She Is Amazing escrita por Jamie_Amie


Capítulo 12
Capítulo Doze


Notas iniciais do capítulo

Quero dedicar esse capítulo à hannahf, que recomendou a fic! Obrigada!!!



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°.¸¸.•´¯`»She Is Amazing«´¯`•.¸¸.°

Capítulo Doze



‒ Luka.

A única coisa que Sasuke pensou em fazer depois de escutar a garota foi estreitar os braços em volta dela, tentando confortá-la da melhor maneira possível.

‒ Sasuke, traga ela para cá ‒ disse Miya, que observava a cena, nervosa. Sasuke olhou por cima do ombro para ver a empregada apontando para o sofá onde ele estava antes. ‒ Eu vou pegar um copo com água para ela ‒ avisou ela antes de seguir pelo corredor.

O Uchiha, suave e desajeitadamente, puxou Sakura na direção do sofá. Ela ainda soluçava, agarrada a ele e não protestou ao ser levada. Eles sentaram e Sasuke se afastou um pouco para poder olhar para o rosto dela, que estava vermelho e úmido.

‒ Me ajude ‒ suplicou ela e Sasuke viu mais lágrimas transbordarem de seus olhos e escorrerem por seu rosto.

‒ Eu... ‒ Foi interrompido por Miya que voltava com um copo na mão.

‒ Aqui, querida, beba isso. ‒ Estendeu o copo e Sakura, um pouco hesitante, pegou-o, com as duas mãos, pois as mesmas estavam trêmulas. Ela bebeu um gole da água e depois baixou o copo até que ele encostasse em sua perna. ‒ Quer nos contar o que aconteceu? ‒ indagou Miya, seu tom calmo e delicado.

Sakura assentiu vagarosamente, mas não se atreveu a olhar para nenhum dos dois, seus soluços haviam parado, mas sua respiração era entrecortada. Miya sentou sobre a mesa de centro, ficando de frente para a garota encolhida.

‒ Eu... ‒ começou ela com a voz fraca, mas interrompeu-se para respirar fundo e reprimir a vontade de voltar a chorar. ‒ Hoje, mais cedo, eu estava... Estava terminando uma redação para a aula de amanhã e Luka estava na sala, olhando TV, achei que não tinha problema já que eu estava na cozinha e ele não sai de casa sem falar comigo... ‒ Limpou mais algumas lágrimas e fungou. ‒ Só que... ‒ Por um momento, Sasuke pensou que ela tornaria a chorar, mas o rosto de Sakura se contorceu rapidamente e ela continuou: ‒ Quando fui procurá-lo, não estava mais lá.

Sakura colocou a mão sobre a boca, abafando os soluços que vieram. Sasuke ficou tentado a envolvê-la em seus braços novamente, mas preferiu não se mover.

‒ E você procurou em outros lugares? ‒ perguntou Miya, com a mesma delicadeza de antes. A Haruno retirou a mão que estava sobre os lábios.

‒ Sim ‒ respondeu chorosa. ‒ Assim que não o vi na sala procurei pela casa inteira, no quintal e na rua, a bicicleta dele está no mesmo lugar de antes, está tudo no lugar, mas... ‒ Um gemido sofrido escapou de seus lábios.

‒ E a sua mãe? Ela já sabe, não é?

‒ Sabe ‒ disse Sakura e Miya de repente se viu enfurecida.

‒ E o que ela fez?! Pelo visto nada! ‒ exclamou a empregada, sobressaltando Sakura, que levantou a cabeça para olhá-la.

‒ Ela está furiosa comigo ‒ disse a garota e Sasuke sabia o quanto Akemi estava furiosa. ‒ Mas ela tem razão, eu não devia ter deixado Luka sozinho, ele estava tão diferente e eu não, não... ‒ De repente ela colocou as mão no rosto, nervosa. ‒ E meu pai! Como eu vou contar isso para ele? Nunca mais vai confiar em mim!

‒ Não! ‒ exclamou a empregada mais uma vez. ‒ Sakura, querida, não foi sua culpa, você não poderia imaginar que seu irmão ia desaparecer, por mais que ele estivesse diferente, então não se culpe por nada.

‒ Ele é só uma criança, Miya, um garotinho perdido pela cidade ‒ choramingou a rosada. ‒ Não sei o que pode ter acontecido, Luka estava de um jeito que eu não sabia mais o que fazer.

A Haruno trocou um olhar significativo com Sasuke, ele também havia visto o estado do garotinho e havia percebido o quão frágil Luka parecia. Por mais que fosse pequenino, sua aparência era preocupante.

Sabendo que precisava afazer alguma coisa, Sasuke levantou-se subitamente.

‒ Aonde você vai, Sasuke? ‒ perguntou Miya e Sasuke pôde perceber o tom reprovador dela. Ele olhou para Sakura, ignorando a pergunta da empregada.

‒ Nós vamos encontrar o seu irmão ‒ disse ele com convicção. Os olhos verdes de Sakura brilharam diante das palavras dele e ela, sem pestanejar, assentiu.

Diante do olhar agradecido de Sakura e o confuso de Miya, Sasuke subiu as escadas para o segundo andar. Ele entrou no quarto de seu pai determinado. Era o maior quarto da casa, com a enorme cama próxima da parede, havia um banheiro no lado aposto ao da cama e uma mesa onde estava outro computador e algumas pilhas de papéis, mas Sasuke caminhou sem hesitar até o criado mudo que havia do lado da cama, ele sabia que Fugaku costumava guardar ou esconder coisas ali.

Ao abrir a primeira gaveta, não encontrou nada mais do que algumas fotos de sua mãe que ele sabia que estavam naquela gaveta, uma delas era do casamento de seus pais, onde os dois estavam sob um arco de flores brancas e sorriam, um para o outro. Ao abrir a segunda gaveta, Sasuke encontrou papéis que não lhe interessavam e no fundo o que procurava: a chave de seu carro. Girou-a uma vez no dedo indicador enquanto um pequeno sorriso se curvava nos canto de seus lábios.

Sasuke sabia que levaria uma longa bronca, ou talvez nunca mais visse seu carro depois, mas ele não podia deixar de ajudar Sakura e não teria modo melhor para fazer isso sem o carro. Então, girando em seus calcanhares, Sasuke saiu do quarto rapidamente e voltou para o primeiro andar a passos pesados, sem se preocupar em incomodar Sai, que estava trancado em seu quarto desde o almoço.

‒ O que você pretende fazer? ‒ indagou Miya e antão viu a chave do carro na mão do garoto. ‒ Não me diga que essa é a chave do seu carro ‒ disse, seu tom era baixo e amedrontado.

‒ É a chave do meu carro ‒ disse ele, indiferente, e virou-se para Sakura, que continuava encolhida. ‒ Temos que procurá-lo.

‒ Não, espere, Sasuke ‒ disse Miya, levantando. ‒ Primeiro precisamos falar com a vizinha mãe! ‒ Ela laçou um rápido olhar culpado para Sakura assim que pronunciou o apelido que dera a Akemi. ‒ Essa hora ela deve ter ligado para a polícia.

‒ Miya, a polícia não vai fazer nada antes de 24 horas ‒ resmungou o Uchiha.

‒ Eu sei, mas e, e...

‒ Miya, nós precisamos tentar ‒ disse o moreno, surpreendendo a empregada e a si mesmo, era raro que Sasuke agisse daquela forma.

‒ Bem, você tem razão ‒ disse ela depois de alguns segundos de silêncio. ‒ É melhor vocês irem então, mas eu também vou ligar para a polícia e perguntar se encontraram algum garotinho ruivo.

Sasuke respirou fundo e olhou para Sakura que levantou rapidamente e se pôs ao seu lado.

‒ Faça isso ‒ disse ele indo na direção da porta. Sakura o seguiu em silêncio, caminhava um pouco mais devagar que Sasuke, pois estava um pouco trêmula. ‒ Eu vou buscar o carro, espere aqui um pouco. ‒ Ele a deixou na varanda e Miya, que havia saído da casa, colocou o braço sobre os ombros dela.

A garagem ficava ao lado da casa e tinha tamanho para duas fileiras com dois carros, ou seja quatro carros. Sasuke abriu o portão com o pequeno controle que havia preso junto à argola em que estava a chave do carro e seus olhos brilharam ao fixá-los sobre seu grande e escuro carro. Ele admitia secretamente que estava morrendo de saudades. Sentiu imensa satisfação assim que sentou no banco do motorista e depois, no momento em que o motor rugiu baixo quando ele girou a chave.

‒ Boa sorte, meninos ‒ gritou Miya enquanto Sakura corria para entrar no lado do carona. ‒ Eu ligo para você se souber de alguma coisa pelos policiais ‒ disse a Sasuke.

Sakura se acomodou no banco ao lado do de Sasuke em silêncio, seus olhos estavam vermelhos e seus lábios comprimidos com força.

‒ Tem idéia de onde podemos começar? ‒ perguntou ele com indiferença, Sasuke, mesmo naquela situação não mudava o tom, o que poderia chegar a ser ofensivo, mas Sakura não parecia ligar para aquilo, na verdade ela não parecia estar ouvindo-o. ‒ Sakura ‒ chamou.

A rosada piscou algumas vezes antes de levantar a cabeça para encará-lo.

‒ Sim?

‒ Onde podemos começar? ‒ perguntou novamente. ‒ Pode imaginar um lugar onde o Luka possa ter ido?

Sakura olhou para frente, pensativa, enquanto Sasuke acelerava o carro pela rua e dobrava na esquina.

‒ Eu, eu não sei ‒ disse com a voz baixa e passou as costas da mão na bochecha onde lágrimas escorriam mais uma vez. ‒ Não sei ‒ murmurou para si mesma com aflição.

Com um suspiro, Sasuke aproximou o carro da calçada, agradecendo pela rua estar deserta e freou com certa brusquidão. Ele encostou-se completamente no encosto do banco.

‒ Como Miya disse, sua mãe deve ter ligado para a polícia ‒ começou com calma ‒, talvez algum policial tenha o encontrado e só falta buscá-lo. Se não, ninguém vai fazer nada antes de completar 24 horas depois do desaparecimento do seu irmão, Sakura, então agora, resta que nós procuremos Luka.

Ela ficou em silêncio, mas não demorou a assentir, concordando com o Uchiha.

‒ Estou nervosa, me desculpe, você não sabe como está sendo difícil afastar o pensamento do meu irmão ter sido sequestrado dentro da minha casa ‒ disse ela enquanto balançava a cabeça, desolada, mas depois respirou fundo. ‒ Acho que devemos começar a procurar aqui por perto, ele não pode ter ido muito longe, não conhece as ruas.

‒ Sim, é verdade ‒ disse ele, colocando as mãos no volante e acelerando. Sasuke também se recusava a pensar que alguém pudesse ter levado Luka, seria terrível, mas ele sabia que era improvável, Sakura teria percebido se alguém entrasse em sua casa.

‒ Eu devia ter feito alguma coisa ‒ disse Sakura, olhando para a rua, procurando seu irmão. ‒ Ele estava tão chateado, tão quieto. Se eu tivesse conversado mais com ele, forçado um pouco mais para saber o que estava acontecendo, isso não aconteceria.

‒ Você não podia saber que isso ia acontecer ‒ Sasuke tentou confortá-la. Ela balançou a cabeça em negativa, discordando.

‒ Eu não deveria tê-lo deixado sozinho, Sasuke. ‒ Sasuke conseguiu entender o real significado daquelas palavras, ela falava não só por aquele descuido que a fez perder o irmão, mas tudo o que estava acontecendo para os dois Haruno. ‒ Estava sendo mais difícil para ele e eu não percebi.

‒ Sakura... ‒ começou ele, enquanto dobrava em outra esquina, mas ela o interrompeu com a voz rígida.

‒ Luka é meu irmão, eu cuidei dele a minha vida inteira e não consegui protegê-lo. Ele é tão pequeno, Sasuke...

Apertando as mãos no volante, Sasuke não soube o que dizer, não poderia imaginar o que Sakura sentia, e pelo que estava ouvindo dela, as coisas não podiam melhorar, mesmo que encontrassem Luka.

‒ Nós vamos encontrá-lo ‒ repetiu para ela, alternando o olhar para a estrada e para a calçada.

‒ Sim, nós vamos ‒ ele a ouviu dizer.

Sasuke e Sakura passaram por muitas ruas, olhando atentamente em todas as direções e de vez em quando perguntando a alguns moradores que estavam andando pela calçada se tinham visto uma criança ruiva, estavam bem longe de suas casas quando o celular de Sasuke tocou ele se viu obrigado a parar o carro para atender. Olhando no visor, o número de sua casa piscava freneticamente.

‒ Você nem sabe quem esteve aqui ‒ a voz de Miya retumbou em seus ouvidos antes que ele pudesse dizer algo. ‒ A vizinha mãe!

‒ O que? ‒ indagou Sasuke com as sobrancelhas franzidas e Miya bufou do outro lado.

‒ Sim, estava atrás da filha. Eu disse que Sakura tinha saído com você para procurar o filho dela, e a Beladona ficou furiosa, dizendo que Sakura não tinha que ficar perdendo tempo enquanto deveria estar em casa fazendo algo mais útil ‒ cuspiu e Sasuke percebeu o nojo em seu tom. ‒ Sujeitinha do caramba, acredita que ela não fez nada para achar o menino? Ela está esperando Toshio.

‒ Toshio? ‒ ele tinha uma idéia de quem era. Sakura ao ouvir o nome olhou para Sasuke curiosamente.

‒ O marido dela ‒ disse Miya confirmando o que Sasuke achava. Toshio era o padrasto de Sakura, Sasuke já o tinha visto antes, era um homem alto que aparentava ser mais velho que Fugaku, mas tinha sido há muito tempo, o novo marido de Akemi quase não estava em casa, pelo que Sasuke sabia, o homem estava sempre trabalhando.

‒ E o que aconteceu?

‒ Ela disse que estava voltando para casa e que esperaria Sakura lá.

‒ E você ligou para o...

‒ Sim, sim ‒ respondeu ela sem deixar Sasuke terminar. ‒ Infelizmente não há nenhum garotinho ruivo nas delegacias e outros lugares, eles disseram que devemos esperar 24 hora para fazer a ocorrência do desaparecimento, como você disse, pois a criança pode aparecer.

‒ Hn, tudo bem, nós vamos continuar ‒ disse Sasuke enquanto passava a mão pelo cabelo.

‒ É, façam isso, eu só liguei para avisar. Até mais tarde.

Sasuke desligou o celular sem se despedir de Miya e virou a cabeça para olhar para a menina ao seu lado que o encarava apreensiva. Ao balançar a cabeça em negativa, Sakura olhou para suas mãos em seu colo, entendendo o que o Uchiha queria dizer, Luka continuava desaparecido.

Olhando para fora, Sasuke observou o céu escuro e depois olhou para o relógio eletrônico em seu pulso. Quase nove horas. Não havia mais ninguém nas ruas e o som dos carros na avenida mais próxima era baixo, o Uchiha agora se via muito preocupado, eles precisavam encontrar Luka.

‒ Sakura ‒ chamou em tom brando e ela levantou a cabeça para olhar em seus olhos ‒, seu irmão disse que queria ir à algum lugar? Ver alguém ou alguma coisa? ‒ indagou com calma e o olhar da Haruno se perdeu mais uma vez enquanto ela pensava.

O silêncio reinou e Sasuke passou as mãos no rosto cansado, seus olhos ardiam um pouco, andara piscando muito pouco naquelas últimas horas.

‒ Luka falava muito em ir para casa, a casa onde morávamos com nosso pai ‒ disse Sakura, chamando a atenção do moreno. ‒ Mas fica tão longe, ele não sabe ir daqui até lá, é do outro lado da cidade ‒ murmurou mais para si mesma do que para Sasuke.

‒ É um começo ‒ resmungou o Uchiha

‒ Ele também estava sempre repetindo que sentia falta de jogar futebol ‒ continuou a rosada. ‒ É longe também.

‒ Talvez ele não pense assim ‒ comentou atraindo a atenção da menina.

‒ Por que diz isso?

‒ Talvez Luka não veja problema em atravessar acidade ‒ disse ele. Os olhos de Sakura de repente se arregalaram, como se tivesse finalmente compreendido.

‒ Oh, meu Deus! ‒ exclamou Sakura em prantos. ‒ Nós não temos ajuda e Luka está sozinho por uma das ruas da cidade!

‒ Ei, você precisa se acalmar! ‒ Sasuke colocou a mão sobre o ombro dela e apertou em pouco, cedendo a tentação de confortá-la.

A rosada ficou em silêncio e o garoto aproveitou para continuarem a busca, ele sabia que Konoha era uma grande cidade, Luka poderia estar em qualquer lugar, mas a última coisa que perderiam era a esperança. Sasuke continuou rodando pelas ruas até que levou-os até a avenida onde alguns bares estavam abertos, Sakura quis descer para perguntar se alguém havia visto seu irmão.

‒ Eles o viram, Sasuke! ‒ exclamou ela assim que entrou no carro novamente, depois de perguntar no quarto bar, seus olhos verdes brilhavam e Sasuke se viu tomado pela mesma euforia ao ouvir as palavras dela. ‒ Disseram que ele passou por aqui algumas horas atrás ‒ continuou, fazendo com que Sasuke franzisse as sobrancelhas.

‒ E não fizeram nada? Ele estava sozinho ‒ disse, aborrecido de repente, enquanto dava partida.

‒ Eu sei, eles deram uma desculpa qualquer, mas isso não importa, Luka passou por aqui! ‒ Suas mãos apertaram com força a barra de seus camiseta.

‒ Fique de olho, ele pode ainda estar na área ‒ aconselhou.

‒ Eu sei, está tão tarde, tomara que ele não esteja com medo ‒ disse ela. Sakura tinha razão, tinha se passado quase quatro horas desde a última vez que olhara nos relógio.

E foi a exatamente um quilômetro dali que Sasuke avistou, encolhido contra a porta de ferro de uma loja, o garotinho ruivo. O Uchiha se limitou a frear o carro, próximo da calçada e sob o olhar interrogativo de Sakura, apontou na direção da criança.

‒ É ele! ‒ gritou ela, voltando a chorara, desta vez de alegria. ‒ É ele, nós o encontramos!

Sem se importar com o carro, Sasuke e Sakura saíram do mesmo rapidamente e Sasuke observou a garota correr na direção do irmão.

‒ Luka! ‒ chamou ela aos berros ‒ Luka!

Luka levantou a cabeça e olhou diretamente para Sakura. Assustado, ele só teve tempo de abrir os braços antes de ser envolvido pelos de Sakura. Sasuke se aproximou dos irmãos Haruno, ouvindo os soluços da garota.

‒ Você me deixou tão preocupada! ‒ exclamou ela depois de se afastar para olhar o menino, que não se atrevia a encará-la. ‒ Nunca, nunca mais faça isso, Luka! ‒ disse com veemência.

‒ Desculpa, Sah ‒ murmurou o garotinho não resistindo às lágrimas. A essa altura, Sakura já estava sentada no chão com Luka em seu colo, abraçado a ela. ‒ Desculpa ‒ repetiu ele ‒, eu só queria ir para casa.

‒ Não faça isso de novo, por favor ‒ murmurou, fungando.

Sentindo-se um pouco deslocado, Sasuke esperou que Sakura levantasse e puxasse Luka, que olhou rapidamente para o moreno, envergonhado.

‒ E aí, pirralho ‒ cumprimentou.

‒ Oi. ‒ Sasuke pôde ouvir a voz baixa do menininho. Sakura tocou um olhar com Sasuke, mas o moreno não conseguiu entender o que aqueles olhos expressivos queriam dizer. A garota voltou a atenção para o irmão e se abaixou para conseguir olhar em seus olhos.

‒ Por que você fugiu? ‒ indagou suavemente. ‒ Por que fez isso, Luka? ‒ O menino nada disse e Sakura suspirou. ‒ Luka, eu não vou ficar brava com você, mas preciso que me diga porque saiu de casa desse jeito.

Luka hesitou por um momento.

‒ Sinto falta do papai ‒ disse o menino simplesmente e Sasuke percebeu que Sakura não soube o que dizer. ‒ Mamãe disse que ele tinha abandonado a gente e que não ia mais voltar.

‒ Luka, isso não é verdade ‒ disse a rosada.

‒ Ela também disse que ele não se importa com a gente. ‒ Os olhos de Luka marejaram e Sakura o abraçou novamente.

‒ Não credite nessas coisas ‒ disse ela.

A volta para casa foi silenciosa, Sakura e Luka foram no banco traseiro e Sasuke só ouvia a voz da garota uma vez, quando perguntou ao irmão se estava com fome. Quando chegaram, Sasuke estacionou em frente a casa de Sakura, a rua estava silenciosa e as luzes apagadas, exceto pela luz da varanda da casa de Sasuke, Miya devia tê-la deixada acesa.

‒ Ele dormiu ‒ sussurrou a garota para Sasuke, que olhando para trás, viu Luka adormecido.

Sasuke saiu do carro e abriu a porta traseira para poder pegar Luka sem difículdades.

‒ Eu o levo ‒ disse, recebendo um sorriso agradecido da rosada.

Sakura também saiu do carro e guiou Sasuke até a varanda da casa amarela, se abaixou para colocar as mãos no tapete e depois tirar uma chave dourada debaixo dele. Ela abriu a porta e se afastou para que o garoto pudesse entrar, em seguida fechou a porta e fez um sinal para que Sasuke a acompanhasse. O moreno nem prestou atenção na casa, estava escuro, só teve um breve vislumbre da enorme sala antes de subir as escadas atrás da rosada, que fez um sinal para que ele fizesse silêncio

Sasuke se viu em outra sala, esta um pouco menor, quando chegou ao topo da escada e continuou seguindo Sakura por um corredor não muito grande. Sakura abriu a segunda porta à direita e acendeu a luz, permitindo que Sasuke visse o quarto de Luka. Nas paredes brancas estavam alguns pôsteres de times de futebol muito conhecidos e havia uma cama de solteiro no centro do quarto, a colcha que a cobria tinha estampado um enorme tigre que arreganhava os dentes.

‒ Coloque-o aqui ‒ disse Sakura após arredar as cobertas da cama. Sasuke fez o que ela pediu, colocando o menino adormecido na cama com cuidado e depois assistiu a rosada tirar os sapatos do menino e cobri-lo. ‒ Vou deixá-lo dormir agora, ele deve estar muito cansado, mais tarde, quando acordar, vai estar louco de fome.

‒ Hn ‒ resmungou o Uchiha, concordando. ‒ E sua mãe? ‒ perguntou curiosamente, a casa continuava em silêncio, aparentemente a mãe de Sakura estava dormindo ou não estava em casa.

‒ Vou acordá-la para avisar que encontramos Luka, meu padrasto já deve ter chegado ‒ disse ela, surpreendendo Sasuke. Como uma mãe podia dormir tranquilamente enquanto seu filho de seis anos estava desaparecido. ‒ Não se surpreenda, minha mãe é completamente imprevisível ‒ aconselhou sorrindo tristemente ao perceber a expressão estranha de Sasuke. O Uchiha não achava que aquela situação pudesse ser chamada de imprevisível. ‒ O importante é que ele está em casa e seguro ‒ murmurou olhando para o garotinho que dormia profundamente. Sasuke ficou em silêncio e Sakura respirou fundo para em seguida virar-se na direção dele com um sorriso doce. ‒ Você deve estar cansado, não é mesmo?

Sasuke deu de ombros.

‒ Um pouco ‒ admitiu e a menina assentiu compreensivamente. ‒ Eu... Deveria ir agora ‒ seu tom foi baixo e incerto.

Sakura tropeçou ao dar seu primeiro passo na direção de Sasuke e olhou para Luka, com medo de tê-lo acordado, mas o menino nem se mexeu. Endireitando-se, ela sorriu envergonhadamente para o Uchiha.

‒ Levo você até a porta ‒ disse ela. Sasuke não esperou que ela o guiasse e saiu do quarto o mais silenciosamente possível com Sakura em seus calcanhares.

Assim que desceram as escadas, Sakura passou por ele, foi até o interruptor ao lado da porta e acendeu as luzes da sala e da varanda. Sasuke se permitiu olhar em volta, a sala era realmente grande, maior que a de sua casa, havia dois sofás de couro preto enormes, uma TV presa a parede, um tapete felpudo e uma estante cheia de objetos que combinavam com os sofás, sem contar os brinquedos de Luka que estavam espalhados pelos cantos.

‒ Desculpe a bagunça ‒ Sakura desculpou-se enquanto colocava a mão na maçaneta e a girava.

‒ Hn ‒ resmungou sem realmente se importar e caminhou para fora quando Sakura abriu a porta.

Sasuke não se sentiu confortável ao saber que teria de despedir-se de Sakura, era diferente desta vez, ele podia ver isso nos olhos dela quando se virou para ficar de frente para a garota.

‒ Antes que você vá ‒ começou ela ‒ quero agradecer por tudo o que fez.

‒ Qualquer um teria feito a mesma coisa ‒ disse ele simplesmente, colocando as mãos no da calça, mas Sakura fez um gesto com as mãos para pará-lo.

‒ Não! Se não fosse por você, Sasuke, eu não teria encontrado meu irmão hoje ‒ seu tom era carregado de gratidão. ‒ Obrigada.

Sasuke não soube o que dizer e olhando nos olhos de Sakura, pela segunda vez naquele dia, não soube explicar o brilho que surgiu segundos depois dela ter acabado de falar. E foi naquele momento , sem deixar o Uchiha ter tempo para protestar, que Sakura, dando um passo a frente, colocou as mãos no rosto dele e pressionou seus lábios nos de Sasuke com força.

Em choque, o garoto tirou as mãos do bolso e deixou-as ao lado do corpo de Sakura, paradas no ar, sem saber como tocá-la. Não que ele estivesse reclamando, mas era Sakura beijando-o e não outra garota qualquer que tivesse encontrado. Os lábios macios que estavam sobre os seus pertenciam a garota que ele tinha jurado nunca se envolver, mas Sasuke não podia ignorar o calor que se espalhava por seu corpo somente com aquele contato.

Sentindo que Sakura começava a afrouxar o aperto em seu rosto, algo em Sasuke pareceu despertar e, sem vacilar, suas mãos antes imóveis, arrastaram-se até a cintura dela, impedindo-a de se afastar. O Uchiha começou a mover os lábios contra os de Sakura lentamente e um pouco hesitante ela o beijou de volta, seus braços envolveram o pescoço dele, trazendo-o para mais perto e permitindo que o beijo se tornasse mais intenso.

Não eram muitas coisas que passavam pela mente de Sasuke enquanto a beijava, ele estava se deixando ser engolido por aquele sentimento aquecido que o prendia àquela garota. Algo o perguntava freneticamente o motivo de não ter beijado Sakura antes. Ah, sim, claro! Eles eram amigos, apenas amigos.

E com a mesma rapidez que Sakura o tinha agarrado, ela se apartou dele. Os olhos arregalaram-se um pouco enquanto olhava para o rosto dele, percebendo o que tinha acontecido. Sasuke ficou em silêncio assim como ela, ignorando a vontade de lamentar a distancia entre eles. Observou o rosto dela, sentindo uma repentina vontade de sorrir ao fixar o olhar sobre os lábios inchados.

‒ Me, me desculpe ‒ disse ela calmamente, como se as desculpas não significassem nada. Em seguida deu as costas para Sasuke, entrou em casa e fechou a porta rapidamente.

Sasuke ficou encarando a porta com uma grande dúvida. Afinal, o que significava tudo aquilo, o beijo, o silêncio e as desculpas? Ele não se arrependia de tê-la beijado, por que se arrependeria? Mas Sakura não pareceu ficar tão à vontade, algo a tinha incomodado. Seria o fato de ele ter namorada? Ou talvez tenha ficado envergonhada de ter sido ela a tomar iniciativa? Como ele poderia saber?

Respirando fundo, ele girou em seus calcanhares e desceu as escadas da varanda, indo em direção à seu carro. Assim que se acomodou no banco do motorista as luzes da varanda da casa amarela se apagaram, fazendo um dos cantos de seus lábios se curvar com satisfação ‒ Sakura o devia estar espiando por trás de uma das cortinas.

Estacionando o carro na entrada da casa, atrás do carro de Itachi, ele se lembrou da grande confusão que entraria só por causa daquele carro, mas ele sabia que seu pai só lhe incomodaria mais tarde, ainda naquele dia, já que o relógio marcava mais de meia noite. Silenciosamente, exultou por Sakura ter lhe dado um motivo para dormir bem.



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Notas finais do capítulo

Hello!!
Então, tivemos um beijinho. Não foi nada digno de escritora de livros romanticos, até porque não era pra ser, mas foi um beijo. Foi estranhos, com iniciativa da Sakura e no final quem beijou foi o Sasuke. Blah, blah, blah. Eu sei que vocês deviam estar esperando alguma coisa bem fofa, mas eu não podia escrever uma coisa assim, não agora, esses dois não são um casal comum, a Sakura é impulsiva e o Sasuke um indiferente, ele gostou, mas acha não sentiu nada mais. Eu posso ficar escrevendo horas aqui pra explicar o motivo de ter sido assim, mas não vou chegar a lugar algum.
Ahn, eu quero agradecer pelos 28 reviews que eu recebi, muito obrigada, gente, isso é muito legal!! E a recomendação também foi incrível!!
Espero que o ano de vocês tenha começado bem, 2012 vai ter bastante SasuSaku. O próximo capítulo vai ter as dúvidas do Sasuke, como é que ele vai estar, hein?