Meu Namorado Infernal escrita por Mandy-Jam


Capítulo 35
O passado obscuro


Notas iniciais do capítulo

Lá vamos nós...



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Ares abriu um sorriso torto e maldoso para mim, mas antes de fazer a pergunta, ele se levantou do chão. Não entendi muito bem o que estava se passando por sua mente, mas já podia ter uma idéia de que não podia ser nada de bom.

- Antes de te perguntar... – Disse ele chegando perto de mim – Você tem que jurar que vai responder. E responder honestamente. Senão não tem graça.

Estreitei os olhos para ele. Tinha coisas no meu passado (não que ele fosse obscuro, é claro) que eu não queria que ele soubesse, senão nunca mais ia me deixar em paz. Implicaria comigo o dobro ou o triplo do que já implicava, e minha vida passaria a ser um inferno muito pior.

- Ok. Eu juro. – Concordei com uma mão discretamente nas costas. Cruzei os dedos antes de dizer aquilo, e esperei que Ares não notasse. Porém...

- Ah, jura mesmo? – Perguntou ele puxando a minha mão para frente. Desfiz os dedos cruzados na esperança dele não ter notado, mas já era tarde. Ares riu da minha tentativa e arqueou uma sobrancelha – O que você fez no Alabama? Matou um cara, é?

- Não é da sua conta. – Respondi fazendo-o soltar minha mão – Eu... Só não quero e nem vou contar tudo da minha vida para você. Não sou um livro aberto ou coisa do tipo, para você ler o que bem entende.

- Então nada feito. – Rebateu ele com calma – Não respondo nenhuma pergunta sua também.

Eu não queria perguntar nada para ele. Talvez... Talvez algumas coisas sobre o meu pai ou sobre o Apolo, mas... Não a ponto de revelar todos os eventos pelo quais já passei!

Pensei em dizer não para ele e concordar em ficar em silêncio ignorando sua existência, mas lembrei-me que isso me deixaria livre para pensar em uma variedade de coisas sobre o Apolo. Voltaria e me sentir mal, e isso não seria bom.

Olhei para Ares e cruzei os braços. Soltei um suspiro cansado, e ele olhou para mim já sabendo a resposta.

- Só se você prometer que vai responder a todas as perguntas que eu fizer também. – Disse a condição.

- Juro pelo Estíge. – Confirmou ele levantando os dois braços para o alto e mostrando que não estava cruzando os dedos. Não tinha idéia do que era Estige, mas resolvi concordar.

- Eu também... – Murmurei desviando o olhar – Mas só o que você perguntar. Não vou dizer nada a mais, nada a menos.

- Certo. Como quiser, benzinho. – Riu ele apertando minha bochecha com força – Vamos ver o que você guarda no seu passado obscuro.

- Ai! Já disse que não tenho um passado obscuro! – Reclamei passando a mão sobre minha bochecha, que estava doendo por causa daquele apertão – E não me chame de “benzinho”.

 Ares sentou-se novamente ainda com um sorriso maldoso no rosto. Ele soltou um suspiro divertido e pensou em uma pergunta para me fazer.

- Tinham muitos caipiras morando com você no Alabama? – Zombou ele perguntando.

- Eu não morava na droga do Alabama! – Exclamei revirei os olhos – Já disse isso. Eu só ficava lá nas férias, e...!

- Tá. Tá. Tanto faz. Quero saber quantos caipiras tinham lá. – Disse ele fazendo um gesto de “esquece isso” com a mão.

- Tinham... – Parei para pensar – Sei lá. Um tio, uma tia... Acho que uns... Cinco primos... Três primas. Por aí. A família era grande.

- Todo mundo gostava daquele fim de mundo? Por que convenhamos que o Alabama é uma droga. – Comentou ele.

- Eles gostavam. Eu não. – Respondi – E agora... Eu faço uma pergunta. Ahm... O meu pai já foi casado ou coisa parecida?

- Não sei. – Respondeu ele dando de ombros.

- Como assim você não sabe?! – Perguntei sem entender.

- Ora, eu não sei! Ele pode ter ido para Las Vegas, bebido um pouco, e... – Ares começou a responder, mas eu o interrompi.

- Não, idiota! Eu quis dizer...! Ah, você entendeu. – Falei olhando para ele.

- Não. Nunca foi e nem vai ser, aposto. – Respondeu Ares tentando não rir.

- Por que acha que não? – Perguntei.

- Tsc. Malandro demais para isso. – Comentou ele revirando os olhos. Eu ia falar mais alguma coisa, mas Ares me interrompeu – É a minha vez, Kelly. Não fure a ordem. Uhm... Tinha algum bicho de estimação? Tipo... Uma vaca, um pato, um porco...?

Podia ver que Ares estava fazendo aquelas perguntas só para poder zombar de mim. Cerrei os punhos com raiva, mas resolvi esconder isso.

- Eu não sou uma caipira do Alabama. Não tenho bichos de fazenda como animais de estimação. – Respondi.

- Lembre-se... Você jurou falar a verdade. – Comentou ele rindo.

- Eu já disse que não tenho e nem tive nenhum bicho de estimação. – Respondi – Agora quanto a minha pergunta... O que é Estige?

- É essa a sua pergunta? – Falou ele franzindo o cenho – Nossa... Pensei que você fosse lesada, mas não achava que era tanto. Ok. Estige é o rio principal do Mundo Inferior.

- E por que... “Juro pelo Estige”? – Perguntei.

- É só uma frase para garantir que você vai cumprir a palavra. Ninguém pode quebrar um juramento pelo Estige. – Respondeu ele – Agora... O que eu posso perguntar?

Ares parou para pensar, mas depois olhou para mim com um sorriso extremamente maldoso. Estreitei os olhos com medo do que ele poderia perguntar.

- Tinha algum tipo de valentão lá? – Perguntou ele tentando não rir.

- Você não quer saber se tinha um valentão. Você quer saber se eu levava uma surra ou coisa parecida. – Falei, e Ares riu.

- É, é por aí mesmo. – Confirmou – E então?

- Tinha... Tinha um primo meu. Joe Hanks. – Contei. Tinha passado muito tempo tentando esquecer dele, mas infelizmente tinha que responder á pergunta – Ele implicava comigo, tentava me bater, mas eu sempre passava a perna nele.

- Como assim passava a perna nele? – Perguntou Ares decepcionado pelo fato do valentão não conseguir acabar comigo.

- Ele era idiota. Bem... Na verdade, ele era muito mimado. Sempre o melhor em tudo, e adorava jogar isso na minha cara e fazer eu parecer a pior parte da família. – Respondi lembrando de como aquele pessoal me odiava por ser diferente – Ele costumava me chamar de... Sedex. Disse que eu não pertencia a família, e que na verdade tinha sido uma encomenda do correio.

- O que não é mentira. – Comentou Ares rindo.

- Cala essa boca. Eu odiava Joe por me chamar desse jeito. Quem era ele para fazer eu parecer um lixo? Argh. – Resmunguei irritada – Ele nunca me deixava em paz, e era por isso que nós brigávamos. Agora é a minha vez de perguntar...

- Não mesmo. Você ainda não respondeu como passava a perna nele. – Disse Ares negando com a cabeça.

- Isso faz alguma diferença?! – Perguntei, mas ele assentiu dizendo que sim – Argh. Ele era um idiota. Embora adorasse implicar com os outros e se fazer de forte, ele fugia das brigas. Dava raiva. Ele sempre me chamava de Sedex, dizia que eu não podia ficar perto dele e dos outros, mas sempre que eu ia tirar satisfação com ele, o Joe simplesmente corria para perto da mamãe dizendo que eu era uma mal educada violenta.

- Medroso. Poderia ganhar de você qualquer hora que quisesse. Será que não tem mais nenhum valentão que preste nesse mundo? Humpf. – Comentou Ares em um resmungo – E também... “Tirar satisfação” como se você fosse realmente bater nele.

Eu fiquei muda. Não ia tocar naquele assunto, a não ser que fosse obrigada. Esperava no fundo que Ares esquecesse aquele detalhe, mas ele não  fez. O Deus da guerra olhou fixamente para mim.

- Você bateu nele. Mesmo. – Afirmou ele surpreso – Dá para ver pela sua cara. Você fez isso, não é? Alice Kelly... Ganhou uma luta!

Ares começou a rir de mim.

- Eu ganho muitas lutas, ok?! – Exclamei irritada.

- Não ganha não. Não sabe nem como socar alguém, sua otária! – Riu ele – Aquele garoto deve ser muito frouxo para ter apanhado de você! Como você fez isso?!

- Simples. Eu esperei a mãe dele sair para o mercado com a minha, e fui atrás dele. Ninguém lá corria mais do que eu. Eu dei um chute no Joe, e ele caiu no chão. Eu dei um soco no olho dele, tão forte, mas tão forte que ficou roxo por meses. – Contei lembrando da cena – Quando a minha mãe voltou do supermercado, ela me viu dando uma chave de braço nele, e socando... – Ares lançou um olhar para mim, que eu entendi muito bem o que significava – Não. Não mesmo. Eu não sou uma garota violenta. Eu só fiz aquilo porque ele estava me incomodando muito. Só isso. Eu não gosto de brigas. Não mesmo.

- Sei. Vou fingir que acredito. – Comentou ele rindo e sorrindo torto – Vou achar que você tem até uma queda por mim. É por isso que contou essa história? Para me impressionar? Você é bem malandra, hein?

- O que?! Não é nada disso! Eu só contei essa história, porque você perguntou! – Exclamei com o rosto vermelho – E não me chame de malandra, porque o único malandro aqui é você, que se aproveita das pessoas quando é mais conveniente!

- Eu não me aproveito de ninguém, sua lesada! – Exclamou ele com raiva – Já disse que...!

- Sei! A culpa foi minha! Vou fingir que acredito! – Confirmei em sarcasmo.

- Você é mesmo muito idiota, Kelly! Até parece que eu ia querer alguma coisa com uma pirralha sem graça como você! E é melhor calar essa boca, antes que eu pense em perguntas piores para te fazer! – Ameaçou ele.

- Não! É melhor você calar a boca, antes que eu pergunte algo que você não vai gostar nem um pouco de responder. – Disse descendo da cerca. Ares se levantou do chão e parou bem na minha frente com um sorriso torto.

- Uuuuh! Estou morrendo de medo da Filhinha de Hermes! – Zombou ele fingindo estar com medo – Vai bater em mim, é? Ah, por favor, não!

- Você vai ver. – Sorri forçadamente – Aqui vai a minha pergunta. Como foi que Hefesto descobriu que você estava tendo um caso com a esposa dele, e o que foi que ele fez conto á isso?

Ares parou de rir. Ele me fuzilou com um olhar de ódio.

- Escuta aqui, sua imbecil! Se você acha que...! – Eu o interrompi.

- Quem mandou se aproveitar de mim? Agora agüenta! – Falei cruzando os braços e aguardando a resposta – E eu vou querer ouvir a história to-da contada por você.

- Filha da...! – Ares engoliu um xingamento. Seus punhos estavam cerrados, como se ele estivesse prestes a me dar um soco – Você já conhece essa maldita história!

- Jura? Não me lembro agora. – Fiz-me de inocente, e sorri para ele.

- Vingança envenena a alma. – Disse ele estreitando os olhos para mim.

- É. Pena que eu sou imortal. – Falei sentando-me na cerca para ouvir Ares contar a história. Ele xingou um pouco, mas por fim sentou-se no chão e contou.

- Quando nós começamos a ficar juntos... Nós nos encontrávamos quando Hefesto saia para ficar com seus autômatos, e coisas mecânicas. Só que um dia o Apolo descobriu... – Contou ele fazendo caretas de contragosto.

- Apolo?! – Perguntei não sabendo dessa parte.

- É. Aquele dedo duro idiota resolveu contar tudo para Hefesto. O ferreiro retardado armou um plano para nos pegar... Juntos. – Contou ele quase rosnando de ódio para mim – Ele... Fez uma rede invisível e a usou para nos prender juntos. Depois disso... Ele chamou todos os malditos parentes para rirem de nós.

- Nossa. Nunca esperaria isso dele. – Disse fingindo estar chocada – Não é horrível quando alguém se aproveita de nós de um jeito tão cruel? Tipo... Quando estamos completamente vulneráveis? Você não acha isso horrível, Ares?!

- Eu não fiz nada com você! – Reclamou ele novamente.

- Você me beijou, passou na minha perna, e ainda dormiu do meu lado! – Exclamei. Nós dois tínhamos nos levantado de novo. Estávamos frente a frente, encarando um ao outro com um olhar de raiva – E ainda tenta falar “Não quero nada com uma pirralha sem graça como você”. Conta outra!

- Não. Foi você quem me beijou. Depois passou a mão em mim, e ainda tirou a minha camisa! A culpa é sua! – Reclamou ele apontando para mim.

- Eros tinha me acertado! Você sabia, mas mesmo assim deixou que isso tudo acontecesse! – Falei irritada.

- Eu não tive escolha, e não pense que ainda não vai me pagar por isso, Kelly! – Rebateu ele com raiva – Se é que você não fez aquilo de propósito. Vai ver no fundo você realmente quis ficar comigo!

- O que?! Ah, claro! Todo mundo ama você! Com o seu jeito brigão, egoísta, rude, e violento! – Confirmei com ironia – Você se acha, não é mesmo?! Mas sinto muito... Eu nunca iria querer ficar com você! Por isso passe a sua mão na perna de outra garota da próxima vez!

Ares ia dizer alguma coisa, mas e virei as costas e pulei a cerca.

- Para onde você pensa que está indo?! – Perguntou ele com raiva.

- Vou ajudar Deméter em qualquer coisa que ela precise. Tenta se socializar com os porcos, ou coisa parecida! – Respondi indo para o celeiro.

POV Ares.

- Os porcos ao menos são mais bonitos que você! - Respondi, enquanto Alice marchava com raiva para o celeiro. Idiota!

Ninguém merece uma garota irritante como ela. Sempre tem que arrumar um jeito de me tirar do sério, nem que seja sobre um assunto que deveria ser esquecido. Humpf. Ela estava agindo como se fosse uma nova Deusa da beleza, e eu estivesse louco por ela ou coisa parecida. Até parece!

Virei-me pronto para sair daquele cercado imundo, quando ouvi uma voz.

- Psiu! – Fez alguém. Olhei em volta, mas não vi ninguém. As pessoas já tinham ido embora, de modo que a fazenda estava vazia – Psiu!

- Quem está aí? – Perguntei impaciente.

- Sou eu! – Respondeu – O Apolo!

Olhei para a cerca. Logo atrás dela tinha um monte de palha. Apolo estava escondido atrás dele. Eu pulei a cerca e fui para perto, mas quando vi Apolo fiquei sem saber o que falar.

- Que droga é essa?! – Perguntei olhando para suas roupas. Apolo estava com uma camisa quadriculada vermelha de caipira, uma calça jeans manchada de caipira, um óculos escuro de policial de Miami Vice, um bigode preto falso (sendo que Apolo era loiro), e um chapéu de palha.

- É o meu disfarce. É para a Alice não me ver. – Respondeu ele – E se me ver, vai pensar que eu sou uma pessoa normal da fazenda.

- Parece mais um retardado da fazenda! – Retruquei ainda olhando para suas roupas – O que você está fazendo aqui?!

- Vigiando você perto da minha garota! – Disse ele me empurrando contra a parede. Apolo segurou a gola da minha camisa com raiva – Que história é essa de você se aproveitar dela?!

- Não é nada disso! Ela é que exagera tudo! – Reclamei – Foi acertada por Eros e veio para cima de mim, mas insiste que foi minha culpa, e blá blá blá.

- E foi mesmo! – Retrucou Apolo – Falei para tomar conta dela, e deixá-la fora de perigo! E “perigo” se refere á você também, seu corrompido!

- Corrompidos são os seus neurônios, se acha que eu estaria com a mínima vontade de ficar perto dela! – Resmunguei empurrando ele para longe de mim, e fazendo-o largar a gola da minha camisa – Se quer mesmo ficar com ela... Vai e fala isso! Ela está no celeiro com a Deméter.

- Não... – Murmurou Apolo – Eu não posso. Ela... Não deve nem mesmo gostar mais de mim.

- É claro que gosta. – Resmunguei revirando os olhos.

- Acho que ela gosta mais de você. – Comentou ele com raiva – Alice nem mesmo fala mais comigo.

- É porque você resolveu ficar longe dela, idiota! – Respondi. Apolo parou para pensar no assunto.

- Ah, é verdade. – Comentou ele. Apolo olhou para mim, e então sorriu – Eu... Vou tentar de novo. Toma isso. Vá com ela para lá. Já que não gosta dela... Alice pode ficar comigo essa noite.

Ele me entregou um folheto para mim, e foi embora com um sorriso sonhador no rosto. Se é que dava para ver o sorriso, com aquele bigode por cima...

Mas o folheto não me agradara nada...

- Baile de máscaras Holly Lake. – Li mentalmente. Ah... Droga...  


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Notas finais do capítulo

Tam tam tam taaaaam!

Baile de máscaras Holly Lake? Wow... No que será que isso vai dar?

Apolo é muito louco, né? Hahaha!

Bem... Eu gostaria de agradecer á todas as 54 pessoas que estãoa acompanhando essa fic! Gente... Muito obrigada mesmo! Gostaria de receber reviews de todas vocês, mas mesmo que não mandem, fiquem sabendo que estou mandando um "obrigado" por lerem "Meu Namorado Infernal", ok?

Beijos e até o próximo capítulo!