Little Princess escrita por Emmy Black Potter


Capítulo 28
Sai do meu pé!




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Capítulo 30 – Sai do meu pé!

 (1945, Juneau, Alasca)

Pov's Bella:

         Ajeitei meu rabo de cavalo na cabeça, estava perfeito, mas Rose insistia em dizer que havia um fio para cima – como se fosse possível. Vampiros, cabelos parados, hello...?

         Olhei no relógio, três e meia. Daqui a vinte minutos seria o jogo Juneau Elementary School contra Shing Elementary School – uma cidade próxima aqui, outra vilazinha com somente uma escola. Eu, tipicamente, estava com minha roupa de líder de torcida, minúscula. Meus pompons vermelhos e brancos combinavam.

- Vem logo, Bella! – disse Rose, entrando no banheiro. As aulas já tinham acabado, e logo que saíram, Rose e as irmãs Denali pegaram um carro e dirigiram até aqui. (Emm e Eddie tinham pegado outro carro e dirigido até a quadra de basquete onde seria o jogo).

- Ai, Rose, não está muito curto? – reclamei pela milésima vez.

- Isabella Marie Cullen – ela ralhou – você usa essa roupa todo dia há um ano, já fez inúmeras torcidas em jogos, por que todo jogo e todo santo dia você me faz essa pergunta se olhando no espelho?

         Porque tenho medo que alguém realmente dê atenção ao meu corpo vazio, infantil. Mas eu somente dei de ombros. Caminhamos em direção ao ginásio e encontrei uma grande torcida da minha escola, inclusive alguns alunos da Middle e da High School. Acenei para minha família e disse tchau para Rosalie, indo em direção as torcedoras.

         Como eu estava no último ano, isso significava que Alexis, Susan, Mirtle e Tamiris tinham ido para o primeiro ano na Middle. A treinadora Corren me transformou na líder das líderes de torcida – o que eu acho bobagem e não dou a mínima importância, mas as pessoas me tratam como se eu fosse uma rainha ou algo do tipo. Humanos... Importam-se tanto com coisas bobas.

         Disse "oi" para Lilli – a única, além de mim, que sobrara do ano passado – e para as três novas líderes de torcida: Mirella – do terceiro grau, Katiannie – mesmo ano que eu, e Becka – do quarto grau.

         O apito soou e os meninos começaram a jogar, já com a bola no arremesso. A outra equipe de torcida nos olhou desafiadoramente antes de começar a requebrar e olhar selvagem como um gato lutando. Ergui as sobrancelhas e simplesmente pedi para as minhas meninas começarem a torcer a coreografia sete – que era com pompons e giros.

         Tinha uma hora que eu fazia uma reversão e as meninas uma estrela e parávamos todas na abertura total, o que fez a torcida vibrar e incentivar o nosso time. Lá pela metade do jogo a outra escola estava cinco pontos na frente e isso significava que tínhamos que fazer coreografias mais complicadas para incentivar. Mandei que as meninas deixassem os pompons de lado e fizessem a coreografia treze.

- É canja, é canja, é canja de galinha, arruma outro trouxa pra jogar na tua linha! – Mirella gritava isso em uma parte da coreografia, toda sorridente, o que fez a nossa torcida rir e a outra, do time adversário, vaiar. Maus torcedores.

         Foram estrelas, aberturas, mortais e saltos elásticos, e, no final, formávamos aquela divertida pirâmide. Eu ficava no topo por ser a menor – não, eu não estou falando errado, até mesmo Lilli, mais nova, é mais alta que eu. Oh, destino cruel!

- Vai, Juneau! – gritávamos juntas no final, já com a pirâmide formada. No final, eu pulava de cima e pousava no chão com um pose, assim com Mirella e Lilli logo depois, ajoelhadas e Becka e Katiannie, as mais altas, estavam de pé.

         Acabou que a nossa escola ganhou por dois pontos no finalzinho do último tempo. Acenei sorridente para as meninas da torcida e caminhei para minha família, que esperava encostada no carro de Eddie e de Rose.

- Oi, gente! – cumprimentei como sempre sorrindo.

- Estava linda, Abelhinha! – parabenizou Emm, sendo seguido por "Muito gata!", "Arrassou!" e um "Poderosa e sexy essa menina". Eddie não pareceu ficar agradado com a frase de Irina, porém ignorei completamente.

- Valeu, gente, é divertido, por mais que tenha essa saia que mostra, bem, tudo – chiei irritada, olhando para mim mesma. As mulheres riram, Emm fez cara de bobão, e Edward – como sempre pra me fazer feliz – concordou comigo.

         O carro com as irmãs Denali já tinha disparado pela rua, e quando eu estava para entrar no carro onde estavam meus irmãos, Alexis apareceu na minha frente, quero dizer, lenta como uma humana. Aparentemente tinha vindo assistir o jogo de sua antiga escola, pois estava simples – quero dizer, exibida. Calças jeans coladas, uma blusa justa com um casaco felpudo, e um sapato brilhoso.

- Bê! – ela gritou como se fossemos velhas amigas (aliás, se fosse o caso, ela saberia que detesto "variantes" de Bella). –Ai, querida, eu vi você no ginásio e quer saber: F-A-B-U-L-O-S-A!

         Sorri tão falsa quanto ela: - Obrigada, Alexia.

- É Alexis – ela disse agudo, irritada, mas vendo minha sobrancelha erguida, sorriu docemente de novo – Bom, não importa, somos amigas, chame-me como quiser. Mas, então, a Elementary continua legal? Porque a Middle School é muito melhor – ela deu muita ênfase na última frase.

- Ah, sim, excelente, não sei por que – é porque você saiu, eu quiser completar – mas esse ano está melhor.

         Começou a garoar rapidamente e ela abriu um guarda chuva – sem oferecê-lo a me cobrir também enquanto conversávamos – e eu desejei já ter partido. Eu nunca tinha sentido o cheiro dela assim, sem seu perfume exageradamente doce de pinheiro. O cheiro atingiu-me como uma bola, assim como o cheiro dos – glup – garotos que matei. Não era um alívio pensar assim.

         Cocei os olhos com uma das mãos, eles provavelmente estavam pretos.  E quando os abri, Alexis arregalou seus olhos claros: - S-Seus olhos! – ela gaguejou – estava dourados e agora estão... Pretos?

- Impressão sua – enrolei. Meus irmãos ouviam atentamente no carro. Odiava fazer isso com humanos, mesmo com os piores deles, porém usei um dos meus dons: o para confundir, de Heidi. Alexis ficou com uma expressão vazia enquanto eu alterava sua mente e ela ia embora acenando – e, claaaaro, aproveitei para fazer ela pensar em ser um pouquinho mais caridosa com a comunidade.

- Preciso caçar, agora – decretei no carro, prendendo a respiração.

         Edward não questionou, pisou fundo no acelerador e em poucos minutos estávamos na encosta de uma floresta. Estacionamos o carro e corremos entre as árvores rapidamente, eu seguia meus instintos, então, não demorei a pegar dois pumas suculentos. Vi ao longe Emmett lutando com um urso pardo bem, hum, gordinho. Rosalie sorriu para mim e apontou para o marido, seus lábios formando a palavra "meu macaquinho bobo". Sorri torto digno de Eddie Cullen, que falando nele, apareceu com a camisa branca impecável.

- Não pegou seu precioso leão da montanha, Edinho? – Emm zombou risonho, sua camisa estava rasgada, e Rose rosnou a esse fato, e suja.

- Peguei, entretanto ao contrário de você, Emmett, eu sou civilizado – era verdade, pensei, comparando a roupa dos dois. Analisei a minha roupa de líder de torcida, estava em perfeito estado também – afinal, eu não brinco com a comida. Eu ainda estava um pouco sedenta, minha garganta ainda coçava, porém ignorei, não era urgente.

         Estávamos sorrindo e bobeando uns aos outro, quando eu parei de repente. A semi clareira era silenciosa, exceto, talvez, pelo cheiro que me atingiu – o dom de rastrear de Felix acabara sendo-me valioso, afinal, não só rastreava, mais também aguçava meus sentidos (em geral, eu usava esse dom quando queria, na minoria das vezes era involuntariamente).

- Bella? – Eddie chamou, olhando atenta e seriamente para mim. Rose e Emm repetiram o gesto.

         Porém eu não prestava atenção neles, e, sim, ao cheiro adocicado que me invadia. Senti-me rosnado, saco, malditos Volturi que não tomam no meio da coisinha deles e me deixam em paz!

         Eles surgiram num milésimo de segundo, antes não estavam ali, e de repente, como mágica – ou vampirismo –, estavam. Dessa vez não era somente Alec, e sim Félix, Jane, Demetri, Heidi e o próprio Alec. Eu analisei a todos melhor, estavam como sempre (seria estranho se tivessem mudado).

         Jane alguns poucos centímetros mais alta que eu. Os cabelos loiros estavam presos em um coque frouxo, que era coberto pelo capuz do manto negro. Alec, seu irmão gêmeo do mal – literalmente -, me olhou malicioso o que rendeu um passo na minha frente de Eddie. Seus cabelos eram castanhos escuros e seus olhos vermelhos sorriam para mim. Heidi, como sempre, não usava o manto dos Volturi, e, sim, um vestido extremamente sexy. Longo, com um corte até a coxa e um decote até o umbigo. Seus longos cabelos cor de mogno caiam em ondas pelas costas e, seus olhos, agora eram violetas – reparei num pequeno círculo azul em volta do vermelho sangue da íris, lentes de contato azul. Agora, por que uma vampira usa, sabe Deus por que. Félix um armário tão grande quanto Emmett, alguém com quem você não gostaria de encarar num beco escuro. E Demetri – eu nunca reparara o suficiente nele – tinha a pele azeitonada, misturada a palidez dos vampiros, e seus olhos vermelhos quase combinavam com seus compridos cabelos pretos.

         Todos eram incrivelmente lindos, mas por trás dessa beleza eu sempre – repito sempre, mesmo na primeira vez os vira – vira uma coisa maligna se agitando dentro deles. Eu rapidamente fiz com que meu escudo mental e físico cobrisse a mim e meus irmãos – claro que ficaria cansada, mas, bom, era por uma boa causa.

         Com olhos atentos, vi o dom de Alec espiralar por volta de meu escudo, uma névoa quase transparente que causaria minha morte e de minha família se eu não cuidasse. O dom de rastrear de Félix era inútil, então, um ponto a mais para os Cullen – ele não tinha o meu dom, de pegar e desenvolvê-lo a ponto de deixar os sentidos aguçados, somente rastrear. E uma coisa escura, vista somente a olhos atentos, pois parecia uma sombra de alguém, veio até o meu escudo, e bateu com força. O dom de Jane – ela andara treinando, estava cada vez mais poderosa.

         Entrecerrei os olhos, eu uso escudo mental involuntariamente, praticamente. Porém, o físico eram raras as vezes, e eu estava me cansando. Esse parecia exatamente o objetivo, pois ninguém mexera um músculo. Os meus irmãos próximos a mim, prontos para atacar, se necessários. E os Volturi ainda estavam do outro lado da semi clareira nevada, sorrindo diabolicamente e rindo em suas mentes, aguardando como uma cobra para dar o bote.

         Pareciam que horas se arrastavam a cada minuto e, cada vez mais, eu sentia meu escudo tombando, e erguia de novo. Chegou a um ponto, certa hora, em que tive vontade de sentar no chão, como um humano cansado de correr. Mas continuei de pé, os Volturi alimentam-se de fraqueza, e a minha parecia especialmente deliciosa para esse grupo da guarda.

- Vamos lá, Bella – Alec acariciou com malicia o meu nome – seja razoável, somos amigos, por que não nos deixa entrar?

         Eu trinquei o maxilar com toda a força que conseguia, parecia que o céu estava em minhas costas, o escudo físico – e até o mental, que virara praticamente meu companheiro – empurrando-me de encontro ao chão. Eu gemi, e esse foi meu erro.

         Alec e Jane se entreolharam e, numa força só, fizeram seus poderes racharem meus escudos. O físico foi para o espaço, o que fez com que meus irmãos ficassem em posição de ataque na minha frente. Eu fui tomando consciência de algumas coisas, tentando me distrair dos poderes dos gêmeos Volturi e enquanto tentava postar o físico de volta.

         Primeira: Eddie provavelmente estava lendo minha mente, pois estava dentro de meu escudo – e, possivelmente, só encontraria um branco profundo, pois eu sentia-me cansada e esgotada. Segunda: a morte não parecia tão desagradável assim.

"Rose, Eddie, Emm" eu disse em suas mentes. Depois de alguns meses treinando com Eleazar, eu conseguia, definitivamente, fazer o inverso com minha mente, enviando pensamentos, assim como ouvi-los. Mas o escudo mental tinha que ser retirado, ou a pessoa estar dentro dele.

         Eles não me olharam, ainda rosnavam para os guarda Volturi, que nem sequer tinham mexido um músculo. E, por fim, eu me rendi, com meu escudo mental finalmente baixando. Nessa hora, eles atacaram.

         Félix veio correndo e começou a lutar com Emmett. Eu queria levantar e gritar com todas as minhas forças que não, que parassem e me levassem somente, porém, aqui estava eu: fraca e imponente na hora que precisavam. Heidi atacou Rosalie, que, com a mesma ou talvez mais, raiva, lutou. Demetri era menor que Félix e Emm, mais ainda sim, maior que Eddie – e temi por meu irmão.

         Edward tentava sair de sua luta e vir para a minha com Alec e Jane – que ainda nem mesmo começara – mas não havia jeito disso.

"Carl!" eu gritei na minha mente, desejando que Carlisle escutasse, mesmo a quilômetros de distancia.

- Bella, Bella, Bella – Alec disse, a alguns metros de mim, assim como Jane.

         O resto do mundo se fechou para mim, parecia que éramos somente eu e eles, como da primeira vez. Na primeira vez eles tinham quase me matado – aliás, de fato tinham. Vampiros são mortos. -, será que agora seria oficialmente?

- P-por favor – eu nunca, mas nunca, na minha existência pensei que chegaria ao ponto de implorar para os meus maiores inimigos.

- Ah – foi a única coisa que Jane disse, e, sorrindo amigavelmente para mim, seus olhos vermelhos tornaram assustadores e ignorantes com a dor que veio de brinde. Há anos que eu não sentia uma dor assim: desde a primeira vez no bosque da Itália, desde que Eddie partira e me deixara, desde que eu matei os humanos. Há tempos essa dor não me assolava.

         Porém Jane treinara, a dor estava maior, estava quase doentia. E Alec aparentemente também treinara, pois ele fez com que eu não escutasse, sentisse, cheirasse nada mais – quero dizer, a não ser a dor de mil facas me cortando.

         Era um silêncio absurdo na minha mente – e Eddie? E Rose, Emm? Estariam vivos e bem? Os Volturi os poupariam? – e meu corpo se contorcia, desejando arrancar a dor desses cortes de mim mesma. Eu gritava agonizada, o grito em minha garganta raspava áspero.

         Mas os gritos não me salvaram dessa dor.

         Onde estava meu escudo mental involuntário, você pergunta? Eu não tinha idéia se eu ainda estava na clareira com minha família, eu respondo, quanto mais onde estava minha força de vontade. Aos poucos, meus sentidos foram recobrados e aquela sensação de acordar, há muito também esquecida, voltou-me.

         Em alguns segundos, analisei a cena a minha volta. Rose estava imobilizada por Heidi, assim como Emmett por Félix, e Eddie – que me olhava com uma cara de dor – por Demetri. Todos os três tinham mãos em seus pescoços, prontas para arrancar suas cabeças. Jane estava mais ao longe, bizarramente sorridente com tudo, os braços cruzados atrás das costas, o cabelo impecavelmente arrumado.

         Já Alec, eu odiei, estava a centímetros de mim. Com os sentidos de volta, reparei que estava de pé e era na minha frente que Alec estava agachado a minha altura, com suas mãos prendendo meus pulsos e seus lábios a poucos centímetros dos meus.

- O que quer? – tentei falar sem encostar minha boca na dele. Que riu.

- Ora, o de sempre Bella, o de sempre – ele respondeu e Edward rosnou. Demetri apertou mais as suas mãos no pescoço de meu irmão – sinto dizer que se sua... Família – ele zombou – não cooperar, iremos ter que tomar sérias providências.

- Fala logo o que você quer – "seu tapado", completei em minha mente. Meu escudo mental esgueirava-se por minha cabeça, voltando.

- Bom, Bella, o que eu quero é um pouco diferente do que Aro quer, não é mesmo? – Alec riu – Então, façamos assim: você me dá o que eu quero, e eu deixo você e sua família sair com vida. Você dá o que Aro quer e eu deixo sua família e você com vida. Inclusive os que não estão aqui na clareira.

         Pensei em Esme, Carl, e até nos Denali nos esperando em casa, querendo saber o que aconteceu em dúvida – e de repente os Volturi chegando e arrancando suas cabeças.

- Feito – disse sem nem mesmo ligar para o que ele queria.

- Bella, não! – Rose gritou e Heidi tapou-lhe a boca, mas sendo quem era, minha irmã teimou – Sai daqui, megera! Bella, por favor, não faz isso, iremos dar um jeito, iremos...!

         Sua frase se perdeu com o tapa que Heidi deu para calar-lhe a boca.

- Bom, Bella, muito bom – Alec disse aprovando com um sorriso irônico. E olhou para minha roupa curta – na verdade, com esta roupa que você está usando, até facilita o trabalho, sabia?

- O que Aro quer? – decidi desviar o assunto.

- Ah, você sabe bem o que – ele disse com um olha significativo.

- Ter-me na guarda.

         Alec sorriu, batendo palmas sarcásticas: - Um ponto para Isabella Volturi. Sim, acertou bem, minha cara. Na verdade, é um pouco mais que isso.

         Apertei os olhos: - Um pouco mais que isso?

- Sim, ele sabe de seu curioso dom, Bella – Alec disse – Seu dom de clonar.

- Mas... C-como? – gaguejei bobamente – Não é possível! Esse não é o meu dom!

         Jane sorriu e, finalmente falou algo:

- Claro que é. Nós já lhe dissemos uma vez, talvez você se lembre, os Volturi sabem de tudo, às vezes fica para uma próxima vez e, nunca, nunca, desistimos. E, acontece, que seu pareceu perfeito para Aro – ela terminava desgostosa com o fato.

- E, com esse dom – Alec continuou – Aro poderá dominar o mundo vampiresco com tranqüilidade, afinal, há coisa mais poderosa que poder ter todos os dons? Ele quer lhe fazer uma espécie de... Princesa Volturi.

- Princesa Volturi? – essa idéia parecia cada vez mais idiota.

- Sim – Félix disse numa voz fria e rouca, como se quase nunca falasse – Acontece que Aro gosta muito de poder, e ele pode se dar ao luxo de dizer que você é a filha dele.

- Mas eu não sou! – gritei com raiva – Sou filha de Renée e Charlie Swan! E filha adotiva de Carlisle e Esme Cullen!

- Claro que é – Alec concordou – mas Renée e Charlie não estão vivos para contestar, e ninguém dá a mínima se você é ou não filha adotiva de um vampiro, desde que você seja a biológica de outro, um mais poderoso.

- Vampiros não podem ter filhos – olhei quase penosa para Rose, por dizer isso gritado, quase na cara dela.

- De fato, não – Demetri deu de ombros – mas Aro, junto a Marcus e Caius, são os ditadores das leis no nosso mundo, eles podem dizer o que quiser e todos, sem exceções, tem de concordar. Não poderão contestar que você é a princesa Volturi.

- E quem disse que eu quero? – sussurrei sem forças, humilhada.

-- Há – Alec riu alegremente – É aí que entra o nosso acordo, não é? Acho que você quer que sua família continue viva. – e como que para reforçar suas palavras, o dom de Jane espiralou próximo aos meus irmãos, pronto para entrar em suas mentes e fazê-los sentir dor.

- Tá – eu murmurei derrotada – façam o que quiserem comigo, transformem-me no que quiserem, mas deixem minha família em paz.

          E, quase apressado, Alec cortou a distancia entre nós, com um beijo quente. Eu tentei me debater, empurrando-lhe o seu peito de mármore frio – que abrigava seu coração gelado – porém ele somente parou o beijo: - Essa é minha vontade, Bella, também está dentro de nosso acordo – e voltou a beijar-me com volúpia.

         Em um momento eu olhava nos olhos de Eddie, em desespero, desejando que ele ficasse quieto ali e partisse de volta para casa com meus irmãos e me deixassem sofrer em paz, no outro era tudo preto. Eu ainda estava nos braços de alguém, mas – como sempre quando eu estava sem sentidos – deu-me um branco de quem poderia ser.

         Foram longos minutos, ou horas, não tenho idéia, agonizantes, imaginando se minha família ainda estava bem. Ou se a guarda Volturi tinha-lhes arrancado a cabeça sem dó nem piedade.

         Quando "acordei", estava numa caverna. Era seca e nunca tinha sequer visto-a nas minhas corridas e caçadas. As estalactites e estalagmites eram pontiagudas e um humano poderia facilmente se machucar. Será que ainda era no Alasca? Ou eu já estava na Itália?

- Fronteira com o Canadá - disse uma voz que pareceu ler meus pensamentos, ou minha cara de dúvida. Que se contorceu numa careta de nojo.

         Quem tinha dito isso fora Alec, que estava ali na minha frente com seu típico sorriso estranho. Ele estava sem blusa, com o peito de mármore brilhando na pouca luz – reparei – que vinha da lua lá de fora. Usava uma simples calça jeans rasgada nos joelhos. Estava descalço.

- Devo dizer que está muito bonita, Isa – ele murmurou com luxúria nos olhos e senti uma vontade de me encolher contra a parede.

         Olhei para mim mesma. Usava um vestido vermelho, tomara-que-caia. Era apertado no meu busto quase inexistente, e solto da cintura para baixo, mas na verdade só ia até a metade da coxa. Usava um salto altíssimo preto e tinha uma estranha pulseira no pulso – ela de ouro com um grande pingente "V". Senti nojo de mim mesma, de tudo aqui.

- Não sou Isa! – gritei para Alec, levantando-me, ou pelo menos, tentando.

- Não adianta, sua tolinha – ele murmurou sorridente quando cai impotente no chão – Vi a sua ceninha com aquela garota humana há alguns dias, você estava com sede, e ainda está. Está fraca.

- Há alguns dias? – murmurei desolada.

- Sim, e está cada vez mais fraca. Eu esperei décadas por esse momento e garanti que nada desse errado, e... Aqui estamos – ele sorriu.

         E rasgou minhas roupas – junto com minha dignidade.


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