Meu Namorado Infernal escrita por Mandy-Jam


Capítulo 25
O outro lado do Sr. Smith


Notas iniciais do capítulo

Um Ares atingido pela flecha de Eros.

Vamos ver no que isso dá...



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POV Ares.

Não. Não, não, não, não, não, não!

Ela não! Não podia ser ela! De jeito nenhum!

Assim que olhei para cama e vi Alice deitada, envolta em um sono tranqüilo, senti a flecha de Eros começar a fazer efeito. Parte de mim tentou reagir e isso.

- Não! Lembre-se Ares... Não caia nessa! É... É a Kelly. Aquela pirralha irritante... – Tentava pensar e reforçar esse pensamento em minha mente. Coisa que não estava sendo nada fácil.

Eu não podia ficar apaixonado por ela! Ela era irritante, idiota, lesada, mimada, infantil, pirralha, sem graça, e tinha um cabelo tão cheiroso e bonito. Seus olhos eram tão... Diferentes. Sua rosto passava uma imagem suave e serena... E... Não! Corta essa!

Desviei o olhar dela. Se não a visse, talvez não ficasse apaixonado.

Uhm... Mas... Será que ela estava dormindo? Sim, eu podia ouvir sua respiração. Ela parecia tão tranqüila... Será que estava tendo um sonho bom? Será que estava sonhando comigo? Será que era com outro cara? Por que se fosse, eu...!

Chega. Recomponha-se, Ares.

Mas... Estávamos no meio do inverno. Não estava frio nem nada, mas ela tinha acabado de cair em um lago. Umas duas vezes. Alice poderia estar morrendo de frio naquele exato momento e eu nem estava notando, pois estava de costas para ela!

Virei-me com esse pensamento, e vi que ela estava do mesmo jeito de antes. Deitada tranquilamente, com a cabeça sobre uma pequena pilha de travesseiros. Seu pijama era largo, pelo menos na camisa, mas mesmo assim dava para ver as marcas de seu corpo.

Bem... Se você olhasse com atenção, é claro. Suas pernas estavam levemente dobradas na cama, e seu peito levantava e abaixava conforme sua serena respiração. Um sorriso suave estava em seu rosto, o que devia ser um bom sinal.

Seu cabelo estava molhado, mas algumas mexas tocavam o seu rosto. Afrodite nunca dormia com o cabelo molhado. Ela dizia que se acordasse veria que dormiu encima dele, e ele ficaria totalmente marcado com ondas estranhas.

Besteira. Alice estava linda com o cabelo daquele jeito. E continuaria linda se acordasse com ele mais ondulado. O que?! Eu não disse isso!

- Idiota... – Murmurei para mim mesmo. Eu desviei o olhar dela, mas assim que ouvi um suspiro, olhei novamente. Alice ainda estava dormindo, mas moveu-se lentamente para o lado.

Não estava mais agüentando. A minha mente estava perdendo a linha. Eu já estava imaginando como seria estar dormindo do lado dela, e abraçando ela... Deixando-a quente para que não pegasse um resfriado.

Ei. Eu devia fazer isso.

Eu era o... “Namorado” dela, não é mesmo? Se os outros Deuses notassem que eu a deixei pegar um resfriado, eles poderiam notar que era tudo uma fraude.

Não! Nem pensar! Não ia deixar que isso acontecesse.

Nós tínhamos que fingir muito bem. Afinal... Nunca se sabe. Comecei a andar lentamente em direção á cama. Lembrei-me que a mão direita dela também estava ruim. Eu tinha que dar um jeito naquilo.

Se bem que... Eu estava cansado também. Já que ela já estava dormindo em uma parte da cama... Eu não iria tirá-la de lá, não é? Não mesmo. Claro que não.

Poderia muito bem me deitar ao seu lado. Não ia fazer mal ter um pouco de espaço a menos. Humpf. Ela não ia nem ligar para isso. Alice não era egoísta, diferente de Afrodite que costumava roubar todo o cobertor para ela.

Eu também tinha que me certificar que ela estava bem, como um bom falso namorado. Claro. Eu podia ver se... O seu pé estava bem. Depois... A sua perna. Depois...

A minha mão estava a centímetros da perna dela, quando alguém bateu na porta. Recolhi minha mão. Como alguém poderia ser tão inconveniente?! Acordá-la desse jeito era muito irritante!

Fui até a porta assim que notei que ela não tinha acordado. Abri.

- O que foi? – Perguntei para a pessoa do lado de fora. Para a minha surpresa... Era Afrodite. Estava usando um vestido curto, e óculos escuros. Ela sorriu triunfante para mim, e colocou os óculos sobre a testa.

- Olá. Como vai o seu namoro agora? – Perguntou ela.

- Bem, obrigado. – Respondi irritado – Mas o que você tem a ver com isso?

- Bem?! – Repetiu ela sem entender – Você está mentindo.

- Não. Veja você mesma. – Eu cheguei um pouco para o lado, e Afrodite viu Alice dormindo. Ela segurou a gola da minha camisa com raiva e me puxou para fora do quarto. Fechou a porta, e virou-se para mim – O que você quer, Afrodite?

- Eu não acredito. Mandei Eros dar um jeito nela, mas acho que ele fez besteira mais uma vez... – Resmungou ela – Mas essa não é a questão. Ares... O que elas está fazendo deitada na cama?!

- Dormindo, não viu? – Perguntei – Está cansada.

- Ah, claro! Devem ter passado a manhã inteira juntos, não é?! Andando de um lado para o outro, se divertindo, e blá blá blá... – Falou ela colocando as mãos na cintura – Vai mentir sobre isso?

- Não. Nós nos divertimos no lago. – Confirmei. O queixo de Afrodite caiu.

- Eu sabia! Não adiante mentir para mim, Ares! Eu sabia que vocês estavam juntos! Plano para enganar Zeus, uma ova! – Exclamou ela com raiva – Como você se atreve a me trair com ela?!

- Na verdade, você entendeu errado. – Disse eu com calma – Não te trai com ela. Eu te troquei por ela.

Afrodite arregalou os olhos para mim.

- Você está dizendo... Que está terminando comigo?! – Gritou ela quase sem voz. Eu assenti, e ela começou a fazer um grande chilique. Afrodite gritou, reclamou, tentou me bater, e muitas outras coisas. Se fosse uma ocasião comum, eu tentaria acalmá-la, mas já estava mais que cansado daquilo.

- Ah, você está vendo?! – Exclamei, e ela parou para olhar para mim – Você sempre faz isso! Começa a gritar e dar chiliques se as coisas não te agradam, e eu fico como um idiota tentando te fazer melhor. Eu estou cheio!  

- Com disse...?! – Eu a interrompi.

- Alice não faz isso! – Disse apontando para a porta – Ela não reclama de praticar esportes com medo de quebrar uma unha ou bagunçar o cabelo. Ela não demorar anos escolhendo dúzias de roupas e selecionando qual é a melhor para poder sair. Ela não tem essa frescura de “não posso bagunçar o meu cabelo”. Ela saí de chinelos para o café da manhã!

Afrodite arregalou os olhos com a última frase.

- O que?! – Exclamou.

- Você pode chamar de absurdo, mas eu não vejo nada de errado nisso. – Comentei encolhendo os ombros – Na falta de opção, ela usa roupas masculinas e dá um jeito de ninguém notar. Não se importa com o que os outros pensam dela, e também não fica por aí chamando atenção. Ela não precisa arrumar o cabelo, ou usar maquiagem, por que... É bonita só por não ligar para a aparência.

- Ah, ótimo! – Exclamou Afrodite – Mais alguma coisa?

- Sim. – Confirmei – Eu podia ficar destacando milhares de pontos positivos, mas deles... Eu posso dizer o que eu mais gosto.

- Qual? – Quis saber ela.

- Ela não é fútil! – Exclamei.

Afrodite cerrou os punhos.

- Se acha ela tão boa assim... – Disse ela – Espero que sejam muito felizes juntos... Cretino!

Ela virou sua mão com toda a força em meu rosto, e saiu pisando forte. Aquilo tinha doído bastante, mas além daquilo... Eu deveria sentir outra dor.

Tinha terminado com Afrodite. Nós tínhamos um caso há milênios, e de repente eu a trocara por uma garota de 19 anos que nem mesmo liga para a aparência. Afrodite foi embora completamente magoada comigo, e eu deveria estar me sentindo péssimo.

Mas não estava. Era como se no lugar que eu devesse sentir dor (no coração, eu acho), eu tivesse sido anestesiado. Não doía. Eu não sentia nada.

Só uma ardência enorme na bochecha, mas fora isso nada.

Olhei para a porta do quarto e pensei em entrar e continuar o que iria fazer, mas por fim tive uma idéia melhor. Eu ia dar um tempo para ela descansar sozinha, e quando acordasse... Eu estaria de volta.

Saí em direção á algum restaurante ou algo do tipo. Podia trazer um tipo de café na cama para ela. Acho que Alice gostaria. E... Que nome lindo, não? Alice. Alice Kelly. É como uma música. Devia ter uma música assim...

POV Alice.

Eu abri os meus olhos devagar. O quarto estava tremendamente escuro. Olhei em volta... Nenhum sinal do Ares. Pensei que estava cedo, mas quando vi... Eu tinha dormido a tarde inteira.

Já eram 7 da noite. Levantei da cama com calma, e coloquei os meus chinelos. O chão do quarto estava extremamente frio. Onde será que ele tinha ido? Era muito estranho ele ter me deixado dormir esse tempo todo.

Bati na porta do banheiro.

- Ares, você está aí? – Perguntei, mas não houve resposta.

Fui direto para o closet, mas ele também não estava lá. Ótimo! Eu poderia descansar muito mais, sem que aquele idiota me acordasse!

Só que... Se ele estivesse fora, e Eros o acertasse, estaríamos encrencados.

- Ah... Não, Alice... Volte para a cama... – Resmunguei para mim mesma, mas não teve jeito. A minha consciência dizia que eu tinha que achá-lo antes que ele fizesse alguma besteira.

Procurei uma roupa que não fosse tão ruim, mas não achei quase nada. Tinha um shorta jeans, mas ele era curto demais. Olhei na mala do Ares.

Procurei um pouco (e desviei o olhar toda vez que via uma roupa de baixo), e por fim achei uma camisa quadriculada, como a que ele estava usando antes. Peguei ela e uma calça jeans justa que Afrodite fizera aparece na minha mala.

Como a camisa era comprida, eu não ia ficar tão... Chamativa.

Saí do quarto, sem perceber que meu cabelo estava molhado e bagunçado. Olhei em volta sem ter a mínima idéia de para onde ir.

- Ele... Disse que ia buscar comida. – Lembrei em um murmuro.

Resolvi ir até o restaurante, mas me surpreendi ao ver que, de noite, ele funcionava como um tipo de bar. Entrei nele discretamente. Se o feitiço de Afrodite ainda estava funcionando, alguns caras iriam querer ir atrás de mim, e sem um motoqueiro tenso de quase dois metros para assustá-los, eu não ia conseguir sair dali.

Por sorte, eles quase não me notaram.

Entrei no lugar desviando das pessoas que passavam. Luzes de neon verde, azul e vermelho passavam rapidamente por vários lugares do espaço. O chão era feito de madeira, mas isso dava um toque country ao lugar.

Algumas pessoas dançavam um rock que eu não tinha idéia de qual era, já que o som estava uma droga, enquanto outras conversavam ou bebiam em pé.

Olhei em volta, mas não vi nenhum sinal do Ares. Achei que ele, talvez, não devesse estar ali, mas assim que ouvi uma risada maldosa, notei que estava sim. Devia estar perto do bar, por isso não estava vendo.

Atravessei uma pequena multidão, e finalmente consegui vê-lo. E... Ele também me viu. Estava sentado em um daqueles bancos que giram, e conversava com alguns caras. Quando me viu, ele sorriu para mim e apontou-me.

- Alice Kelly! Essa é a minha garota! Agora digam... Ela não é fantástica? – Disse ele sorrindo maliciosamente.

Franzi o cenho ao ouvir aquilo. Os homens ao seu lado concordaram fielmente, enquanto me analisavam com o mesmo sorriso maldoso.

- Com toda a certeza. – Concordaram.

- Mas tirem os olhos dela. Eu vi primeiro. – Disse ele virando-se para os caras, e depois olhou para mim novamente – Venha aqui. Vamos conversar um pouco.

- Ares, o que você está fazendo aqui? – Perguntei sem entender, enquanto andava na direção dele.

- Me divertindo. Não queria acordar você. – Sorriu ele.

- O que? – Perguntei.

- Isso mesmo. Ah, vamos Alice... Vem aqui e senta do meu lado, vem. – Disse ele com um sorriso torto no rosto – Eu sei que você quer.

- Ah... Você está bêbado. – Disse revirando os olhos.

- Quem? Eu? – Ares começou a rir muito, e os homens também. Cheguei mais perto dele, e olhei-o. Não parecia nem um pouco normal. Ele estava... Feliz – Ah, como eu senti a sua falta! Da próxima vez eu durmo do seu lado!

Ares segurou a minha cintura e me puxou para perto. Coloquei as mãos sobre seu peito e me empurrei para trás, mas ele estava me segurando com força.

- Não vou deixar você escapar. – Disse ele.

- Você está com sérios problemas. Agora, me solta. – Falei.

- Não tenho nenhum problema. – Afirmou ele – Pelo contrário. Nunca me senti tão bem antes!

Olhei par ao barman que passou limpando um copo.

- Por que você deixou ele beber tanto?! – Perguntei irritada.

- Ele não bebeu nada desde que chegou. – Contou ele, também achando estranho o comportamento de Ares.

- O que deu em você? – Perguntei olhando para ele.

- Tsc. Chega de falar de mim. Vamos falar de você. Como vai? Conseguiu dormir bem? Espero que não esteja com frio. Mas se estiver, tudo bem. Eu te aqueço um pouquinho. – Disse ele me puxando para mais perto. Eu o empurrei para trás, e dessa vez ele me deixou escapar.

- Eu vou embora. Espero que volte ao normal logo, porque desse jeito está me deixando nervosa. – Falei.

- Ah, senta aqui e divirta-se um pouco! – Pediu ele sorrindo – Se quiser, pode até sentar no meu colo.

Os homens começaram a rir, e eu revirei os olhos.

- Divirta-se sozinho. Até mais. – Saí de lá o mais rápido que pude.

Ares continuou falando comigo, mas eu tentava ignorar a maior parte das coisas que ele dizia. Algo estava tremendamente errado com ele, e eu não queria nem saber o que era.

Talvez estivesse só zombando de mim. Deveria ser engraçado para ele.

- Eu vou te pegar, viu? – Disse ele ao longe.

- Tá. Claro. Vamos ver isso. – Resmunguei saindo daquele lugar.


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Notas finais do capítulo

O que vocês acharam?

Bem... Team Apolo... Entendo que vocês devem estar odiando, mas saibam que o próximo capítulo vai estar cheio de Apolo/Alice.

Espero que tenham gostado (ou que gostem).

Reviews, certo?

Beijos!