Meu Amado Monitor escrita por Gabriela Alves, violetharmon


Capítulo 12
Capítulo 12 - Sofrendo


Notas iniciais do capítulo

Olá galera. Cap novo. Esperamos que apreciem.
Boa leitura!



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Chegamos em Hogwarts ao amanhecer do dia. 

- Granger, se quiser, não precisa ir às aulas da manhã hoje. 

- De que adiantará ficar no quarto, diretora? Dormir não me ajudará em nada. 

- Tem certeza, querida? - Ela toca meu ombro. 

- Tenho. 

- Então, é... Bom, não posso deixar você fazer a ronda sozinha durante o tempo em que Draco estiver hospitalizado, então tentarei encontrar um monitor substituto. 

- Quem a senhora tem em mente? 

- Ninguém, por enquanto. Chamarei você em minha sala quando souber. 

- O.k.

Começo a me direcionar ao quarto, mas Minerva segura meu braço levemente e diz: 

- Sinto muito, Hermione. Percebi o quanto Draco significa para você. 

Forço um sorriso, depois pergunto:

- Professora, só por curiosidade, por que a senhora chamou Draco em sua sala? 

Se antes a atmosfera já não estava agradável, só piorou quando ela dicidiu que responderia minha pergunta. 

- Não sei se Draco lhe contou que, desde o término da guerra, Narcisa Malfoy começou a enlouquecer... 

- Enlouquecer? - Surpreendo-me. - Ela parecia ser uma mulher equilibrada...

- E era. Mas, após Draco tornar-se Comensal, ela sofreu um leve desequilíbrio, que, aparentemente, foi controlado. No entanto, ela veio a realmente enlouquecer após tudo o que houve. Narcisa diz ver Voldemort em todos os cantos, a ouvi-lo chamando-a... 

- Que horror! - Ofego. - E ela está em casa? 

- Não. Está internada no St. Mungus, numa ala especializada em seu caso.

- E contaremos a ela sobre Draco?

- De jeito nenhum! Não podemos arriscar piorar seu estado mental, uma vez que já atingiu um nível muito preocupante.

- Hum... Que coisa triste... 

Após alguns instantes em silêncio, despeço-me de Minerva e ponho-me a andar em direção ao quarto. Chegando lá, atravessei a sala rapidamente e subi para o quarto dele

Ao abrir a porta, senti o cheiro do perfume de Draco me embriagar. Antes que pudesse chorar de saudades, aproximei-me da luxuosa cama e deslizei os dedos por ela. Parei de frente à escrivaninha e percorri os olhos por alguns objetos sobre ela, fazendo-os parar na pasta de desenhos. Peguei-a e abri. Nunca vi todos os desenhos, e tenho vontade de vê-los. 

Passei por um breve desenho de Pansy - onde ela realmente estava parecendo um buldogue -, uma caricatura de Snape - feita há muito tempo, talvez antes de Voldemort voltar -, o desenho de um piano, uma linda paisagem onde eu podia ler embaixo 'A paisagem que eu gostaria de ver ao acordar', o desenho de Hogwarts que ele fez na primeira noite do ano letivo, um simples desenho de rosas e... um desenho meu. Parei de observar rapidamente ao chegar em meus desenhos. Todos de ângulos diferentes, como se ele me observasse meticulosamente, como se monitorasse não só os corredores, mas a mim também. Achei curioso encontrar um desenho onde minha aparência era antiga.

- Quarto ano... - Sussurrei. 

Eu estava com o vestido do Baile de Inverno. Cada traço feito com maestria, deixando o desenho nada menos que perfeito. Mas como assim? Há quanto tempo Draco Malfoy me "monitora"? Que eu saiba, nós nos apaixonamos esse ano, a partir da obrigação de acordarmos todos os dias e darmos de cara um com o outro. 

E então passei para o próximo desenho, onde eu estava sentada numa poltrona, lendo um livro. E o flashback me tomou...

Ler é incrivelmente fascinante, ainda mais um romance como este. Mas ler com os olhos de alguém em mim não é nada agradável. 

- Por que está me observando, Malfoy? - Pergunto com rispidez. 

- Nada. - Ele dá de ombros e dirige o olhar para a prancheta a sua frente. 

- Que droga é essa que você está fazendo? 

Seus maravilhosos orbes azul-acinzetados fixam-se nos meus olhos castanhos e, com o típico tom arrogante, ele diz: 

- Nada que diga respeito a alguém como você.

Encolho-me, devido a seu tom de voz. 

Ergo as pernas à poltrona e sento-me em posição de lótus. 

- O que está lendo? - Agora seu tom é despreocupado. 

- Nada que diga respeito a alguém como você! - Repito suas palavras. 

Malfoy revira os olhos, dá um sorriso sarcástico e volta a seus afazeres.

- Ah, a segunda semana de convivência, quando eu estava terminando de ler o livro trouxa Diário de uma Paixão

E agora entendo porque ele perguntou o nome do livro: para escrevê-lo no desenho, onde a capa do livro está em branco. Procuro um lápis e, encontrá-lo, escrevo, tentando imitar sua letra, o título. 

Passo para o próximo desenho, onde estou na aula de Poções, desenvolvendo algum experimento maluco sugerido por Slughorn. Draco deu um tom de graça ao desenho, deixando meus cabelos mais armados que o normal e deixando meu rosto levemente preto devido a fuligem e... ESPERA! Esse desenho é do sexto ano, quando eu fiz - tentei fazer - a Poção do Morto-Vivo! Divirto-me com o desenho, lembrando do fracasso que foi a aula, onde apenas Harry conseguiu desenvolver a poção. 

Mais um desenho, em que me encontro nos jardins de Hogwarts, lendo novamente. Dessa vez, ele me desenhou sorrindo, e, observando a data, vejo que é deste ano. E outro flashback me toma. 

"- Ever, fique tranquila. Está tudo bem - ele diz sorrindo, oferecendo sua mão."

Ler Para Sempre me acalma. Cada trecho lido transmite-me algo diferente, talvez um aconchego, como se o livro pudesse me abraçar. 

Ficaria melhor se Zabini não estivesse discutindo com Malfoy num banco há apenas três metros de mim.

- Cara, você carrega essa droga pra todo canto. Por que, hem? - E reparo que Malfoy está segurando a mesma prancheta da noite passada. 

- Isso não é da sua conta, Blásio. 

- Caramba, você nem presta mais atenção no que eu falo! 

- Você só fala inutilidades, por que prestarei atenção? 

E me pego rindo da fala de Draco. Ambos olham para mim, e sinto meu rosto corar. Malfoy dá um sorriso de canto e pergunta: 

- Se divertindo, Granger? 

Penso rapidamente numa resposta:

- Apenas rindo das inutilidades que você fala.

E deixo-o com a cara no chão. Zabini ri da cara dele e faz um sinal de positivo pra mim. Apenas ignoro-os e volto a ler. 

- Ah, Merlim, como eu gostaria de ter Draco aqui comigo... - Suspiro.

Passo para outro desenho, aquele que ele fez quando eu e Ron brigamos e...

- Ron... - A raiva me toma quando pronuncio seu nome. 

Agora que me dei conta: se menti em relação ao que houve com Draco, como farei se ele acordar? Não posso acobertar Ron pelo resto de minha vida e... AH! Prefiro esquecer isso por um momento, pelo menos por um momento. 

Mais um desenho, agora apenas de meu rosto, onde estou sorrindo e tenho um olhar profundo, como se o brilho de meus olhos falasse. Senti-me sedutora ao olhar o desenho, mesmo sabendo que ele deu uma boa exagerada na sensualidade de meu olhar. 

Há outros desenhos meus, os quais eu passo direto, procurando um desenho diferente para ver. No entanto, ao invés de um desenho, encontro uma lista entitulada "10 coisas que odeio na Granger". 

- Ha! Essa eu quero ler. Um: a forma como ela olha para as pessoas. Dois: a voz provocante, quer dizer, irritante que ela tem. Três: o sorriso maravilhoso que se forma em seus lábios. Quatro: o fato de ela namorar o pobretão Weasley. - E rio. - Cinco: eu não consigo parar de desenhá-la. Seis: mesmo sendo irritante, ela é linda. Sete: o fato de estar lendo o tempo todo e não dar atenção para mim. Oito: seus esplendorosos lábios vermelhos. Nove: Apenas uma rápida preparação para o décimo. Dez: odeio-a simplesmente pelo fato de fazer-me amá-la tanto.

E o número 10 me surpreende, fazendo-me procurar uma data no papel. No canto direito inferior da folha, encontro-a: corresponde a cinco dias atrás. 

Após ver tudo o que desejo, devolvo a pasta ao seu respectivo lugar. 

Dirijo-me ao piano. Sento-me cautelosamente no banco e tento me lembrar do que Draco ensinou-me, incluindo a sequência de notas que eu não consegui reproduzir; ela permanece na minha cabeça. Tento reproduzi-la uma, duas, três, inúmeras vezes até, finalmente, na sétima vez, conseguir. Sinto uma ponta de felicidade, a qual logo se esvai quando me lembro o que ouve com meu Draco. E então começo a chorar, chorar e chorar...  Então depois de uns dez minutos, escuto a porta do “apartamento” abrir. Enxugo minhas lágrimas e corro ver quem é. Gina. Corro para abraçá-la, e começo a chorar novamente, e ela retribui o abraço, um abraço forte, cheio de energia.

- Calma Mione, o Draco é forte, vai ficar tudo bem com ele, tenho certeza.
- Não Gina, Draco  está correndo perigo....
-Lembra quando Você-Sabe-Quem voltou? Ele foi forte, não foi?  - Disse Gina me cortando – Ele lutou, não lutou? Para proteger a família dele, ele sofreu... Como disse, Draco pode ser o que for mas é forte, e uma boa pessoa.

Essas palavras me confortam.

Depois de um tempo conversando, vou tomar banho.  Na hora que entro em baixo do chuveiro, com aquela água quente caindo sobre mim, lembro de tudo que aconteceu entre mim e Draco... 

Lembro-me de quando joguei um chinelo nele, lembro-me da primeira vez que o ouvi tocar piano, lembro-me das tantas investidas dele… de tudo. E como eu queria que ele estivesse aqui comigo para me fazer lembrar de tudo o que houve… E como eu me sinto culpada pelo que houve com Draco. Por Merlim, só eu sei o quanto me sinto culpada. 

Concluo o banho rapidamente e me visto. Desembaraço os cabelos e saio do banheiro. 

- Amiga, voce precisa dormir. 

- Estou sabendo, Gina. Mas tem aula daqui pouco tempo… 

- Minerva não te liberou? 

- Sim, mas eu não vou ficar dormindo enquanto o amor da minha vida está em coma! Isso não adiantará de nada. 

- Tem razão…

E duas perguntas me vêm à cabeça: 

- Gina, como você soube do acidente? E como você entrou aqui sem a senha? 

- Duas perguntas, uma resposta: Minerva McGonagoll. Ela me chamou e pediu para que eu ficasse contigo, aproveitou e disse a senha. 

- Ah… Eu devia ter imaginado…

- Relaxa, eu sei que você está lerda por boas razões. 

- Valeu pela parte que me toca! 

Começamos a rir, Gina me joga um travesseiro. Começamos uma verdadeira guerra de travesseiros. Estar com Gina me faz bem, uma vez que ela sabe exatamente como me distrair. 

Uns bons dez minutos depois e o sino toca. 

- Mione, vou me arrumar pra aula. Nos encontramos no Salão Principal? 

- Sim, claro. 

Acompanho-a até a porta. 

- Fica bem até lá. 

- Fique tranqüila, Gina. Não vou fazer nada demais, acho…

Rimos. 

- Bom, já é um começo. Tchau.

- Tchau. 

Jogo-me no sofá. Eu não preciso me vestir agora, ainda tem muito tempo. Bom, mas é melhor não arriscar dormir por aqui. 

Levanto-me e vou me vestir. Torna-se estranho estar me despindo e Draco não abrir a porta bruscamente como fazia nas primeiras semanas: ele nem batia, apenas entrava. 

Em poucos minutos me vejo nos corredores cheios de alunos. Todos sorrindo, menos eu. Todos acompanhados, menos eu. Ninguém sofrendo, apenas eu.

E, de repente, eu entendo o conceito de solidão: encontrar-se sozinho não é estar trancado em um quarto e chorando, e sim estar entre inúmeras pessoas e nenhuma delas olhar para você, como se você fosse invisível. Há várias pessoas ao meu redor, e eu sinto falta apenas de uma. 

Ao passar pelas portas do Salão Principal, meus olhos procuram Ron automaticamente. Ele não se encontra com Harry e Gina, mas sim três metros depois deles, com Lilá Brown, cheio de sorrisos e carinhos com ela. E a raiva me toma. Como ele consegue estar cheio de carinhos com ela depois da desgraça que fez ontem?! Seguro-me para não lançar-lhe um feitiço agora mesmo. 

Aproximo-me de meus amigos e sento-me. 

- Oi, Mi. 

- Oi, Harry…

- Gina me contou o que houve. Sinto muito. 

Harry força um sorriso e pega minha mão.

- Vai dar tudo certo. Draco é um cara forte, apesar de tudo… 

- Espero, Harry, espero mesmo que dê tudo certo. 

Ambos começam a falar algo, mas não consigo prestar atenção uma vez que meus olhos fixam-se em Luna. Sigo seu olhar e percebo que ela está olhando para Ron e Lilá de mãos dadas. 

- Harry, Gina, eu preciso falar com a Luna. Volto já.

- Tudo bem. - Respondem juntos. 

Quando chego perto de Luna precebo a tristeza em seus olhos.

- Luna, vem aqui comigo. - Puxo-a.

- Olá, Hermione. Aonde vamos? 

- Você confia em mim? - Olho em seus olhos. 

- Claro que sim! 

- Então venha comigo. 

Seu rosto adiquire um tom de vermelho fortíssimo quando nos aproxima-mos de Ron e Lilá. Seguro o ódio em meu interior.

- Ron, venha comigo. - Estou mandando, ele sabe disso, então apenas se levanta. 

- Mas eu estava conversando com meu Uon-Uon! 

- Cale a boca! - Falo para ela e derramo uma taça de suco de abóbora em seus cabelos. Antes que ela possa revidar, já estou longe com Ron em uma mão e Luna em outra. 

Chegamos ao jardim. Coloco-os frente a frente. 

- Pois bem. Ron, agora olhe no fundo dos olhos de Luna. 

Ele me obedece. 

- Por que estou fazendo isso, Hermione? 

- O que você sente ao olhar nos olhos dela?

- Bom, eu… eu… - E vai ficando vermelho sangue. - Não sei. 

Pigarreio.

- Luna, o que você sente ao olhar nos olhos dele? 

Torna-se difícil saber qual deles está mais vermelho. 

- Ah… Bem… Não sei dizer. 

- Ahh, não sabem? 

- Não. - Respondem em uníssono. 

- Perfeito. Então fiquem aqui, juntinhos, e descubram. Beijo, tchau! 

Antes que um deles possa me contrariar, já estou a passos de distância. Tomara que meu plano dê certo. Tomara que Ron faça tudo certo com ela! 

Quando retorno, Minerva está falando. 

- Nosso monitor-chefe da Sonserina, Draco Malfoy, sofreu um acidente… 

Recuso-me a prestar atenção em tudo o que ela fala, então apenas me sento e deixo suas palavras vagarem pelo ar. Presto atenção apenas quando ela fala quem substituirá Draco durante o período que ele estiver em coma.

- Blásio Zabini, Sonserina.

Sinto meu mundo desabar quando ela pronuncia este nome

- Calma, Mi. Ao menos não é a Pansy. 

Olho para o lado direito.

- Esse não foi seu melhor argumento para tentar me consolar, Neville, mas tudo bem. 

Ele mostra seus dentes tortos num sorriso amigável. Fracasso ao tentar retribuir.

- Esse não foi seu melhor sorriso, Mione, mas tudo bem. 

Rimos. 

Minerva continua a falar: 

- Sr. Zabini, quero que o senhor venha em minha sala antes do almoço. 

- Sim, Sra. - Zabini diz. 

Tomamos nosso café da manhã tranqüilamente - ou quase. Preciso me esforçar bastante para não começar a chorar por aqui, a última coisa que quero é um monte de pessoas me perguntando o motivo do choro. 

- Nos vemos na aula de Poções. - Digo aos meus amigos. E, sem esperar resposta, vou andando. 

Ainda no corredor que dá acesso ao Salão Principal, Pansy me aborda:

- Granger! - E segura meu braço. 

- O que é, buldogue?

Logo me arrependo por falar assim com ela: seus olhos estão rasos d'água. 

- Me conte a verdade sobre o que houve com Draco. 

- Como assim? Minerva disse o que houve

- Ela deve ter omitido algo! - Seu tom de voz se altera. - Desculpe… Você foi até o St. Mungus? 

- Sim.

- E como ele está? 

E, de repente, me vejo nela. Sei que ela está sentindo o mesmo que eu, afinal, ela também é apaixonada por Draco. 

- Não vou mentir para você, Pansy, uma vez que não gostaria que mentissem para mim… Draco está em coma. Ele sofreu traumatismo craniano e corre risco de vida. 

Ela leva a mão à boca, abafando um gemido. As lágrimas escorrem por seu rosto. Sinto-me estranha ao abrir os braços para confortar minha rival, mas faço-o. Ela aceita meu abraço e chora ainda mais. Não consigo frear as lágrimas que querem sair de meus olhos, então não as freio. Choramos juntas. Ambas sabemos o que a outra está sentindo. Estamos sofrendo juntas. Chorando juntas. Amando juntas. 


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Notas finais do capítulo

Comentem e deixem reviews, ok? Assim as Gabis aqui se sentem ainda mais incentivadas a escrever.
Beijos!