She Is Amazing escrita por Jamie_Amie


Capítulo 10
Capítulo Dez


Notas iniciais do capítulo

Quero dedicar esse capítulo à miriankinyta, que recomendou a fanfic. Muito obrigada!



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°.¸¸.•´¯`»She Is Amazing«´¯`•.¸¸.°

Capítulo Dez

‒ Pare de reclamar ‒ ordenou Miya enquanto tirava novamente o pó dos móveis. ‒ Não seria educado se as visitas chegassem e você estivesse dormindo!

‒ Eu não pedi para que viessem, Miya ‒ resmungou Sasuke.

‒ Você mora aqui, Sasuke, faça o favor de ser prestativo ‒ disse ela, interrompendo o trabalho para encará-lo. ‒ Pelo menos com seu tio, ele é um bom homem.

Sasuke grunhiu e se escorou no encosto do sofá por trás do mesmo. Tinha se recusado a ir ao aeroporto receber Obito e Sai, não estava disposto a levantar somente para ver a cara antipática de seu primo.

‒ Itachi não está em casa, isso parece educado para você? ‒ perguntou irritado. A empregada suspirou e antes de responder, verificou se não havia nenhuma sujeira por cima dos móveis.

‒ Ele não passou a noite em casa novamente, mas deve chegar logo também, seu irmão sabe dos horários.

‒ Sim, ele sabe ‒ murmurou enquanto passava a mão pelos cabelos escuros. Miya sorriu para o Uchiha e se aproximou para colocar a mão sobre o braço dele.

‒ Vai dar tudo certo, querido ‒ disse ela e Sasuke revirou os olhos. ‒ Agora, vá tirar os tênis da sala, estão lá desde ontem. ‒ Apontou para o par de tênis que estava perto do sofá.

Miya voltou para a cozinha e Sasuke, depois de olhar por alguns segundos o par de tênis, resolveu fazer o que a empregada tinha dito-lhe. Ele ainda estava com sono e seus passos eram arrastados, quem sabe poderia voltar a dormir antes que Miya viesse procurá-lo. Abriu a porta de seu quarto e jogou os sapatos para cima ‒ um deles caiu em cima da mesa onde estava seu computador ‒, estava prestes a jogar-se em sua cama quando a voz de Miya, abafada pela distancia, interrompeu o silêncio.

‒ Sasuke, desça! Eles chegaram!

O Uchiha ficou tentado a ignorar o que Miya disse, mas sabia que depois seria pior para ele, principalmente se Fugaku quisesse saber onde estava. Com uma respiração funda, girou em seus calcanhares para voltar, mais lento que antes.O dia seria longo, ele sabia disso e só aquilo bastava para seu humor piorar.

‒ Você não sabe quanta saudade eu tenho desse lugar, Fuku! ‒ Sasuke ouviu a voz de seu tio Obito, não havia mudado nada durante aqueles anos que não o tinha visto.

‒ Pare de me chamar assim, Obito ‒ ordenou Fugaku, irritado.

Sasuke colocou os pés na sala no exato momento em que Obito largava a mala no chão e soltava uma risada divertida. Fugaku foi o primeiro a vê-lo.

‒ Sasuke ‒ disse seu nome e Sasuke não soube ao certo se aquilo significava um cumprimento.

O outro homem, que estava de costas para o garoto virou-se para encarar o sobrinho, um sorriso estampado no rosto maduro.

‒ Olhe só isso! ‒ exclamou Obito, se aproximando de Sasuke e o puxando para um abraço de urso. O mais novo não o abraçou de volta, desconfortável com a reação do tio, mas mesmo se quisesse, não poderia, seus braços estavam presos ao lado do corpo. ‒ Você está enorme, garoto! ‒ Se afastou para analisar Sasuke, mas continuava segurando-o pelos ombros. ‒ Parece que foi ontem que você estava brincando com aqueles carrinhos que eu lhe dei de aniversário!

‒ Como vai, tio? ‒ perguntou Sasuke, se afastando de Obito, que continuava a sorrir para ele.

Obito continuava o mesmo ‒ pelo que Sasuke se lembrava. Alto e magro, ele parecia com um Naruto moreno, os óculos presos entre os cabelos negros e espetados eram sua marca registrada, já que tinha uma fábrica daquele acessório muito conhecida na capital. O homem era irmão mais novo de seu pai e tinha uma personalidade que fazia Sasuke se lembrar de seu próprio irmão, Itachi, e seu amigo, Naruto.

‒ Muito bem, obrigada! ‒ respondeu enquanto bagunçava os cabelos do Uchiha mais novo. ‒ Nossa, quanto tempo não vejo você, Sasuke! Deve estar arrasando corações das meninas, não é? ‒ indagou com um sorriso malicioso. Sasuke apertou os lábios, contendo um sorriso, não pela pergunta, mas por seu tio mesmo, era cômico. Com um leve tapa no ombro do garoto, o homem se virou para Fugaku, que assistia os dois com frieza. ‒ Onde está Itachi? Ele é outro que não vejo há muito tempo.

O rosto de Fugaku pareceu virar pedra com a menção de seu filho mais velho, mas antes que pudesse responder, a porta da frente foi aberta e Sai passou por ela segurando uma mala maior que a de Obito, pálido como sempre e os cabelos escuros, como sempre, lambidos.

‒ Sai, olhe só! ‒ disse o pai do garoto, indicando Sasuke com um gesto amplo dos braços.

Sai desviou o olhar de Obito para seu primo e o encarou sem expressar nada. O garoto pálido largou a grande mala no chão e então abriu um sorriso que Sasuke julgou ser falso.

‒ Olá, Sasuke ‒ cumprimentou e Sasuke se limitou a balançar a cabeça. Com um suspiro, Obito virou-se novamente para o irmão. Sasuke e Sai continuavam a se a tratar da mesma maneira. Teriam de mudar aquilo se o que estivesse planejando desse certo.

‒ Então, Fuku, onde está Itachi? ‒ tornou a perguntar. Fugaku, dessa vez, respondeu sem hesitar.

‒ Não sei, ainda não o vi hoje ‒ disse friamente então olhou para Sasuke, que havia se escorado na parede com os braços cruzados. ‒ Vá ajudar seu primo a pegar as malas que restam, Sasuke.

O Uchiha se viu tentado a recusar o que lhe foi ordenado, mas novamente lembrou de seu carro, acumulando poeira na garagem e desencostou-se da parede para em seguida ir na direção da porta com Sai em seus calcanhares.

‒ Então, primo, alguma novidade? ‒ perguntou Sai com deboche quando já estavam do lado de fora. Sasuke parou e encarou o pálido garoto com desprezo

‒ Não vou cair nesses seus joguinhos, então é melhor ficar na sua ‒ rosnou o moreno, não iria tolerar Sai por muito tempo, principalmente se ele começasse a irritá-lo como gostava de fazer. Erguendo as mãos, com inocência, o recém chegado sorriu.

‒ Ei, se acalme, você deveria me tratar com mais respeito, não? Eu sou seu hospede. Onde está a hospitalidade?

‒ Estou avisando ‒ ameaçou Sasuke. O sorriso de Sai desapareceu assim que ouviu as palavras do primo.

‒ E eu ouvi. Não precisa se preocupar ‒ E o sorriso voltou a seus lábios. ‒, pelo menos por enquanto.

Os dedos de Sasuke de repente começaram a formigar, ansiosos para fecharem-se em punho e acertarem em cheio o rosto do garoto parado à sua frente, mas Sai se afastou e abriu o porta malas do carro de Fugaku antes que pudesse receber um olho roxo. O garoto tirou uma mala bem menor do que a que já levara para dentro e quando passou pelo primo fez questão de empurrar Sasuke com o ombro, deixando-o furioso.

‒ Só tem mais uma ‒ disse Sai antes de entrar na casa.

Sasuke foi até o carro e quase revirou os olhos quando viu o tamanho da mala, era grande e pesada. Na verdade ele ficou intrigado com aquilo, porque eles precisavam de quatro malas para apenas uma semana?

‒ Isso não pode piorar ‒ resmungou para si mesmo e puxou e mala para fora do carro com dificuldade, parecia que havia tijolos lá dentro.

Sasuke desistiu de tentar carregar a mala e a puxava com lentidão ‒ já que o peso dificultava que as rodinhas pudessem rolar normalmente ‒, quando Itachi estacionou o carro atrás do de seu pai.

‒ Eles já chegaram? ‒ perguntou o mais velho, enquanto prendia os cabelos, fora do carro.

‒ Hn ‒ resmungou Sasuke, parado, não queria que seu irmão visse que tinha dificuldade ao carregar uma mala.

‒ Eu me atrasei ‒ disse Itachi, havia marcas de insônia em seus olhos.

‒ Hn ‒ resmungou mais uma vez. Itachi franziu as sobrancelhas.

‒ O que é que você tem? ‒ indagou curiosamente.

‒ Nada ‒ respondeu. Itachi resmungou algo que Sasuke não pôde entender e pegou uma alça da mala que estava entre eles.

‒ Pegue o outro lado, fracote ‒ disse a Sasuke.

‒ Não preciso da sua ajuda, Itachi ‒ protestou o garoto. Itachi revirou os olhos.

‒ Cale a boca e faça o que eu disse. ‒ Sasuke relutou um pouco, mas pegou a alça que estava do seu lado. Quando a mala deixou o chão, o irmão mais velho praguejou para si mesmo.

A porta da frente foi aberta e Miya apareceu, parecendo um pouco preocupada.

‒ O que vocês estão fazendo? ‒ indagou ela e esperou que eles entrassem e largassem a mala no chão. ‒ Itachi, vá cumprimentá-los, eles estão na cozinha.

‒ Tudo bem, estou indo. ‒ Sorriu e antes de sumir pelo corredor, deu um beijo na bochecha de Miya. ‒ Você está linda hoje ‒ elogiou-a.

‒ Ele está feliz ‒ murmurou Miya, mas Sasuke ouviu. ‒ Essa Kohana deve ter alguma coisa especial.

‒ Claro que deve ter ‒ zombou o Uchiha e a empregada suspirou.

‒ Vou ver se o quarto de hospedes está direitinho ‒ disse ela, indo para as escadas. ‒ Não arranje confusão.

‒ Não prometo nada ‒ disse Sasuke com um pequeno sorriso nos lábios.

‒ Nunca promete ‒ resmungou ela.


Sasuke passou o dia inteiro em função de sua família, assim como seu irmão e seu pai, que havia tirado o dia de folga para atender ao irmão e ao sobrinho. Não era algo que Sasuke estava acostumado, ter a casa cheia e barulhenta, e ser obrigado a estar perto, ele não gostava daquilo, era irritante. Sai tinha ficado quieto o tempo inteiro e revirava os olhos toda a vez que seu pai dizia algo engraçado.

‒ Hiromi estava cheia de trabalho e não conseguiu arranjar uma brecha para nos acompanhar. ‒ Obito falava de sua esposa e mãe de Sai. ‒ Ela queria muito vir.

‒ E porque não esperaram um pouco mais, tio? ‒ perguntou Itachi antes de beber um gole da cerveja que estava na latinha em sua mão. Obito respirou fundo antes de responder, tendo tempo para pensar no que responder.

‒ Bem, eu e Sai estávamos realmente precisando de umas férias daquela cidade e Hiromi disse que era melhor irmos agora e na próxima vez nos acompanhava. Não foi algo que eu podia recusar ‒ deu de ombros.

‒ Só você para tirar férias agora, Obito ‒ disse Fugaku friamente.

‒ Ora, Fuku, não aja como se não estivesse feliz em me ver ‒ brincou em seguida riu ao ver o irmão bufar com irritação.

‒ Realmente, tio Obito, você fez falta ‒ comentou Itachi com um sorriso e Sasuke, de certo modo teve de concordar, era hilário ver seu pai ser chamado de Fuku.

‒ Eu sei, eu sei ‒ disse com outra risada.

‒ Vou dar uma volta ‒ disse Sai de repente, ele estava visivelmente entediado.

‒ Aonde você vai? ‒ perguntou Obito, sério. O garoto deu de ombros e Sasuke percebeu que a face de seu tio se tornou ainda mais séria. ‒ Não vá longe, está me ouvindo?

Sasuke observou Sai levantar e sair sob o olhar atento de Obito e ficou um tanto intrigado com o modo que seu tio estava agindo, era estranho. Sai estava sendo tratado como uma criança e devia haver um motivo.

‒ Esse garoto só está me dando dor de cabeça ultimamente ‒ rezingou Obito balançando a cabeça com desgosto.

‒ Eu acho que vou tirara um cochilo, senhores ‒ disse Itachi, quebrando o breve silêncio que seguiu e devolvendo o sorriso ao rosto de seu tio.

‒ Parece que noite foi longa, hein, garoto? ‒ indagou maliciosamente. Itachi, sorriu, encabulando e assentiu sem encarar Obito. ‒ Ahá! Esse é o meu sobrinho favorito!

Itachi bufou.

‒ Você diz a mesma coisa para o Sasuke ‒ acusou brincando, depois levantou de sua poltrona e deu as costas para os três.

‒ Sim, é verdade ‒ concordou.

‒ Venha comigo, Obito, precisamos conversar ‒ disse Fukagu, assim que Itachi desapareceu nos degraus da escada.

‒ Sim, isso é verdade também ‒ concordou mais uma vez Obito, depois de uma respiração profunda.

Os dois homens foram para o escritório, deixando Sasuke sozinho e finalmente em paz, o silêncio era bem-vindo. Esticou-se no sofá e colocou um braço por trás da cabeça antes de bocejar e fechar os olhos. De certa forma, tudo estava ocorrendo sem problemas, mas não havia motivos para comemorar, era o primeiro dia que Obito e Sai tinham chegado, e como seu primo havia dito, a calmaria tinha dias contados, senão horas.


‒ Sasuke, querido ‒ ele ouviu Miya, que estava enfurnada na cozinha, chamar. ‒ Sasuke, acorde.

‒ Eu não estava dormindo ‒ resmungou, mas acabou percebendo que havia caído no sono. O dia já não estava tão claro.

‒ Estava ‒ afirmou ela, sorrindo. Ele sentou rapidamente, ignorando a sonolência que ainda sentia.

‒ Quanto tempo? ‒ perguntou enquanto passava a mão pelos cabelos rebeldes. Miya sentou no braço do sofá ainda olhando-o.

‒ Talvez uma hora ou mais ‒ disse ela em tom baixo. Sasuke fez uma careta.

‒ Eles ainda estão no escritório?

‒ Não, saíram. ‒ Seus lábios então ficaram pressionados, formando uma linha reta, Sasuke podia jurar que Miya estava escondendo alguma coisa.

‒ Hn. ‒ Estreitou os olhos.

‒ Sai ainda está lá fora, ele está fazendo amizades. ‒ Sasuke ficou intrigado com o olhar intenso que ela dirigiu-lhe.

‒ Amizades? ‒ indagou quase sorrindo e desviando o olhar para a TV, que estava desligada. Que tipo de amigos Sai devia ter? Manipuladores, mentirosos, algo assim.

‒ Sim, ele está ali na varanda dos Haruno.

Sasuke virou a cabeça rapidamente para a empregada, tendo tempo para ver quando o sorriso que ela abriu começou a surgir.

‒ Haruno? ‒ Sem querer, seu tom foi agressivo.

‒ Bem, não Haruno, é claro. Não lembro como é o nome de solteira da vizinha mãe, mas com certeza é uma Haruno que está conversando com o seu primo agora. ‒ Ela indicou a janela com o olhar e ergueu-se. ‒ Vou voltar para a cozinha. Se você quiser comer alguma coisa, tem um bolo em cima da bancada.

Sasuke esperou que Miya desaparecesse no corredor que levava à cozinha para ir até a janela na lateral da casa. Assim que puxou a cortina, pôde ver Sakura claramente. Ela estava sentada nos degraus da varanda, como Sasuke já a tinha visto várias vezes, mas desta vez estava sorrindo e tinha o braço direito nas costas, puxando as pontas do cabelo. Sai estava ao seu lado, Sasuke não conseguia vê-lo claramente, mas parecia estar sorrindo também.

Sai era um completo idiota, então porque Sakura estava lá, conversando com ele como se fossem velhos amigos, velhos e bons amigos? Não que aquilo lhe interessasse, ou incomodasse, mas Sasuke sabia exatamente a diferença entre aqueles dois, e também sabia que Sakura não costumava ser amigável com pessoas como seu primo. Ou ele achava que fosse assim.

Não havia nem sinal de Luka. Seria somente Sakura e Sai? Sozinhos? O simples pensamente do garoto pálido tentando seduzir Sakura conseguiu induziu Sasuke a voltar para seu lugar no sofá, preferindo não continuar a assistir a pequena confraternização dos dois. Dane-se, Sakura não precisava ser vigiada, muito menos protegida, ela era bem crescidinha.

Era quase sete da noite quando Sai resolveu entrar. Sasuke continuava na sala, olhando TV, e lançou um breve olhar para o garoto pálido quando o mesmo sentou no mesmo sofá que ele, só que na outra extremidade.

‒ Acabei de conhecer a sua vizinha ‒ disse Sai casualmente. ‒ Sakura. ‒ Riu. ‒ Coitada, é feia e desengonçada.

Sasuke ficou aborrecido ao ouvir aquilo, mas preferiu ficar quieto.

‒ Ela me disse que conhece você ‒ continuou sem olhara para Sasuke. ‒ Andou magoando a garota, primo ‒ debochou.

‒ E o que você tem a ver com isso? ‒ perguntou Sasuke com cólera.

‒ Para falar a verdade, nada ‒ respondeu, os lábios se curvando ligeiramente para baixo ‒, mas a garota confiou em mim e contou sobre você. Sou obrigado a dizer que você tem péssimo gosto. Por acaso viu o jeito como ela se veste? É um horror!

‒ Não parecia estar achando um horror enquanto falava com ela ‒ comentou sem desviar os olhos da TV. Sai bufou e em seguida soltou uma risada divertida. Sasuke, mesmo sem encará-lo crispou os lábios, ainda mais irritado.

‒ E o que você esperava? ‒ indagou ainda rindo. ‒ Você me conhece, Sasuke, posso fazer as pessoas acreditarem em mim onde e quando quiser. A Feia não pode ser a exceção. Além disso, foi só manter a droga de um sorriso no rosto que ela agiu como uma pata adestrada.

Sentindo o sangue ferver nas veias, Sasuke girou o tronco para encarar o primo ameaçadoramente.

‒ Cale a boca ‒ ordenou. Sai ergueu uma sobrancelha, mas a expressão confusa logo foi substituída por uma de deboche.

‒ Não me diga que vai defendê-la.

‒ Não, não vou, mas também não sou obrigado a ouvir você.

‒ Hum, tudo bem, então ‒ disse Sai dando de ombros, fazendo Sasuke estreitar os olhos, intrigado. ‒ Isso não muda nada mesmo.

Sasuke recostou-se mais uma vez no encosto do sofá e ficou em silêncio. Sai suspirou alto e saiu da sala para ir até o quarto de hospedes, seu quarto.


Dois dias depois, Sasuke já não aguentava mais ficar dentro e casa, então assim que acordou com o som irritante do despertador, tratou de sair da cama sem mais nenhum minuto de descanso.

‒ O que aconteceu com você, hein? ‒ Itachi perguntou assim que Sasuke entrou na cozinha. ‒ Levantou cedo, isso é um milagre!

‒ Estou sem carro, esqueceu? ‒ disse o mais novo.

‒ Mesmo assim.

O Uchiha mais novo encheu um copo com leite e bebeu-o rapidamente antes de comer uma fatia de bolo. Ele realmente não queria demorar, então escovou os dentes e jogou a mochila sobre os ombros.

‒ Sasuke, você não comeu quase nada ‒ protestou Miya quando o garoto já estava na porta. Ele se limitou a dar de ombros.

‒ Estou indo ‒ avisou antes de escutar a empregada bufar, desgostosa.

Sasuke odiava ter de ir caminhando para a escola, mas naquele dia aquela caminhada parecia ajudar a melhorar seu humor.

‒ Sasuke!

O moreno estava quase na esquina quando ouviu seu nome ser chamado por uma voz infantil. Luka lhe acenava freneticamente, ainda em frente a sua casa. Sasuke ficou parado, olhando para o garoto e, logo, Sakura, que pegou a mão do irmão e começou a puxá-lo. Perguntou-se se ela ainda estava ressentida com ele.

‒ Bom dia, Sasuke ‒ cumprimentou a garota, quando o alcançou.

‒ Bom dia.

‒ Caiu da cama? ‒ perguntou ela enquanto os três retomavam o caminho para a escola.

‒ Sim, e você também ‒ resmungou de volta.

‒ Preciso deixar Luka na outra entrada, do outro lado da escola, antes de ir para a aula, por isso acordo cedo. Todos os dias ‒ disse ela.

‒ Hn.

Eles ficaram em silêncio por alguns minutos, Luka continuou quieto, com o rostinho sem expressão, o que era raro, já que o menino geralmente era o mais falante deles.

‒ Conheci seu primo ‒ disse Sakura, de repente. Sasuke olhou para ela e não deixou de ficar incomodado ao ver o sorriso que ela ostentava.

‒ Ele me disse. ‒ Sasuke tinha uma vontade gigantesca de contar o que havia escutado de Sai sobre ela.

‒ É mesmo?

‒ Sim ‒ murmurou.

‒ Sai é muito engraçado ‒ disse ela sem deixar o sorriso diminuir.

Sasuke ficou se perguntando se Sakura sorria daquele jeito quando falava dele para outras pessoas.

‒ Ele é um imbecil, Sakura ‒ rosnou. A rosada piscou algumas vezes antes de dizer algo.

‒ Imbecil? ‒ indagou, uma estranha expressão apareceu em seu rosto.

‒ Sim, um imbecil manipulador. ‒ Ele olhou para ela com o canto dos olhos. Luka olhava de sua irmã para o Uchiha com apreensão, atento ao que diziam.

‒ Não vi nada disso nele ‒ disse, interrompendo o silêncio, mas Sakura não estava defendendo Sai, só estava afirmando o que tinha presumido

‒ Claro que não, ele estava enganando você. ‒ Sasuke ouviu o longo suspiro que Sakura soltou.

‒ Você vê problemas em todos, não é mesmo? ‒ perguntou, fitando-o de modo intenso. Sasuke sabia que não podia negar, aquele era um de seus defeitos.

‒ Só estou dizendo a verdade ‒ rezingou e depois respirou fundo.

‒ Esse é o seu problema ‒ disse suavemente. ‒ Você é muito franco. ‒ O Uchiha ergueu uma das sobrancelhas.

‒ Isso não parece um problema para mim ‒ disse, mesmo pensando não ser um indivíduo completamente franco.

‒ Sim, eu percebi isso no dia em que o conheci ‒ resmungou. Sasuke revirou os olhos e nada disse.

Voltaram ao silêncio confortável durante o resto caminho. Sasuke percebeu que a garota estava distante, muito distante, mesmo que estivesse falando com ele normalmente, ele, mesmo conhecendo-a tão pouco, sabia dizer quando Sakura estava chateada.

‒ Precisamos ir por aqui ‒ disse ela, quando já estavam na quadra da escola, ela e Luka tinham que ir por outro caminho.

‒ Vêm com a gente, Sasuke ‒ pediu o garotinho ruivo, falando pela primeira vez depois de muito tempo. ‒ É cedo, não é, Sah? ‒ perguntou à irmã, esperançoso.

‒ Luka, ele...

‒ Por favor! ‒ implorou ao garoto, que continuava em silêncio.

‒ Luka... ‒ começou Sakura mais uma vez, mas foi interrompida quando Sasuke passou por ela, seguindo o caminho que os irmãos Haruno deviam tomar.

‒ Vocês vêm? ‒ perguntou Sasuke aos dois, fazendo Sakura lembrar-se que o moreno uma vez tinha lhe feito uma pergunta parecida.

Trocando um olhar com Luka, que abriu um pequeno sorriso, ela seguiu o Uchiha, puxando o garotinho pela mão.

Fazia alguns anos que Sasuke não ia até aquela parte da escola, então ele olhava para tudo com certa nostalgia. A praça, onde havia brincado inúmeras vezes na infância, continuava a mesma, e um sorriso inconsciente apareceu em seus lábios assim que a viu. Recordava exatamente, quando tinha onze anos, e num dia no fim da aula, Ino Yamanaka o tinha levado até embaixo do grande escorregador azul, onde ele teve lhe seu primeiro beijo.

‒ Será que Cho já chegou? ‒ perguntou Sakura a Luka, que balançou a cabeça em negativa. Cho devia ser uma coleguinha do menino.

‒ Acho que não, ela sempre chega mais tarde ‒ disse ele e Sakura assentiu, compreendendo.

Eles passaram pelos portões, onde havia dois brasões da escola. A maioria das crianças não estava nos corredores, talvez nem tivesse chegado. A sala de Luka era no fim de um corredor longo e só tinha três crianças e a professora, que veio receber o garotinho ruivo.

‒ Tchau, Sah. Tchau, Sasuke ‒ despediu-se Luka depois de abraçar e beijar a bochecha da irmã. A professora, acompanhou com os olhos o menino se afastar e então se virou para os dois adolescentes.

‒ Sasuke? ‒ perguntou hesitante, os olhos estreitos.

‒ Eu. ‒ Sasuke encarou a mulher sem saber como ela o conhecia. Aquela professora não parecia familiar, era uma mulher miúda, com cabelos cor de palha e olhos azuis.

‒ Não se lembra de mim, não é?

‒ Não ‒ respondeu simplesmente.

‒ Já fui sua professora, sua primeira professora. Mina. ‒ disse ela, com um sorriso, mas Sasuke não conseguia lembrar-se dela. A única coisa que lhe vinha na mente, era uma mulher chata que estava sempre repreendendo ele e Naruto.

‒ Hn ‒ resmungou, sem realmente importar-se com aquilo.

‒ Você continua o mesmo, apesar de ter crescido. ‒ Suspirou. ‒ É bom vê-lo. ‒ Então olhou para Sakura. ‒ Eu preciso conversar com você sobre seu irmão.

A rosada não demonstrou nenhuma reação por alguns segundos.

‒ Ele fez alguma coisa? ‒ indagou, enfim.

‒ Não, pelo contrário ‒ disse a professora. ‒ Luka está muito quieto ultimamente, quero dizer, isso seria bom se não estivesse atrapalhando o rendimento dele.

Sakura ficou em silêncio, mas desviou o olhar de Mina para Luka, que estava sentado em uma dar mesas redondas sozinho.

‒ Se houver algum problema, eu gostaria que você me dissesse ‒ continuou a professora. ‒ Eu sei que vocês estão morando com a mãe agora e é uma grande mudança para Luka, mas se houver outra coisa, seria bom que me dissesse.

‒ Eu não sei o que pode estar acontecendo, ele está realmente mais quieto ultimamente, mas deve ser pela mudança, ele sente muita falta do nosso pai ‒ disse Sakura após uma respiração funda.

Sasuke ouvia tudo em silêncio, sabendo que havia algo errado, era verdade que Luka estava parecendo um pouco estranho, passava a maior parte do tempo cabisbaixo, Sakura também sabia disso, mas não podia dizer o que pensava.

‒ Imagino ‒ assentiu Mina. ‒ Eu devia dizer isso à sua mãe, mas eu não a conheço e pensei que seria melhor dizer a você. Se piorar, vou ser obrigada a chamar a responsável.

‒ Sim, eu sei. Obrigada por me avisar ‒ agradeceu com um fraco sorriso nos lábios.

‒ É o meu dever.

Sakura se despediu rapidamente da professora e Sasuke se limitou a balançar a cabeça antes de seguir a rosada para fora. A expressão dela era séria, seus lábios estavam pressionados com força.

‒ Você está bem? ‒ indagou ele, quando Sakura fez uma careta e emitiu em gemido sofrido.

‒ Sim, estou ‒ respondeu, fria, e ajeitou a camisa do uniforme largo que vestia. O moreno revirou os olhos, odiava quando ela falava daquele modo.

‒ Está mentindo ‒ afirmou, tão frio quanto ela. Sakura virou o rosto para ele, assim podendo lançar-lhe um olhar furioso.

‒ Você não sabe se estou mentindo ou não ‒ vociferou e ele ergueu as sobrancelhas, descrente. ‒ Não se intrometa!

Sasuke soltou um risada curta e sem humor.

‒ Não estou fazendo nada ‒ retrucou ele.

‒ Sim, sua especialidade é não fazer nada, nunca! ‒ exclamou. Uma súbita raiva surgiu em Sasuke, ele estava querendo ajudar e ela só dificultava as coisas.

‒ Se você está com problemas, não venha descontar em mim! ‒ cuspiu ele. ‒Não é minha culpa se o seu irmão está estranho e você não consegue segurar as pontas com a sua mãe!

Sakura estacou, olhando para ele com seus olhos verdes e expressivos. Então, ela balançou a cabeça, compreendendo e continuou a caminhar. Sasuke olhou para ela, ainda raivoso e passou a mão pelos cabelos violentamente antes de segui-la mais uma vez. Só que ao se aproximar, Sasuke se viu profundamente arrependido de sua explosão, a garota não tinha culpa de nada, estava nervosa e o provável era que somando os problemas familiares e a mágoa que ainda sentia por ele, a fizera ficar tão irritada quanto antes.

Ela se recusava a olhá-lo e isso fez Sasuke ainda pior.

‒ Me desculpe ‒ disse ele em tom baixo.

A menina finalmente olhou para ele e diminuindo seus passos, se viu parada mais uma vez.

‒ Como disse? ‒ perguntou, recusando-se a creditar que ele realmente disse o que disse.

‒ Me desculpe ‒ disse mais alto e Sakura piscou algumas vezes. Sasuke respirou fundo e continuou: ‒ Acredite, eu não estou gostando de fazer isso, então não me obrigue a repetir de novo ‒ pediu. ‒ Eu não devia ter dito aquilo. E também me desculpe se não fiz o que você queria naquele dia, com Karin, eu não pensei que fosse ficar magoada. ‒ Bufou e tornou a passar a mão pelos cabelos. ‒ Isso é irritante ‒ resmungou sem olhar para ela.

Sakura entortou a cabeça e riu, divertida, fazendo Sasuke encará-la com o pior dos olhares, mas nada faria seu sorriso sumir naquele momento. O Uchiha ficou sobressaltado quando, inesperadamente, Sakura prendeu-o em um abraço caloroso e descansou a cabeça em seu ombro. Ele pensou em se afastar, mas ela não parecia disposta a soltá-lo.

‒ O que está fazendo?! ‒ indagou, imóvel.

‒ Você faz tudo parecer difícil ‒ disse ela, a voz abafada pelo ombro do garoto.

Ele não soube exatamente o que fazer, levantou o braço e deu leves e desajeitados tapinhas na mochila de Sakura, já que suas costas estavam tapadas. Sakura o abraçou por mais alguns instantes e então se afastou, exibindo o mesmo sorriso de antes.

‒ Sempre que alguém se desculpa de coração, é preciso abraçá-lo para que ele não se sinta mais culpado e se afaste ‒ disse ela. ‒ Funciona com Luka.

Sasuke fez uma careta de descrença.

‒ Você é maluca ‒ afirmou resmungando, mas ela se limitou a rir, sem se importar.

‒ E você é rabugento. ‒ Empurrou-o suavemente.

Sasuke olhou em volta, procurando alguém que pudesse ter visto a cena, mas a rua onde estavam, estava deserta, ainda era cedo.

‒ Agora vamos. ‒ Sakura puxou-o pela mão.

Sasuke puxou a mão com cuidado e continuou a acompanhá-la.

‒ Ah ‒ exclamou ela de repente, sua voz baixa. ‒ E me desculpe também, eu fui rude com você, mas não foi por querer. Eu estou em pouco perturbada por essas coisas com meu irmão e todo o resto.

Sasuke balançou a cabeça em negativa, para que ela soubesse que não o tinha afetado tanto.

‒ Sem problema ‒ murmurou. Sakura olhou para ele, os olhos brilhando, num agradecimento silencioso. Então, Sasuke levantou a cabeça para encará-la melhor e disse: ‒ Só não espere que eu abrace você ‒ acrescentou rapidamente e Sakura, revirando os olhos, bufou.



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Notas finais do capítulo

Hello!
E aí, esse foi comprido, não foi? Eu me dedique bastante dessa vez. O capítulo passado teve falta de algumas coisas que eu acho muitíssimo importante, então, espero ter compensado com o capítulo dez.
Uma coisa que eu não esclareci, que já faz um tempo que aconteceu. Akemi, como vocês viram, tem um jeitinho interessante de tratar o Sasuke, mas não é só com ele. Esse é o jeito dela, então que fique claro, ela trata os homens daquele jeito. O que seria melhor do que ter a sociedade masculino babando sobre seus seios?
Nesse capítulo, o Sai chegou, ele foi sutil no começo, mas é assim que eu quero que seja. O Sasuke e a Sakura se entenderam, eu demorei horas pra conseguir escrever toda aquela parte deles. Espero que tenham gostado.
É só isso. Deixem review!! Personagens novos trazem opiniões diferentes!!
Hum, quero desejar um Feliz Natal adiantado, acho que só vamos nos 'escrever' de novo na quarta que vem.
Vou ver se consigo responder os reviews do capítulo anterior agora, não fiz até agora. Obrigada por eles!
Desculpem qualquer erro (eu revisei, mas sabem como é).
Beijo!!