Little Princess escrita por Emmy Black Potter


Capítulo 2
Isabella




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Capítulo 1 – Isabella

Pov’s Carlisle:

         Sair para caçar era sempre um alívio. Eu tinha, sim, um autocontrole absurdo, mas isso não quer dizer que minha garganta não queimava ao cheiro de sangue humano, agora mais ainda que eu decidira trabalhar num hospital.

         Suspirei, pensando nos Volturi. Fazia poucos anos que eu os deixara e não podia deixar de pensar em como isso era certo, mas as palavras de Aro ainda ecoavam na minha cabeça: “Ora, Carlisle, deixe de tolices, é impossível criar uma família com a mesma dieta que você, somos vampiros, somos caçadores”.

         Agora, trabalhava nessa pequena cidade da Itália, Perfectore. E me sentia feliz, o mais feliz possível que um vampiro solitário podia sentir. Eu era um bom medico, tinha dinheiro e não matava humanos. Só faltava... Uma família. Impossível criar uma família... Somos vampiros, somos caçadores... Deixe de tolices... Balancei a cabeça espantando a voz de Aro dela.

         Joguei a carcaça de um alce para o lado, quando ouvi um grito. Era no mínimo de uma criança, e não era um grito de alegria, era pura dor e parecia muito verdadeira. Era um grito de uma menina. Segui o mais rápido que pude o som. Ela gritava, gritava e gritava repetidamente.        

         Quando cheguei onde ela estava, entendi logo, e isso me partiu o coração. Seu pescoço, perto ao peito, carregava uma mordida de dentes. Sangrava profundamente e o sangue parecia misturar-se a alguma coisa preta arroxeada – veneno de vampiro.

         Mas quem teria tal audácia de transformar só uma criança? Por alguns instantes, me senti tentado a deixá-la ali, os Volturis matariam uma criança imortal assim que soubesse dela, mas... Mas eu era um médico e um vampiro bom, não negaria minha ajuda se alguém precisasse dela.

- Aaaaaaaaa – gritou a menina novamente. Ela abriu os olhos em desespero.

         Ela era, na verdade, muito bonita. Seus cabelos eram castanhos arruivados, seus olhos eram de um lindo castanho chocolate, e sua pele era tão branca que quase poderia passar-se por vampira. Ela era muito miúda, não devia ter mais que um e quarenta de altura, mas seu rosto não era tão infantil.

- Calma, calma, menininha – falei, enquanto gentilmente a pegava no colo e começava a correr com ela em meus braços, em direção a minha casa, que, na verdade, ficava na floresta.

         A garota esperneava em meus braços e berrava como qualquer criança faria numa situação como essa. Ela arregalou os olhos, alucinada.

- Faz essa dor parar, faz PARAR! – gritou a menina, e sacudiu-se mais. Deu um grito agudo e doloroso.

         Quando cheguei em casa, deitei-a na cama de casal que eu possuía no meu quarto só para disfarçar. Coloquei-a encostada em muitos travesseiros para ficar confortável. Mas ela ainda berrava a plenos pulmões.

- Faz passar, moço, faz passar! – gritou ela, obviamente percebera que eu estava com ela. Sua voz parecia quebrada e era de cortar o coração.

         Com pena, desci as escadas e disquei o número da telefonista, que passou para o hospital, e eu avisei que estaria saindo da cidade por problemas pessoais. Conversei com o chefe do hospital por algum tempo, depois de fechar a porta do meu quarto para tentar reprimir os gritos que a garota berrava.

         Foram longos três dias para mim, ouvindo, com muito pena, a garotinha gritar, sem saber seu nome e como fora parar nessa situação, mas, aos poucos, os gritos foram diminuindo, dando lugar a uma expressão relaxada.

         Ouvi seu coração batendo tão rápido que parecia querer saltar do peito, até que parou. Pronto. O sofrimento para ela acabara... Ela era mesmo uma vampira.

         Ela abriu os olhos, e eles eram vermelhos vivo, era uma coisa assustadora de se ver nos olhos de uma criança inocente – que, ultimamente, eram consideradas as maiores julgadoras das pessoas boas ou não.

- Olá – falei tentando não assustá-la.

         Mas a menina não me respondeu nada. Levantou-se mais rápido do que um humano poderia fazer, e olhou para seus pés, provavelmente tentando entender como fizera isso. Foi até um espelho que eu tinha no armário e olhou-se. Viu que seus cabelos castanhos arruivados estavam mais claros. Sua pele mais branca e suas bochechas não estavam mais rosadas.       

         Sua reação natural ao ver seus olhos foi colocar as mãos sobre a boca para conter o grito e aproximar-se melhor, para ver se não tinha visto errado. Ela virou-se lentamente para mim e disse:

- O que aconteceu comigo?

         Suspirei. Isso era uma parte difícil. Tentei lembrar a mim mesmo que ela era uma garota, uma criança, e iria se assustar facilmente.

- Eu te encontrei na floresta, gritando, então, te trouxe para minha casa... – era agora – Quem fez isso com você?

         A garota franziu o cenho, tentava lembrar quem, as memórias humanas eram nebulosas, eu sei como é.

- Eles apareceram de repente. Mataram meus pais, eles fizeram isso comigo. Jane e Alec, esses são seus nomes – disse num sussurro que se eu não fosse vampiro não escutaria.

         Algo em meu cérebro estalou. Jane e Alec. Jane e Alec! Os gêmeos da guarda Volturi. Eu sabia que gostavam de dor... Mas... Mas, causar dor para uma criança? Que absurdo!

- O que eu me tornei? – ela perguntou.

         Não me vi capaz de enrolar: - Uma vampira.

         A garota ficou estática. Não respirava, mesmo que não precisasse, não parecia ter consciência disso.

- Qual seu nome, garotinha? – perguntei – Quantos anos você tem?

         Ela pareceu despertar de seus pensamentos com minha voz e virou-se para mim novamente.

- Sou Isabella, eu era Swan... Mas sem meus pais aqui... – ela começou a soluçar baixinho e eu me senti tentado a confortá-la, mas poderia assustá-la, eu era só um estranho – Pode me chamar de Bella se quiser, era assim que me chamavam. E eu tenho dez anos.

         Dez anos... Dez anos! Um bebê praticamente! Um bebê vampiro!, pensei com ceticismo.

         Ela ainda soluçava num choro sem lágrimas, quando coçou os olhos com uma mão – como se fosse um instinto de secar as lágrimas – e falou para mim, num sorriso mínimo:

- Mas... Mas se alguém como o senhor é um vampiro, não deve ser tããão ruim assim, não é? – ela perguntou a voz procurando alguma esperança.

         Senti, não sei por que, mas, de repente, senti orgulho, como um pai orgulhoso das notas do filho.

- Obrigado, Bella – eu disse sorrindo emocionado, praticamente.

         Seu sorriso aumentou, mostrando dentes perfeitos.

- E você? – perguntou ela.

         Senti-me franzindo o cenho.

- Eu o quê? – indaguei de volta.

- Quantos anos você tem e qual seu nome – riu-se Bella.

- Ah, sou Carlisle Cullen e tenho 260 anos – respondi e ri quando Bella arregalou os olhos vermelhos completamente chocados.

- Somos imortais? – sussurrou ela, como se temesse que alguém estivesse escutando.

- Somos, agora, que tal irmos caçar? – indaguei, mas acho que fui direto demais.

         No segundo seguinte, Bella correra – sem ter noção da sua velocidade – e encolhera-se contra a parede, os joelhos contra o corpo e os braços abraçando seus joelhos. Parecia tão vulnerável...

- V-vamos c-c-caçar... H-hum-manos? – eu nunca vira um vampiro gaguejar, mas também nunca vira uma criança vampira.

         Então entendi porque ela estava assustada.

- Não, não. Você entendeu errado, Bella. Está vendo meus olhos? São dourados, isso significa que caço animais e não humanos – falei – Se meus olhos estiverem vermelhos é porque tomei sangue humano. E quando estão pretos é porque sentimos sede.

         Ela levantou-se graciosamente e olhou-se no espelho novamente. Já imaginando sua pergunta, me adiantei.

- Seus olhos são vermelhos, por causa do sangue humano presente em você, aos poucos vão tornar-se dourados a medida que toma sangue de animal – expliquei.

         Bella soltou o ar que prendera e me olhou aliviada.

- Então, Carlisle Cullen, como caçamos? – ela indagou sorrindo.

         Me senti sorrindo também.


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Notas finais do capítulo

Comentem, critiquem, sei lá! =D