Little Princess escrita por Emmy Black Potter


Capítulo 3
Vampiros e Talentos




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/138716/chapter/3

Capítulo 2 – Vampiros e Talentos

Pov’s Bella:

         Isso era muito estranho, num dia, eu estava com meus pais, no outro eles estavam mortos e eu sentia tanta dor que queria morrer, e no outro depois daquele, eu era vampira.

         De acordo com Carlisle, eternamente com dez anos, eternamente com essa aparência. Suspirei, pensando se algum dia, eu não iria enjoar dela.

- Pare – pediu gentilmente Carlisle.

         Estávamos no meio da floresta, graças a Deus era manhã, eu desejaria nunca mais voltar aqui à noite.

- Aqui está bom – anunciou Carlisle – Sabe o que fazer?

         Eu estava pronta para responder: não. Mas, fiquei quieta, porque, de repente me ocorreu que eu sabia, sim, o que fazer.

         Joguei a cabeça para trás e suspirei profundamente. Com esse gesto, senti meus cabelos caindo sobre minhas costas, então, me lembrei que ainda tinha o cabelo preso por grampos, num meio-coque – pelo menos, agora soltara, já estava me chateando.

         Mas, foram pouco milésimos para processar tudo isso, porque o cheiro me atingiu como uma bola. Era um cheiro delicioso, fez minha boca encher-se de veneno (acho que era isso, de acordo com Carlisle).

         Eu não correspondia mais por mim mesma. Minhas pernas mexeram-se automaticamente e só pararam quando localizei minha presa. Era um lobo cinzento, andava por entre as árvores, aparentemente sem reparar que eu estava ali, prestes a matá-lo.

         Corri contra ele, e nesse momento o lobo virou-se, tentando dar uma patada em mim, mas só rasgou a bainha do meu vestido, que já estava bem sujo, pois ia até tornozelo. Mas eu imediatamente me defendi, mordendo seu pescoço como se ele fosse manteiga e sugando com força o delicioso gosto que invadia minha boca.

         Quando acabei, joguei o corpo morto do lobo para o lado, enquanto, delicadamente, passava um dedo próximo a boca, retirando os vestígios de sangue escorrendo.

         Carlisle chegou meio segundo depois, sorria, como se estivesse orgulhoso de mim – e esse sentimento me fez ficar contente.

- Então, Bella? – perguntou ele.

         Dei um sorrisinho de canto de boca, junto a uma risadinha.

- Foi... Bom, já que sou vampira mesmo, delicioso – respondi, e dramaticamente lambi os beiços – E... Não me sinto culpada, sabe, por ter tirado uma vida... Pelo menos, uma vida humana.

         Carlisle assentiu, entendendo como eu me sentia.

         Já estávamos começando a correr novamente, quando um novo cheiro chegou a mim como se fosse levado pelo vento. Era doce.

- Que cheiro é esse? – perguntei, parando de repente, ele parou comigo. Definitivamente não cheirava a sangue.

         Carlisle também cheirou e abraçou meu corpo me tirando do caminho bem na hora que alguém atirava-se contra mim.

         Meu grito ficou preso na garganta.

         Carlisle me mantinha meio atrás dele, como que para me proteger, e mantinha um braço apertado firme contra as minhas costas. E eu podia entender o motivo.

         Na nossa frente estavam três vampiros – consegui identificar imediatamente. Um deles tinha cabelos tão loiros que pareciam brancos, seu rosto era jovem, uns vinte anos, e olhos pretos – mostrando sua sede. Ao seu lado tinha uma mulher muito bonita, não consegui deixar de achar, por mais que ela parecesse querer arrancar minha cabeça.

         Seus olhos eram vermelhos sangues, não como os meus vivos, era mais escuro, ela obviamente alimentara-se. Seus cabelos eram de um ruivo tão escuro que parecia vinho e ela era tão jovem quanto o outro vampiro.

         E, por último, um vampiro que parecia alguns anos mais velho, mas ainda impecavelmente lindo. Os olhos estavam pretos ônix, seus cabelos eram castanhos.

         Eu me sentia, repentinamente, miúda, pequena, desprotegida. Eu era pequena, eles eram grandes. Eu era fraca, eles eram fortes. Eu era a caça, eles eram os caçadores.

         Senti medo. Medo de morrer. Medo de Carlisle morrer. Senti medo de tudo que poderia acontecer a nós dois.

- Olá – disse Carlisle, ainda me protegendo e tentando ser agradável. Tentando fazer a gente escapar daqui com vida.

         O vampiro de cabelos loiros falou por eles: - Como vai? Sabia que essas terras são nossas?

         Era obvio que o loiro não queria parecer gentil, isso soou tanto com uma ameaça que encolhi meu pequeno corpo contra Carlisle.

- Me desculpe, não sabíamos, iremos nos retirar o mais rápido possível – respondeu com gentileza Carlisle.

         A vampira sorriu com escárnio.

- Não, não, vampirinho – riu-se ela – O estrago já está feito, uma vez aqui, nunca mais se sai... Com vida.

         Minhas sobrancelhas ergueram-se, completamente incrédula sobre como eram arrogantes.

- A não ser... – falou o vampiro de cabelos castanhos, e virou seus olhos pretos para mim – A não ser que deixe a garotinha, ela pode gostar de brincar conosco.

         Senti que poderia ter vomitado se pudesse, porque eu entendi bem o sentindo de suas palavras, e isso me enojou tanto que achei que iria cavar um buraco ali mesmo, só para sumir da vista deles.

         Mas Carlisle aparentemente, pensava como eu, porque apertou mais seu braço em volta de mim – se eu fosse humana estaria quebrada, com certeza.

- Me deixem em paz! – gritei agudo, antes que pudesse me impedir.

         Os três vampiros só riram.

- Olha só – disse o vampiro loiro – o vampirinho transformou uma criança, não é meigo, Kath? Aposto que os Volturi adorariam saber sobre isso.

         Os Volturi. Quem era “os Volturi”? Jane e Alec eram? Me lembrei da fala deles... “Aro nos mandaria em missão novamente para matar uma criança imortal.” Esses eram os Volturi?

         Não sei por que, mas rosnei para os vampiros a minha frente. Rosnei por instinto e puramente irracional. Eu estava com raiva. Muita raiva.

         A mulher, Kath, jogou-se no chão, contorcendo-se de dor e berrando para Carlisle parar – mas ele não fazia nada.

         O vampiro de cabelos loiros abaixou-se ao lado da mulher, que ainda se contorcia e gritava em dor, e virou os olhos para Carlisle.

- Deixe minha companheira em paz! – rosnou o vampiro loiro.

- Tom! – berrou Kat, segurando-se com força ao vampiro loiro, parecia estar tendo convulsões.

         Tom – que nome estranho para um vampiro... – olhou para Carlisle e gritou:

- PARE COM ISSO, VAMPIRO!

         Desviei os olhos da mulher, que parou de se contorcer e virei para Tom.

- Não enxergo nada! Kath! Mário! – gritou Tom, andando bêbado de um lado para o outro.

         Então entendi o que estava acontecendo. Abracei Carlisle pela cintura com meus dois braços, e minha altura mal chegava ao seu cotovelo. Olhei para os três vampiros a minha frente e senti raiva, muito raiva pelo que eles estavam fazendo.

         Franzi o cenho, concentrada, tentando pensar em como queria que eles sentissem dor. E foi o que aconteceu.

         Os três caíram de joelhos no chão, gritando de dor, contorcendo-se ou parecendo ter convulsões.

- Bella, mas... O quê? – perguntou Carlisle alheio a tudo.

         Só peguei sua mão puxando com força, num gesto que claramente dizia “vamos, vamos logo” e, dando uma última olhada de ódio para os três vampiros, corri junto a ele.

         Já era de noite quando paramos de correr. Estávamos ao lado de um riozinho. Meu vestido vermelho – que eu usava desde o dia da morte dos meus pais – ia até o tornozelo, quase arrastando ao chão, estava rasgado na bainha, sujo de terra e sangue, além de faltar as mangas que pareciam ter sido arrancadas a força. Meus cabelos continuavam impecavelmente arrumados, e me perguntei se o fato de ser imortal nos deixava congelados, sem mudar a aparência para sempre.

         Sentamos nas pedrinhas a margem do rio. Eu tirei meu sapato e molhei meus pés, sentindo como era bom finalmente parar. Não que estivesse cansada, só me sentia... Sei lá.

- Bella, pode me explicar o que foi tudo isso? – perguntou Carlisle.

- Olha, não surta, tá bom? – perguntei, respirando fundo. Vai lá, Bella, vai, fala – Eu acho que fiz tudo aquilo.

         Pronto, era agora que a única pessoa que cuidou de mim, me chamava de louca.

         Mas Carlisle não me disse que eu era doida. Suspirou, parecendo mais cansado do que nunca e falou:

- Bella, tem uma coisa que você tem que entender, a maioria dos vampiros toma sangue humano. A maioria não é... Bom, coloquemos assim. Existem uns poucos bons, mesmo tomando sangue humano.

         Assenti, dizendo que estava acompanhando.

- Alguns vampiros possuem dons – disse ele.

- Dons? – minha voz soou confusa.

- Sim, dons. Fazer pessoas sentirem dor, ler mentes a um toque, detectar dons... Existem vários tipos de dons. – Carlisle explicou – E acho que esse é seu dom.

         Meu dom? Meu dom?! Eu gritei dentro da minha cabeça.

- Isso não é um dom, é uma maldição! Causar dor nas pessoas! – choraminguei, enterrando meu rosto em minhas mãos pequenas.

         Carlisle franziu a testa: - Na verdade, Bella, não acho que esse seja, exatamente, seu dom...

- O que você está supondo? – perguntei curiosa. Eu queria, desesperadamente, que esse não fosse meu “dom”. Deviam existir tantos dons, por que o meu tinha que ser justo esse?

- Lembra como o vampiro Tom ficou gritando que não enxergava? – perguntou ele, depois que eu acenei positivamente, Carlisle continuou – E eles sentiram dor.

         Eu não sei onde ele queria chegar com isso, porque tudo isso me tornava o pior dos monstros.

- Eu já vi dois talentos assim – falou ele pensativo – E, de certa forma, até se encaixa.

- Quem tinha esse... Talento? – perguntei, mas, no fundo, no fundo, eu sabia a resposta.

- Jane e Alec. Eles trabalham para os Volturi, que são como... A realeza vampiresca. Eles ditam a lei, pune quem a quebra, essas coisas – explicou diante meu olhar de duvida – Jane e Alec fazem parte da guarda Volturi e possuem o dom de causar dor mental e perda de sentidos, respectivamente.

“Mas o seu caso é interessante, eu não tinha visto nenhum dos dois usar seu talento em mais de uma pessoa por vez. É como se você pegasse os dons das pessoas e aumentasse a “força” deles” – terminou Carlisle, sua teoria.

         Parecia absurda, e eu queria dizer não, mas, alguma coisa dentro de mim – que eu já estava a ponto de espancar essa “coisa”, porque ela parecia querer “dizer” muitas coisas – dizia que era esse meu dom. Pegar dons, aumentando ou diminuindo sua força.

- É, talvez... Talvez seja isso. Se acharmos outro vampiro com um dom, poderemos checar – falei.

- Sim, com certeza. Agora, que tal irmos para alguma cidade procurar um lugar para morar? Eu trabalho no hospital e ganho bastante com isso. Acho que devemos comprar roupas novas também – ele disse sorrindo, e olhando para sua roupa própria.

- O sangue não é tentador para você? – perguntei.

- Não, depois de anos de prática, ganhei o autocontrole – ele disse sorrindo para mim.

         Eu sorri de volta e disse pensativa: - Acho que autocontrole é seu dom.

- Talvez – riu-se ele.

         Começamos a caminhar devagar, como se fossemos humanos normais, se divertindo em um dia qualquer, conversando sobre assuntos banais.

- Carlisle? – chamei.

- Sim, Princesa? – perguntou ele, provavelmente inconsciente do apelido que me dera.

- Posso te chamar de pai?

         Seu sorriso emocionado foi a resposta.

         Continuamos a caminhar pela margem do rio, desfrutando do momento, agora, pai-e-filha.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Comente, critiquem, me chutem, sei lá! =D