Meu Namorado Infernal escrita por Mandy-Jam


Capítulo 5
Bom dia, amor!


Notas iniciais do capítulo

É... Nesse capítulo as coisas começam a ficar cada vez mais engraçadas.

Sinceramente... Espero que vocês morram de rir!

Ha ha! Vamos nessa...



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Estava tendo um sonho agradável. Era tão agradável, que chegava a ser estranho. Depois de que descobrir ser uma meio-sangue, eu sempre tive pesadelos, ou flashbacks tensos. Mas dessa vez... Estava sonhando que andava em um campo verde, enquanto tentava alcançar algo que... Tinha um suave cheiro de lavanda.

Eu corria, mas nunca alcançava. Não era tão ruim, pois o cheiro e a vista linda compensavam a minha frustração.

Agora... Para compensar a sorte de ter um sonho tão doce, eu tive o azar de ser acordada de um jeito estranho.

“Diga X!” Exclamou alguém perto de mim.

Um flash atingiu o meu rosto. Tudo ficou levemente claro, e eu me virei na cama. Só que para o lado que não tinha cama...

Conclusão. Eu caí de cara no chão.

“Uhm...” Gemei com sono.

“Vamos! Levante logo!” Incentivou a voz.

Estava com tanto sono que não tinha nem idéia de quem era. Fiquei sentada no chão e abri os olhos aos poucos. A minha visão estava um pouco turva, por isso demorei para identificar Ares na minha frente.

“O...” Tentei perguntar ‘O que’, mas minha voz falhou.

“Você se esqueceu?” Perguntou ele com um sorriso. Ele segurava uma daquelas câmeras de turistas, e estava usando roupas normais. Digo... Que não davam medo nas pessoas como as peças de couro que preenchiam todo seu guarda-roupa. “Vamos logo. Já fiz até suas malas, amor.”

“Oi?” Perguntei esfregando as mãos nos olhos. “Amor?”

“A viagem, Kelly.” Falou ele apontando com o dedão para uma mala no canto do meu quarto. Eu franzi o cenho.

Era muita informação ao mesmo tempo para o meu cérebro sonolento, mas depois eu me toquei do que ele queria falar.

“Agora?!” Perguntei. “Mas... Não ia ser na semana que vem, ou algo parecido?”

“Não. Quanto mais cedo formos, mais cedo ficamos longe um do outro.” Disse ele ainda com um sorriso no rosto.

Ares estava usando uma calça jeans, e uma camisa camuflada. Podia ser o meu sono, mas eu podia apostar que ele estava um pouco mais baixo. Em seu rosto ainda tinha os óculos escuros.

“Você fez a minha mala?” Falei olhando para o outro lado do quarto. “Mas... Eu nem escolhi que roupas eu tinha que levar...”

“Eu pus tudo lá dentro.” Contou ele.

“Mentira. Meu armário todo não dá só em uma mala.” Falei.

“É uma mala mágica. Dããã!” Falou ele.

“Que legal...” Comentei suspirando. “Que horas são?”

“São... Sei lá. Acho que são 5 da manhã.” Disse ele dando de ombros.

“Como é que é?!” Exclamei. “Eu vou voltar a dormir!”

Tentei voltar para a cama, mas Ares entrou na minha frente.

“Dê meia volta e vá direto para o meu carro, entendeu?” Falou, agora com um pouco menos de paciência. “Não me faça ter que arrastar você até lá, benzinho.”

“Benzinho, amor... Você não se decide?” Comentei.

“Ainda estou escolhendo.” Falou ele. “Agora... Você tem 10 segundos.”

“Ares, eu não vou...! São 5 da manhã! Será que você não pode nem mesmo esperar até ás 9, quando gente normal costuma acordar?!” Pedi morrendo de sono.

“Você não faz parte do conjunto de ‘gente normal’, Filhinha de Hermes.” Disse ele olhando para o relógio. “E o seu tempo já acabou.”

Ares me pôs sobre o ombro, e pegou a minha mala no chão. Ele saiu do quarto com enorme naturalidade, e desceu as escadas. No andar debaixo tinha dois garotos que deviam ter mais ou menos a minha idade. Eles estavam se matando pelo controle remoto, mas pararam quando Ares chegou.

“Tomem conta da casa, seus imprestáveis.” Ordenou Ares. “E se Afrodite perguntar é melhor dizerem que eu estou em uma guerra no Iraque, ou em algum conflito na África. Sacaram?”

“Sim, pai.” Concordou um deles.

“Olá, gracinha.” Piscou o outro para mim.

“Tire o olho, idiota.” Rosnou Ares. “Ela já é minha.”

O garoto engoliu em seco.

“Eu não sou...!” Ares me jogou para cima, e depois caí de novo em seu ombro. “Ai! Seu grosso!”

“Assim está melhor.” Disse ele.

Ares continuou andando. Ele abriu a porta, saiu, e a fechou com um chute. Pude notar aqueles dois idiotas tentando se matar lá dentro novamente. Só podiam ser filhos daquele imbecil...

“Isso é ridículo! Pelo menos podia ter dado tempo para eu trocar de roupa! Ainda estou de pijama!” Protestei.

“Você teve seu tempo.” Respondeu ele.

“10 segundos?! Só pode estar brincando!” Queixei-me. Olhei em volta e vi que algumas pessoas pararam para ver a cena de um cara extremamente musculoso carregando uma garota de pijama sobre o ombro pelo meio da rua. “Ares... As pessoas estão olhando! Que vergonha! Me põem no chão!”

“Elas estão olhando, é? Então acho que podem servir de testemunha.” Falou ele pensativo.

“Testemunha de que...? Ai!” Exclamei.

Fiquei de boca aberta. Não acreditei que ele tinha feito isso.

“Você me deu um tapa... Na minha...?!” Não consegui completar o resto da frase, pois meu rosto estava completamente vermelho. Outras pessoas pararam para ver melhor a cena. Não acreditava que ele tinha realmente feito aquilo!

“Somos um casal esqueceu, benzinho?” Riu ele sem ligar para a minha raiva.

“Nunca mais bata na minha bunda, e...! Em público!” Meu rosto estava completamente vermelho, mas pelo menos ele não podia notar. Ao menos... Era isso que eu esperava. Mas para o meu grande infortúnio, nós chegamos na frente do carro e ele me pôs no chão.

“Aaaw, olha o seu rosto todo vermelho. É realmente uma gracinha!” Zombou ele fingindo me achar fofa.

“Pare com isso!” Reclamei.

Tentei abrir a porta do carro, mas ele me impediu. Ares pôs a mão sobre a porta do carro, a abriu len-ta-men-te. Só para eu ficar com aquele rosto vermelho, e de pijamas na frente de todas as pessoas da rua.

“Vai dizer que eu sou mal?” Perguntou ele com um sorriso no rosto.

“Você é podre.” Falei tentando abrir a porta de uma vez, mas ele me impediu novamente.

“Não fique assim tão irritada comigo, Filhinha de Hermes.” Sorriu ele. “Assim você parte o meu coração.”

“Gostaria de partir a sua cara!” Exclamei. “Abre logo essa maldita porta!”

“Quanta agressividade!” Disse ele fingindo estar chocado, porém acabou abrindo a porta. “Mas eu gosto disso. Entre.”

Entrei no carro puxando dele a minha mala. Não tive nem tempo de olhar e ver se tinha mesmo todo o meu armário lá dentro, mas aquilo não me importava no momento. Ares entrou no carro, e fechou a porta com força.

Ele ligou o motor e o carro começou a acelerar.

“Ótimo. Vamos refazer o plano.” Disse ele sorrindo para a estrada. “Eu e você somos um casal feliz, e estamos indo relaxar durante as férias.”

“Eu já entendi.” Resmunguei. Foi aí que uma dúvida surgiu em minha mente. “Afrodite vai querer me matar ou coisa do tipo?”

“Não. Meus dois filhos vão falar para ela que eu estou ocupado, e blá blá blá. Ela vai cair nessa. Sempre caí.” Respondeu.

“É assim que escapa para ficar com mortais?” Comentei.

“Não, é assim que eu vou encontrar a sua mãe.” Zombou. “Não é da sua conta.”

“Voltando a ser o amor de pessoa que era antes.” Comentei. “Que bom...”

“Francamente, eu não te entendo, Kelly.” Resmungou ele. “Quando eu sou grosseiro, você reclama. Mas quando eu tento ser um cavalheiro e te levar até o carro, você também reclama.”

“O que?! Cavalheiro?! Você me deu um tapa, e me carregou de pijama pela rua, sem nem mesmo me deixar trocar de roupa!” Reclamei irritada. “Você não é capaz de ser um cavalheiro nem que a sua vida dependa disso.”

“Isso não é verdade.” Disse ele calmamente. “Você é muito exagerada. Eu só tentei te ajudar como um bom namorado faria. Mas nem isso você reconhece.”

“Ah tá bom...” Revirei os olhos. “Se esse é o seu conceito de cavalheiro, então...”

“Então o que?!” Perguntou ele olhando para mim.

“Então eu estou ferrada, por ter que passar duas semanas com você.” Completei a frase.

“Eu sou um cavalheiro. Você não sabe de nada.” Contou ele.

“Ah, claro.” Olhei pelo vidro do carro. Alguns pedestres tentaram atravessar quando o sinal estava verde para eles, mas Ares furou e acabou quase atropelando-os. “Viu só? Quase matou aquelas pessoas! Chama isso de cavalheirismo?!”

Ares ia me xingar ou coisa do tipo, mas quando olhou para o próximo sinal resolveu parar. Ele freou e eu quase fui lançado contra o vidro.

“O que...?!” Foi aí que notei o por quê dele ter parado. “Ah... Quando é conveniente, você é um cavalheiro não é?”

Umas 5 garotas com roupas minúsculas atravessaram a rua. Tinham acabado de sair da praia, e algumas estavam um pouco molhadas, o que fez um sorriso torto aparecer no rosto dele. Ares ajeitou-se no banco e ficou sorrindo, enquanto elas passavam. Algumas acenaram para ele, e ele acenou de volta.

“Não é nada disso.” Falou fingindo-se de inocente. “Eu só queria ser uma boa pessoa e respeitar as leis de trânsito.”

“Aham. Que leis de trânsito, hein?” Comentei revirando os olhos.

“As vezes ela vem bem a calhar.” Comentou ele. O sinal abriu e ele acelerou novamente.

“Apolo!” Exclamei me lembrando. “Eu não disse para ele que...!”

“Relaxa. Ele te encontra uma hora ou outra.” Disse ele encolhendo os ombros. “Agora... Quanto ao hotel...”

“Que foi?” Perguntei.

“Meu nome.” Comentou ele.

“Usa Ares mesmo.” Falei não entendo o problema que havia naquilo.

“Meu sobrenome, idiota.” Disse ele.

Era verdade. Ares era um Deus, logo não usava um sobrenome. Olhei para ele pensando em inventar um, mas provavelmente ele começaria a falar que era ridículo, ou qe não combinava com ele, ou que eu era uma lesada. Coisa do tipo...

“Use Kelly.” Comentei.

“Kelly?! Só pode estar de brincadeira!” Retrucou ele.

“Ah... Não somos casados, nem nada.” Lembrei. “Uhm... Qualquer um.”

“Smith.” Disse ele.

“Smith?!” Eu ri. “Ares Smith?! Até parece que alguém vai acreditar nisso!”

“Mortais são idiotas.” Disse ele. “E também... Ei! Não tem nada de errado com o nome Smith, ok?!”

“Tem sim. Todo mundo é Smith!” Falei. “Se você disser Ares Smith, vão achar estranho.”

“Acho que até combina.” Falou ele olhando para a estrada. “Sermos o senhor e senhora Smith.”

Lembrei do filme “Sr. e Sra. Smith” e me assustei com a semelhança. Bem... Só pela parte deles dois tentarem se matar, porque se você fosse comprar com as cenas que eles ficam juntos... Pode esquecer.

“Irônico de um certo modo.” Comentei.

“Pois é...” Murmurou ele. Depois de alguns minutos de silêncio... “Ares Smith. Não é tão ruim...”

“Você ainda está pensando nisso?” Ri.

“Qual é o problema?” Retrucou ele.

“Nenhum. Se você acha que alguma pessoa normal realmente teria esse nome.” Comentei revirando os olhos. “Quanto tempo leva para chegarmos lá?”

“6 horas. Vê se não fica o tempo todo enchendo o meu saco perguntando ‘já chegamos? Já chegamos? E agora?’.” Ele imitou a minha voz, só que de um jeito fino e desagradável.

“Bem que eu poderia fazer isso só para te infernizar pelo que fez.” Comentei. “Mas não. Eu prefiro aproveitar que ainda estou de pijamas e dormir um pouco.”

“Faça o que quiser.” Disse ele encolhendo os ombros.

Eu encostei a cabeça levemente contra o vidro, e tentei dormir. Sim. Tentei.

Ares fez o favor de ligar o rádio no último volume em uma estação de rock pesado.

“Só pode estar brincado! Abaixa isso!” Protestei.

“Desculpa. Não estou te ouvindo, Kelly!” Respondeu ele fingindo não me ouvir.

Estiquei o braço para mudar de estação, mas ele o segurou antes.

“Ah, eu sei que você quer muito passar a mão em mim, mas guarde essa vontade para quando as pessoas estiverem vendo. Assim fica mais fácil de enganarmos Zeus.” Falou ele sorrindo torto.

“Vai sonhando!” Fiz uma careta. “Eu quero dormir. Abaixe isso!”

“Não mesmo.” Disse ele sorrindo para a estrada.

“Ares!” Reclamei irridatada.

Nós brigamos tentando mudar o som, mas todas as vezes que eu quase tocava no rádio, ele desviava a minha mão de lá. Reclamei, mas de nada adiantou.

Já que de um jeito ou de outro eu teria que ouvir aquela música, resolvi desistir de tentar mudar a estação ou de desligar o rádio. Simplesmente me joguei contra o vidro novamente, e tampei os ouvidos.

Claro. A música continuava insuportavelmente alta, mas era o melhor que eu podia fazer. Enquanto eu estava sofrendo por causa disso, Ares se divertia rindo de mim, ou fazendo algumas piadinhas sobre nós sermos “um casal lindo” por nos darmos “tão bem” e coisa do tipo.

“Quer saber?” Comentei de olhos fechados. “Aposto que se isso não der certo, a culpa vai ser toda sua.”

“Ah, jura?” Falou ele rindo. “Aposto que vai ser sua.”

“Ótimo. Apostado.” Falei. “O vencedor tem o direito de esfregar isso na cara do outro, certo?”

“Vai ser divertido.” Concordou ele.

“Também acho, amor de pessoa.” Respondeu ele. “Só tente não chorar para o seu papai, ou para o seu namoradinho quando eu fizer isso, certo?”

“Digo o mesmo.” Retruquei irritada.

Ares riu mais um pouco.

Passar 6 horas em um carro ouvindo rock pesado com a pessoa que você mais detesta em todo mundo não é nada agradável. Mas se isso é um sacrifício que deve ser feito para que você nunca mais tenha quer ver essa pessoa, eu acho que vale a pena certo?

Valendo ou não... Foi o que eu tive que fazer.

Permaneci com os ouvidos tampados, e com os olhos fechados a viagem toda na esperança de poder ter pelo menos um minuto de descanso. Em vão, é claro.

Só fui abrir os olhos quando a mão de Ares me empurrou para o lado de um jeito carinhoso e sutil.

“Chegamos, Kelly.” Disse ele me lançando contra o vidro com quase toda a sua força. A minha cabeça bateu contra a janela, e fiquei imaginando como o vidro não tinha quebrado. “Hotel ‘Holly Lake’ para casais felizes.”


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Notas finais do capítulo

O que vocês acharam?

Quero mesmo saber, por isso mandem a resposta por review!

Beijos e até o próximo capítulo!



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