Meu Namorado Infernal escrita por Mandy-Jam


Capítulo 7
Peguei um peixe!


Notas iniciais do capítulo

Espero que vocês gostem desse capítulo!



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“Mas então...” Falou Poseidon ainda olhando para mim. “O que aconteceu?”

“Ahm...” Eu estava sem palavras. O que eu iria dizer?!

“Deixa de ser intrometido, cérebro de alga! Não é da sua conta.” A delicadeza de Ares respondeu a pergunta por si mesmo.

“Sempre tão irritado.” Comentou Poseidon ainda sorrindo. Depois ele se virou para mim. “Como você agüenta isso?”

“Confesso que é bem difícil.” Comentei sorrindo. “Mas eu tento.”

“Apolo desistiu de uma garota compreensiva como você assim tão fácil? E depois de todo aquele lance com o cartaz?” Perguntou ele.

“Você viu aquilo?!” Perguntei levemente envergonhada.

“Quem não viu aquilo.” Rebateu Ares.

“O fato é...” Tentei inventar uma história. “Nós dois... Escolhemos dar um tempo.”

“O que ‘dar um tempo’ significa?” Quis saber ele.

“Ahm... Eu não sei.” Admiti sem graça.

Poseidon começou a rir. Eu ri um pouco só para não deixa-lo fazer papel de maluco, mas acho que isso não ajudou muito, pois Ares o observava como se ele fosse um.

“Vocês jovens e suas expressões.” Riu ele. “Mas tudo bem... Ei. Eu vi que você estava olhando para aquele lago! Vocês dois querem dar uma volta?”

“Não.” Respondeu Ares. “Fala a verdade. Por que está aqui?”

Poseidon ficou sorrindo para ele por um tempo, mas depois disse.

“É porque eu acho que vocês dois não estão juntos mesmo.” Contou ainda com um leve sorriso no rosto. “Que estão fazendo isso só para enganar Zeus.”

Eu e Ares engolimos em seco. Estávamos parados olhando para Poseidon com cara de paisagem. Do nada... Nós dois começamos a rir.

“O que?! Você acha isso?! Que idiota!” Exclamou Ares.

“É... Nós estamos juntos mesmo!” Eu ri.

“Ótimo. Que tal a volta de barco agora?” Sugeriu ele se levantando aparentemente convencido. “A não ser que... Vocês prefiram ficar á sós.”

Á sós não era uma opção para nenhum de nós dois, por isso assim que Poseidon concluiu a frase nós nos levantamos.

“Estava mesmo querendo dar uma volta de barco hoje.” Sorriu Ares.

“Eu também. Água... Lagos... Amo isso tudo.” Menti sorrindo.

Poseidon pareceu satisfeito em ouvir aquilo. Nós três fomos para perto do lago, onde tinha um pequeno deck de madeira. Lá podíamos ver alguns barcos parados. Poseidon entrou em um com o nome “Netuno Terceiro” e nós o seguimos.

O lago era tão grande que poderíamos navegar por horas sem nem mesmo chegar ao outro lado. O barco de Poseidon era bem grande.

Infelizmente... Era branco. O leme era de madeira, e ficava em uma parte mais alta. Ele colocou na cabeça um chapéu de marinheiro e começou a navegar. Enquanto isso um cd dos Beach Boys começou a tocar.

“Beach Boys... Que inferno.” Resmungou Ares. Ele estava sentado ao meu lado em uma espécie de banco de madeira, que ficava de frente para a parte mais alta do leme.

“Você não consegue passar nem mesmo um minuto sem reclamar de nada.” Comentei baixo para que Poseidon não ouvisse.

“E a culpa é minha?!” Reclamou ele em um tom baixo também. “Quem mandou você ficar dando conversa para aquele velho?!”

“Está me culpando por isso?!” Reclamei. “Se não viéssemos aqui, ele ia suspeitar que nós estamos tentando...!”

“Sh!” Interrompeu Ares tampando a minha boca com a mão. “Cala essa boca grande, Kelly!”

“Ei, vocês dois!” Chamou Poseidon com um sorriso. “Nenhum de vocês quer pilotar? Que tal você, Alice?”

“O que?! Eu?! Ahm... Não, obrigada senhor.” Disse com medo de mover o barco de um jeito errado e acabar caindo na água. Se caísse naquele lago, com certeza iria me afogar.

“Ah! Não seja tímida! Venha!” Incentivou Poseidon.

Antes que eu pudesse dizer que não de novo, ele desceu da parte alta do barco, e me levantou até lá. Eu segurei o leme rapidamente para não cair na água, e Ares riu.

“Vamos lá! Força, garota!” Incentivou o cretino provavelmente sorrindo.

“Alice... Vire a bombordo.” Pediu Poseidon.

Eu franzi o cenho e olhei para trás.

“Oi?” Perguntei.

“Bombordo.” Repetiu calmamente.

“Ah... Claro. Bombordo.” Concordei fingindo saber exatamente que direção era aquela. Fiquei um tempo indecisa, mas acabei virando para a direita. Só que além de ser a direção errada, para piorar a situação, o leme escapou da minha mão e virou muito para a direita.

“Ah não!” Exclamei tentando segura-lo, mas ele continuava girando. O barco todo virou para o lado direito ficando completamente inclinado.

“O que está fazendo...?!” Ares engoliu um xingamento, e se levantou. Ele pulou para a parte onde eu estava e puxou o leme de volta para o centro. O barco voltou ao normal. “Idiota...”

Ares estava logo atrás de mim segurando o leme para que ele não escapasse. Para sua sorte, ele tinha reclamado comigo baixinho, de modo que Poseidon não ouviu.

“Está tentando nos afogar?!” Reclamou ele.

“Claro. Adoro tomar banho de lago, você não?!” Retruquei.

Ele estava prestes a resmungar alguma coisa, quando Poseidon o interrompeu.

“Vocês ficam tão engraçados juntos!” Riu ele. “Nunca pensei que fosse ver o Deus da guerra todo preocupado assim.”

“Como é que é?!” Rugiu Ares. “Não estou preocupado com essa...!”

“É claro! Aaaaw, obrigada por ser tão gentil, amor!” Exclamei para ele se lembrar de fingir. “Agora, porque você não segura isso para mim e pilota o barco?”

Ares se tocou, e sorriu forçadamente.

“Ah, mas é claro.” Concordou ele. “Pode ir descansar. Eu sei que você está cansada por ter acordado cedo só para fazer o café da manhã para mim.”

“Jura? Que garota dedicada! Você deve amar ele mesmo.” Comentou Poseidon admirado.

“Ah! Pode ter certeza!” Concordei sorrindo, para não enforcar Ares. Ele continuou mexendo no leme, enquanto Poseidon sorria para mim, curioso.

“Gosta de pescar, Alice?” Perguntou ele tomando mais um gole do drinque.

Não. Nem um pouco.

“Ahm... Para falar a verdade, eu nunca tentei, senhor.” Respondi sendo mais educada. O que foi um grande, grande, grande erro.

“Sério?! Ótima hora para tentar!” Disse ele animado.

“Não acho que...!” Tentei arrumar uma desculpa, mas Poseidon colocou o chapéu de marinheiro (infelizmente branco) na minha cabeça e me puxou para o lado direito do barco. Pude notar Ares nos observar de soslaio, mas não fez nada para impedi-lo.

“Vou te emprestar uma das minhas varas de pesca favoritas.” Disse ele me entregando uma. “Primeiro... A isca.”

“Se for uma minhoca, agradeceria se você a colocasse para mim.” Sorri para ele do jeito mais doce possível. Não estava nem um pouco ansiosa para por a mão em algo nojento daquele tipo.

“Há há! Claro!” Riu ele. Poseidon pôs um tipo de isca, que eu não quis ver, e continuou a falar. “Agora é só jogar.”

“Ok...” Olhei para a vara. Não seria difícil.

Eu só tinha que lançar a linha o mais longe possível, que dificuldade tinha nisso? Não tinha nenhuma. Mas... Lembrando você mais uma vez... Eu sou Alice Kelly. Tenho o dom de ter azar em coisas que ninguém imagina.

Pois quando Poseidon disse para eu lançar, eu fiz isso. Mas as minhas mãos escorregaram, e acabaram lançando a própria vara na água. E bem longe... Para piorar a minha situação.

Arregalei os olhos para o Deus do mar. Ares olhou para mim indeciso. Não sabia se ria da minha cara ou se perguntava: “Como consegue ser tão idiota assim?!”. Não o culparia se ele falasse aquilo.

“Por favor, me diga que você tem uma outra vara favorita.” Pedi tampando os olhos com a mão, envergonhada. “E, por favor, me diga que você não está zangado.”

“Eu? Zangado?” Repetiu ele como se a minha pergunta não fizesse sentido nenhum. “Claro que não.”

“Mas eu joguei a vara de pesca na água.” Falei ainda sem olhar para ele.

“Na água.” Repetiu Poseidon, e então eu entendi o que ele quis dizer.

“Deus do mar. Água. Saquei.” Comentei assentindo. “Ahm... Acho que eu já tive experiências de pesca demais por hoje, né?”

“O que?! Nem mesmo começamos!” Riu ele. Poseidon fez surgir uma outra vara. Falou para eu fazer o mesmo que da última vez, e eu fiz. Dessa vez não deixei com que ela escapasse. “Pronto... Está indo bem. Só tem que esperar o peixe certo vir agora.”

“Ok.” Assenti. “Eu espero sem problemas.”

“Você está bem Ares?” Perguntou Poseidon olhando-o com a cabeça baixa para fora do barco.

“Ah... Sim.” Respondeu ele com dificuldade. “Estou só... Um... Pouco enjoado.”

“Vou pegar mais um drinque.” Disse o Deus do mar descendo umas escadas que davam para um pequeno cômodo dentro do barco. Eu e Ares ficamos sozinhos.

De começo eu realmente pensei que ele estivesse enjoado, mas depois... Notei que ele estava rindo. De mim.

“Pare com isso.” Revirei os olhos.

“Parar com isso?!” Repetiu ele levantando a cabeça e se controlando para não rir. “Em toda a minha vida eu nunca vi ninguém mais lesada que você, Kelly! Como?! Como você consegue ser tão retardada?!”

“É de tanto conviver com você!” Rebati irritada.

“Oh! Eu vou fingir estar ofendido, certo?” Comentou ele rindo. “Lesada...”

“Idiota.” Rebati.

“Mimada.” Rebateu.

“Imbecil.”

“Exibida.”

“Cretino.”

“Filhinha de Hermes inútil.”

“... Animal.”

“Demorou tanto assim para pensar?” Riu ele. “Imprestável.”

Smith.” Ri zombando do nome idiota. “Ou se preferir... Sem cérebro.”

“Você não sabe nem mesmo insultar uma pessoa.” Comentou.

“Por que não volta a fingir estar enjoado?” Perguntei cruzando os braços.

“Porque eu não estou afim.” Respondeu ele.

“É só ele sair daqui por um segundo que você já volta ao normal.” Resmunguei. “Será que não consegue ser uma pessoa normal naturalmente?”

“Cala a boca e pega o peixe.” Retrucou ele.

“Pegue o peixe?” Repeti sem entender, mas logo depois notei do que ele estava falando. Olhei para a minha vara de pesca que estava sendo puxada para frente, e entendi que tinha pego um peixe. “Wow! Eu... Peguei um?! Que demais!”

Estava muito emocionada. Mesmo.

Eu não gostava muito de nada que envolvesse lagos ou praias, mas... Aquilo tinha mudado um pouco o meu ponto de vista. Talvez atividades com água fossem legais! Olhe só para mim... Eu peguei um peixe!

Com toda a minha animação e corri para perto da vara e comecei a puxá-la para trás. Devagar fui rodando aquele carretel onde fica a linha, e o peixe foi indo cada vez mais para perto. Não dava para vê-lo, mas eu podia sentir. A cada segundo que passava eu me animava cada vez mais, ansiosa para ver o que tinha pego.

Não tinha a mínima idéia de que realmente ia pegar alguma coisa. Só tinha aceitado aquilo, porque Poseidon insistira. Para mim... Eu podeira deixar aquela vara parada por semanas sem que nem mesmo um mísero peixe pegasse a isca.

Um sorriso enorme apareceu em meu rosto ao descobrir que aquilo fora uma idéia errada. Que os meus dons para pesca talvez não fossem tão ruins assim.

“Ah!” Exclamei quando o peixe puxou a isca para dentro do lago bruscamente, e os meus pés deslizaram pelo convés até parar na grade de proteção do barco. Apoiei o meu pé na grade e fiz força para trás. “Ah, não! Não vou perder!”

“Você é mais fraca que uma sardinha? Porque será que isso não me surpreende?” Zombou Ares com um sorriso de deboche.

“Há Há! Pode dizer o que quiser, mas sou eu que vai rir por... Aaah!” Estava prestes a dizer ‘último’, quando o peixe puxou novamente a isca e eu perdi o equilíbrio. Caí na água do lago em um piscar de olhos.

Um peixe gigante passou nadando pela minha frente. Ele levava a vara de pesca junto dele. Eu, por outro lado, estava mais preocupada com sair com vida de lá. Eu não me sentia nem um pouco confortável perto de animais marinhos. Mesmo!

Tomei impulso e subi. Estava quase me afogando quando Ares se esticou, pôs a mão debaixo do meu braço e me inçou para cima.

“Opa! Peguei um peixe!” Comemorou ele rindo. Idiota... “É um peixe que não sabe nadar e nem tem cérebro, mas acho que conta.”

Eu daria um soco nele, e reclamaria, mas o meu cabelo estava tampando a minha visão, e eu estava ocupada demais tossindo para poder dar qualquer fora naquele imbecil.

Depois de tossir bastante, sentei-me ao banco de madeira de antes. Ares não estava rindo. Só ficou parado sorrindo para mim, tentando não dar uma enorme gargalhada.

“Pode falar...” Resmunguei.

“Falar o que?” Perguntou ele inocente.

’Como você é lesada, Kelly’” Imitei a voz dele com se ele fosse um retardado. “’Não tem ninguém nesse mundo mais idiota que você, Filhinha de Hermes.’, ou qualquer coisa parecida. Eu sei que você quer jogar isso na minha cara.”

“É, eu quero mesmo.” Concordou ele sorrindo maliciosamente. “Você é muito retardada. E lesada. E mimada, e idiota, e sem cérebro... Quer que eu continue? Tenho uma lista enorme.”

“Por que você não pega essa sua lista e...?!” Estava prestes a falar uma coisa não muito bonita, enquanto rangia os dentes, mas Poseidon apareceu e eu engoli o resto da frase.

“O que aconteceu?” Perguntou ele ao me ver completamente ensopada.

“Ela não agüentou e quis dar um mergulho na mar. De roupa e tudo.” Disse Ares com extrema simplicidade. “Eu disse para ela esperar, mas não dá para controlar essa garota.”

“Jura?!” Riu Poseidon, e eu senti o meu rosto ficar vermelho.

“É... Nada demais.” Comentei envergonhada e com raiva ao mesmo tempo.

“Mas então... Onde está a vara de pesca?” Perguntou ele franzindo o cenho. Eu lembrei que ela tinha caído no mar como a outra, e baixei a minha cabeça tentando esconder o meu rosto.

Ares começou a rir desesperadamente da minha cara, e Poseidon ficou sem entender. De uma coisa eu tinha certeza... Eu queria desesperadamente ir para a terra firme.


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Notas finais do capítulo

Um pouquinho grande?

Sinto muito...

Mesmo assim, eu espero por reviews!