Meu Namorado Infernal escrita por Mandy-Jam


Capítulo 8
A competição


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem.

Como sempre, é claro. Haha.



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Quando nós finalmente pisamos no cais de madeira do lago, Poseidon acenou e voltou para a água com o “Netuno Terceiro”.

“Até que enfim...” Murmurei e soltei um suspiro. Ares riu.

“Quem nesse mundo não sabe nadar?” Perguntou ele zombando de mim. “E quem nesse mundo consegue perder três... Três! Três varas de pescar em uma única tarde?!”

“Não foram três!” Protestei.

“Foram sim! Você perdeu a segunda, e não tente mentir, Filhinha de Hermes!” Riu ele triunfante. “Admita! Você é uma catástrofe natural.”

“Eu não sou uma...!” Não terminei a frase. Que raiva! “Eu só perdi a terceira vara de pesca, por que...”

“Por que o que?” Quis saber ele. Ares estava com aquele maldito sorriso torto no rosto, e cruzou seus braços. “Termine.”

“Porque eu tinha caído na água, e as minhas mãos estavam molhadas!” Completei a frase.

“Ah, é! Eu esqueci!” Disse ele se lembrando de algo. “Quem nesse mundo perde... Não! É mais fraco que uma sardinha?! Há há!”

Ares começou a rir da minha cara. Eu trinquei os dentes.

“Não sei... É como responder quem nesse mundo gosta do Deus da guerra.” Comentei irritada. “Difícil, viu?”

“Nem mesmo tente, Filhinha de Hermes!” Falou ele negando com a cabeça, e ainda sorrindo. “Você é péssima. Isso não muda nada.”

“Dane-se! Eu não pedi a sua opinião sobre mim!” Reclamei irritada. Virei-me e comecei a marchar em passos pesados para o quarto 413.

Como aquele cara era idiota! Não conseguia passar um mísero segundo sem tentar fazer da minha vida um inferno completo!

Ares me seguiu ainda zombando, mas eu ignorei. Ainda sentia as minhas roupas molhadas por causa do banho no lago. Não gostava de lagos. Bem... Se eu estivesse com Apolo, não teria problema nenhum. Mas cair em um lago sozinha, e ainda ter um idiota zombando de mim? Aquilo era horrível!

Estava quase na porta do quarto, quando senti algo me puxar para o lado. Era um cara. Ele tinha posto seus braços atrás da minha cintura e me puxado para perto. Aquilo foi tão de repente que eu me assustei.

“Eu vou embora por algumas horas, e você some?” Perguntou ele. Olhei para ele ainda surpresa, e notei quem era.

“Apolo... Eu não fugi.” Disse sem graça. “Eu... Posso explicar.”

“Solta ela, idiota!” Exclamou Ares chegando perto.

“Você está com ciúmes?” Perguntou Apolo levemente incomodado. Eu pude ver isso em seu rosto. Ele estava usando óculos escuros, mas mesmo assim eu podia notar que seu olhar fuzilava Ares.

“Claro que não.” Respondeu ele revirando os olhos. “Mas se alguém vir você assim, o plano vai por água abaixo.”

Ares me puxou para trás, e Apolo franziu o cenho.

“Que história é essa?” Perguntou ele chegando para perto de Ares. Parecia que ele ia bater nele, mas eu o empurrei para o lado.

“Sh!” Fiz para ele. “Não aqui. Entra.”

Abri a porta do 413 e eles dois entraram. Depois de explicar tudo para Apolo, eu esperava que ele levantasse e reclamasse comigo. “Como pode fazer isso comigo, Alice?!” ou... “O que?! Vocês dois vão ficar juntos?! Não vou deixar!”.

Mas para a minha grande surpresa... Ele reagiu de forma diferente.

“Aaah tá! Que susto! Pensei que você estava gostando dela, Ares!” Riu Apolo batendo no próprio joelho como aqueles caras do desenho animado. “Acho uma ótima idéia!”

“Acha mesmo?” Perguntei incrédula.

“Claro!” Afirmou ele com um sorriso. “Alice, quando você estiver livre dele... Vai poder se mudar! Ir para qualquer lugar que quiser! Eu posso até ir com você.”

Parei para pensar naquilo.

Por ser uma meio-sangue, a minha mãe sempre se mudou de lugar para lugar no intuito de me proteger de monstros. Sendo uma musa de Apolo, eu não atrairia mais nenhum monstro. E se não fosse pela maldição, eu poderia ir á qualquer lugar livremente.

Morar com Apolo onde eu quisesse? Seria demais! Poderia finalmente ir á Paris. Conhecer o lugar que a minha mãe tanto gostava. Talvez até mesmo morar lá!

Ou no Olimpo! Eu podia, não é mesmo? Poderia ficar no Olimpo, no templo do Apolo! Tantas possibilidades fizeram a minha cabeça girar a mil por hora.

Eu sorri.

“Seria bom.” Concordei sem palavras. “Qualquer lugar mesmo?”

“Por que não?! Você é imortal, eu também. Nós poderíamos viajar juntos por longos anos. Vendo os melhores lugares do mundo...” Apolo tinha um ar sonhador, como se aquilo fosse um grande sonho.

“Isso.” Sorriu Ares sonhador. “Leve ela para longe. Bem longe de mim. Ai... Que sonho bom...”

“Digo o mesmo.” Sorri de volta sem vontade.

“Mas... Como vocês dois vão dormir?!” Perguntou Apolo de repente. Ele se levantou da cama, olhou para ela e depois estreitou os olhos para Ares. “Eu não confio na sua mão boba.”

“Mão boba?!” Repetiu ele irritado. “Que mão boba, seu retardado?!”

“Você sabe muito bem! Fique longe da minha Alice! Ela é uma garota pura e inocente. Não deve ficar perto de gente corrompida que nem você.” Disse ele me abraçando protetor, como se eu fosse uma criança de 5 anos que precisa de segurança 24 horas por dia.

“Corta essa! Como se eu quisesse alguma coisa com uma garota sem graça que nem ela!” Retrucou Ares fazendo caretas para mostrar como eu era detestável.

“Tem algum problema com ela?!” Perguntou Apolo furioso.

“Tenho, e daí?!” Rebateu Ares dando um passo na direção dele.

“Ainda bem.” Sorriu Apolo de repente. “Assim sobra mais para mim.”

Apolo beijou a minha bochecha e Ares revirou os olhos murmurando coisa como: “Mas que idiota!”. Eu não tinha muito que fazer. Achei que a melhor opção seria controlar a raiva do Apolo para que Ares não partisse para uma briga.

“Nós vamos competir pela cama.” Contei. “Quem agüentar mais tempo acordado fica com ela pela noite, e quem dormir fica no chão.”

Apolo riu ao ouvir isso.

“Sabia que vocês ainda se odiavam!” Disse ele sorrindo para mim. “É assim que eu prefiro, particularmente. Mas enquanto vocês tiverem que ficar juntos, acho que eu so posso dizer... Vai lá, Alice! Acaba com ele!”

Apolo bateu na minha mão, e eu ri. Ele era sempre muito animado, o que me fazia rir. E acabava aumentando o meu ânimo também.

“Tá. Como se isso fosse acontecer.” Comentou Ares. “Tem que ser muito inocente mesmo para acreditar que pode ganhar de mim em resistência.”

“Eu ganhei no videogame, e não pense que vou me esquecer disso. E nem vou deixar você se esquecer disso.” Comentei triunfante. “E em um jogo de guerra.”

“Ganhou droga nenhuma!” Reclamou Ares. “Fique sabendo que eu deixei você ganhar, Filhinha de Hermes! E você só ganhou porque tem esses malditos dedos pequenos!”

“Eu não tenho dedos pequenos! E não se faça de idiota! Eu ganhei e você sabe disso!” Protestei. “Espera... Primeiro você disse que você deixou eu ganhar, e depois falou que eu ganhei porque tinha dedos pequenos? Isso é meio contraditório.”

Ares franziu o cenho pensativo.

“Não interessa o que seja! Você não ganhou!” Reclamou ele. “E não vai ganhar de novo, porque a cama é minha!”

“Isso é o que vamos ver!” Reclamei.

“Por favor, não se beijem!” Pediu Apolo quase rindo.

Eu e Ares não entendemos. Só depois é que fomos notar que estávamos bem perto um do outro, enquanto gritávamos e reclamávamos sobre nossas competições. Eu me afastei e ele fez o mesmo resmungando.

“Bem... Eu vou ficar por aí no hotel. Nunca se sabe quando vão precisar da minha ajuda, não é?” Falou Apolo. “Tentem não se matar. Sei que você não morre, Alice. Mas... Pode sair gravemente ferida.”

“Escute o conselho do seu namoradinho e cala a boca, Kelly.” Disse Ares sorrindo torto. “Eu sou mal demais para você.”

“Cala a boca você! E pare de implicar comigo como se eu fosse uma criança!” Reclamei irritada.

“Aaaw, isso te incomoda, Filhinha de Hermes?” Perguntou ele de propósito só para me irritar mais ainda. “Vai chorar ou algo parecido?”

Não, eu vou socar a sua cara! Trinquei os dentes antes de responder isso, e me contive. Se fizesse isso, Ares ia ficar mais feliz ainda por ter um bom motivo para me fazer chorar ou coisa parecida. A última coisa que eu queria era ele feliz.

“Não é da sua conta.” Resmunguei indo para perto de Apolo. “Agora... Você tem que ir, certo?”

“É... Certo.” Assentiu ele. “Tenho que resolver alguns problemas...”

“Que problemas?” Perguntei.

“Coisas com a Ártemis. Arcos e flechas, coisas parecidas...” Disse ele olhando par ao teto. Ele fazia isso, e eu também. Ninguém nunca olha para o teto... Mas nós éramos uma exceção. “Ela quer falar comigo, e coisa e tal. Até mais, Alice.”

Apolo piscou para mim, e foi embora. Fechei a porta do quarto desejando ir com ele e não ficar ao lado daquele cara.

O Sol já estava se pondo no horizonte. Eram umas 6 da tarde. Ou quase... Mas eu estava completamente acabada. Tinha caído em um lago e acordado ás 5 da manhã. Ouvi 6 horas de rock pesado, e tive que fingir gostar do Ares na frente de Poseidon (que não era lá um Deus pouco curioso).

Sem contar que eu tive que passar por aquela maldita recepção branca! Aquela deve ter sido a pior parte do dia. Talvez.

Bocejei.

Queria poder deitar e dormir tranquilamente. Ia tomar um banho e depois...

“Isso. Faça isso.” Sorriu Ares maldoso. “Está com sono, benzinho? Por que não deita e dorme?”

“Não estou com sono.” Respondi.

“Tem certeza? Acho que as crianças ficam com sono quando chega essa hora do dia.” Comentou ele zombando novamente.

“Então fale isso para as crianças.” Retruquei pegando a minha mala, que ainda estava no chão, e indo para o banheiro. “Vou tomar um banho.”

“Precisa de um salva-vidas?” Zombou ele. “Ainda tenho as minhas dúvidas de que você possa se afogar no chuveiro. Se eu chamasse o Apolo... E se você tivesse sorte... Quem sabe não sobreviveria?”

“Se eu tiver sorte vou conseguir tirar o gosto do lago da minha boca.” Comentei revirando os olhos. “E... Acho que eu consigo sobreviver a um banho.”

Bati a porta do banheiro com força, mas ele não ligou. Depois de tomar um bom banho eu coloquei um pijama mais quente. Uma camisa azul de manga curta, e uma calça de moletom comprida e branca.

Abri a porta do banheiro e saí de lá. Vi que Ares estava deitado na cama de olhos fechados.

“Ei!” Reclamei batendo com a mala contra a barriga dele. Duvido que tenha doído, mas eu gosto de imaginar que sim. “Tirar cochilos não vale!”

Ares abriu os olhos, suspirou e se pôs de pé.

“Eu não estava dormindo. Estava só deitado de olhos fechados.” Corrigiu ele.

“Aham. Vou fingir que acredito em você.” Revirei os olhos. “Para ficar justo, eu vou deitar de olhos fechados, enquanto você toma o seu banho.”

“Tanto faz. Vai perder mesmo.” Disse ele encolhendo os ombros.

Ares foi para o banheiro e fechou a porta. Eu me joguei na cama e fechei os olhos imediatamente. Não tinha palavras para dizer como eu estava cansada. E aquele colchão era tão macio... E confortável...

Acabei relaxando. Senti o meu corpo completamente mole, e desejava cada vez mais que Ares demorasse bastante no banho. Porém...

“Pronto. Agora se manda.” Ele me levantou e me pôs no chão tão rápido que mal deu tempo deu abrir os olhos. “Já teve o seu descanso, Filhinha de Hermes. Agora durma logo para eu poder ficar com a cama.”

“O que?! Quanto tempo o seu banho levou?! 5 segundos?!” Reclamei sem acreditar. “Isso não vale!”

“Eu levei 4 minutos, para a sua informação.” Respondeu ele sentando-se no chão bem na minha frente. “Agora podemos começar a competição. A não ser que você queira pegar o seu ursinho de pelúcia ou o seu cobertorzinho antes.”

“Você que deveria pegar o seu.” Retruquei. “Não vou dormir. Pelo menos não no chão.”

“Veremos.” Sorriu ele.

Ares estalou os dedos e as luzes se apagaram. Mesmo assim, eu ainda conseguia vê-lo. Se ele dormisse eu correria para a cama, e descansaria tranqüila.

Só que... Deitar para relaxar tinha me dado uma certa moleza. Era como se todo o meu cansaço estivesse empurrando o meu ombro para baixo. Como se as minhas pálpebras estivessem ficando cada vez mais pesadas. Pesadas demais para eu segurar.

“Já vai perder?” Riu Ares, mas pude notar que sua voz estava levemente diferente. Como se... Estivesse mais fraca. Seria o meu sono, ou ele realmente estava assim?

“Não.” Respondi. “Não antes de você.”

Nós ficamos lá parados, sentados no chão encarando um ao outro. Sempre que um soltava um bocejo o outro sorria feliz, mas igualmente afetado pelo sono. Meus olhos estava ardendo. A cabeça de Ares caia para o lado ás vezes, mas ele logo ajeitava a postura novamente.

Depois de mais ou menos uma hora assim, eu já não agüentava mais. Ficar sentada tornou-se algo extremamente desagradável e desconfortável. Aos poucos eu fui deitando no chão.

Que mal teria? Eu poderia continuar acordada e olhando para ele, só que do chão. Meus olhos ainda estavam abertos.

“Está desistindo...” Pausa para o bocejo. “... Kelly?”

“Não.” Respondi bocejando também.

Ares adotou a minha idéia. Ele também se deitou no chão, mas apoiou a cabeça com o braço direito. Ele olhava para mim com um ar sonolento, porém determinado. Eu estava igual a ele.

“Dorme.” Disse ele. “Olha só para você. Não agüenta nem mesmo ficar sentada.”

“Nem você.” Rebati e bocejei. “Eu... Aguento sim. Vou ganhar...”

Meus olhos foram se fechando lentamente. Não teria problema, não é mesmo? Eu ia continuar acordada, mas de... Olhos fechados.

Não, Alice. Você está se entregando! Antes que eu pudesse reagir á minha idéia, os meus olhos se fecharam lentamente. Eu os abri algumas vezes, como se estivesse piscando, só que levava o dobro de tempo que deveria com os olhos fechados.

Pude ver que Ares estava fazendo o mesmo. O braço direito dele se cansou e ele deitou. Seus olhos se fecharam.

“Ganhei...?” Perguntei com uma voz fraca, que quase não saía.

“... Não...” Respondeu depois de uns minutos. “Ainda... Estou acordado.”

Nós demoramos mais alguns minutos na competição, mas... Eu acabei fechando os olhos, e não consegui mais abrir.


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Notas finais do capítulo

O que vocês acharam?

Será que Ares ganhou a competição?

Veremos no próximo capítulo!