voltar. 

Vou para a lanchonete do hospital. Aproximo-me do balcão sem saber exatamente o que pedir. Meus pensamentos vagam um pouco e só retorno a mim quando a atendente me chama: 

- Querida, o que quer? 

Ergo os ohos e a encaro. Penso um pouco, depois digo: 

- Um café bem forte, por favor. - Apoio-me no balcão. - Quando custa? 

- Dois galeões. 

Procuro as moedas em meu bolso, depois pego-as e entrego à atendente. 

- Muito grata. - Digo. 

Sento-me à mesa mais próxima e enterro o rosto nas mãos. Preciso de tempo para processar tudo isso. Como é possível que ele se lembre de tantas pessoas menos de mim, Hermione Granger, a namorada dele? 

Perco a noção de quantos minutos passo com a cabeça baixa, com os pensamentos longe... Só volto para a realidade quando a garçonete toca meu ombro e diz: 

- Aqui está seu café. Deseja açúcar? 

- Não. - Respondo rapidamente. 

Não é normal uma pessoa recusar café com açúcar, eu sei, e esse fato só a faz me olhar de uma forma assustada. 

- A senhorita está bem? 

- Desculpe-me, mas isso não é da sua conta. 

Ela abaixa a cabeça e sussurra algo semelhante a um pedido de desculpas. Se eu estivesse em meu estado normal, até pediria que ela voltasse e pediria desculpas, mas não estou com cabeça para mais nada. 

Bebo o café num gole só, não estou para enrolações. Depois, volto rapidamente para o corredor onde Draco está e encontro Minerva do lado de fora da sala. Quando ela me vê, percebo que a alegria por ver Draco acordado logo se esvai. Ela anda lentamente até mim e me abraça. 

- Querida, imagino o que você está sentindo. 

Tomada por uma sensação indescritível de angústia, abraço-a de uma forma tão apertada e começo a chorar tão desenfreadamente que não me reconheço mais. Não sei mais se estou vivendo a realidade ou um pesadelo, se tudo o que estou sentindo é verdade ou mera ilusão. 

POV DRACO

Meu pai está falando tantas coisas, mas confesso que não estou prestando a menor atenção. 

Só quero saber por que não consigo me lembrar dela, por que? Se ela foi tão importante para mim como pareceu ser, então por que não consigo encontrar nenhuma lembrança sua em meu passado? Por que seus olhos e seu toque são tão familiares sendo que eu não sei que é ela? 

Gostaria tanto que ela estivesse aqui. Que eu pudesse ouvir novamente sua voz doce. Que eu pudesse tocá-la sem medo. Que eu pudesse me lembrar dela e fazê-la feliz. 

Mas por que tudo isso? Por que tanto sofrimento, tantos obstáculos? 

- Pai, o que aconteceu comigo? - Pergunto de repente. 

- Você sofreu um acidente e teve traumatismo craniano, querido. 

- E como foi o acidente? 

- Segundo a Granger, você caiu da sacada do quarto dos monitores, em Hogwarts. Lembra-se de Hogwarts e do quarto dos monitores, certo? 

- De Hogwarts, sim. Do quarto, não muito... - Raciocino por um instante. - Eu dividia o quarto com ela? 

- Sim. No começo, não gostou muito porque ela é uma... - Ele para. 

- Uma o quê? 

- Ela não tem sangue puro, é filha de trouxas. 

Espanto-me com essa notícia. Então quer dizer que a garota que me beijou enquanto eu estava atravessando a ponte não tem o mesmo sangue que eu?! 

- Sério, pai? 

- Sim. Mas ela já provou que o sangue não é o mais importante. 

Respiro fundo por alguns instantes. Confesso que saber isso não me animou nem um pouco. 

- Está se sentindo bem, Draco? 

- Sim, pai. Não se preocupe. 

Meu pensamento vaga por uns dois minutos, depois pergunto: 

- Onde estão Pansy e Blás? 

- Em Hogwarts. Eles vieram te visitar algumas vezes durante seu coma, mas a Granger veio muito mais vezes do que eles. 

- Verdade? 

Ele assente. 

- Pai, o que ela sente por mim... o senhor acha que é muito forte? - Arqueio uma sobrancelha. 

Papai anda até mim e senta-se ao meu lado. Enquanto dá leves tapinhas em minhas costas, diz: 

- Tão forte, tão forte que ultrapassa qualquer dificuldade. Tenho certeza de que ela te ama mais do que tudo, meu filho. 

- E eu? O que eu sinto por ela é comparável ao que ela sente por mim? 

Ele inspira fundo, depois toca meu peito esquerdo e diz: 

- As coisas do coração não são comparáveis, querido. Simplesmente as sentimos. Ao tratar de sentimentos, é impossível explicar ou comparar... - Uma pausa rápida. - E se você a ama, bom, só você pode dizer isso. 

- Eu me sinto atraído por ela, pai... como ímãs... Mas não consigo me lembrar dela. Por que? 

- Culpa desse maldito traumatismo craniano. - E soca o ar. 

- Calma, pai. Eu estou bem. Estou ótimo, na verdade. 

- Mas foi um mês de muito sofrimento filho. Fiquei surpreso com a tranquilidade com que sua mãe tratou isso. 

- Mamãe é médium. - Logo após dizer isso, levo a mão à boca. O que me fez pronunciar tais palavras? 

- Desculpe? - Ele franze o cenho. - Isso é verdade, mas nenhum de nós te disse isso. Como sabe? 

- Não sei. 

E não menti quando disse que não sei. Realmente não sei o que me levou a dizer o que disse. 

- Tem certeza de que não sabe...? - Ele deixa a frase no ar. 

- Pai, eu saberia se alguém tivesse me dito. Sei lá, foi intuição.

Será?, pergunto-me algumas vezes. 

- Quero descansar um pouco antes dos exames. - Digo. - Pode me deixar só ou então chamar a Hermione? 

Papai me observa por alguns instantes, como se estivesse me avaliando ou me... monitorando. 

- O.k. Se eu a encontrar, peço que venha aqui. 

Ele vem até mim e dá um tapinha em meu ombro. Retribuo com um sorriso fraco, tentando demonstrar que estou realmente cansado. 

Mas não estou. Quero apenas ficar sozinho, refletir um pouco... A única companhia a qual desejo é a daquela que eu não me recordo. Isso para que eu possa tentar recuperar essas lembranças perdidas que, aparentemente, são tão importantes. 

Fecho os olhos e concentro-me o máximo possível em minhas lembranças. Vejo meus amigos passarem por mim, minha família... Não posso deixar de ver o dia em que quase matei Dumbledore - esse dia jamais sairá de minha memória. Vejo também Voldemort, minha tia Bellatriz e outros bruxos das trevas. Lembro-me também de Dobby e do quanto fiquei triste quando soube que não o teria mais por perto. 

Embora não parecesse, eu era muito apegado a ele. Dobby também tinha muito apreço por mim. Costumava ficar com ele quando meus pais não estavam em casa, isso porque não era aceitável que um Malfoy ficasse conversando e rindo com um elfo doméstico. 

Uma imagem que fica fixa em minha mente por alguns instantes é a de minha primeira vez. Foi com Pansy e ambos estávamos com quinze anos - duas crianças. Não sei exatamente o que me levou a fazer isso com ela, só sei que fiz e não tem mais volta. 

- Mandou me chamar? - A voz melíflua de Hermione me desperta, mas me assusta. - Desculpe-me, não queria te assustar. 

- Relaxa. - Sorrio. - No entanto, isso não teria acontecido se tivesse um sininho na porta. 

O som de sua risada contagiante faz-me rir junto. Fala sério, minha tentativa de humor nem foi tão boa assim. 

- E, respondendo à sua pergunta, eu pedi para meu pai chamar você. 

Ela dá um sorriso tímido, depois pergunta: 

- O que quer? Precisa de alguma coisa? 

- Preciso. Preciso que me diga algo que eu fiz para você no passado e que te marcou muito. - Não deixo de olhar-lhe nos olhos em momento algum enquanto faço a pergunta. 

Seus olhos percorrem o quarto cuidadosamente. Sei que ela está pensando no que responder. Essa sua expressão é tão única, mas tão... conhecida. 

- O dia em que me chamou de... - Ela hesita, mas meus olhos a encaram de forma tão persuasiva que ela continua a frase: - De sangue-ruim pela primeira vez. Foi um dia que me marcou muito, Draco. Só eu sei o quanto chorei. 

Percebo que ela deixou escapar uma fina lágrima, que logo seca. 

Sentindo-me extremamente mal pelo que fiz, apresso-me em dizer: 

- Desculpe-me, por favor? Eu não devia ter dito isso. Bom, não me lembro do que houve e você sabe disso. E eu sei que está falando a verdade. Confio em você. 

Ela dá um sorriso um tanto quanto desafiador, depois...: 

- Como pode confiar em uma pessoa da qual não se lembra? 

Sem gaguejar, sem hesitar, respondo calmamente: 

- Sinto-me atraído por você, como se fôssemos ímãs. Eu sei que é estranho dizer isso, mas a minha intuição diz que você é uma das pessoas as quais mais posso confiar. 

Percebo que a fiz derramar várias lágrimas. 

- O que houve? Está tudo bem? - Preocupo-me. 

- Sim... - Ela se aproxima. - Você está sempre me fazendo chorar, Draco. Seja de tristeza, felicidade, raiva, alegria, amor... 

Sua mão pousa sobre a minha. Confesso que fico sem reação por dois ou três segundos, mas logo aperto seus dedos entre os meus. 

- Lembra-se do seu piano? - Pergunta. 

- Sim. Não vejo a hora de poder tocar novamente. 

- Aposto que não demorará muito. 

Por intuito, guio minha mão até seu rosto. Seus olhos me encaram de forma confusa, mas me apresso em responder de outra forma. 

Tomo-a num beijo cálido, simples. Mas sinto que é o suficiente para fazê-la arfar. 

As lembranças estão perdidas, os pensamentos estão confusos... Então por que beijá-la é tão singular e tão familiar para mim? Por que? 


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Notas finais do capítulo

GOSTARAM?
Reviews? Críticas? Sugestões? Indicações *-----*?
Falem o que gostaram e o que não gostaram, ok? Se choraram e se não choraram também, porque a Gabrielaa quase chorou rsrsrs
Beiiiiijos :*)