Meu Namorado Infernal escrita por Mandy-Jam


Capítulo 40
Façamos uma troca


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo vai deixar vocês de olhos arregalados.Espero que gostem...



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/138158/chapter/40

Logo na frente do salão de festas tinham dois caminhos. Uma dava para o resto do hotel, os quartos, as áreas de lazer e tudo mais... E o outro levava para um tipo de parque. Resolvi pegar esse, já que Ares não esperaria que eu o seguisse.

Continuei andando até julgar estar longe o suficiente, até não conseguir mais ouvir o som da música, e a imagem do salão não passar de um borrão luminoso atrás das árvores.

Na minha frente tinha uma grade de metal que servia para você se apoiar e observar o lago. Atrás de mim tinham uns banquinhos de madeira, para as pessoas sentarem e conversarem.

Preferi me apoiar na grade e olhar para o lago. Respirei fundo várias vezes para controlar a minha enorme vontade de chorar ou de nunca mais ver Apolo.

Ainda não acreditava que ele tinha dito que eu estava errado ao sentir ciúmes. Para ele estava tudo bem ter ciúmes de mim, mas o contrário... Nem pensar. Que raiva.

Tentei pensar em outra coisa. Qualquer coisa, mas nada me vinha á cabeça. Não conseguia desviar meus pensamentos daquela maldita cena.

Por sorte, eu fui acordada de meus momentos flashbacks por um som de palmas. Franzi o cenho e virei-me para ver o que estava acontecendo.

- Palmas para a grande Alice Kelly! – Disse uma voz se aproximando – Parece que você conseguiu novamente. Mais um ótimo espetáculo! Esse foi até mais emocionante que o outro.

- Quem está aí? – Perguntei.

- Um fã, eu diria. Bem... Não acho que fã seja a palavra certa, mas não vejo outra categoria por enquanto. – Disse a voz novamente.

- Não quero nenhum fã, por isso se manda. – Respondi – Você deve ser só mais um daqueles idiotas que me acha bonita.

- Uh. Que agressividade, garota da guerra. – Comentou a voz tentando não rir.

- Do que você me chamou?! – Exclamei com raiva, mas ao mesmo tempo surpresa. Garota... Da guerra?!

De trás de algumas árvores surgiu um garoto. Ele estava com um smoking preto, também muito elegante, e um sorriso torto no rosto. O cabelo dele era ruivo, e estava penteado para trás. Seus olhos verdes me fitavam divertidos.

- Não se lembra de mim? Estou ofendido. – Comentou ele. Eu olhei-o com mais atenção, pois tinha certeza que conhecia seu rosto. Algo bem familiar... Onde tinha o visto antes?!

- Você... – Tentei me lembrar, e então veio a resposta em minha mente – Você é o... Jake? É... Jake Reverbel. O garoto das fontes termais.

Ele assentiu sorrindo e parou de andar. Ele estava bem na minha frente, e devo dizer... Era difícil olhar diretamente para ele. No mesmo instante que fixei meus olhos nos dele, senti toda a tristeza e raiva que me cercavam no momento simplesmente desaparecerem.

Meus músculos relaxaram, e meus pensamentos foram limpos. Não tinha idéia do porque, e podia apostar que aquilo não era nada bom, mas não consegui evitar.

- Que bom que ainda se lembra. Sou eu mesmo. E devo dizer... Que você é excelente. Mesmo. Eu estou impressionado com o seu potencial. – Disse ele chegando mais perto de mim.

- O que você quer dizer com isso? – Perguntei sem entender – E o que você está fazendo aqui?

- Eu estava vendo você agir, e embora não goste muito de você, admiro a sua habilidade para mexer com as pessoas. – Disse ele dando de ombros – Sabe? Eu nunca pensei que um de vocês poderia ser tão útil. Para mim... Todos não passavam de idiotas.

- Como assim “todos de vocês”? – Perguntei.

- Filhos de Hermes, é claro. – Disse ele com um leve riso – Vocês, filhos de Hermes, são todos iguais. Pensam que são os únicos que podem enganar, roubar ou trapacear os outros, mas acabam se esquecendo de quem são os melhores.

Ok. Aquilo foi estranho. Parte de mim estava ocupada demais hipnotizada nos olhos dele para perguntar alguma coisa, mas por sorte um pingo de noção me restou no cérebro, e isso foi o bastante.

- Como sabe o que eu sou? Quem é você de verdade? – Perguntei tentando não olhar diretamente para Jake, mas era quase impossível.

- Sou filho de Afrodite, Alice. – Respondeu ele andando em volta de mim.

- Filho de Afrodite? – Repeti achando aquilo um pouco engraçado.

- O que foi? Só porque ela é a minha mãe, quer dizer que eu tenho que gostar de rosa, ou de ser fútil? – Perguntou ele, mas então parou na minha frente – Ok. Acho que sou um pouco fútil mesmo, mas pode esquecer a parada do rosa. Diferente dos meus irmãos, eu tenho um cérebro.

- Você sabia quem eu era desde o começo? – Perguntei.

- Claro. Quem não sabe quem você é? – Riu ele – Eu sei quem você é, muito antes de você se tornar musa.

- Como? – Perguntei.

- Como? Você ainda pergunta? – Falou ele levemente irritado – Você estragou o meu plano. Foi aí que eu te conheci.

- Você está mesmo falando de mim? Eu nunca nem te vi antes. – Falei franzindo o cenho sem me lembrar de nada.

Jake deu um passo para frente e ficou mais perto de mim. Eu me calei imediatamente. Não porque ele parecia ameaçador, mas porque estava com falta de ar por causa de sua beleza. Aquilo era normal em todos os filhos de Afrodite?!

- Eu ia conseguir exatamente o que eu queria. O que mais me deixa irritado é que eu fracassei da última vez, por causa de uma filha de Hermes. Mas... Acha que se for por uma bonita, tudo bem. Posso deixar aquela vez passar. – Jake segurou o meu queixo forçando-me a olhar em seus olhos – Eu consegui roubar a espada do Deus da guerra. O item de guerra mais poderoso de todos os tempos. Estava nas minha mãos, Alice. Mas assim que eu passei perto daquele maldito terreno baldio... Os cães infernais, e os autômatos de Hefesto capturaram a espada.

Tentei pensar. Mesmo olhando para ele, eu não podia deixar meu cérebro parar de funcionar. Era mais do que óbvio que ele estava usando algum poder de hipnose comigo, mas... Era muito difícil evitar olhá-lo.

- Espera... Ares... Achou que fui eu. – Disse franzindo o cenho, mas ainda olhando para Jake.

- É. – Confirmou ele – Eu tinha fazer alguém levar a culpa, e vocês dois estavam tão bem brigando... Só quis dar uma mãozinha.

- Você tentou me ferrar. Eu... Quase morri. – Falei com uma pontada de raiva.

- De novo... Era o preço. – Disse ele tentando não rir. Jake largou o meu queixo e voltou a andar – Mas tudo bem. Esqueça isso. Passado é passado. Não tem como mudar o que fizemos, muitos menos o que você fez agora, não é?

Fitei o chão para poder pensar melhor.

- Apolo... Isso não é da sua conta. – Falei lembrando-me da cena do salão – Fala logo o que você quer comigo, e se manda.

- Simples. – Disse Jake – Você ainda não notou o que eu quero? Mesmo?

Olhei para ele, e dessa vez mais concentrada.

- Porque acha que eu quero tanto que vocês fiquem juntos? – Perguntou ele com um sorriso inocente – Não é porque acredito em amor acima de tudo. Claro que não. Eu sei que no fundo vocês se odeiam. Eu sei que no fundo... Você o odeia.

Entendi aonde ele queria chegar.

- Você quer que eu passe a perna no Ares e pegue a espada para você. – Falei, e Jake concordou sorrindo – Esqueça. Você me causou problemas demais. A última coisa que eu faria seria ajudar você!

- Nossa... Por que tanta raiva, Alice? – Perguntou ele chegando perto de mim novamente – Você sabe muito bem que você é minha filha de Hermes favorita. Bonita, inteligente, habilidosa... Só precisa jogar no time campeão. Pegue a espada para mim, e eu faço qualquer favor para você.

- Qualquer favor... – Repeti quase hipnotizada novamente, mas então voltei á real – O melhor favor que você faria... Seria sumir do mapa.

- Ok. Vamos por as coisas desse jeito... – Comentou ele estalando os dedos na minha frente. Naquele momento eu fiquei completamente paralisada, sem conseguir me mexer – Você vai servir para eu conseguir a espada. Quer queira... Ou não.

Com um movimento rápido, Jake me empurrou para trás e eu bati de costas contra uma árvore. Ele sacou uma pequena adaga e mexeu com ela nas mãos. Piscou para mim, e foi para trás da árvore.

- Fique parada. É uma ordem. – Disse ele.

- Até parece que...! – Tentei me mover, mas não conseguia. Meu corpo estava paralisado graças ao maldito filho da Afrodite. Ao longe eu ouvi o som de passos. Torci para não ser Ares, mas infelizmente...

- Kelly?! – Perguntou ele ao me ver parada logo á sua frente. Ares revirou os olhos – Ficou louca por acaso?! Não é para você sair assim do nada, e...!

- Ares, volta para...! – Tentei alertá-lo de que Jake provavelmente teria um plano nas mangas, mas foi tarde demais. Com um movimento rápido Jake me empurrou para frente. Eu me virei pronta para dar-lhe um soco, mas ele segurou meu punho e virou meu braço para trás, de modo que não conseguia me mexer.

Ares arregalou os olhos, porém antes que pudesse fazer alguma coisa, Jake tocou a adaga em meu pescoço.

- Não faria isso. – Sugeriu ele – Alice, você não acha que é melhor ele ficar parado?

- Acho melhor você me soltar agora mesmo. – Respondi rangendo os dentes – Deixe de ser um covarde, e enfreti uma luta justa.

- Tsc. Tenho outros métodos. – Disse ele. Jake estalou os dedos, e eu caí no sono.

POV Ares.

Não estava entendendo o que estava acontecendo ali, mas de uma coisa e tinha certeza... Aquele garoto estava querendo uma bela briga.

- Escuta aqui, moleque... Acho que você não tem idéia de com quem está se metendo, por isso eu vou te dar uma chance. Solte a garota, e se manda, antes que eu resolva esfolar o seu traseiro. – Ameacei com raiva.

- Sei muito bem quem é você, Deus da guerra. E sei também de algo que você quer. – Disse ele sorrindo de um jeito maquiavélico. Ele girou Alice e fingiu deixá-la cair no chão, mas a segurou no último momento, como alguns dançarinos fazem – Se eu fosse você, não desperdiçaria isso.

- Cala essa boca. Quem é você por acaso? – Perguntei o fuzilando com o olhar.

- Sou Jake. É tudo que lhe interessa saber. – Respondeu ele – Calma... Eu não vou machucá-la. Sou um homem de negócios. Você tem uma coisa que eu quero, e eu tenho uma coisa que você quer. Nós fazemos uma troca, e pronto. Todos felizes.

- Não tenho que trocar nada com você, seu...! – Fui interrompido. Jake encostou a adaga novamente no pescoço da Alice e puxou-a, fazendo um fino corte. Uma linha fina de sangue dourado surgiu, e pude notar que o rosto dela representou um pouco de dor – Pare.

- Para mim seria fácil continuar, mas... Não é isso que eu quero. Eu quero a espada da guerra. – Disse ele olhando para mim – A sua espada.

- Tsc. Vai sonhando. Minha espada não é brinquedo para criança. – Respondi.

- Nem ela é uma garota para valentões. – Falou ele sorrindo para Alice – Sabe? Acho que você está me convencendo. Eu posso esquecer a espada, e ficar com Alice. Por mim... Eu não reclamaria.

- Você não quer se meter comigo. – Alertei dando um passo em sua direção – Se você pensar em tocar nela, eu...

- Francamente... Você complica demais as coisas. Se gosta mesmo dela, então me dê a espada. Não quero a garota. Pode ficar com ela quando eu conseguir o que eu quero. – Falou ele levantando os olhos para mim – A não ser... Que não se importe com o que pode acontecer á pobre filha de Hermes.

Ele ameaçou fazer outro corte com a adaga, mas eu reagi.

- Pare. – Exigi, e ele parou. Estava morrendo de vontade de arrancar o pescoço daquele moleque, mas não podia enquanto ele estivesse com ela. De má vontade, eu fiz a espada aparecer, e olhei para ele – Fique sabendo... Que eu vou dar um jeito de pegá-la de volta. E quando isso acontecer... Você está perdido.

- É por isso que antes de entregá-la para você, quero que jure pelo Estige que não irá tentar reaver a espada. – Disse ele com um sorriso triunfante. Filho da...!

Olhei para Alice, que parecia estar dormindo em um sono profundo. Será que realmente valia o preço? Eu podia deixá-lo matá-la. Ela era imortal, mas podia ficar longe de mim por várias semanas, antes de conseguir acordar novamente.

Mesmo duvidando que se aquela seria a melhor opção á escolher, eu estendi a mão entregando a espada (a minha espada favorita) para Jake. Alice ia me pagar por aquilo mais tarde...

- Juro. Agora...Toma. – Disse rangendo os dentes de raiva. Jake pegou a espada, girou-a e a fez sumir. Com um sorriso triunfante, ele olhou novamente para Alice.

- Aproveite. Você tem sorte dela gostar de você. – Comentou ele admirando seu rosto – Me dá um pouco de pena entregá-la, mas como fazia parte do acordo... Toma.

Ao invés de entregar Alice em minhas mãos, ele lançou-a para o lado. Sendo que “o lado” era onde ficava a grade de proteção. Alice caiu no lago, e eu arregalei os olhos.

- Desgraçado! – Exclamei com ódio.

- Só para garantir que você vai estar ocupado com outras coisas, e não vai ter tempo de vir atrás de mim. – Riu Jake – Tenha uma boa noite, Ares.

Ele saiu correndo e eu acabei correndo para a barra de proteção. Pensei que fosse uma parte rasa, mas na verdade... Era bem funda. Alice estava afundando cada vez mais, mas eu consegui esticar o braço e puxá-la para cima novamente.

Carreguei ela até um dos bancos de madeira, e coloquei-a deitada. Ela não parecia estar respirando, e eu não sabia muito bem o que fazer.

- Alice, acorda. – Falei mexendo em seu ombro – Kelly!

Foi aí que ela tomou uma grande quantidade de ar, e voltou a respirar normalmente. Alice abriu os olhos devagar. Suas roupas estavam (mais uma vez) grudadas no corpo. Seu vestido branco encharcado, e sua meia calça também. Olhei novamente para seu rosto para ver se ela estava bem.

- Uhm... O que...? – Ela fechou os olhos e franziu o cenho, mas depois levantou-se de repente – Jake! Ele...!

- Esquece. – Falei fazendo-a deitar-se novamente – Ele se mandou.

- Mas ele... Ele queria a... – Ela estava um pouco sem ar, mas acabou entendendo o que aconteceu só de olhar para mim – Você entregou... Para ele?

Assenti devagar, e ela revirou os olhos, casada. Alice se levantou, mesmo eu dizendo para ela se deitar e respirar um pouco mais.

- Não quero respirar um pouco mais. – Disse ela levantando-se e indo para a grade de proteção. Ela passou a mão pela testa, e depois apoiou-se na grade de metal – Droga...

- Eu ouvi. – Comentei distraído.

- Ouviu o que? – Perguntou ela.

- A sua briga lá dentro. – Respondi.

Alice virou-se levemente, mas preferiu não olhar diretamente para mim. Ela voltou seu rosto para baixo e fingiu estar prestando atenção na água.

- E daí? Não é da sua conta. – Murmurou ela. Um vento soprou, e Alice se abraçou. Estava completamente molhada, por isso devia estar morrendo de firo.

- É. Eu não tenho nada a ver com isso. – Concordei. Tirei o terno do smoking e coloquei nas costas dela. Alice tentou recusar, mas não lhe dei escolha – Não reclame. Vão ficar olhando para você, se andar por aí desse jeito.

-... Tá. – Disse ela depois de uma pausa. Alice colocou o terno e se abraçou novamente. Ela suspirou olhando para o chão. Sabia que estava pensando no que tinha acontecido lá dentro, mas achei melhor não comentar nada. Olhei para seu pescoço, que agora tinha uma linha fina e vermelha.

- Está doendo? – Perguntei.

- Está. – Confirmou ela em um tom cansado e triste. Ficamos em silêncio por uns segundos.

- Ahm... Estava falando do pescoço. – Falei olhando para ela. Alice olhou para mim, passou a mão no pescoço, e só então entendeu. Seu rosto ficou um pouco vermelho, mas ela assentiu.

- É... Eu estava falando disso mesmo. – Mentiu ela.

- Vamos voltar para o quarto. Acho que foi diversão demais para uma noite só. – Comentei puxando-a em direção ao caminho de volta, mas ela me seguiu sem que eu precisasse insistir.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Jake não pode sair vitorioso, é claro.

Mas... Como Ares vai conseguir a espada de volta?

Tam tam tam taaaam!

Espero que tenham gostado!