Little Princess escrita por Emmy Black Potter


Capítulo 14
Olhos Vermelhos




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Capítulo 15 – Olhos Vermelhos

(1923, Manchester, New Hampshire)

Pov's Bella:

         Faz dois anos que estamos em Manchester – o que significa que comecei a escola "bem nova", para poder fingir por mais tempo. Esme adorou decorar a casa, ela realmente tinha talento para isso e, enquanto ficava sozinha em casa, estudava sobre.

         Carlisle trabalhava no hospital e logo já tinha fama de melhor médico. Eddie, sabe-se Deus por que, fora para a Faculdade de Medicina – mas, desde então não tem sido o mesmo, penso, às vezes, se não é pelo controle excessivo que ele necessita ter lá.

         E eu, bom... Eu fui para a Elementary Manchester School, fingindo ter oito – ninguém suspeitou – e no ano que vem iria para Middle School (e eu tinha certeza que ia, pois Edward, fingindo ter vinte, iria terminar o curso somente daqui a dois anos).

         A escola não era ruim como a de Colombus, mas eu também não tinha amigos e amigas como em Denali. Sem meu irmão ali, eu era somente "Bella Cullen, filha do Dr. Cullen e da adorável Esme Cullen, e prima do lindo estudante Edward Masen" – considerada rica, linda e mimada, pelo simples fato de não me misturar a ninguém.

         Ok, eu sabia, lá no fundo, que sempre seria assim, porque eu nunca abandonaria minha família – e tenho certeza que Eddie também não, porque ele, certamente, também deve aturar coisas do tipo na faculdade.

- Para semana que vem, eu quero duas páginas com argumentos sobre porque a Revolução Industrial na Inglaterra foi uma coisa positiva – finalizou o Sr. Tanner, enquanto o sinal do fim das aulas tocava.

         Recolhi meus livros e saltei do banquinho alto da mesa. Caminhei tranquilamente pelos corredores, não iria deixar minhas coisas no armário nem bater papo com meus amigos, como as pessoas faziam quando as aulas encerravam.

         Eu era sempre assim.

         Saía com meus livros, andando pela rua, porque meu pai não podia vir me buscar, até chegar em casa. No dia seguinte, aparecia caminhando – ninguém ousava questionar a "esquisita Cullen". Certo.

         Mas hoje foi um pouco diferente. Já estava saindo quando uma menina para na minha frente, ela era da minha turma de inglês, geografia e ciências. Tinha cabelos loiros claríssimos e olhos cinzas nebulosos, ela era relativamente baixa e já começava a ter curvas.

         Era Janett Johnson – me peguei pensando se Jane Volturi também teria essa aparência quando humana, e cheguei a conclusão que provavelmente... Só tinha arrepios de pensar que Jane algum dia já fora boa.

- Olá – sorriu a loira.

         Devolvi um sorriso meigo, não seja estranha, repeti na minha mente.

- Você é Isabella, não é? – assenti – Tenho te visto por aí, Isa, e você parece tão solitária que decidi fazer-lhe companhia. Tudo bem?

- Claro – respondi docemente – E pode me chamar de Bella, é assim que me chamam.

- Ah, certo, Bella – ela sorriu para mim – Lorraine e Madelaine duvidaram que eu viesse falar com você, então eu vim, e você parece ser uma pessoa incrivel.

         Minha máscara de sorriso quase caiu – "Lorraine e Madelaine duvidaram que eu viesse falar com você". Era como uma aposta. Não, não! É uma aposta!

- Obrigada – eu acho, completei em mente. Tentei pensar no você parece ser uma pessoa incrível, não ofendia tanto quanto a aposta.

         Ela ia começar a falar, mas me adiantei: - Janett, preciso, de verdade – ou quase – ir para casa, minha mãe espera-me para ver algo. Amanhã converso contigo.

         E saí correndo numa velocidade humana razoável. Nem sei direito para onde corria, só queria sumir de repente – por que em todas escolas que eu andava era uma esquisitona? Não podia fazer algo normal? Não podia ser normal?

         Entrei correndo em casa, Esme olhou para mim supresa. Taquei meus livros na minha bancada, quase a destroçando e chutei, com muita raiva, minha cama.

         Gritei – de raiva, frustração, inconformação. Chutei minha cama de novo e novo, bati o pé loucamente, irritada com tudo. Gritei e esperneei quando minha mãe veio tentar me acalmar.

         Devo ter destruído minha cama por inteiro quando consegui, finalmente, me acalmar.

- Bella – chamou Esme – tudo bem com você querida?

         Suspirei, encostando-se à parede – em geral me jogaria na cama, mas visto que essa era somente pedaços desconexos de madeira, nem adiantava.

- Tudo – solucei fraco e deixei minha voz firme – ótimo, só... Só tenho alguns problemas, deveres demais, sabe?

         Esme me olhou séria. Sabia, perfeitamente, que eu mentia descaradamente, no entanto, respeitou minha decisão, não perguntando mais sobre o assunto – somente disse que iria decorar um novo quarto para mim, e pareceu feliz com a idéia.

         Senti-me culpada. Minha família nada tinha a ver com meus problemas humanos e escolares, então, por que descontava minhas frustrações aqui? Pensei em caçar, mas não sentia sede, meus olhos estavam no mais lindo dourado. Ler, estudar, escrever, ouvir a rádio? Nada.

         Toquei o colar que minha mãe me dera ao que pareciam décadas. Minha bailarina na pedra de esmeralda ainda estava ali, linda e, como poderia dizer?... Viva. Ela brilhava vivamente quando o sol batia nela, mas ninguém via – eu não podia sair nesses dias.

         Olhei para ela. Era linda, linda.

- Mãe! – chamei, animada com a idéia que tivera. Parei ao seu lado rapidamente.

         Ela estava em frente a um quarto vazio da casa e olhou curiosa para mim – como se eu não fosse explodir de repente, ou como se quisesse me dar conselhos sobre meus problemas. Mães – biológicas ou adotivas vampiras ou humanas são todas iguais.

- Você poderia somente reformar meu quarto? – ela franziu o cenho – E, nesse quarto aqui, fazer um estúdio de balé pra mim?

         Esme sorriu largo e me abraçou: - É claro que sim, bebê.

         Pisquei e sorri para ela – certo, eu tenho trinta e quatro e estou sendo chamada de bebê, mas, tecnicamente, também nem devia ser imortal, então...

-x-x-x-x-x-x-x-x-

         Naquela noite, Carlisle estava sentado na sala, em sua cadeira, lendo o jornal. Esme olhava umas plantas sobre o estúdio que eu queria que fizesse para mim. Eu lia um livro em italiano, só pra não esquecer minha língua mãe.

         Edward entrou tempestuosamente em casa. Bateu a porta, mas acho que se esforçou para ser, no mínimo, humano.

- Para mim já chega, Carlisle – olhei confusa para ele, seus pensamentos eram tão confusos que nem o teor deles eu pegava.

         Ele não berrou, nem ergueu a voz, foi numa voz fria, calculada e indiferente – e não sei se preferiria que Eddie tivesse gritado.

- Sobre o que, Edward? – perguntou educado, e confuso, papai.

- Eu não agüento mais seguir essa dieta, Carlisle! – isso sim veio num quase berro.

         Olhei inexpressiva para meu irmão adotivo – "seguir essa dieta"? -, Carlisle também virou os olhos para Eddie, analisando suas palavras, incrédulo.

- Ora, Edward, não sabia que se sentia assim, tão... Privado de tudo – comentou papai, ele parecia magoado.

         Mas Eddi... Edward não ligou.

- Pois me sinto assim, e também sinto que não posso fingir ser o que não sou: um monstro – ele rosnou as palavras.

         Essas palavras me acertaram como um soco no estômago, se eu era da mesma espécie de Edward, então, logo era um monstro, sem vida e sem alma?

- Então, sinto muito por dizer-lhe isso Edward, mas, então não poderá ficar conosco – Carl disse pesadamente.

- Está me tirando da família? – a voz dele soava oito tons mais alta e totalmente incrédula.

- Não queria fazer isso, Edward – respondeu papai – entretanto, não vejo opção de como você poderia permanecer aqui aderindo a outra dieta.

         Edward não falou nada, virou as costas e caminhou até a porta, e estacou, quando ouviu minha voz fininha: - Eddie...

         Sua mão parou na maçaneta, mas ele não virou.

- Por favor – minha voz era um miado – por favor, Edward, não... Não vá.

         Edward abriu a porta e passou por ela, deixando-a aberta.

         E, com esses simples gestos, quebrou meu coração – meu irmão tinha ido embora.


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Notas finais do capítulo

Sim, mais um capítuloooooooooo!