Meu Namorado Infernal escrita por Mandy-Jam


Capítulo 36
California Girl do Alabama


Notas iniciais do capítulo

Aqui vamos nós para mais um capítulo...



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POV Ares

Entrei no celeiro de mal vontade, á procura da Kelly. Pensei que ela estaria sentada descansando ou coisa do tipo, mas estava ajudando Deméter a levar alguns montes de feno de um lado para o outro. Que coisa inútil...

- Ei. Esquece essa porcaria. Está na hora ir. – Falei indo até elas.

- Se não tem sangue no meio, é porcaria para você, não é? – Perguntou Deméter me lançando um olhar repreendedor – E não fale com ela assim, senão a única garota com cérebro que consegue te aturar vai embora.

- Há. Dessa eu duvido muito. – Disse indo até ela e segurando seu braço com força – Ela é louca por mim, não é mesmo benzinho? Agora vamos.

- Não precisa me puxar. – Disse ela se livrando de mim, e virando-se para Deméter. Alice passou a mão no braço discretamente, e achei que a tinha segurado forte demais, mas nunca iria pedir desculpas por isso – Nós nos vemos depois, certo? Obrigada, Deméter.

- Não precisa agradecer. – Sorriu Deméter – Tente sobreviver a esse animal, e nós nos falamos mais tarde.

Sem querer, acabei rosnando para ela, o que fez minha tia revirar os olhos. Alice saiu do celeiro e eu fui logo atrás.

- Quer andar mais devagar?! – Reclamei ao vê-la praticamente 3 metros de mim – O que deu em você?!

- Só não quero ficar perto de você. – Respondeu ela friamente – Se bem que acho que isso você já sabe.

- Com poderia esquecer? – Comentei em um resmungo. Segurei ela pelo braço novamente e virei-a para mim – Eu disse devagar!

- Me solta! – Reclamou ela – No seu ritmo nós nunca vamos sair daqui!

- Ah, e isso te incomoda? Pensei que você fosse a garota do Alabama. – Comentei irritado – Odeia tanto assim o campo, Sedex?

Eu não devia ter dito aquilo. A cara de ódio que Alice fez para mim... Aquilo me assustou de verdade. Estava preparado para bloquear qualquer tipo de soco ou tapa que ela tentasse me dar, mas para minha surpresa... Ela não fez nada.

Não disse nada, também. Alice só ficou parada me lançando um olhar de ódio, e soltou seu braço de mim lentamente. Fiquei olhando para ela também, até que ela se virou e começou a andar devagar.

Uou. Tenso.

Relutante eu a segui. Esperava que ela fosse me bater a qualquer momento, mas de novo eu estava enganado. O carro alugado do hotel estava um pouco longe, o que fez com que nós tivéssemos que andar juntos por um bom tempo.

De vez em quando eu olhava para Alice só para ver se ela pretendia dizer alguma coisa para quebrar aquele silêncio desconfortável, mas ela continuava andando e olhando fixamente para frente. Não desviava o olhar nem por um segundo.

- Eu... Não vou pedir desculpas. – Disse quebrando o silêncio – Se você realmente espera que eu me desculpe, então pode...

- Eu não espero. – Respondeu ela interrompendo-me. Fiquei mudo e engoli o resto de minha frase.

Nós continuamos andando em silêncio.

- Ainda... Pode perguntar alguma coisa. Já que não tem nada melhor para fazer... – Comentei desconfortável.

- Não tenho nenhuma pergunta. – Disse ela.

- É... Legal. – Assenti. Ela estava mesmo muito irritada comigo. Eu estava começando a me sentir mal por tê-la chamado de Sedex, mas... Eu sou um Deus! Não tenho que pedir desculpas para ninguém. Muito menos para uma pirralha, só porque ela está irritada e... – Desculpe.

Ela não disse nada, o que me fez querer engolir o que eu tinha dito.

- Você me ouviu?! Estou falando com você, Kelly! Eu disse desculpa. – Repeti parando de andar. Ela continuou em seu passo devagar, mas depois parou e virou-se para mim – Não... Não devia ter falado aquilo. Ou agido daquele jeito... O que você preferir. Tanto faz.

- Tanto faz? – Repetiu ela olhando para mim – Está pedindo desculpas por alguma coisa que “tanto faz”. Você nem mesmo liga para nada, seu egoísta.

- Isso não é verdade! Eu...! Kelly! – Exclamei ao vê-la continuar andando em direção ao carro. Comecei a correr e acompanhei o ritmo devagar dela – Eu sinto muito por qualquer coisa que tenha feito agora. Dizer isso já é uma coisa rara, por isso aceite logo a droga das minhas desculpas, e melhore seu humor.

- Oh! Isso é uma ordem, é? – Perguntou ela parando e virando-se para mim – Viu só?! Até quando você tenta se desculpar, você só pensa em você mesmo e em como você é mais importante que os outros. Só porque você está fingindo estar arrependido, eu tenho que aceitar suas desculpas porque você é o melhor do mundo.

- Eu realmente não devia ter te chamado de Sedex. – Comentei sério olhando para ela. Tinha dito isso mais para mim, do que para ela, mas Alice assentiu séria também.

- É, não devia. Mas por outro lado, eu também não devia tentar me dar bem com você também. Sei que isso nunca vai acontecer. – Comentou ela virando-se e voltando a andar.

- Não... – Prendi a frase. Não... Ares, não diga isso... – Não foi culpa sua.

Alice parou de andar. Ela virou-se desconfiada, mas quando viu que eu tinha dito a verdade, seus olhos se arregalaram levemente.

- Você... Você está bem? – Perguntei ela com a voz falhando – Acabou de dizer... Que não foi minha culpa?!

- Não. Eu disse que foi sua culpa. Tudo é sempre sua culpa. – Corrigi olhando para ela – Agora volte a marchar para o carro, que eu estou pouco me lixando para a sua irritação.

Eu continuei andando, mas ela precisou de alguns minutos para se tocar que a ordem era de andar até o carro. Quando eu estava na metade do caminho (uma curta passagem de terra misturada com lama, que levava á um espaço para estacionar carros) senti alguma coisa me segurar.

Foi uma grande surpresa quando notei que Alice estava me abraçando por trás. Arregalei meus olhos surpreso.

- O que...?! – Não consegui terminar de falar.

- Obrigada. – Disse ela, o que me deixou mais surpreso ainda. Não sabia o que dizer, por isso respondi o que era mais normal.

- Agradeça mesmo, Kelly. Um ser superior como eu não tem que ficar pedindo desculpas para garotinhas mimadas como você. – Disse tentando manter o foco.

- Aposto que não. – Ela me soltou e voltou a andar. Quando dei por mim, ela já estava na frente do carro. Andei até lá analisando ela. O que será que tinha dado em sua mente para ela me abraçar?!

Alice sorriu para mim. Pensei que fosse um sorriso inocente, mas isso mudou quando ela balançou as chaves do carro no ar. Pus as mãos em minha cintura tateando e tentando encontrar as chaves, mas ela as tinha roubado mesmo!

- Foi por isso que você me abraçou?! Sua aproveitador infernal! – Exclamei correndo em sua direção. Alice riu de mim e entrou no banco do motorista. Ela fechou a porta do carro e travou as portas – Abra isso, Kelly! A não ser que queira que eu arranque isso!

- Se você sente muito mesmo, então me recompense deixando-me dirigir. – Disse ela com um sorriso triunfante. Odiava aquele sorriso. – Eu deixo você sentar no banco do passageiro, benzinho.

Trinquei os dentes com raiva, e dei um soco na porta. Alice chegou para o lado, mas depois começou a rir da minha cara. Maldita!

- Certo! Sua miserável insignificante! Peste! Eu vou para o banco do carona, só dessa vez! – Empurrei com força a porta do carro e fui para o outro lado. Sentei-me no banco do carona, e Alice olhou para frente tentando não rir – Era o que me faltava... Uma garota no volante já é ruim, mas uma pirralha lesada é pior ainda.

- Pensamentos machistas... Por que será que eu não estou surpresa? – Comentou ela em sarcasmo, ligando o carro.

- Não é machista. É realista. Eu já vi você dirigindo e não foi nada bom. Minha moto ainda tem seqüelas do acidente. – Lembrei-a.

- Só teve um acidente, porque você puxou o controle da minha moto de mim. – Rebateu ela.

- A moto nem mesmo sua era. – Retruquei. Alice revirou os olhos e começou a andar com o carro. Ela acelerou até o limite de velocidade. Os miseráveis 50 km/h. Olhei para ela assim que uma duvida me surgiu em mente – Você não nasceu no Alabama.

- Não. – Respondeu ela.

- Onde então? – Perguntei, e pude ver que ela não gostou nada da pergunta. Alice desviou o olhar para a estrada, e fingiu não ter ouvido. Seu rosto ficou um pouco vermelho, e isso me causou mais curiosidade ainda – Onde, Kelly? Onde você nasceu?

- Não é da sua conta. – Respondeu ela.

- Responde logo. Você jurou pelo Estige que responderia tudo. – Lembrei com um sorriso maldoso no rosto. Aquilo estava parecendo que seria muito divertido.

- Você nunca mais vai me deixar em paz... – Resmungou ela – Se eu responder.

- Você tem que responder. – Falei olhando para ela – Estou esperando. Vai logo.

Ela realmente não queria falar, mas não teve escolha. Alice revirou os olhos, desviou o olhar de mim algumas vezes, e por fim acabou tendo que responder.

- UhmAhmnia. – Respondeu ela em um murmurro baixo demais para que eu pudesse ouvir.

- O que?! – Perguntei – Fala que nem gente, droga!

Ela mordeu o lábio inferior como se quisesse impedir a si mesma de contar, mas por fim falou.

- Califórnia. – Contou ela, e depois olhou para mim esperando o meu comentário maldoso e humilhante. Que, é claro, não podia faltar.

- Mentira! Há Há! Você?! Você é uma California girl?! – Comecei a rir olhando para ela, e Kelly voltou a olhar para a estrada – A garota mais sem graça que eu conheço, é uma garota da California.

- Não me achou sem graça quando passou a mão em mim. – Comentou ela inocentemente. Parei de rir e continuei olhando para ela.

- Você adora lembrar isso, né? – Comentei – Não sabia que eu era tão especial assim para você.

- Especialmente cretino. – Comentou ela de volta – Pode ser.

Revirei os olhos e olhei para a janela. Estava começando a me arrepender por ter feito aquilo, mas eu não ia comentar aquilo de jeito nenhum. Foi aí que eu lembrei do que Apolo tinha dito.

- Ah... Hoje á noite nós vamos á uma festa. – Disse olhando para a janela.

- Festa? – Perguntou ela franzindo o cenho – De onde você tirou isso?

- Desse folheto. – Disse mostrando o papel. Não ia dizer que fora Apolo quem mandar, pois apostava que ela ia dizer que não iria, ou ia vir com alguma conversa romântica e chata. Um blá blá blá que eu não ia querer ouvir – Nós vamos e pronto.

Alice olhou furtivamente para mim e depois riu.

- Acho que o hotel não vai gostar muito de ver que os bancos do carro estão imundos de lama. – Comentou ela.

- Estou falando de uma festa, e você está pensando na lama do banco do carro? – Perguntei, mas depois olhei para minhas roupas imundas de lama – Ah... Que se dane esse pessoal estranho. É o preço por me darem um carro que é das vezes menor do que eu! Tenho que ficar encolhido para entrar aqui... É ridículo!

Alice prendeu o riso.

- Tem um cara... Um baixinho. – Disse ela.

- O que que tem esse cara? – Perguntei sem entender.

- Eles alugaram uma picape para ele. – Contou ela tentando não rir, mas não conseguindo – E tinha um adesivo enorme “Holly Lake” na lateral.

- Mas que coisa besta... – Murmurei tentando não rir também. Olhei para o volante do carro – Você está segurando errado.

- Não estou não. – Falou ela.

- Está sim. Suas mãos têm que ficar mais para baixo. – Falei apontando – Melhora o reflexo na hora de virar o carro. Pode salvar sua vida em um acidente.

- Um acidente á 50 km/h? Eu nem estou fazendo curvas ainda. Por isso é que não estou segurando do outro jeito. – Rebateu ela.

- Acho melhor passar a próxima marcha. – Falei para ela.

- Acho melhor não. – Respondeu Alice.

- Estou falando sério. – Falei – Passa a droga da terceira marcha!

- Ainda não. – Falou ela, mas eu não quis ouvir. Estiquei a mão, pronto para trocar a marcha do carro, quando Alice começou a lutar comigo pela marcha – Para com isso! Eu que estou dirigindo!

- Você não sabe dirigir! – Rebati, mas ela me deu um tapa na mão antes que eu pudesse trocar a marcha.

- E você não sabe ficar quieto! – Reclamou ela – Estou dirigindo certinho!

- Está nada! – Rebatei.

- O seu pai é o Deus das corridas, das estradas e de tudo isso? Acho que não. – Falou ela empurrando minha mão novamente – Sei muito bem o que estou fazendo.

- Sabe coisa nenhuma! Nós nem estamos saindo do lugar! Você anda debagar demais! – Reclamei empurrando a mão dela.

- Nós estávamos devagar quando você estava dirigindo também! – Disse ela empurrando a minha mão de novo. Eu consegui segurar a marcha, mas ela segurou um dos meus dedos e tentou puxar para trás – Solta, senão eu quebro o seu dedo!

- Vai quebrar o meu dedo só porque é uma má motorista? – Perguntei olhando para ela. Adorava criar confusão com ela. Era tão divertido!

- Não sou uma má motorista! Você que é um mau passageiro! – Reclamou ela – Solta. Eu vou quebrar!

- Vai fundo então! – Desafiei. Kelly começou a fazer força no meu dedo para trás, mas eu consegui permanecer com ele parado. Ela fazia cada vez mais força, mas não conseguia – Há! Eu tenho mais força em um dedo, do que você na mão toda! Otária!

- Ares, você...! – Ela ia gritar alguma coisa, mas eu a interrompi.

- O carro! – Gritei olhando para frente. Alice se assustou e soltou minha mão, colocando as duas novamente no volante. Só que não tinha carro nenhum, e eu consegui trocar a marcha – Idiota! Você caiu nessa!

- Não acredito! E depois eu sou a pirralha! Você parece até uma criança! – Reclamou ela olhando para a estrada.

- Você é uma má perdedora, Kelly. Não me chame de criança, só porque foi idiota de cair em um truque desses. – Disse enxugando uma lágrima do riso – Mas... É sério... Do jeito que você dirige é muito provável que um carro bate em nós sem que você nem mesmo note.

- Está preocupado com a sua vida? Sua segurança está em minhas mãos. – Comentou ela com um sorriso sonhador – Pena que você é imortal e não vai morrer, mas... Eu bem que podia...

- Nem pense. – Falei cortando suas idéias – Você se ferraria comigo.

- É a única falha do meu plano. – Suspirou ela, voltando a prestar atenção á estrada.


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Notas finais do capítulo

O que acharam?

O próximo será o baile! Tam tam tam taaaam!

Vamos ver as encrencas que acontecerão... Muahaha!

Espero pelos lindos reviews de sempre!

(55 pessoas acompanhando! Obrigada gente!)