Meu Namorado Infernal escrita por Mandy-Jam


Capítulo 31
Dane-se


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem...



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POV Ares.

Entrei no quarto pensando em um jeito de mantê-la longe de mim, mas antes que eu me desse conta, Alice fechou a porta. Olhei para trás. Ela estava encostada contra a porta do quarto com um sorriso no rosto.

- Sabia que eu ia ganhar a corrida. – Comentou ela ainda sorrindo.

- Correr é a única coisa que você sabe fazer de útil, Filhinha de Hermes. – Comentei tentando irritá-la, mas aquilo não adiantava.

- Ora, eu sei que não é isso que você acha. – Disse ela.

Olhando bem para ela, eu tinha que admitir... Ela até que não era tão sem graça assim. É claro que eu não gostava que ela andasse por aí com roupas tão curtas, mas... Até que Alice era bonita.

Com um jeito desleixado, ela conseguia parecer bonita e casual de qualquer maneira. Penteando ou não o cabelo. Escolhendo ou não as roupas com cuidado. Ela era natural, e aquilo chamava a atenção.

Seu sorriso brincava em seu rosto e me fitava. Parecia dizer “Quero brincar com você”.

Se aquilo acontecesse com qualquer outro cara, ela já estaria sendo beijada. E se fosse qualquer outra garota, eu já a estaria beijando. Mas não era o caso. Tentei pensar novamente em um jeito de mantê-la afastada.

- Ok. Vamos fazer o seguinte... Você hoje pode ficar com a cama. – Disse depois de pensar um pouco – Eu durmo no chão essa noite, mas amanhã a nossa competição volta, ouviu?

- Ah, vai deixar eu ficar com a cama, é? Quanto cavalheirismo de sua parte. – Disse ela deixando os saltos altos no chão – Como eu poderia retribuir isso?

- Não retribua. – Falei rapidamente – Só deite, durma e não me enche o saco.

- E se ao invés disso, eu agir de forma solidária? – Comentou ela como se não quisesse nada – Eu não sou tão grande. Pode ficar com um espaço na cama. Deixar você dormir no chão seria maldade.

- Eu durmo no chão. – Insisti – Não se importe comigo, pirralha.

- Mas eu me importo. – Disse ela sorrindo para mim – Não posso deixar o meu namorado dormir no chão de forma tão cruel.

- Cala essa boca. Sabe muito bem que não somos namorados, e...! – Uma dúvida surgiu em minha mente – Espera... Essa jaqueta. Onde conseguiu?

Alice olhou para a jaqueta que estava vestindo, e deu de ombros.

- Ah, isso? Foi um presente. Eu pedi gostei dela e pedi para o dono me dar ela. Ele nem pensou duas vezes. – Alice olhou para mim, e depois riu um pouco – Mas se você quiser, eu posso tirar ela.

Meus olhos se arregalaram.

- Fique com ela. – Respondi – Na verdade... Use o máximo de roupas que você quiser. Acho que vai fazer frio de noite.

- Jura? Então acho que vou precisar de um abraço seu. – Alice correu até mim e abraçou meu pescoço novamente. Suas mãos deslizaram pelas minhas costas me puxando cada vez mais para perto dela – Está com firo também?

- Não! – Exclamei tenso – Agora... Me solta!

- Mas... – Ela tentou protestar, mas eu a empurrei para trás. Alice olhou para mim com um olhar determinado, e não se deu por vencida – Não vou desistir. Sinto muito.

Ela correu até mim novamente. Eu tentei chegar para trás, mas acabei esquecendo que estava de costas para a cama. Eu caí sentado na beira, e Alice sentou-se encima de mim.

Ela começou a beijar o meu pescoço, mas eu a empurrei para trás com um pouco de força demais. Alice caiu no chão e ficou parada. Opa...

- Fo-Foi culpa sua. – Falei ao ver que ela parecia machucada – Se você não estivesse me agarrando...!

- Seu grosso! – Exclamou ela com uma voz chorosa. Eu já tinha machucado ela inúmeras vezes, mas nunca a tinha visto chorar por causa disso. Achei que daquela vez eu tinha realmente usado força demais.

Alice continuou no chão chorando, e eu fiquei... Ahm... Eu... Ah... Eu me senti culpado! Pronto! Falei!

Alguma coisa em seu choro fez com que eu me sentisse mal por tê-la empurrado. Tudo bem... Ela estava me agarrando, mas ainda sim eu me sentia culpado. Grosso... Talvez eu realmente tenha exagerado.

- Ei... Eu... Sinto muito. – Falei ajoelhando-me no chão ao seu lado – Eu... O que eu fiz? Está doendo?

- Me deixe em paz. – Respondeu ela – Como se você ligasse!

- Eu... – Revirei os olhos. Ia ter que dizer aquilo – Eu ligo...

- O que? – Perguntou ela – Eu não ouvi.

- Eu disse que eu ligo. Eu... Ligo. – Repeti envergonhado. Idiota... Humpf.

- Não foi o que você disse antes... – Murmurou ela afundando o rosto no chão.

- Eu... Eu menti. Eu me importo com o que vai acontecer com você. – Resmunguei – Agora pare de chorar, ok? Já disse que estava mentindo.

- Eu sabia! – Exclamou ela virando-se e passando a mão por minhas pernas. Me joguei para trás assustado com aquela reação repentina, e ela veio atrás de mim.

- O que?! Você me enganou?! Sua mentirosa...! – Reclamei revoltado.

- Você também me enganou. Agora... Acho que estamos quites. Ou quase. – Alice sorriu chegando mais perto de mim. Ela parecia pronta para pular em mim, quando eu me levantei e corri para o outro lado do quarto.

- Nada disso, ouviu?! Recomponha-se! – Reclamei – Se você fizer alguma besteira hoje, eu é que vou levar uma bronca amanhã.

- Não vai não. Eu protejo você, se quiser. – Sorriu ela indo para perto de mim novamente. Antes que ela pudesse tentar qualquer coisa, eu a empurrei contra a parede e segurei suas mãos. Ela sorriu para mim e ficou parada – Tudo bem... Eu me rendo. O que vai fazer?

- Nada que você queira. – Respondi. Eu a empurrei para a cama, e corri para o closet. Tranquei a porta á tempo de Alice não conseguir me alcançar.

- Ah, Ares! – Exclamou ela desapontada – Não acredito que vai fazer isso comigo! Primeiro me trancou longe de você, e agora está se trancando longe de mim?! Isso é injusto!

- O mundo é injusto, benzinho! – Respondi.

- Benzinho, é? Agora estamos fazendo algum progresso. – Comentou ela rindo.

- Não estamos não! – Exclamei – Vê se entende uma coisa... Eu gosto da Afrodite! Não de você!

- Não adianta negar. Eu duvido que você me odeie depois de tudo que passamos. – Falou ela pelo outro lado da porta – Admita. No fundo, você gosta de mim.

- Mentira! – Exclamei – Eu não gosto de você, agora pare de agir desse jeito, droga! Será que não notou ainda?! Eu vou dormir na porcaria do chão do closet só para não ficar perto de você!

Alice não disse nada.

Pude sentir que ela tinha se encostado à porta do closet, e que deixara seu corpo escorregar letamente até o chão. Algo me dizia que ela não estava lá tão feliz agora...

- Você nem vem com esse planinho de chorar para me comover, porque eu nunca mais vou cair nisso, ouviu?! – Exclamei irritado.

- Eu sou assim mesmo? – Perguntou ela em um tom de voz normal. Por um segundo, parecia até que o efeito da flecha tinha passado.

Houve um minuto de silêncio.

- Assim como? – Perguntei.

- Sem graça. – Respondeu ela – Eu... Eu não sou bonita, não é? Não importa o quanto eu tente. Mesmo... Mesmo usando essas roupas ridículas para chamar atenção...

- Bem... – Não sabia o que responder – Muitos caras olharam para você.

- Eles só olharam para mim por causa do feitiço de Afrodite. – Falou ela em um tom de derrota – Se não fosse por isso, eles nem notariam que eu existo.

Houve um momento de silêncio. O que eu poderia dizer?! Eu achava que aquilo era verdade. Talvez... Talvez se ela usasse aquelas roupas, eles a notassem, mas aquele não era o estilo dela. Alice não era exibicionista. Não era fútil. Pelo menos... Era essa Alice que eu conhecia.

- Não precisa chamar a atenção de um bando de mortais nojentos. – Falei depois de alguns minutos.

- Eu não consigo chamar a atenção de um bando de mortais nojentos. Esse é o grande problema. – Disse ela. Houve mais uns minutos de silêncio, até que ela deu uma leve risada irônica – Como... Como eu poderia esperar que você gostasse de mim? Não consigo nem parecer bonita... E você tem a Deusa da beleza.

- Não... Não sei se eu tenho mais. – Comentei sem notar. Parecia estranho falar aquilo, mas era verdade. Eu tinha a ligeira impressão que Afrodite não estava nem um pouco feliz comigo. Eu duvidava que ela e eu nos déssemos bem novamente tão cedo.

- Acha que ela não vai voltar? – Perguntou ela – Ela... Deve saber que você não gosta de mim. Não está na cara?

- O que quer dizer com isso? – Perguntei franzino o cenho.

- Mesmo aqueles caras que prestaram atenção em mim... Nenhum deles gosta de mim. Eles... Eles gostavam das minhas roupas. Ou do encanto da Afrodite. – Disse ela – Mas não de mim. Nenhum deles. E... Nem mesmo...

- Apolo? É dele que está falando? – Perguntei.

Ela não respondeu.

- Ele me deixou, porque pensou que eu gostasse de você. E quando descubro que gosto... – Ela riu de si mesma – Você não gosta de mim.

- Ele não te esqueceu, se é isso que pensa. – Falei – E você não gosta de mim.

- Não sabe quase nada sobre mim. – Disse ela, provavelmente virando seu rosto para perto da porta – Eu gosto, e acho que no fundo... Sempre gostei.

Houve mais um momento de silêncio.

- Acha que ela não vai voltar? – Perguntou ela.

- Uhm... Não sei. Mas vai tentar me fazer sentir muito mal antes. – Comentei pensando no assunto. Eu me sentei no chão do closet, que era um lugar um pouco apertado para um cara como eu – Ela gosta de ser má, ás vezes.

- Dói, não é? – Falou ela – Quando algo assim acontece.

- É. – Comentei desligado.

Franzi o cenho. “É”?! Por que eu tinha concordado com ela?!

Olhei para a porta.

- Acho que Afrodite quer te matar, porque ela sente que você realmente pode pegar o lugar dela. Acho que isso prova que você não é... Tão sem graça. – Falei sem querer.

- O que importa é... Você acha que eu sou sem graça? – Perguntou ela.

Eu me detive. Não diga isso, idiota. Não mesmo...

- Não. – Respondi por fim – Talvez só um pouco. Bem... Não ao todo.

- Entendi. – Disse ela. Parecia que estava sorrindo docemente – Eu entendi, Ares. Não precisa explicar.

Parei um minuto. Eu não sabia porque, mas Alice estava sendo menos chata do que antes. Não estava reclamando comigo, nós não estávamos brigando ou infernizando um ao outro... Estávamos só conversando.

E... Aquilo era legal.

Diga isso para alguém e reservarei um espaço bem ruim para você no Tártaro, sacou?!

Mas... Pela primeira vez eu realmente estava me dando bem com ela. E daí que Afrodite me odiasse por isso?! Eu realmente estava me dando bem com ela naquele momento! Mesmo que eu estivesse trancado em um armário para manter distância dela.

Estava preocupado com a possibilidade de Afrodite não voltar a ficar comigo depois daquilo, mas naquele momento... Eu não sei o que deu em mim, mas eu pensei... “Tsc! Quem precisa dela?! Se não acredita em mim, e se não quer ficar comigo, então não fique! Não precisa dela e de sua futilidade.”.

Não parei para ver meus passos, pois eu sabia que talvez recuasse se parasse para pensar muito.

Não. Ao invés de pensar, eu simplesmente abri a porta do armário. Alice ainda estava sentada no chão. Ela olhou para mim e pude ver que ela estava com vontade de chorar de verdade.

Seus olhos encontraram os meus, e ela franziu o cenho.

- Você abriu a porta? Mas não disse que...? – Ela não terminou a frase.

Eu puxei seu braço para cima fazendo-a levantar-se, e limpei desajeitadamente seus olhos.

- Esquece. – Falei.

- Mas e Afrodite...? – Perguntou.

- Esquece também. – Falei.

- Ok... – Concordou ela. Alice me puxou para perto dela, mas dessa vez eu não reagi. Não sabia se tinha que faze alguma coisa. Naquele momento eu simplesmente me desliguei. Alice se aproveitou disso e me beijou.

Sem pensar, eu puxei-a para perto de mim também. Ainda estava indeciso, mas ela não. Alice me beijou cada vez mais animada, e me empurrou para a cama.

Fiquei deitado lá, franzindo o cenho para o teto. Será que eu não devia fazer nada? Tinha um milhão de argumentos bons para impedi-la, mas... Não ouvi nenhum deles.

Alice não estava mais usando a jaqueta de couro que conseguira no bar. Ela estava com a minha camisa quadriculada, que fazia parecer que não estava usando nenhum short.

Ela veio em minha direção e começou a me beijar novamente. Segurei sua cintura novamente, e a girei. Eu estava encima dela, e nós continuamos nos beijando. Deslizei minha mão por sua perna até começar a levantar um pouco a camisa. Para a minha surpresa, ela estava realmente sem short.

Ao sentir sua roupa intima, eu recuei a minha mão um pouco. Alice me jogou para trás, e tirou minha camisa. Ela deitou-se novamente, e fui para perto dela. Virei-me e deitei do seu lado.

Seus olhos castanhos fitaram os meus com um brilho doce. Ela sorria sem mostrar os dentes, e deslizava as mãos pelo meu abdome.

- Como é que eu fui confundir isso com tijolos? – Riu ela – Se bem que... São tão definidos...

Soltei um suspiro.

- Você... Kelly escuta. -  Falei enquanto ela continuava querendo me beijar e passar a mão em mim – Você... Eros te acertou com uma flecha. Não vai gostar de mim amanhã.

- Então eu tenho que aproveitar hoje, não é? – Riu ela sem levar a sério.

Assenti sem concordar, e comecei a passar a mão por seus cabelos. Pude notar uma reação engraçada. Alice parava de se mover cada vez que eu deslizava meus dedos pelos seus fios de cabelo.

Fiz isso várias vezes, até que por fim ela pôs a cabeça sobre minha barriga. De olhos fechados ela murmurou algo que eu não entendi muito bem, e acabou caindo no sono.

Senti vontade de rir. Depois de tudo aquilo... Todas as cantadas, agarramentos, amassos, risinhos maldosos... Ela tinha caído no sono? Há... Lesada.

Revirei os olhos com um sorriso no rosto, e acabei caindo no sono também.


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Notas finais do capítulo

Ok...

Aposto que vocês gostaram, e tal... Mas eu vou fazer uma pergunta que aposto que só poucas pessoas pararam para pensar.

Levantem a mão, ok?

Quem acha que a Alice vai dar um ataque quando acordar?

He he. Quero reviews com as respostas!

Até o próximo, gente!