Meu Namorado Infernal escrita por Mandy-Jam


Capítulo 26
Fique com ele


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo é bem bipolar. Já ou avisando...



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Depois de passar por todo aquele desaforo dentro do bar, eu fui embora deixando Ares para trás. Quando cheguei do lado de fora, vi que poucas pessoas andavam descontraídas pelo hotel.

Já estava um pouco escuro, e as luzes iluminavam o lugar. Decidi que iria para a praia andar um pouco pela areia, mas antes que eu chegasse lá... Apolo apareceu.

- Boa noite, Alice. – Disse ele piscando para mim – Conseguiu se recuperar da batalha?

- Uhm... Sim. – Sorri para ele – Eu... Consegui dormir na cama hoje. Foi uma grande conquista.

- Nossa, que bom, hein? – Falou ele.

Apolo estava na minha frente. Ele usava uma calça jeans, e uma camisa dos Beatles. Era branca e tinha o desenho dos óculos do John Lenon. Embaixo tinha a frase “All you need is Love”.

- Os Beatles e suas frases filosóficas. – Disse olhando para a camisa – Se estivesse escrito “Here comes the Sun” eu ia rir.

Apolo riu e olhou para mim.

- São meus filhos, sabe? – Falou ele com pose triunfante – Por isso eram tão brilhantes.

- Mesmo?! – Exclamei surpresa – Que demais.

- Eu sei, eu sei. Mas sem autógrafos, por favor. – Falou Apolo como se ele fosse o astro da música. Eu revirei os olhos e continuei a andar. Ele me seguiu – Então... Vai fazer o que agora?

- Eu não sei. Não tenho nada para fazer. – Comentei.

- Jura? Eu também não. Vamos não fazer nada juntos. – Sorriu ele já do meu lado.

- Tipo... O que? – Perguntei.

- Tipo... Isso. – Apolo me derrubou, mas antes que eu caísse no chão, ele segurou as minhas costas com uma mão, e me puxou um pouco para cima – Dançar. Que tal? Adoro dançar com você.

- Dançar? Mas... – Franzi o cenho – Não temos onde dançar.

- Ah, Alice... Sempre tem um lugar para dançar. – Apolo estalou os dedos, e nós não estávamos mais no meio do gramado que dava para a piscina. Nós estávamos dentro de um salão enorme. O lugar estava completamente vazio, o que me fez duvidar se aquilo realmente ficava dentro do hotel

- Onde estamos? – Perguntei andando pelo lugar, assim que Apolo me soltou.

- Seja bem-vinda ao salão de festas Holly Lake. – Disse ele abrindo os braços – Local para festas, comemorações, e tudo mais. Obviamente vazio, já que não tem nenhuma festa por enquanto.

- Isso é demais. – Disse sorrindo para o lugar.

Sabe aqueles salões enormes que servem de bailes de máscaras em Paris? Onde as mulheres entram com vestidos lindos, e os homens com smoking e bebem vinhos da mais alta qualidade e champanhe? Era igualzinho.

O chão era todo feito de mármore, um lustre gigante iluminava o lugar, milhares de mesas com toalhas brancas estavam espalhadas, e no canto... Um lindo piano de cauda. Nunca pensei que veria um lugar desses. Pelo menos não até viajar para Paris.

Mas lá estava. E o melhor... Apolo estava comigo.

Olhei para ele com um sorriso estampado no rosto, e ele esticou a mão para mim. Apolo piscou o olho, e sorriu também.

- Me dá a honra de dançar com você, senhorita Kelly? – Perguntou ele imitando o tom formal que as pessoas usam nessas ocasiões.

- A honra seria toda minha. – Imitei também, fazendo uma reverência e entregando a minha mão para ele.

- É, eu sei. – Falou ele em um tom normal.

- Convencido! – Exclamei querendo sair de perto dele, mas Apolo me fez girar. Nesse movimento, as minhas roupas mudaram. Agora estava usando um vestido branco, justo da cintura para cima, e solto até os joelhos.

- Você está linda essa noite. – Riu ele. Pude ver que a roupa de Apolo também se alterara. Estava usando um smoking preto extremamente elegante. Lindo de morrer, mas não ia elogiá-lo. Seu ego era inflado demais. Não ia precisar de mais um elogio.

- É... Até que a sua roupa quebra o galho também. – Comentei fingindo não ligar. Apolo revirou os olhos e apontou para o piano, que imediatamente começou a tocar um tipo de jazz. Saxofones começaram a tocar de alguma lugar que eu não tinha idéia, mas... Estava perfeito.

Nós dançamos muito. Muito mesmo.

Bandejas flutuantes passavam trazendo champanhe. Nós bebemos algumas taças, e rimos um do outro. Eu não tinha idéia de como dançar jazz, e Apolo volta e meia olhava par ao espelho para ver como nós estávamos junto.

- Parece que eu estou dançando com o Narciso. – Comentei rindo.

- Engraçada. – Ele fez uma careta para mim. Apolo me girou e eu rodei até o outro lado do salão. Quando parei e olhei para ele novamente, o Deus do Sol fez um movimento para mim com o dedo indicador, dizendo silenciosamente “vem aqui”.

Eu sorri, e fui girando devagar até ele. Giros eram as únicas coisas que eu sabia fazer, graças ás poucas aulas de ballet que tinha freqüentado. Quando finalmente cheguei perto de Apolo, ele me abraçou e a música mudou o ritmo.

 Nós começamos a dançar devagar, bem perto um do outro. O piano tocou um tipo de música lenta, e nós a dançamos até mais ou menos 9 da noite.

- Meus pés estão doendo. – Comentei olhando para os saltos altos que tinham aparecido em meus pés quando ganhei o vestido.

- Cansada? – Perguntou ele.

- Uhm... Eu dou um jeito nisso. – Falei me abaixando. Tirei os saltos e joguei para o canto do salão sem ligar. Apolo riu para mim.

- Você é a única garota do mundo que faz isso, sabia? – Riu ele para mim – Duvido que faria isso se tivesse mais gente olhando.

- Não faria não. – Concordei – Na verdade... Eu sentaria á mesa, e tiraria eles discretamente. Isso sim, eu faria.

Apolo riu de mim mais uma vez, mas então me beijou.

- Eu adoro esse seu jeito diferente. – Disse ele perto de meu ouvido.

- Se não gostasse... Não estaria comigo. – Eu ri.

Nós fomos para uma mesa e nos sentamos. Bebemos mais um pouco de champanhe, e ficamos admirando o salão.

- Uhm... Paris. – Falei depois de um minuto de silêncio – Paris deve ser linda.

- Nunca foi lá? – Perguntou ele olhando para mim – É. É realmente linda. Nós podemos ir para lá quando você estiver livre. Ou... Pode ficar comigo no Olimpo. Pode escolher a vontade.

- Que sortuda eu sou. – Falei olhando para ele e tomando mais um gole de champanhe – Posso escolher o que quiser.

Apolo estava gangorreando na cadeira, mas ele perdeu o equilíbrio e acabou caindo no chão. Sem querer, ele puxou a toalha da mesa e foi com ela para o chão de mármore. Eu comecei a rir sem querer.

- Você está rindo? E se eu me machucasse? – Perguntou ele depois de passar o susto. Levantei da cadeira e sentei em seu lado no chão.

- Eu cuidaria de você. – Respondi beijando a testa dele.

- Nesse caso... Acho que quebrei todos os ossos do meu corpo. Vou precisar de vários beijinhos para me sentir melhor. – Brincou ele sorrindo torto para mim.

- Ah, jura? – Perguntei beijando a bochecha dele.

- Juro. – Respondeu ele virando-se e beijando a minha bochecha.

Suas mãos escorregaram para o meu quadril e me puxaram para perto dele. Apolo sentou-se no chão e continuou me beijando. Eu abracei se pescoço, e ele segurou as minhas costas.

- E... E se alguém nos vir aqui? – Perguntei olhando em volta. Apolo começou a beijar o meu pescoço, mas então parou.

- Ah... Ninguém vai nos ver. – Disse ele segurando o meu queixo. Seus olhos azuis fitavam os meus, e eu comecei a me convencer daquilo.

- É. Tem razão. – Concordei voltando a beijá-lo.

Nós continuaríamos daquele jeito, se não ouvíssemos o som de um relógio tocando. Nós olhamos em volta e notamos que tinha um enorme relógio do teto do salão. Ele marcava meia noite.

- O que?! Meia noite?! – Exclamei me levantando.

- Ah... Não! Esquece a hora! – Pediu Apolo me puxando de volta e continuando a me beijar. Eu o afastei.

- Não, eu não posso. Ares... – Franzi o cenho ao me lembrar de como ele estava estranho – Acho que ele já deve estar normal de novo... Deve estar morrendo de raiva de mim novamente, e reclamando, e xingando... Tenho que voltar. Infelizmente.

Eu me levantei, e Apolo choramingou algo como “Sempre tem que ter alguma coisa atrapalhando justo nos melhores momentos”, mas eu não liguei.

- Outro dia. – Falei para ele – Agora me leve de volta, ok?

Ele se levantou contra a vontade, e assentiu.

- Tá bom... Eu levo. – Ele me segurou e estalou os dedos novamente. Nós estávamos na frente da piscina, e dava para ver o quarto 413 dali. As luzes estavam apagadas. Se eu tivesse sorte, Ares estaria dormindo e me deixaria em paz.

- Obrigada. – Sorri para Apolo – Aquilo... Foi lindo.

- Foi, né? – Ele sorriu novamente para mim – Eu queria ter ficado mais tempo. Da próxima vez me lembre de tirar aquele relógio de lá, ok?

- Nem pensar. – Eu ri – Se bem que ficar mais um pouco seria bom.

- Sabia que no fundo você queria ficar. – Disse Apolo – Ei... O que é aquilo ali?

- O que? – Perguntei me virando para olhar, mas quando fiz isso Apolo correu para a minha frente e me beijou.

- Nada não. – Riu ele, e piscou para mim – Boba.

Fiz uma careta para ele, e nós dois rimos. Só que no meio de toda essa felicidade, de todo esse momento bom... Tinha que ter algo para estragar. Sim, Ares, isso foi uma indireta para você!

- Alice! – Exclamou ele com raiva. Eu fechei os olhos tentando controlar a minha própria raiva, e me virei lentamente para a direção dele – Vem para cá, agora.

- Você é sempre inconveniente, hein? – Comentou Apolo revirando os olhos.

- Cala essa boca, senão eu vou até aí resolver alguns assuntos com você. – Disse Ares apontando para ele – Agora, Alice, venha até aqui agora. Esqueceu que você é minha? Fique do meu lado.

- Você não manda nela, irritadinho. – Disse Apolo cruzando os braços.

- Minha garota. Minhas ordens. – Respondeu ele, e depois olhou para mim – Vem. Agora.

- Deixa ele para lá. – Disse á Apolo – Eu... Já estava indo mesmo.

Cerrei os punhos com raiva. Queria dar um soco em Ares, mas antes que ele arrumasse mais encrenca com o Apolo, resolvi não contestar. Marchei até ele com toda a minha raiva e repulsa, e quando cheguei ao seu lado, ele abriu um sorriso malicioso.

- Agora sim. – Sorriu ele – Muito melhor.

Estreitei os olhos. Ah droga... Ele ainda estava estranho?!

- Vamos logo embora, e pare de sorrir desse jeito para mim. – Falei.

Nós dois nos viramos e começamos a andar em direção ao quarto, mas eu parei quando ouvi Apolo falar.

- Só isso?! – Exclamou ele incrédulo – Vai ser... Isso assim?!

- Isso, o que? – Perguntei me virando para ele sem entender.

- Ele diz que você é dele, manda você ficar do lado dele, e você vai?! – Perguntou ele com raiva – O que deu em você Alice?

- Como assim o que deu em mim? Esqueceu do plano? – Perguntei ainda não entendendo.

- Não, isso não faz parte do plano. Não tem ninguém olhando, mas mesmo assim você o obedeceu! – Reclamou Apolo indo a minha direção – Você... Você não faria isso. Você começaria a reclamar com ele, ou ofendê-lo, e os dois iam começar a brigar.

- É meia noite. Não vamos brigar... – Fui interrompida.

- Mesmo assim, você não vai fazer nada?! – Perguntou Apolo indignado. Ele olhava para mim fixamente, como se estivesse me analisando – Alice, você... Você não está...

- O que deu em você? – Perguntei.

- Não, o que deu em você! – Corrigiu ele – Parece que alguma coisa mexeu a sua cabeça de repente. Vai me contar o que houve?

- O que? Não houve nada. – Falei – Ares é que está sendo grosso! Por que está reclamando comigo?!

- Por que ele é grosso naturalmente, mas não é da sua natureza agüentar isso! – Reclamou ele – E também, não venha dizer que não aconteceu nada, pois eu vi a cena de vocês se beijando.

Arregalei os olhos para ele.

- Aquilo... Foi um... – Tentei explicar, mas Apolo me impediu.

- É, acidente. Eu sei. Foi por isso que eu me controlei e deixei passar. – Falou ele, e parecia que estava realmente contendo a raiva – Eu também deixei passar esse plano de vocês dois, porque eu estava certo de que vocês se odiavam, mas agora eu não tenho mais tanta certeza.

- O que você quer dizer com isso? – Eu ri – Acha que eu gosto dele?!

- Você gosta dele? – Perguntou ele.

- Não...! – Exclamei, mas minha voz falhou. Estava me sentindo mal por brigar com Apolo.

- Jura?! – Pressionou ele – Por que não é o que parece! “Minha garota” como se você pertencesse á ele, e você não fez nada.

Antes que eu pudesse dizer alguma coisa, Ares entrou no meio da discussão. Ele tinha passado o tempo todo parado, só ouvindo, mas resolveu falar no pior de todos os momentos. Não só... Falar. Ele fez questão de segurar a minha cintura e me puxar para perto dele, do mesmo jeito que tinha feito no bar.

- Se ela não respondeu, é porque tem uma boa razão para isso, não acha? – Falou ele com um sorriso malicioso – Se manda, Apolo. Não vê quando está sobrando?

O queixo de Apolo caiu. Eu estava tentando me livrar de Ares, mas ele era muito mais forte que eu, por isso não dava para perceber a minha tentativa de fuga.

- Vou me mandar... – Concordou ele ainda chocado, porém depois ele trincou os dentes – Mas só depois de partir a sua cara!

Ares me empurrou para o lado, e segurou o soco que Apolo tinha dado na direção dele. Com facilidade, ele girou Apolo e fez com que seu braço ficasse para trás. Um mísero movimento e ele quebraria seu braço.

- Para! Vai quebrar o braço dele! – Exclamei tentando puxar Ares para trás.

- Desgraçado! – Xingou Apolo com dor.

- Repete isso! – Pediu Ares com raiva de Apolo – Vamos! Repete!

Apolo pisou forte no pé dele, e Ares o soltou, só que não se deu por vencido. Ele preparou-se para dar um soco em Apolo, mas eu empurrei o Deus do Sol para o lado, e ele errou.

- Chega! – Pedi intervindo na briga – Parem de brigar agora!

- Há! Não quer que ele leve uma surra, é? – Riu Ares para mim – Quer gracinha, hein Apolo? Ainda bem que ela está na sua frente para te proteger.

- Não preciso disso! – Exclamou Apolo avançando, mas eu o impedi. Ele mexeu o braço machucado, e depois olhou para mim – Por que está na minha frente?

- Porque eu não quero que você se machuque! – Falei.

- Ah, você acha que ele é melhor do que eu?! É isso?! – Perguntou ele. Nunca vi ninguém mais ciumento que Apolo... – Ótimo! Divirtam-se então. Não vou atrapalhar nada.

Apolo virou-se e começou a marchar para longe.

- Apolo! – Chamei.

- Não! – Exclamou ele – Fique com ele, já que é isso que você quer! Eu vou embora por um tempo. Mas fique sabendo que desejo tudo de melhor para vocês. Até mais, Alice.

- Não faz isso! Ele não...! Nós não...! – Apolo não quis me ouvir. Ele simplesmente sumiu, me deixando ali sozinha. Senti como se uma faca estivesse me cortando por dentro, e tive a súbita vontade de me afogar novamente naquele lago.


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Notas finais do capítulo

Ficou um pouco grande, não é?

Bem... Não fiquem tristes! Apolo não sumiu para sempre.

Vamos ver no que isso vai dar...

Espero pelos reviews!