Meu Amado Monitor escrita por violetharmon


Capítulo 19
Capítulo 19 - Filho do Demônio


Notas iniciais do capítulo

GEEENTE, esse cap foi tão bom de escrever que a Gabrielaa conseguiu postar rapidinho, hem? Um no sábado e um na segunda kkkk.
Vocês terão uma vontade IMENSA de nos matar em meados desse cap, mas verão que tudo vai valer a pena depois.
Boa leitura!!



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Gina e eu não discutimos mais sobre o assunto, apenas descemos para o Salão Principal e fomos almoçar. Depois, fui até a sala de McGonagoll. Realmente preciso conversar com ela. 

- Entre. - Diz ela, após ouvir minhas batidas à porta. 

- Com licença, diretora. 

Sem tirar os olhos do que está fazendo, pergunta: 

- O que posso fazer por você? 

- Diretora, o assunto que tenho com a senhora é um pouco fora do comum. 

- Fora do comum? - Agora, ela levanta os olhos.

Hesito um pouco em dizer um simples "sim". 

- Pode dizer, Granger. 

- Bom... Hum... Blásio Zabini é adotado? 

Percebo o quanto sua postura e sua expressão mudam. Ela parece se arrepiar da cabeça aos pés. 

- Granger, esse é um assunto com o qual não posso lidar sem o consentimento da sra. Zabini. 

- E se fosse sra. McGonagoll? - Cerro os olhos e crispo os lábios.

- Granger, você está indo longe demais. 

- Apenas fiz uma pergunta. Qual é a dificuldade em respondê-la? 

Ela pigarreia, depois diz: 

- A senhorita não deveria se meter nesses assuntos. 

- Então praticamente confirma que Blásio Zabini não é filho de quem dizem ser. - Afirmo. 

Olhando no fundo absoluto de seus olhos, percebo que há algo a mais do que o fato de Zabini ser adotado. Algo que ela não contaria para ninguém. Algo tão profundo, tão inesperado, que ela envergonha-se de tal. 

- Por que insiste tanto nisso, Granger? - Sua voz é quase um sussurro. Se não tivesse visto sua boca se mover, não acreditaria que ela realmente falou. 

- Porque achei estranha a forma com que se preocupou com ele. 

- O que está querendo dizer? 

- A senhora é mãe de Blásio Zabini? 

Seu olhar para em um ponto fixo acima de minha cabeça. Depois, ela tira os óculos redondos e limpa algumas lágrimas que acumularam-se sob seus olhos. Suas mãos sustentam seu rosto enquanto ela reflete. 

- Isso não é o tipo de coisa que eu gostaria de compartilhar com uma aluna, Granger, mas você já me provou inúmeras vezes que é uma aluna diferenciada. Dumbledore confiava em Potter, eu confio em você. 

- Muito obrigada, diretora. 

- Então, se você percebeu algo diferente e juntou perfeitamente as peças deste quebra-cabeças, de que adiantará adiar o inadiável? Bom, sim, eu sou mãe de Blásio Zabini. 

Ela apenas confirmou minhas suspeitas, mas não deixo de sentir um arrepio percorrer minha coluna de uma forma espantosa. 

- E por que não assumiu sua maternidade? Por que o deu para outra mulher criar? 

Seus olhos produzem mais lágrimas. Ela crispa os lábios e solta um gemido baixo, um som semelhante ao de arrependimento. 

- A paternidade dele é o único problema. 

- Quem é o pai dele?

Não sei se quero ouvir a resposta, mas preciso. Depois de tudo o que foi revelado, não há muito o que esconder. 

- O pai de Blásio Zabini é... - Ela hesita. - Tom Marvolo Riddle. 

- Oh! 

Não pude deixar de ficar surpresa com o que ouvi, muito menos de demonstrá-la. 

- Por favor, não me condene. 

- Não a condenarei, diretora. Apenas quero saber como a senhora... - Engulo em seco; não tenho coragem e tampouco estômago para dizer mais do que isso. 

- Não é algo muito agradável de se ouvir. 

- Por favor, diga. Prefiro saber a história inteira do que ficar em dúvida. 

Um suspiro longo escapa de dentro de si. 

- Era apenas para ser uma visita, uma visita na qual eu pediria a ele piedade pelo mundo mágico. Mas a conversa acabou levando um rumo diferente, e não deveríamos ter chegado ao ponto que chegamos... Então, quando a ficha caiu, estávamos nos beijando com uma ferocidade inacreditável, um desejo descomunal... Eu jamais esperaria aquilo de mim... - Ela passou os dedos pelas lágrimas. - De manhã, quando acordei, ambos estávamos no tapete da sala e cercados por Nagini. Então ele me disse "Se não passar de uma transa medíocre, quero que a criança seja criada para ser meu descendente", mas eu não podia permitir que uma criança fosse criada para o mal. Então, quando descobri que estava grávida, disse a Dumbledore que precisava de umas férias e viajei para a Rússia. Lá, Blásio nasceu. Mas eu não podia criá-lo, então entreguei-o a uma grande amiga: Louise Zabini. Ele recebeu uma criação excelente e eu precisei fazer o máximo possível para não permitir que as pessoas descobrissem. Exercitei minha oclumência para que Voldemort não descobrisse, e obtive sucesso. 

Fico atônita com tudo o que ouço. Não sei se é comum a diretora de uma escola confiar tanto em uma aluna ao ponto de contar seu segredo mais íntimo e sujo. 

- E por que a senhora não conta a verdade a ele? Quer dizer, Voldemort está morto, não há mais riscos. 

- Ele me rejeitaria... E pior: sofreria por ser filho de quem é. 

Encaro minhas mãos. Enquanto estou nervosa, sei que essa mulher em minha frente está constrangida. 

- Sei que não é preciso que eu te peça isso, Hermione, mas não conte o que te falei a ninguém. Apenas eu, você e os Zabini sabemos disso. 

- Pode ficar tranquila, diretora. Esse segredo irá para o túmulo comigo. 

Ela dá um sorriso singelo, depois diz: 

- Você é a melhor aluna que já tive, querida. 

- Muito grata. 

Penso um pouco em relação a uma dúvida que acaba de surgir, depois pergunto: 

- Diretora, com todo o respeito... Hum... A senhora não é alguns anos mais velha que Riddle? 

- Muitos pensam isso, Granger. Mas nós temos a mesma idade, estudamos juntos aqui em Hogwarts: eu na Grifinória, e ele na Sonserina. 

- Ah, sim. Desculpe-me por ser invasiva. 

- Não tem problema.

Passados alguns instantes, peço: 

- Diretora, posso visitar a dona Narcisa agora a tarde? 

- Claro que sim, querida. 

- Então, irei apenas pegar meu livro de poesias, dar uma passadinha na ala hospitalar para ver Blásio e depois venho para cá. 

- Tudo bem. Enquanto isso, terminarei um serviço. 

- Até daqui a pouco. 

- Até, querida. 

Saio rapidamente. No corredor, não encontro ninguém. Chego no quarto, pego o livro e não hesito em correr até a ala hospitalar: quanto antes eu chegar lá, antes verei minha queria sogra. 

- Olá, Blás. - Não vejo problema em chamá-lo pelo apelido. 

- Hermione!, que bom que voltou. 

- Vim só dar uma passadinha rápida. Irei visitar Narcisa. 

- Hum... - Ele olha para suas mãos. - Por que você gosta tanto de ir visitá-la? 

Se não fosse tão absurdo, poderia jurar que ouvi uma pontada de ciúmes em sua voz. 

- Gosto de estar com ela. Sem contar que ela gosta da minha presença. 

- Hum... E por que você lê poesia pra ela e não lê pra mim? 

E, de repente, não posso deixar de sentar e pensar em qual poesia ler para ele. Antes de iniciar, reflito sobre tudo o que Minerva me disse. Ele, Blásio Zabini, filho do demônio. Parece inacreditável, e é inacreditável, mas também é real. Sinto uma pontada de pena dele, algo que quase não consigo conter que transborde pelos olhos, mas faço este enorme esforço. 

Em um momento não sei qual, Blásio colocou sua mão sobre a minha e a apertou. Um sentimento diferente correu por meu corpo. Não se assemelhava ao que eu sentia por Ron, muito menos por Draco, era algo diferente, quase como... apreço. Mas era um pouco mais, talvez uma mistura de apreço e piedade. Sabe-se lá... 

Abri em uma página aleatória e me surpreendi com a poesia que saltou para meus olhos. 

- Eu vou ler uma poesia chamada Felicidade, do português Fernando Pessoa. 

Percebi um leve sorriso formar-se em seus lábios, depois um brilho fascinante em seus olhos. 

Não se acostume com o que não o faz feliz, revolte-se quando achar necessário.

Alague seu coração de esperanças, mas não deixe que ele se afogue nelas.

Se achar que precisa voltar, volte! 

Se perceber que precisa seguir, siga! 

Se estiver tudo errado, comece novamente! 

Se estiver tudo certo, continue.

Se sentir saudades, mate-a. 

Se perder um amor, não se perca! 

Se o achar, segure-o! 

Quando concluo, ergo meus olhos até os seus e não posso deixar de reparar no quanto seu olhar me prende. Um efeito estranhamente hipnótico percorre-me por completa. Sua mão, antes sobre a minha, começa a caminhar pelo meu braço, provocando uma onda de calor e desejo.

Se sentir saudades, mate-a. Vem-me este trecho à cabeça. 

E eu sinto saudades. 

Sinto saudades da sensação dos seus lábios cor de chocolate nos meus, sinto saudades das suas mãos em minha cintura. Mas não uma saudade amorosa, uma saudade provocada por algo estranho... Desejo. E eu detesto admitir, mas eu desejo o filho do demônio. 

De uma forma estranhamente inexplicável, aproximo-me dele e o beijo. Não é um beijo romântico como os que dei em Draco, é um beijo platônico. Não há maneiras de explicar a sensualidade com que suas mãos percorrem minhas costas, a voracidade com que sua língua entrelaça-se na minha. Não sei dizer muita coisa, sei dizer apenas que estou beijando aquele que Draco pediu para que eu resistisse, aquele do qual Draco está tentando me proteger. 

No entanto, há coisas das quais não podemos ser protegidos. Simplesmente precisamos nos decepcionar, errar e aprender errando para acertar. 

Ele difundiu seus lábios dos meus, apenas para adquirir um pouco de ar. Repousou sua testa sobre a minha de uma forma tranquila ao passo que desesperadora. Por que aguardar desnecessariamente se podemos nos beijar agora mesmo? 

Olhando em meus olhos, ele pergunta: 

- Por que me beijou? 

Antes que eu possa responder, Blásio me dá um beijo leve, quase casto. Suas mãos seguram meu rosto para que eu não possa desviar nossos olhos. 

- Eu... Eu não sei. - Respondo. 

Ele dá um sorriso um tanto quanto desafiador.

- Sabe sim. 

Para quê mentir?, penso. 

- Se sentir saudades, mate-a

- Então admite que gosta dos meus beijos? 

- Somente dos beijos. - Mordisco seu lábio inferior. 

- Huum... Isso está começando a ficar interessante. Mas, no caso, não está apaixonada por mim? 

- Não. Amo Draco e não posso negar isso. 

- Mas gosta de me beijar. 

Sem hesitar, respondo: 

- Sim. 

Apenas para provocar, ele puxa-me para mais perto de seu corpo e beija a linha de meu maxilar. 

- O que mais está sentindo? Não minta. 

- Eu lhe direi a verdade, mas prometa-me que não vai tentar nada. 

- Prometo. 

Um pouco descontrolada por estar sentindo sua respiração excitante em meu pescoço, espero alguns segundos para responder. 

- Desejo.

- Hum... - Ele murmura, enquanto desce seus lábios fervorosos pelo meu pescoço. 

- E é melhor a gente parar por aqui antes que alguém chegue ou antes que eu me arrependa. 

Afasto-me dele com uma certa relutância, mas é necessário. 

- Nos vemos a noite? - Ele pergunta; um sorriso pervertido em seus lábios. 

- Como diria Fernando Pessoa: alague seu coração de esperanças, mas não se afogue nelas. Isso que você está querendo é impossível que eu te dê. 

Ele estala a língua no céu da boca, depois pergunta: 

- Tenho direito a mais um beijo? 

Cerro os olhos. 

- Só um? - Ele insiste. 

- Não. Não posso deixar que minhas necessidades físicas me dominem. Tenho que agir pela razão. 

- Tudo bem. Até mais tarde. 

Não digo mais nada, apenas dou as costas e saio andando. 

Quando começo a me aproximar da sala de Minerva, sinto uma sensação estranha, semelhante à culpa. E sei porque: eu trai Draco. E pior: o trai com seu melhor amigo. Sinto uma enorme repulsa crescer em mim, e percebo que não posso mais deixar que as emoções me dominem dessa forma.

Chegando ao meu destino, nem me dou ao trabalho de bater à porta. Simplesmente entro. 

- Diretora, podemos ver Draco também? 

- Claro que sim, querida. Está pronta?  - Ela estende a mão para mim.

- Sim. 

E, de repente, inicia-se aquela sensação de estar sendo puxado pelo umbigo. Antes que eu possa reclamar, já estou em frente ao St. Mungus. Entramos, identificamo-nos e somos guiadas até onde Draco está. 

- Não irei entrar, Granger. 

- O.k.

A enfermeira chama-me atenção para um detalhe: 

- Devo alertar-lhe, senhorita, que ele anda tendo paradas cardio-respiratórias. Felizmente, nada muito grave aconteceu. Mas, caso algo aconteça, me chame imediatamente. 

Sinto um aperto crescente no peio ao assentir. Abro a porta e entro calmamente. O som dos aparelhos me deixa tensa, como se Draco estivesse num estado terminal. 

- Olá, meu amor. - Beijo sua testa. - Me desculpe pelo o que fiz agora há pouco. Eu não deveria ter beijado Zabini. - Uma lágrima fina escapa por meus olhos. 

Quando seguro sua mão, sinto algo diferente. Não uma sensação, mas sim um objeto. Algo que não estava ali na última vez que o visitei. Pego o que está em sua mão e vejo que é uma bola de papel. Desesperada por saber o que está escrito, abro rapidamente. 

Se eu não tiver mais serventia para você, então não lutarei mais pela vida. 

Tudo o que eu preciso é de você Hermione, só de você. E saber que você beijou meu melhor amigo não me agrada. 

Se não me quer mais, não hesite em demonstrar isso. De nada me adiantará ter o oxigênio se eu não tiver você. 

Por Merlim, não caia na tentação do Filho do Demônio, como você mesma denominou. 

Meu coração não é de papel, Hermione. Eu não suportarei. 

O que você sente por ele é desejo, eu sei. E você não é a única. Mas não deixe que o desejo tome conta de você. 

Você pensava sentir apenas desejo por mim, depois descobriu que havia se apaixonado. Mas você sempre soube disso, não é? Sempre soube que estava apaixonada por mim. 

Tenho certeza de que você tem conhecimento do que está sentindo. 

Com todo o amor do mundo, 

Draco Black Malfoy. 

Quando concluo a leitura, sei que meu rosto está banhado pelas lágrimas. Draco tem total razão. E, se eu não conhecesse tão bem a grafia de Draco, se eu não conhecesse cada curvinha das letras, cada detalhe, poderia até duvidar de que o espírito dele escreveu. Mas eu sei que foi Draco quem escreveu essa carta. E sei que eu o amo e que nada pode mudar isso. 

Dobro o papel e coloco-o dentro do livro, a fim de não perdê-lo. 

- Eu te amo, Draco Black Malfoy. E sei que você está me ouvindo. Eu prometo a você que farei de tudo para não me deixar levar pelo filho do demônio, eu prometo. Agora, irei visitar sua mãe.

Aproximo-me de seu rosto e dou um beijo cálido em seus lábios. 

- Com todo o amor do mundo, Hermione Jean Granger. 

Dou as costas mas, antes de sair, volto meus olhos para ele novamente e pergunto: 

- Você pode ler pensamentos? Eu não disse em voz alta nada em relação a Zabini ser filho do demônio. - Sei que ele não irá responder, então: - Mande a resposta por sua mãe, se possível. Eu estarei com ela dentro de uns dez minutos. 

Antes que eu mude de ideia e o abrace com toda a força que possuo, saio do quarto. Vejo Minerva conversando com a enfermeira, e logo uma pergunta me vem à cabeça. 

- Com licença, enfermeira. 

- Sim? 

- Quando ele começou a ter as paradas cardio-respiratórias? 

Ela franze a testa numa tentativa de lembrar-se o horário. 

- Foi pela manhã, aproximando-se do horário de almoço. 

Sinto como se uma faca tivesse atravessado meu coração: foi no mesmo horário em que comecei a me preocupar demasiadamente com Blásio Zabini. Gina tinha razão quando disse que estou me preocupando demais com ele. 

- Podemos ir ver Narcisa? - Minerva me pergunta. 

- Claro, vamos. 

Enquanto Minerva e a enfermeira vão conversando o caminho inteiro, eu reflito sobre a carta de Draco e tudo o que houve hoje. 

Se eu não tiver mais serventia para você, não lutarei mais pela vida. Assim iniciou-se a carta. E foi devido à minha preocupação com Zabini que ele começou a ter as paradas cardio-respiratórias. Se Draco realmente pode ver tudo o que acontece comigo, como disse na carta de antes do almoço, então a coisa deve ter sido extremamente séria quando ele me viu beijar seu melhor amigo e pior: ouviu-me dizer o que sinto por ele. 

Me perdoe, Draco, por favor. Mentalizo, mesmo sem ter a resposta de que ele possa ou não ler pensamentos. 

- Enfermeira, quantas vezes ele teve as paradas cardio-respiratórias? - Pergunto, aproveitando uma rápida brecha entre sua conversa com Minerva. 

- Algumas vezes, umas quatro... - Ela hesita, como se estivesse me escondendo alguma informação, mas logo continua: - A mais grave foi há quase meia hora. Sinto dizer isso, mas quase o perdemos. 

- Oh!

Não consigo reprimir o choque. Então ele realmente chegou à beira da morte... 

Poucos instantes depois, chegamos ao corredor do quarto de Narcisa. Não sei se estou com o emocional estável para vê-la, mas preciso. 

- A sra. Malfoy teve uma melhora desde que a senhorita veio visitá-la pela primeira vez. - Comenta a enfermeira. - Não reluta em tomar os remédios, não tem crises durante a noite... Creio que a senhorita faz muito bem a ela. 

Não posso deixar de sorrir ao ouvir tais palavras. 

A enfermeira abre a porta para que eu entre. Antes de dar o primeiro passo para dentro do ambiente, noto que Narcisa está olhando para um lugar vago do quarto e sorrindo. Pé ante pé, entro. Aproximo-me dela calmamente, sem querer que ela desvie sua atenção. 

- Tudo bem, eu entrego pra ela. - Diz a Malfoy e, num passe de mágica, um pedaço de papel vermelho surge em sua mão. 

Sem conseguir acreditar no que vi, fico petrificada. 

Quando termina sua breve conversa, Narcisa dirige seu olhar para mim e diz: 

- Querida, que bom que veio. - E sorri. - Draco lhe mandou esse recado. - E estende o papel vermelho em minha direção. 

Aproximo-me lentamente, ainda tomada pelo choque. Meu olhar volta-se para a caligrafia impecável de Draco e as letras saltitam em minha direção: 

Posso ler apenas seus pensamentos. 

E não posso dizer que te perdoo, ainda. Você deve fazer por onde. 

E cuidado com o que as pessoas lhe dizem: nem tudo é o que parece. 

Tenho um último pedido: cuide de Pansy e da criança que ela espera. Um dia a verdade virá à tona. 

Amo-te, 

Draco Malfoy.

Cuidar da Pansy e da criança? Cuidar? Mas por que? 

Mentalizo: 

Draco, como você espera que eu cuide da mulher que está gravida do meu namorado? Poxa, o que você pensa que eu sou? Uma mulher de lata? Meu coração também não é de papel. 

ESPERA!, grito de mim para mim. 

Quem sou eu para julgar Draco dessa forma sendo que eu não estou em posição de fazê-lo? Eu o trai; Ele não me traiu. 

E Draco é uma pessoa muito melhor do que eu, eis que está querendo o bem de Pansy e da criança, por mais que isso possa atrapalhar o que existe entre nós. 

- Como a senhora está? - Pergunto. 

- Bem, querida. E você? 

Minto: 

- Bem. 

- Vai ler poesia para mim hoje? - Ela pergunta, os olhos esbanjando felicidade. 

Abro o livro aleatoriamente, como sempre faço. 

- Sim. - Bato o olho no livro. - Uma poesia de William Shakespeare. 

- Shakespeare... Draco mencionou uma frase dele uma vez. 

- Qual frase? - Interesso-me. 

- Não me lembro muito bem... Era algo como... Hum... Nossas dúvidas são traidoras e nos fazem perder o que, com frequência, poderíamos ganhar, por simples medo de arriscar. 

- Sábia frase... - Comento. - Bom, comecemos a poesia. 

Eu aprendi…

… que ignorar os fatos não os altera; 

Eu aprendi...
...que quando você planeja se nivelar com alguém, apenas esta permitindo que essa pessoa continue a magoar você;

Eu aprendi...
...que o AMOR, e não o TEMPO, é que cura todas as feridas;

Eu aprendi...
...que ninguém é perfeito até que você se apaixone por essa pessoa;

Eu aprendi...
...que a vida é dura, mas eu sou mais ainda;

Eu aprendi...
...que as oportunidades nunca são perdidas; alguém vai aproveitar as que você perdeu.

Eu aprendi...
...que quando o ancoradouro se torna amargo a felicidade vai aportar em outro lugar;

Eu aprendi...
...que não posso escolher como me sinto, mas posso escolher o que fazer a respeito;

Eu aprendi...
...que todos querem viver no topo da montanha, mas toda felicidade e crescimento ocorre quando você esta escalando-a;

Eu aprendi...
...que quanto menos tempo tenho, mais coisas consigo fazer.

Quando concluo a leitura, ela diz: 

- Que poesia maravilhosa. 

Meneio a cabeça. 

- Realmente... O amor é a cura para todas as feridas. O amor de Draco sempre me ajudou a seguir em frente. 

Sinto uma ardência súbita subir por minha garganta. As lágrimas começam a se formar, mas não permito que elas saiam. 

Passo uma tarde agradável conversando com Narcisa. Nenhuma conversa triste ou trágica, apenas sorrisos e gargalhadas. Quando a enfermeira avisa que não podemos passar do horário, despeço-me amigavelmente de minha querida sogra. Saio do quarto e pergunto à enfermeira: 

- Será que posso falar com o médico dela? 

McGonagoll lança-me um olhar cheio de perguntas, mas ignoro-a. 

- Creio que sim. Acompanhem-me. 

A seguimos até o final do longo corredor. Chegando à última porta, ela dá três rápidas batidas e um homem alto, de meia idade, abre-a. 

- Olá, Viollet. O que deseja? 

- Doutor, essa menina deseja falar com o senhor. 

- E sobre o que é? - Ele dirige a palavra a mim. 

- Sobre sua paciente do quarto 13, Narcisa Malfoy. 

De repente, o olhar amigável dele torna-se interrogativo - exatamente como o de McGonagoll. 

- Entre. 

- Quer que eu vá também, Granger? 

- Não, diretora. Não há necessidade. 

Acompanho o doutor até seu escritório. Não perco meu tempo observando o ambiente; Vou direto ao assunto. 

- Doutor, quero saber os primeiros motivos que levaram-no a crer que Narcisa Malfoy está louca. O senhor pode me dizer? 

- O que a senhorita é dela? 

- Nora.

Ele respira fundo.

- Pois bem... O que preocupou o senhor Lúcio Malfoy foi o fato de ela dizer ouvir Voldemort falando com ela após sua morte. 

Esse fato me deixa levemente incomodada. Não por Voldemort comunicar-se com ela ou por estar morto, mas porque algo semelhante acontece entre ela e Draco: ambos podem conversar, mesmo com Draco em coma. 

- O que mais? 

- Depois, disse poder ouvir sua irmã, Bellatriz, também morta, dizendo a ela coisas do tipo "Estou em paz". 

Isso me deixa profundamente incomodada, então solto: 

- Quer dizer que vocês consideram isso loucura? 

- Sim. - Ele responde amargo. 

- E se for um dom e não loucura? 

- Desculpe-me, senhorita, mas dons não existem. - Percebo o sarcasmo em sua voz ao falar "dons". 

- Nosso mundo não é uma prova concreta de que tudo é possível? 

- A senhorita tem provas do que está dizendo? 

Tenho, penso. Mas não posso mostrar para ele as cartas que Draco tem me mandado. E ele não acreditaria que teriam sido escritas por ele. 

- Não. 

- Então pare de falar bobagens. 

- Pense o que o senhor quiser, mas nada me tira da cabeça que Narcisa tem um dom, e não loucura. - Após tais palavras, saio da sala, indisposta a ouvir qualquer bobagem que for. 

Minerva ameaça perguntar-me algo, mas muda de ideia. Apenas me segue para a saída do hospital. Chegando na rua, aparatamos rapidamente para Hogwarts. 

Despeço-me dela e começo a andar em direção ao meu quarto. 

Ando disposta a enfrentar o que vier pela frente. 

Disposta a resistir às tentações do filho do demônio. 

Disposta a cuidar de Pansy Parkinson e do filho que ela espera. 

Disposta a esperar que Draco acorde. 

Disposta a tudo para ver o amor da minha vida bem novamente.


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Notas finais do capítulo

COMENTEM, COMENTEM, COMENTEM!
Fala sério, esse cap ficou boom!
Galera, pra compensar o esforço que a Gabrielaa fez pra postar esse cap rapidinho, que tal recomendações???
Beijos sabor Draco Malfoy hahaha (66'
Gabrielaa&gaabslunetta
AAAAAAAH, e no próximo cap vai ter uma notícia pra deixar vocês super alegres, oook? Só não vamos contar qual MUAMUAMUAMUAMUA #paramos.