Meu Namorado Infernal escrita por Mandy-Jam


Capítulo 28
Virando o jogo


Notas iniciais do capítulo

Capítulo tenso... Só avisando...

Vamos ver a reação do Ares quando descobrir. He he.



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POV Ares.

De começo eu fiquei enrolando na cama. Não estava nem um pouco afim de me levantar, ir até o restaurante para o café da manhã e dar de cara com o péssimo humor da Filhinha de Hermes. Afinal... Qual era o problema dela?!

Depois de mais ou menos meia hora, eu decidi que ela já teria tido tempo o suficiente para terminar o café. Provavelmente estaria andando pelo o hotel e descontando sua raiva sem fim em pessoas inocentes. Pelo menos, era algo que eu gostava de fazer quando estava com raiva.

- Ótimo... Aqui vou eu. – Falei para mim mesmo ao deixar o quarto 413. Pensei em levar um colete a prova de balas, mas achei que talvez seria um certo exagero de minha parte. Ou não. De qualquer jeito, fui sem ele.

Eu sou um cara que gosta de viver no perigo. Ia agüentar uma caminhada curta até o restaurante do hotel. Sem problemas, foi o que eu pensei.

Mas assim que entrei lá e vi que Alice ainda estava comendo, eu pensei duas vezes. Talvez devesse mesmo ter pego o colete á prova de balas...

Virei para trás, aproveitando que ela não tinha me visto, e tentei sair, mas um mortal idiota fechou a porta. É claro que eu podia abri-la, mas... Quem era eu? Ares. O Deus da guerra. E quem era ela?! Alice Kelly, uma pirralha irritante e mimada, que se achava só por ser uma maldita musa de Apolo.

Não. Eu não ia a lugar nenhum. Eu é que irritava a Filhinha de Hermes, não ela me irritava. Não tinha essa história de trocar de papeis, e eu não ia á lugar nenhum.

Andei até a mesa que ela estava. Alice não me viu. Seus olhos estavam fixos em um pedaço de bacon no prato. Ela tentava corta-lo com o garfo, mas não estava se saindo muito bem.

Estava com o cenho franzido, e parecia concentrada não só no pedaço de bacon, mas também em algum outro problema. Não parecia mais com raiva... Só... Frustrada.

- Ahm... – Fiz chegando mais perto da mesa. A Filhinha de Hermes ergueu os olhos para mim, e soltou um suspiro cansado. Sua raiva tinha voltado, mas tão exagerada quanto antes. Aquilo me fez pensar... O que eu tinha feito ontem?!

- Ah. É você... – Resmungou ela apoiando o rosto com a mão direita, e largando o garfo no prato. Ele fez um barulho e algumas pessoas olharam para ela. Na maioria... Homens – O que você quer agora?

- Tomar café. Ou isso não é óbvio? – Respondi grossamente, e ela desviou o olhar para algum ponto ao seu lado esquerdo – Lesada...

Fui puxar a cadeira que estava vaga logo á sua frente, mas Alice colocou os pés encima dela, e cruzou os braços olhando para mim.

- Tira o pé daí. – Falei olhando para ela – A cadeira é minha, idiota.

- Não. A cadeira é minha. Cheguei primeiro. Você que procure outro lugar. – Corrigiu ela irritada e com determinação.

- Não vou pegar outro lugar. E também... Você não está nem mesmo usando a cadeira. – Reclamei.

- O meu pé está. Na verdade... Os meus dois pés estão. – Sorriu ela pouco simpática.

Olhei em volta e vi que alguns caras continuavam olhando para ela. Não porque estava arrumando uma confusão discreta comigo, mas provavelmente por causa do truque de Afrodite.

- Se continuar desse jeito... Colocando pés em cadeiras, e jogando garfos nos pratos... As pessoas vão achar que você é algum tipo de garota selvagem sem modos. – Disse tentando ofende-la, mas ela riu sem achar graça.

- Isso seria bom. Ao menos então elas... Parariam de olhar para mim! – Disse ela olhando para o lado no final da frase, só para lançar a indireta. Alguns caras fingiram não estarem olhando, mas outros piscaram e franziram os lábios para ela. Alice revirou os olhos e voltou a se fixar no bacon – Não acredito nisso...

- Tire o seu pé da cadeira agora, antes que eu puxe a cadeira e eles batam contra o chão. – Ameacei.

- Ah, claro! Faça isso! – Sorriu ela olhando para mim – É só assim que você sabe resolver as coisas, não é mesmo? Só consegue o que quer se for violento ou se pegar á força. Isso é patético, mas... Vá em frente.

Franzi o cenho para ela, sem entender, mas resolvi nem perguntar.

- Que se dane! Quer saber? Pegue sua cadeira e use do jeito que preferir. Vou me sentar em outro lugar. – Disse empurrando a cadeira para o lado – Como se eu precisasse sentar na frente de uma garota retardada como você...

Saí de lá e fui procurar outro lugar para sentar. Infelizmente... Rodei todo o restaurante e vi que ele já estava lotado. Nenhum único lugar vago. Mortais desgraçados...

Peguei um prato de comida na fila, e voltei á mesa em que ela estava sentada. Eu... Andei bem devagar até lá. Como se eu não quisesse nada com a única cadeira vaga do restaurante.

Alice levantou seus olhos do bacon ao sentir que estava sendo observada por mais um olhar, e me viu.

- O que foi? – Perguntou ela cruzando os braços – Pensei que você não precisasse sentar na frente de uma garota retardada que nem eu.

Revirei os olhos. Poderia começar a ofende-la, mas se fizesse isso... Teria que comer em pé. Olhei para ela sem graça, e acabei falando.

- Não... Não tem mais nenhuma cadeira vaga. – Falei.

- Ah, jura? – Falou ela dando pouca importância.

- É. Juro. – Confirmei. Houve um momento de silêncio – Vamos... Eu sento aqui, e você não vai nem notar que eu existo. Prometo.

Ela olhou para mim incrédula, mas assentiu em silencio. Alice tirou os pés para que eu sentasse, e eu o fiz. Coloquei meu prato na mesa, e ela desviou o olhar de mim para o pedaço de bacon, que ainda tentava cortar com o garfo.

- Não... Seria mais fácil com uma faca? – Perguntei distraído. Ela levantou os olhos para mim, e depois abaixou novamente para o prato. Parecia agora levemente envergonhada. Sério... O que eu fiz?!

- Eu... Deixei a minha faca cair. – Disse ela apontando sutilmente para o chão com a cabeça.

- Por que não pega outra? – Perguntei.

- Se levantasse, teria que comer em pé. Ou pior... Teria que comer com algum idiota sem noção que me ofereceria uma mesa por causa do encanto da Afrodite. – Falou ela negando com a cabeça. Seus olhos fixavam-se no prato, como se quisesse me evitar.

- O que aconteceu com os waffles? – Perguntei – Está grande demais para eles?

Ela riu por um segundo, mas depois ficou séria novamente.

- Eles acabaram rápido. Não consegui pegar. Só sobrou bacon. – Ela fez uma careta para a comida.

- Se não gosta... Por que pegou? – Falei sem entender – Pegava qualquer outra coisa mesmo.

- Queria vir sentar logo. Em pé que chamo mais atenção. – Respondeu ela encolhendo os ombros – E também... Não é que eu não goste. Eu só não costumo comer.

- Ah. Claro. – Concordei ainda incomodado com o jeito que ela estava agindo. Ficamos em silêncio por mais alguns minutos. O único barulho era o das pessoas falando ao nosso redor, e dos talheres. Uma banda tocava em algum lugar mais para o fim do restaurante – Seu ódio por mim duplicou hoje, hein?

Ela franziu o cenho com raiva ao ouvir aquilo, mas respirou fundo.

- É. É a vida. – Sorriu ela para o bacon.

- Não que seja tão importante para eu saber, mas... O que foi que eu fiz dessa vez? Parece que eu me superei. – Comentei.

- É, Ares. Você se superou. – Confirmou ela. Alice levou alguns minutos para se tocar que eu realmente estava falando sério. Ela olhou para mim por um segundo, e depois voltou a encarar o bacon – Você não se lembra mesmo, ou está só tirando uma com a minha cara?

- Não me lembro mesmo. – Respondi – E também... Acho que eu já devo ter tirado demais com a sua cara ontem.

- Pode crer. – Assentiu ela irritada – Novamente... Você se superou.

- Então conta logo o que eu fiz, droga. – Reclamei.

- Eros te acertou. – Disse ela ao levantar os olhos para mim. Estava escrito na sua cara que ela queria ver a minha reação – Provavelmente... Foi logo depois de você ter saído do quarto para pedir comida.

Fiquei mudo durante alguns segundos. Ela só podia estar brincando...

- Ah. Ta. – Concordei tentando não rir – E você ficou com ciúmes, é? Por isso está tão irritada?

- Você olhou para mim. – Sorria forçadamente, e eu arregalei os olhos.

- É... Agora conta a verdade. – Falei sem acreditar naquilo – Por que se você quer que eu acredite que fiquei apaixonado por uma pirralha que nem...!

- Depois disso, você sumiu. Eu saí por aí te procurando, e acabei encontrando você aqui. De noite esse restaurante funciona como um bar. – Continuou ela ignorando a minha reclamação – Você queria que eu ficasse e me divertisse com você, mas eu fui embora. Prefiro não comentar as coisas que você disse para mim.

- E-Eu não...! – Como assim?! Aquilo só podia ser mentira!

- Depois eu saí com o Apolo. – Contou ela – Quando deu... Meia noite eu voltei para a piscina e fui em direção ao quarto, mas você apareceu e...

Alice apertou o garfo em sua mão e olhou séria para o prato.

- E o que?! O que eu fiz?! Fala agora! – Exigi tenso.

- Você gritou comigo e disse que eu era “sua garota”, e que tinha que ir com você. – Disse ela imitando o meu tom de voz em “sua garota”, e eu quase tive um enfarto – Para evitar brigas, eu resmunguei um pouco e te segui, mas...

Alice se interrompeu e olhou para o lado. Pude jurar que ela estava tentando controlar suas emoções, como se a próxima cena da história não lhe fizesse nem um pouco bem.

- Mas Apolo achou que eu tinha feito aquilo, porque eu gostava de você. Ele disse que viu o nosso beijo no lago e sabia que foi um acidente, mas que achava que no fundo nós... Gostássemos um do outro. – Eu e ela fizemos uma careta – Não. Mas... Foi o que ele achou.

- Idiota. – Falei ainda enjoado. Alice olhou para mim com raiva novamente.

- E depois disso... Você fez questão de me segurar, e dizer que se eu não disse nada para ele, era porque tinha uma boa razão. O que só piorou as coisas ainda mais. – Continuou ela – Vocês dois brigaram, e...

- Eu ganhei a luta?! Ganhei, não é?! – Perguntei apressado. Alice olhou para mim sem entender.

- No meio dessa história louca, você está preocupado se ganhou a luta?! – Perguntou ela.

- É claro! Eu não posso ter perdido para um idiota como o Apolo! – Exclamei.

- Você não perdeu, infelizmente. Quase quebrou o braço dele. – Contou ela rangendo os dentes – Depois disso, ele ficou com raiva de mim e foi embora. Disse que não ia voltar por um tempo, e que desejava tudo de bom para nós dois.

- Não tem essa história de “nós dois”, droga! – Reclamei – E o que aconteceu depois...?! Espera... Você e eu...

- Foi por isso que eu dormi naquela porcaria de armário. – Falou ela olhando para mim – Bem... Em parte, foi por isso. Você também fez o favor de trancar a porta, me deixando lá.

Aquilo foi um choque para mim. Como assim eu tinha me apaixonado por ela?! Não engolia aquilo. Simplesmente... Não conseguia acreditar! Maldito Eros! Filho da...!

- Mas eu não fiz nada demais, não é?! – Perguntei quase em desespero – Eu não te... Ah... Você sabe.

O rosto dela ficou vermelho de repente, e ela cruzou os braços desviando o olhar para o outro lado do salão.

- Você... Nós não ficamos juntos, se é isso que você quer saber. – Falou ela com dificuldade.

- O que eu fiz?! Quero saber exatamente o que eu fiz, e é melhor você não me enrolar, ouviu?! – Falei querendo forçá-la a olhar para mim. Alice revirou os olhos e se deu por vencida.

- Ok. Quer mesmo saber? – Falou ela – Você me agarrou no mínimo umas quatro vezes. Depois beijou o meu pescoço umas quinhentas! Ah... Mas não vamos nos esquecer que você sugeriu que nós devíamos... “Conversar” umas 400 vezes! Acho que a lista acaba aí...

Arregalei os olhos para ela, e tentei conter o meu ataque de nervos. Eu ia arrancar a cabeça daquele pirralho idiota! Cupido imbecil! Miserável...!

- Esquece. Não quero saber. – Reclamei me levantando – Eu vou... Eu tenho que respirar depois dessa notícia terrível. Vai para o quarto e... Faz o que quiser. Só me deixa em paz.

- Fala agora que a culpa é minha. – Pediu ela levantando-se com raiva – Você fez o Apolo ir embora, quase se aproveitou de mim, e ainda por cima me fez dormir em um closet. Adoraria ver você arrumar uma desculpa para me culpar dessa vez.

Alice foi em direção á porta do restaurante, e eu a segui.

- Eu ainda vou pensar em um jeito! Me aguarde, Kelly! – Exclamei.

- Ótimo! Pense! – Exclamou ela de volta – Vou para o quarto.

- Vou ficar sentado na piscina olhando garotas de verdade! E que sabem nadar! – Exclamei irritado – Elas são ótimas. Eu tinha que ter olhado para elas quando fui acertado. Droga!

- Concordo! – Exclamou ela em resposta enquanto continuava andando em direção ao quarto – Faça o que quiser... Até mais!

Idiota! Tudo bem... Eu entendi o porque dela estar morrendo de raiva de mim, mas aquilo não mudava o fato de que eu estava apaixonado por ela por causa da maldita flecha de Eros. Ela reclamava comigo como se eu fosse completamente culpado por isso. Quem ela pensava que era para jogar a culpa em mim?! Ah... Vai se ferrar!

Fui a direção á piscina sem ligar para ela.

POV Alice.

Marchei até o quarto tentando conter a minha raiva, mas tudo que eu conseguia pensar era que Ares tinha sido um cretino, e por causa disso... Apolo fora embora. Tentava esquecer aquele fato, mas não tinha jeito. Aquilo não ia sair de minha mente tão fácil.

- Ei! Alice Kelly? – Chamou uma voz.

- O que foi agora?! – Perguntei me virando para ver quem estava lá. Tudo aconteceu muito rápido. Olhei para baixo e vi um garoto que aparentava ter uns 7 anos de idade. Parecia doce, com seu cabelo preto penteado para trás, e com suas roupas arrumadinhas – Quero dizer... Sou eu.

- Era tudo que eu precisava saber. – Sorriu o menino ingênuo – Meu nome é Eros, e tenho uma entrega para você.

Eros?! Ferrou.

Dei um passo para trás, e vi ele pegar o arco e flecha. Ele aparentava ser inexperiente ao segurar aquilo, mas eu duvidava que fosse. Corri o mais rápido que pude, e Eros começou a lançar flechas.

Virei-me para ele, e uma flecha me acertou exatamente no coração. Aquilo deveria doer, mas... Não senti lá tanta dor. Parecia mais uma agulha que uma flecha.

- Ah! – Exclamei. Estava na porta do quarto. Toquei a maçaneta e a porta se abriu, fazendo com que eu caísse no chão brutalmente – Ok... Não olhe para nada Alice. Nada mesmo...

Eu falava aquilo para mim mesma. Olhei para a cama, ainda no chão do quarto, e tive uma idéia. Aquelas flechas não deveriam durar muito. Arranquei-a de mim e olhei bem. Era dourada e tinha o mesmo tamanho que a que Ares, logo deveria durar só um dia. Se eu dormisse... Acordaria normal de novo, certo?

Ótimo. Eu iria para o armário dormir lá. Pelo menos estaria a salva de Ares...

- Esqueci disso. – Falou Ares abrindo a porta de repente, e jogando os tênis para dentro do quarto. Ele pegou as sandalhas de dedo, sorriu forçadamente para mim, e fechou a porta fazendo barulho.

O pior de tudo... Era que eu olhei para ele. E naquele exato momento... O meu coração mudou de ritmo.


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Notas finais do capítulo

Tam tam tam taaaaam!

Preciso nem falar que quero reviews nesse capítulo de todo mundo que está lendo essa fic, né?

Beijos, pessoal!