Meu Namorado Infernal escrita por Mandy-Jam


Capítulo 51
Bônus: Musa-Diva e os artistas de rua


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem!

A personagem Flávia é de "Friends by fate", uma outra fic minha. Se quiser ler... Mandem reviews.



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- Atende a droga da porta, Kelly! Estou ocupado! – Gritou Ares da sala.

Eu estava (finalmente) em meu quarto. Nós tínhamos voltado do hotel fazias uns 2 dias, mas ainda tinha as seqüelas daquele viagem.

- Ocupado... – Murmurei cansada. Eu estava lendo um capítulo para a prova da faculdade. Não que eu realmente tivesse uma mísera chance de passar nessa prova, mas não podia desistir assim – Eu já vou.

Levantei cansada e desci as escadas. Pensava que Ares estivesse realmente ocupado, mas quando olhei para o lado vi que ele estava jogando “Call of Dutty”. Ares apertava freneticamente os botões do joystick, enquanto tentava acertar os soldados que apareciam perto dele. Até mesmo os do seu próprio grupo.

- Chama isso de ocupado?! – Exclamei rangendo os dentes – Eu estava estudando!

- É uma pena você não ser filha de Atena. Já nasceria inteligente. – Resmungou ele – Mas acho que para você isso seria impossível. Agora atende a droga da porta.

Revirei os olhos, cansada. Eu não era nenhum tipo de empregada! Que saco... Fui até a porta e a abri sem nenhuma animação. Provavelmente devia ser Afrodite, ou algum outro Deus. Pelo menos... Foi isso que eu pensei. Mas assim que abri a porta me deparei com uma garotinha loira, de olhos azuis claros, com um sorriso doce no rosto.

Toda a minha raiva de Ares se dispersou por um minuto.

- Ahm... Olá. – Disse franzindo o cenho – Eu posso ajudar você?

- Você é a Alice? – Perguntou a menina. Ela pegou um papel do bolso, desdobrou e o leu – Alice... Kelly. É você?

Aquilo era a coisa... Mais fofa... Que eu já vi. Só dela ler o meu nome naquele pedaço de papel, eu já me emocionei.

- Sou. Sou eu sim. – Respondi controlando a minha vontade de apertar as bochechas rosadas dela. Quantos anos aquela menina devia ter? 13? 12? – Quem é você?

- Eu sou a Flávia. – Sorriu ela – Papai pediu para eu vir aqui e buscar você.

- Flávia, é? Uhm... Eu te conheço? – Perguntei sem entender.

- Se for uma bandeirante ou algum escoteiro idiota, manda ir embora! – Exclamou Ares da sala de estar. Revirei os olhos, mas Flávia não pareceu se incomodar.

- Ah! É o titio Ares? Oi titio Ares! – Exclamou ele dando “tchau” para ele. Olhei incrédula para Ares, e vi que ele tinha dado pausa no jogo para ver quem era a criatura que tinha chamado ele de “titio”.

Ele se levantou e parou atrás de mim. Ares teve que olhar para baixo para ver a garota, mas quando a viu começou a resmungar.

- Aaah, não! Ela não! Fecha essa porta. – Disse ele batendo a porta na cara da garota. Arregalei os olhos para ele, e meu queixo caiu – O que? O que foi?

- O que foi?! – Repeti sem acreditar – Como você teve coragem de bater a porta na cara dela?! Aquela garota é a coisa mais fofa que o mundo já viu!

- Tsc. É um grude. Se você deixar aquela pestinha entrar, ela não vai mais largar você. Ouça o que eu estou dizendo. – Disse ele voltando ao vídeo game.

O que?! Como eu poderia ignorar a presença dela do lado de fora da porta?!

- Ares... Eu não vou deixar ela lá fora. – Falei.

- Não abre essa porta. Aprenda a dizer não para coisas fofas, e você aprende a sobreviver a um mundo hostil. - Disse Ares.

- Eu não conseguiria dizer não para ela, nem se ela me pedisse para fazer um ataque terrorista. – Falei abrindo a porta. Ares gritou “não!”, mas eu não dei ouvidos. Pude notar que a Flávia estava com uma cara de paisagem para algum ponto invisível no ar – Flávia? Desculpe por isso. Ares é um idiota, mas ele sente muito.

- Não sinto não! – Exclamou ele da sala.

- Eu vou fazer você sentir muito! – Rebati com raiva por ele tratar algo tão fofo de modo tão rude – Flávia, porque você não entra um pouco? Aí você me conta o que você quer.

- Tá bom. – Sorriu ela. Flávia disse “Licença” timidamente e entrou em casa. EU fechei a porta e pude ver ela andando até o sofá onde Ares estava. O idiota fez questão de deitar sobre todo o sofá para que na tivesse espaço para ele. Só aquela poltrona do inferno – Oi de novo, titio Ares.

Ares fez uma careta aterrorizante para ela, mas Flávia não ligou.

- Ele sente muito por ter batido a porta na sua cara. Não sente, Ares? – Perguntei. Ele negou com a cabeça, mas eu lhe dei um chute na perna. Ares revirou os olhos e assentiu, voltando a sua atenção ao jogo – Senta... Senta aqui no sofá.

- O que?! Não mesmo! Não vou ceder lugar para ela! – Reclamou Ares.

- Vai sim. – Confirmei. Comecei a empurrá-lo para o lado, e tentar bater nele com as almofadas. Ares se deu por vencido por causa da minha determinação e acabou indo para o lado – Pronto.

Flávia sorriu para mim de novo e se sentou ao lado de Ares. Eu sentei na poltrona, já que ele não ia ceder lugar para mim mesmo.

- Bem... Mas... O que você estava dizendo mesmo? – Perguntei – Você falou alguma coisa sobre o seu pai. E... Você é sobrinha dele?

Apontei para Ares, e Flávia assentiu. Ela deu um abraço em Ares, o que me surpreendeu muito.

- É. Sou sim. – Confirmou Flávia – Ele é meio-irmão do meu papai lindão.

- Papai... Lindão? – Repeti franzindo o cenho.

- Pare de me abraçar. – Ares rangeu os dentes.

- Por quê? Não gosta dos abraços da Flivis? – Perguntou ela ainda abraçando ele.

- Não! E eu já te disse para parar com esse nomes fofinhos! – Reclamou Ares – Na guerra, nós não temos tempo para isso, Apolo Junior!

- Apolo Junior?! – Repeti olhando para Flávia. Foi aí que eu me toquei... Olhos azuis, cabelo liso loiro, e esse jeito desligado e fofo. Era filha do Apolo! – Papai lindão?! É assim que chama ele?

- Aham. Falo isso porque ele um xuxuzinho. – Disse Flávia como se aquilo quisesse significar a mesma coisa que “gato” ou algo parecida – Ele falou que era para eu vir aqui buscar você, Alice.

- Por que Apolo pediu para você me buscar? Ele podia vir até aqui. – Disse sem entender.

- Ele quer que você nos ajude. Ele disse... Ah! Está no papel. – Flávia colocou a mão no bolso e tirou de lá mais um papel branco. Ela assobiou um pouco enquanto desdobrava-o. Como ela era fofa – Aqui. Papai disse: “Traga a Alice para cá. Se você chamar ela, ela não vai precisar trazer o titio Ares. Pede ‘por favor’, ‘obrigada’, e olhe duas vezes antes de atravessar a rua. Te encontro ás 2 da tarde no centro. Amor, Apolo”.

- Ok... Mas ele quer que eu ajude vocês em que? – Perguntei ainda sem saber.

- Nós vamos ser artistas de rua por um dia! – Disse Flávia animada – Papai disse que nós vamos tocar para alegrar o dia das pessoas que estão passando, e como você é diva, tem que vir com a gente para nos ajudar! Não vai ser legal, Alice?

- Diva? – Ri do que ela disse – Você quer dizer musa, né? Ahm... Mas eu não sei se eu posso ajudar alguém. Eu não tenho lá muitos talentos, e...

A verdade era que eu não queria ficar em pé que nem uma idiota o dia inteiro, tocando músicas que ninguém ia parar para ouvir com um grupo de adolescentes no meio do centro da cidade. Mas eu nunca ia conseguir dizer isso para Flávia! Era impossível.

Foi aí que eu me toquei... Apolo deve ter mandado ela de propósito! Ele sabia que eu não ia ser capaz de dizer não para aquela garota fofa de morrer, e eu ia acabar indo com ela. Droga! Ele ia me pagar por aquilo...

- Por que você não pede para o seu titio Ares levar você? – Perguntei sorrindo para Ares – Aposto que vocês dois não se vêem há um tempo. Ele vai adorar ajudar você.

- Não mesmo! – Respondeu Ares – Já tive que agüentar essa pirralha, a minha filha irritante, e a sua meia-irmã cabeça de vento por tempo o suficiente.

- Mas, Alice! Você é que é a musa-diva! Você tem que vir com a gente! – Pediu Flávia correndo até mim – Por quê? Porque você não quer vir? Você acha que nós não somos especiais?

Desviei o olhar. Se ela começasse a chorar eu ia me jogar aos pés dela pedindo perdão, e ia correndo para o centro da cidade tocar todos os instrumentos que eu não sei com os primeiros artistas de rua que aparecessem na minha frente.

- Não é nada disso. Eu só... Ah... Tá. Eu vou. – Falei me dando por vencida.

- Eba! Papai falou que isso ia dar certo. – Comemorou Flávia. Ares começou a rir desesperadamente.

- Se ferrou, musa-diva! – Riu ele depois de dar pause no vídeo game.

- Eu só vou pegar o meu casaco, Flávia. – Disse ignorando a risada de Ares e controlando a minha raiva do Apolo. Assim que passei na frente de Ares, apertei o botão “Start” de novo, e o jogo começou sem que ele estivesse pronto – Espero que perca. Só para constar.

Após pegar o meu casaco, nós duas saímos de casa. Nós fomos andando até o centro de Jersey, que não ficava lá tão longe. Na hora de atravessar a rua, Flávia segurava a minha mão o tempo todo, o que me fez rir. Eu estava servindo de babá para a filha do meu namorado. Estranho. Mas... Ao mesmo tempo, era engraçado.

- Quantos anos você tem? – Perguntei quando atravessamos a rua, e Flávia soltou minha mão.

- 16. – Respondeu ela sorrindo.

Arregalei os olhos surpresa. Não daria mais de 13, mas... Talvez isso fosse só pela parte mental. Parecia mesmo um criança, mas acho que estava tudo bem, já que Apolo também parecia.

Flávia me guiou até uma parte no centro de Jersey, onde um grupo de garotas e garotos (bem parecidos) estavam reunidos com instrumentos. Só quando parei perto deles é que eu notei que eles usavam camisas iguais. Eram laranjas e estavam escritas “Acampamento Meio-Sangue”. Espera... Era para aquele lugar que meu pai sugeriu que eu fosse quando descobri que era uma meio-sangue.

- Todos vocês... São filhos de Apolo? – Perguntei sem querer.

- Aham. Eu sou Michael Yew. Sou o representando do chalé de Apolo. – Disse um garoto baixinho e loiro, com um violão nas costas que parecia maior do que ele próprio.

- Chalé de Apolo? Ahm... Ok. Eu sou Alice Kelly. Musa. – Me apresentei – O que exatamente eu tenho que fazer?

- Nos liderar. – Disse Michael – Você que diz que músicas nós devemos tocar.

- Certo. – Confirmei achando aquilo um pouco estranho – E onde está o Apolo mesmo?

É. Onde está o Apolo para eu dar um soco no nariz dele?

- Ele já vem. Disse que tinha que aparecer depois de um tempo. – Respondeu Michael incerto.

- Quanto tempo? – Perguntei olhando em volta.

- Umas horas depois de você chegar. – Completou ele.

Claro. Fuja, Apolo. Fuja.

- Ok... Vocês... Conhecem alguma dos Beatles, né? – Sugeri olhando para eles, e todos assentiram – Ótimo. Então pode ser uma deles mesmo. Qualquer uma.

- Mas... Eles têm milhares de músicas. – Disse Flávia – Wow! Podemos tocar “She’s gotta a ticket to ride”?

- Uhm... Claro. Pode ser essa mesma. – Concordei.

Eles tocaram. Cada um tocava um instrumento. Nós estávamos parados perto de um pequeno muro, por isso eu sentei-me lá enquanto observava eles tocando e a reação das pessoas ao redor.

Ninguém parecia estar dando a mínima para eles. Olhei então para a Flávia. Ela era a única que tocava flauta alegremente. Foi golpe baixo do Apolo mandar ela me buscar. Só fez isso para eu não poder dizer não! Argh.

- E agora? – Perguntou Michael.

- Ahm... Eu ainda não entendi qual é a finalidade disso. – Comentei distraída.

- Estamos fazendo um movimento pela valorização da arte. – Explicou Michael – Nós, filhos de Apolo, achamos que as pessoas estão esquecendo do valor imaterial das expressões artísticas, e que estão supervalorizando os valores materiais errantes.

- O que você acha, Alice? – Perguntou Flávia.

Franzi o cenho.

- Ahm... Estou com vocês. É isso aí, vamos detonar. – Incentivei. O que mais eu poderia fazer? Acho que as musas de Apolo devem concordar com coisas desse tipo, não é? Mesmo que eu não veja nenhuma utilidade em ficar tocando no meio da rua sem que ninguém preste atenção.

Falei para eles tocarem um pouco de Beach Boys. Depois algumas dos Rolling Stones. Eles tocaram umas do Bom Jovi também. Era engraçado ver adolescentes e algumas crianças tocando tão bem os instrumentos. Eu poderia levar uma vida inteira tentando aprender isso, sem nunca conseguir chegar aos pés deles.

- Impressionante, né? – Comentou Apolo no meu ouvido. Vire-me assustada, mas ao ver que era ele, meu susto foi substituído por raiva.

- Eu quero matar você. É uma pena que você não morre. – Comentei.

- Encare isso como um castigo. – Disse ele rindo – Você não me escolheu. Pelo menos não sozinho. E você é a minha musa!

- Ah, claro. Ares também vai me pedir para tomar conta dos filhos dele durante um movimento de “valorize as lutas sangrentas” no centro de Jersey. – Comentei em sarcasmo.

- Tem algum problemas com os meus filhos, é? Ciúmes? – Perguntou Apolo rindo.

- Não. – Respondi revirando os olhos – Na verdade... Eles conseguem ser mais legais que o pai. Ah! E mandar a Flávia me buscar, foi um golpe baixo.

- Ninguém resiste a carinha dela! – Disse Apolo sorrindo – Nem eu mesmo consigo!

- É sobre humano. Impossível. – Confirmei, mas então desci do muro – Mas... Já que você chegou... Eu vou embora. Já fiz o meu papel de musa.

- O que? Ah, não! – Pediu Apolo – Não posso deixar você ir embora assim! Seu castigo ainda não acabou.

Continuei andando, mas então... Senti alguma coisa segurar o meu braço.

- Alice, você vai deixar a gente? – Perguntou Flávia – Nós... Nós somos tão ruins assim?

Pronto. Estava com vontade de chorar e me humilhar por perdão. Que droga! Por que ela tinha que ser tão fofa?!

- É, Alice. Vai deixar a pobre Flávia? – Perguntou Apolo fingindo estar chocado.

- Apolo... – Gemi querendo ir embora, mas então algo me prendeu – Ok. Eu fico... Vamos lá, Flávia.

- Sabia. – Sussurrou Apolo no meu ouvido.

- Você me aguarda! – Exclamei com raiva, mas ele sumiu.

Apolo voltava de hora em hora para ver se eu ainda estava ali. Na verdade... Voltava para rir de mim, mas eu sorria e dizia que ele ia ficar sem me beijar por umas boas semanas, aí ele ia embora rapidinho.

- Ninguém está prestando atenção... – Comentou Michael frustrado – Acho melhor desistirmos. Não somos tão bons.

- O que? Vocês têm mais talentos do que eu. – Comentei surpresa – Não desistam. É sério.

- Mas, Lilice, ninguém está prestando atenção na gente. – Choramingou Flávia.

Lilice. Wow.

Olhei para as pessoas que passavam pela rua e tive uma idéia. Acho que era o trabalho de uma musa incentivar os artistas, né? Então eu tive uma ótima idéia.

- Venham, gente! Ouçam a nossa música! Estamos tentando salvar cãezinhos sem casa! Por favor, prestem atenção! – Exclamei o mais alto que pude. Imediatamente, umas 15 pessoas pararam ao mesmo tempo.

Mais gente foi se juntando, e em poucos minutos tinham mais ou menos umas 50 em volta de nós. Era impressionante como as pessoas ligavam mais para cãezinhos sem dono, do que para artistas e a valorização da arte. Mas... Ok.

- Pronto. É com vocês. – Disse eu com um sorriso – Toquem Beatles de novo. Todos adoram os Beatles.

Os filhos de Apolo ficaram realmente felizes ao verem aquela multidão toda. Tudo bem... Eles pensavam estar ajudando cãezinhos, mas pelo menos agora eles poderiam ser ouvidos por algum público.

Animados, eles tocaram várias e várias músicas uma após a outra. Depois de algumas horas, nós encerramos as apresentações. Apolo apareceu de carro para me dar uma carona até me casa, mas eu neguei e disse que ia andando.

- O que? Aaah, Alice! Aproveita que Ares não está aqui! – Pediu ele.

- Aproveita que eu ainda não arranhei o seu carro inteiro ainda. – Rebati andando de volta para casa – Vou me vingar por isso.

- Pode vir quente, que eu estou fervendo. – Comentou Apolo. Olhei para ele, e vi que olhava para mim com um sorriso sonhador.

- Ponha os seus olhos na estrada, Deus do Sol. – Falei revirando os olhos.

- Desculpe. É que é difícil. – Com isso, Apolo foi embora.


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Notas finais do capítulo

O que acharam?

Bem... Aqui termina "Meu namorado infernal". Eu espero que vocês tenham gostado da fic.

Gostaria de agradecer a todos que leram a fic até aqui, acompanharam, mandaram reviews, recomendações...

Espero por todos vocês em "Minha viagem infernal", a última história de Alice Kelly.

Beijos!