Meu Namorado Infernal escrita por Mandy-Jam


Capítulo 22
Uma caixa de surpresas


Notas iniciais do capítulo

Aqui está o tão esperado capítulo!

Espero que gostem, já que estavam tão loucos por ele!



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Não tenho idéia de por quanto tempo nós continuamos daquele jeito. Alguns segundos, ou talvez (no máximo) por um rápido minuto...

Só sei que aquilo foi um completo choque. Eu fiquei com os olhos abertos e arregalados, e ele também. Nenhum dos dois conseguiu se mexer por um tempo, pois estávamos completamente petrificados.

Mas depois desse rápido 1 minuto, nós afastamos nossos rosto um do outro. Estava tão envergonhada por aquele incidente, que preferia ter me afogado no lago.

Tentei falar, mas não conseguia achar nenhuma palavra. Tentei me livrar dele, mas o meu corpo não respondia. A parte boa era que Ares parecia estar tão perplexo quanto eu, logo não conseguiu reclamar comigo ou coisa parecida.

Cometi o erro de olhar em seus olhos, e vi que ele também estava olhando para mim. Ao mesmo tempo, nós dois desviamos o olhar. Meu rosto devia estar muito vermelho, pois o sentia queimar.

- So-Solta... Os meus pulsos. – Pedi depois de ficarmos parados por uns três minutos de silêncio mortal.

- Ah... – Ares olhou desajeitado para suas mãos e notou que ainda estava me segurando – Tanto faz.

Ele me largou e eu me sentei (como foi difícil andar até lá!) no banco que estava antes. Resolvi que não olharia para ele nem por um segundo. Fixei meus olhos em um ponto distante na paisagem, e fingi que não tinha ligado para o que aconteceu. Tudo bem... Certamente não estava dando certo, pois meu rosto continuava ardendo, e eu mal podia pronunciar o meu nome sem gaguejar, mas eu insisti nessa idéia.

Afinal... A culpa não era minha! Eu não pedi para que ele me puxasse de volta para o barco, e também não fiz com que aquilo acontecesse.

Mesmo assim, eu sabia muito bem que ele inventaria um jeito de me culpar. Por instinto, eu acabei olhando para ele (com uma expressão zangada) e resolvi falar algo para esclarecer aquele mal entendido.

Só que ele teve a mesma idéia.

- A culpa é...! – Me interrompi ao ver que ele tinha dito a mesma coisa que eu e ao mesmo tempo. Não cheguei a dizer “sua”, pois fui pega de surpresa.

- É sua! – Falamos juntos novamente.

Meu rosto ardeu mais ainda, e eu resolvi desviar o olhar novamente para o meu ponto imaginário no horizonte. Pude sentir que Ares fez o mesmo, o que me deixou mais incomodada ainda.

- Tsc. – Fez Ares quebrando o silêncio de 5 minutos – Ainda tem a audácia de dizer que a culpa é minha.

- O que?! – Exclamei irritada, mas ainda sem olhar para ele – A culpa é sua!

- É nada! Quem mandou você nascer tão desajeitada?! – Rebateu ele.

- Quem me puxou foi você. – Comentei olhando para o ponto do horizonte.

- Preferia que eu te deixasse cair? – Perguntou ele.

- Eu não pedi a sua ajuda. – Rebati rangendo os dentes.

- Vive reclamando que eu sou grosso, mas quando tento ajudar alguém, também não dá crédito nenhum por isso. – Retrucou ele.

- Não se você me...! – Antes que eu dissesse “beija” eu olhei para ele. Ares estava olhando para mim também, e eu lembrei que devia desviar o olhar para que ele não notasse que eu estava totalmente sem graça.

Virei o rosto novamente para o lago, soltei um suspiro pesado e tenso. Fechei os olhos querendo sair o mais rápido possível daquele maldito barco.

- Deixe eu ver isso. – Disse ele depois de um tempo.

O que?! O meu rosto?!

- Não. – Respondi simplesmente.

- Não pedi. Eu mandei. – Insistiu ele – Deixe eu ver.

- Me deixa em paz! – Reclamei, mas então vi que ele estava falando sério. Ares estava em pé na minha frente. Não quis olhar para ele. Tinha que esperar até o meu rosto voltar ao normal primeiro, por isso continuei olhando para o lago – Não. Você não estava descansando? Volta para lá.

Ele não respondeu. Ares puxou a minha mão para a direção dele, e eu senti muita dor. Era daquilo que ele estava falando, e não do meu rosto. Ah, Alice... Sua idiota.

- Ah...! – Reprimi o resto do grito de dor, e acabei olhando para ele. Ares fitava o meu punho (a mão que tinha usado para socá-lo) com muita atenção. Por fim acabou largando-a e voltou para o outro lado do barco.

- Não sabe nem socar alguém. – Comentou ele baixinho, mas eu ouvi.

- Quer ver que eu sei? – Perguntei irritada.

- Para que? Quebrar a outra mão? – Falou ele rindo – Idiota.

Arqueie uma sobrancelha.

- Por que está rindo? – Perguntei fingindo estar desinteressada.

- Porque quando chegarmos no quarto, adivinha quem vai ter uma boa revanche? – Sorriu ele para mim.

- Que revanche?! – Perguntei sem entender, mas então lembrei – Pelo... Braço?! Quanto rancor você guarda, hein?!

- Você só torceu o pulso. – Disse ele – Não é nada demais, mas se não der um jeito nele, pode sentir dores terríveis. O que... Não seria assim tão ruim, não é? – Ele sorriu pensando na idéia.

- Quero você bem longe de mim. – Respondi virando-me novamente.

- Como se você tivesse escolha. – Comentou ele revirando os olhos.

Infelizmente, eu realmente não tinha nenhuma escolha. Graças á inteligência rara de Ares, nós estávamos (e provavelmente iríamos continuar) presos naquele barco sem nenhum remo.

- Quanto tempo... Deve levar até que uma brisa bata ou coisa parecida? – Perguntei pensando no assunto.

- Tenho cara de meteorologista? – Perguntou ele em desagrado – Sei lá.

- Não venha com esse seu ataque matinal de mal humor, pois nós só estamos presos aqui por culpa sua, e da sua força bruta que lançou os remos na água. – Respondi cruzando os braços – O mínimo que podia fazer era responder descentemente.

- Não enche a minha paciência, pirralha. Já não teve o suficiente com esse beijo? Ou além disso, ainda quer conversar comigo? – Perguntou ele incomodado.

- Como assim?! Eu não pedi nada disso! E também... Não quero conversar com você. Só quero sair desse barco! – Reclamei.

- Então vai em frente e pula na água! – Sugeriu ele sorrindo para mim – Ah! Opa... Espera. Eu esqueci que você é uma inútil que não sabe nadar!

Eu me calei. Não adianta. Eu podia ficar o dia inteiro discutindo com ele, mas estava cansada demais para continuar com aquilo. Ele sempre teria uma outra frase para lançar contra mim, o que tornava uma tentativa de diálogo inútil.

Olhei novamente para o lago, e vi que os remos deviam estar á uns 10 metros dali. Admito que não parei para pensar muito bem no assunto. Quando dei por mim, eu tinha me levantado e estava prendendo o meu cabelo.

Ares fingiu que não estava interessado em ver o que eu estava fazendo, mas por fim desistiu e olhou.

- O que é isso? Vai tirar a roupa? – Perguntou sem entender, enquanto eu tirava os meus sapatos.

- Bem que você gostaria, não é? – Rebati, e ele me fez uma careta – Não. Eu vou pegar os remos.

- Você vai mesmo pular na água?! Você nem sabe nadar! – Exclamou ele incrédulo – Ficou louca, Kelly?!

- Agora você se importa? – Perguntei fazendo uma careta para ele.

Ares abriu a boca, mas eu não esperei por uma resposta. Pulei na água deixando o Deus da guerra completamente perplexo outra vez.

POV Ares.

- Kelly! – Exclamei ao vê-la pular na água.

Ok... Estava sem entender nada. Eu tinha realmente dito á ela para que pulasse e fosse embora do barco, mas nunca acreditei que ela fosse fazer aquilo! Era estranho, quase engraçado, o jeito como eu nunca sabia o que esperar dela.

Já tinha feito tantas coisas que me deixaram surpreso, que eu sempre pensava: “Tá bom... Agora ela não vai me pegar de surpresa”, mas ela sempre arrumava um jeito de me surpreender.

Louca. Completamente louca.

Na verdade... Tinha que ser não é? Ninguém são pulo do sétimo andar de um shopping, ou luta contra milhares de cães infernais para resgatar uma espada, ou qualquer coisa do tipo. Ela era uma caixa de surpresas.

Fiquei observando. De começo achei que ela começaria a gritar por socorro ou coisa parecida, mas a Filhinha de Hermes pôs a cabeça para fora da água e começou a dar braçadas desajeitadas em direção aos remos, que boiavam para longe lentamente.

- Se você conseguir, eu juro que remo de volta para o deck sozinho! – Exclamei me divertindo ao ver a cena.

Ela olhou para trás e assentiu, mas logo depois quase se afogou. Voltou a nadar desengonçada em direção aos remos. Comecei a rir um pouco e fui melhorando do choque que tinha levado com aquele beijo estranho.

A culpa é inteira dela, é claro. Se não machucasse o meu braço, eu não perderia a noção da força, e não a puxaria tão forte para perto de mim. Pirralha chata...

Para a minha grande surpresa, ela conseguiu alcançar os remos de madeiras. Alice Kelly virou-se para mim ainda desajeitada, mas com jeito o suficiente para fazer uma careta. Estava jogando na minha cara que conseguiu pegar os remos, e que eu teria que remar de volta para o lago.

- Idiota... – Murmurei, mas logo gritei para ela – Você ainda tem que trazê-los até aqui, pirralha! Não comemore tão cedo!

Ela afundou novamente, e depois emergiu tomando impulso e se deslocando lentamente em direção ao barco. Com o peso dos remos, ela não conseguia nadar direito. Bem... Sem eles também não, mas dessa vez era pior.

A cada... Uhm... Um metro que ela nadava, ela tinha que parar para pegar mais ar e ajeitar os remos em suas mãos cansadas. Em um ritmo bem devagar, ela estava conseguindo chegar ao barco.

Quando ela atingiu metade do caminho, eu comecei a ficar incomodado. Se ela atingisse o barco, eu teria que remar até o deck, e eu não estava nem um pouco afim disso.

- Vamos, Kelly! Você consegue um dia! – Impliquei rindo dela. Tinha que fingir confiança para que ela ficasse desanimada.

Mas eu não tenho como descrever o quanto aquela garota era diferente. Se eu implicava com ela, ela dava sempre um maldito jeito de superar as minhas ofensas ou expectativas.

Alice conseguiu chegar até o barco, e, assim que o fez, jogou os remos para dentro. Suas mãos seguraram a borda de madeira do barco para poder tomar fôlego novamente.

Seu cabelo castanho estava todo jogado para trás, revelando a sua testa. Seus olhos piscavam por causa da água do lago, e sua boca se abria de tempo em tempo para pegar grandes quantidades de ar.

- Você está péssima. – Comentei, mesmo que notasse que, para uma pessoa que não sabe nadar, ela atingiu o objetivo muito bem.

- Obrigada. – Comentou ironicamente – Eu... Eu tenho que subir.

Ela tentou subir no barco, mas não conseguiu. Estava realmente cansada de ter nadado até tão longe, e depois ter voltado carregando os remos.

Foi aí que me surgiu uma nova idéia maligna. Ia ser bem engraçado...

- Bem, Kelly... Eu tenho que admitir... Você arrasou. – Falei chegando perto dela e sorrindo – Sabe, como que prometi que remaria até o lago se você retornasse para o barco... Eu farei isso.

- Bom. – Respondeu ela sem fôlego.

- Mas... Vou fazer mais um favor para você, benzinho. – Sorri maliciosamente, e ela estreitou os olhos. Não tinha forças para perguntar “O que” por isso continuei – Vou te ensinar a nadar.

Alice franziu o cenho.

- Eu... Não quero aprender. – Respondeu – Só... Me ajude á subir no barco.

- Não mesmo. Assim você iria aprender! – Respondi rindo.

- O que?! Ares...! Você disse que...! – Ela não conseguiu completar a frase.

- Eu disse que se você chegasse aqui com os remos, eu remaria de volta ao deck sozinho. Não disse nada que te ajudaria a subir no barco. – Depois de dizer isso eu ri um pouco – Mas não se preocupe. Eu remo bem devagar para que você possa acompanhar nadando.

Puxei os dedos dela para trás, e a Filhinha de Hermes acabou se afogando. Comecei a remar o barco para longe, e pude ver Alice voltando para a superfície do lago novamente.

- Ares! – Berrou com raiva – Volta...!

Antes que terminasse, ela se afogou novamente. Depois de alguns minutos, ela conseguiu pegar impulso e nadar em seu jeito desengonçado atrás do barco. Mas... Eu estava um pouco longe.

Toda vez que ela ficava longe, eu parava o barco e esperava até que ela chegasse mais perto. Assim que fazia isso, eu voltava a remar dando a falsa esperança de que poderia tocar no barco novamente. Otária!

- O que foi? Não me diga que está cansada! – Exclamei rindo – Vamos lá benzinho! Você consegue! Cadê a força da incrível Alice Kelly?!

- No meio do seu...! – Não conseguiu terminar o xingamento, pois voltou a se afundar. Eu comecei a rir daquilo. Bem feito! Quem mandou me beijar?! Há há!

Esperei até que ela voltasse, mas... Ela não voltou. Por um minuto esperei, pensando que ela estava só me enganando. Entretanto... Comecei a achar estranha a demora dela.

Franzi o cenho para o ponto que ela estava, mas Alice não voltou. Pensei em ficar parado, mas acabei remando o barco para trás um pouco. Olhei novamente para o ponto, que agora estava mais perto, e a vi voltar ao topo. Mas... Isso não foi muito bom.

- Câimbras! – Exclamou antes de se afogar novamente.

Sem pensar muito bem, eu remei o barco para mais perto, e a puxei com força novamente para o barco.

Segurei-a com os dois braços e coloquei-a sentada no banco que estava á minha frente. Ela começou a respirar profundamente, muito ofegante. Sentei-me novamente á sua frente, e esperei um pouco.

Seu vestido estava molhado e grudado no corpo. Não que eu realmente tivesse parado para notar. Até parece... Humpf.

Alice se abraçou, provavelmente com um pouco de frio, e depois olhou para mim.

- Você está bem? – Perguntei sem querer.

- Sim. – Concordou ela – Odeio a água.

- Deu para notar. – Comentei – Quando se é uma fracassada que não sabe nadar, acho que é preferível ficar em terra firme.

- Essa era a minha vontade, sabe?- Ela lançou a indireta – Mas esquece... Só rema, e vamos embora daqui.

Revirei os olhos, e segurei os remos, mas depois surgiu uma questão em minha mente. Olhei para a Filhinha de Hermes, e perguntei.

- Mas... Você não estava com câimbras? – Perguntei, e ela sorriu para mim balançando a cabeça em negação.

- Não. Era só para você me tirar do lago. – Respondeu sorrindo – Deu certo.

Minhas mãos apertaram os remos com força.

- O que?! Sua mentirosa! Você me enganou?! – Berrei com raiva.

- Sinta-se feliz por eu querer voltar. – Respondeu ela encolhendo os ombros – E por eu ter dito que estava com câimbras. Outra garota diria que preferiria ficar morrendo afogada, á dividir um barco com você.

Comecei a resmungar alguns palavrões. “Se fosse outra garota, e blá blá blá...” ninguém merece. Ficou falando isso no meu ouvido, mas não importava... Não era outra garota mesmo.

Ah, não... Espera! Isso soou romântico! Não é nada disso, entendeu?! Insinue algo á esse respeito, e eu juro que você está morto!

Ah... Fim do capítulo.


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Notas finais do capítulo

O que acharam?

Ares e seus planos malignos... Hum...

Alice passando a perna nele...

Quero reviews!