Meu Namorado Infernal escrita por Mandy-Jam


Capítulo 21
Meu


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem desse capítulo.



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“Competição de barcos Holly Lake.” Ares leu enquanto estava comendo o café da manhã. Assim que ouvi suas palavras, eu lancei-lhe um olhar de ”por favor, não.”, mas ele não deu a mínima. “Não me olhe desse jeito, Filhinha de Hermes! Depois de ter me agarrado ontem a noite, é melhor ficar quieta e me deixar tomar as decisões.”

“Já disse que não te agarrei!” Protestei com o rosto levemente vermelho. “Aquilo foi completamente sem querer!”

“Aham. Vai insistir na desculpa dos travesseiros, perdedora?” Perguntou ele dando mais uma garfada em um bacon.

“Vou.” Confirmei. “E eu só perdi ontem. Hoje você é que vai dormir no chão.”

Eu estava comendo omelete, para que Ares não ficasse enchendo o meu ouvido dizendo o quanto eu sou infantil, ou coisa parecida.

“Vai sonhando.” Disse ele. Ares olhou para seu prato e viu que o bacon tinha acabado. Ele olhou para as mesas onde estavam servindo a comida, e se deparou com uma fila enorme. “Ninguém merece esses mortais idiotas. Ficam enrolando na fila, e eu acabo morrendo de fome.”

Sorri ao pensar na idéia dele morrendo de fome, mas não disse nada. Continuei comendo a minha omelete, e Ares olhou para mim.

“Eu quero um pouco.” Disse ele. Olhei para ele, e vi que ele segurava a cabeça com um cotovelo apoiado na mesa.

“E daí que você quer?” Falei. “Entra na fila e pega.”

“Não.” Respondeu ele calmo. “Se tem um prato bem na minha frente, porque eu iria entrar na fila?”

“Não sei... Porque o prato é meu?!” Chutei olhando para ele.

“Vamos lá, benzinho. Somos um casal.” Sorriu ele maldoso. “É tudo meio á meio, por isso pode ir dividindo comigo.”

“Meio a meio uma ova. Você nunca dividiria nada comigo, por que eu teria que fazer isso?” Retruquei.

“É claro que eu dividiria!” Exclamou ele em um tom inocente. “Se você me pedisse com muito jeitinho, eu te daria um pedaço do meu bacon.”

“Mentira! Se eu estivesse com fome, você comeria na minha frente, só para jogar na minha cara que tem comida e eu não.” Falei. “Não vou dividir a omelete com você!”

“Aproveite que eu estou pedindo.” Disse ele. “Por que eu posso me irritar a qualquer momento e roubar de você.”

“Não é a minha resposta final.” Falei.

Eu cortei mais um pedaço do omelete, mas assim que eu levantei o garfo, Ares mordeu-o. Meus olhos se arregalaram.

“O que...?!” Exclamei. Ares continuava mordendo o garfo com o pedaço de omelete, e eu comecei a puxá-lo. “Ah! Você é impossível! Nunca aceita um não como resposta?! Solta o garfo, Ares!”

Ele balançou a cabeça negando. Eu comecei a puxar com mais força, e ele fez o mesmo com sua cabeça. Parecia que estávamos brincando de cabo de guerra.

“Isso é muito injusto! A omelete é minha!” Reclamei. Ares soltou o garfo e eu fui para trás. Quase caí da cadeira, e ele começou a rir. “Seu ladrão!”

Ele engoliu o pedaço de omelete, e depois sorriu.

“Oh! A filhinha de Hermes me chamou de ladrão.” Riu ele. “Acho que você sabe reconhecer um quando vê, não é Kelly?”

“Não sou ladra.” Disse rangendo os dentes. “Agora se acabou de comer, vamos logo para alguma atividade estúpida.”

“Uh... Irritada logo de manhã?” Comentou ele rindo, mas depois parou para olhar o folheto novamente. “Acho que vamos nisso. Para acalmar os seus nervos.”

“O que?! Ah... Ninguém merece... Vamos ter que andar de barco pelo lago o tempo todo!” Resmunguei revirando os olhos.

“É a vida. Vamos logo.” Disse ele se levantando.

“Mas... Eu não acabei a minha omelete.” Reclamei.

“Vai comer com que garfo?” Riu ele.

Franzi o cenho, mas depois me toquei o que ele queria dizer com aquilo. Ares tinha usado o meu garfo, ou seja... Ele tinha parado na boca dele. Eu não ia usar aquilo de jeito nenhum.

Suspirei e me levantei da mesa.

“Idiota...” Murmurei andando logo ao lado de Ares.

Nós dois fomos até o lago, e eu realmente esperava que não tivesse nada lá, mas para a minha grande decepção... O deck estava cheio de barcos e casais entrando neles para velejar.

“Não...” Gemi baixinho. Eu não gostava nem um pouco de ir para o meio da água. Até por que... Eu quase não sabia nadar. Eu comecei a olhar em volta avaliando a possibilidade de fugir de perto de Ares, mas ele notou isso.

“Fuja. Vai.” Incentivou ele sorrindo. “Se fizer isso, eu vou te carregar até o barco do jeito que você tanto gosta.”

Jogada encima do ombro dele com todo mundo olhando para a minha cara? Não mesmo. De jeito nenhum.

Para me dar medo, ele fez um movimento para parecer que ia me levantar, mas eu fui mais rápido.

“Tá bom! Eu vou andando até a droga do barco!” Reclamei indo em direçãoa deck. Ares provavelmente estava rindo.

“Essa é a minha garota. Sempre animada, não é Kelly?” Comentou ele.

“Claro. Iupi!” Fiz sem animação.

Fomos andando até o fim do deck, e encontramos Poseidon. Ele estava com o mesmo chapéu de marinheiro, e sorriso feliz no rosto de quando o encontramos pela primeira vez. Ele olhou para nós com seus olhos verdes e sorriu mais ainda.

“Alice! Ares! Vocês vieram velejar também?” Perguntou ele.

“Ah... Claro.” Concordei. “Mas acho que não temos barco, então...”

“Podem ficar com aquele da direita.” Disse Poseidon apontando para um barco de madeira com mais ou menos três metros. Não era muito grande, mas dava perfeitamente para nós dois. Infelizmente...

“Ok. Obrigada.” Sorri contra vontade.

“Bom dia!” Exclamou Apolo passando por nós e indo para perto de Poseidon. Ele estava com uma camisa azul clara, óculos escuros, cabelo um pouco bagunçado por causa do vento, e uma calça jeans. “Ótimo dia para velejar, hein?”

“Aquele barco não tem velas, idiota.” Disse Ares apontando para o barco de madeira que nós pegamos.

“Ah, é.” Disse ele olhando melhor.

“Isso não é problema.” Disse Poseindo piscando para o barco. Em questão de segundos uma vela branca surgiu nele, e eu arregalei os olhos. “Problema resolvido.”

“Uau! Isso foi demais.” Comentei olhando para o barco.

“Valeu. Se você quiser, eu posso...” Poseidon ia falar alguma coisa, mas Ares o interrompeu impaciente.

“Não vem se exibindo para ela.” Resmungou ele. “Vamos logo entrar no barco. Não quero ficar perto de gente chata o tempo todo.”

Sem poder fazer nada, eu entrei no barco. Acenei para Apolo e Poseidon enquanto o barco se afastava. Graças ao vento, não foi nem um pouco difícil fazer o berço se mover.

Sentei-me no banco do canto do barco e observei a paisagem. Ares sentou-se no banco da frente do meu. O barco era pequeno, por isso não dava par nós dois nos movermos tanto.

“Que fome...” Murmurou ele.

A culpa é toda sua, Kelly.” Imitei a voz dele, e Ares olhou para mim sem entender. “É que você sempre fala isso. Estou só adiantando essa parte.”

“E a culpa é sua mesmo.” Concordou ele com um sorriso. “Você aprende rápido, hein?”

“Pois é...” Revirei os olhos e voltei á olhar para a paisagem. “Nós não devíamos ficar em um lugar escondido? Você falou que Eros...”

“Ele não vai estar aqui. Estamos no meio do lago.” Falou ele cortando a minha frase. “Como ele acertaria uma flecha aqui?”

Parei para pensar naquilo, e me virei para Ares.

“Se ele usa um arco e flechas quer dizer que ele pode acertar alvos á distância. E se nós estamos em um barco cerco por água, quer dizer que não tem como nós fugirmos.” Disse pensativa. Esperei a reação de Ares.

“Você é muito burra. É claro nós...!” Ele se deteve, e provavelmente parou para pensar no que eu havia dito. “Opa. É verdade...”

“Ah, legal.” Sorri feliz. “Então acho que vamos ter que dar meia volta e...”

“Não mesmo.” Disse Ares. “Não vamos voltar. Isso é um tipo de castigo para você, por ter me agarrado. Agora que já estamos quase na metade do lago, não tem jeito mesmo.”

“É claro que tem jeito! Vamos dar meia volta!” Insisti.

“Não.” Respondeu ele. Ares fez surgir uma guitarra e começou a tocar. “Agora fica quieta enquanto eu ouço um pouco de rock.”

Revirei os olhos, e voltei a olhar a paisagem do lago. Ares tocou algumas músicas (que pelo menos não estavam altas) e eu quase não reconheci nenhuma. Depois de alguns minutos, ele começou a tocar “Cherry Pie” e, sem querer, acabei cantarolando baixinho a letra da música.

Ares parou de tocar, e eu senti que ele estava me observando.

“O que foi?” Perguntei sem entender.

“Você conhece essa música?” Perguntou ele como se aquilo fosse impossível. “A pirralha que vive reclamando do meu som o tempo todo?!”

“Eu não reclamo do seu som, e sim do volume do seu som.” Corrigi. “Se não colocasse músicas tão altas, eu não reclamaria.”

“Tsc. Você não deve nem conhecer outras músicas.” Comentou ele. “Essa deve ser a única.”

Ares voltou a tocar, mas dessa vez eu não desviei os olhos para a paisagem.

“Toca ‘Money Talks’ do AC/DC.” Sugeri. “Essa é boa.”

Ele olhou para mim, e estreitou os olhos. Sem olhar para a guitarra vermelha em suas mãos, Ares começou a tocar a música. Ele esperava que eu não soubesse cantar, mas ficou surpreso quando eu acertei a letra.

“Você é muito estranha.” Comentou ele ainda com os olhos estreitados. “Como conhece essas músicas?!”

“Eu gosto de algumas.” Respondi. “Só que gosto de ouvir em um tom que meus ouvidos não estourem.”

“Sem graça.” Resmungou ele. Ares fez a guitarra sumir, e resolveu fechar os olhos para descansar um pouco. “Vou descansar um pouco. Tente não me agarrar, ok?”

O Sol não estava tão forte, de modo que ficar nele era bem agradável.

O vento soprou um pouco e eu senti o meu cabelo voar para trás. Sabia que dali á poucos minutos ele ficaria completamente bagunçado, mas para a minha surpresa... Ele ficou certo. Franzi o cenho. Aquilo não era muito comum.

Passei a mão pelos fios, mas eles estavam arrumados. E... Era impressão minha, ou um pouco mais lisos também? As pontas não estavam mais repicadas como sempre eram, e o cheiro... Era mais doce.

Olhei para Ares. Ele ainda estava de olhos fechados descansando, mas pude notar outro detalhe estranho. A camisa dele... Era verde quadriculada.

Aquilo me fez lembrar de outra coisa... Quando fui mexer na minha mala de manhã para poder trocar de roupa... As roupas que achei eram completamente diferentes das minhas. Eram... Como posso dizer? “Reveladoras” demais. Tanto que peguei uma camisa azul de Ares sem que ele notasse, e a usei como um vestido.

Tive que dobrar as mangas, e usei um laço branco para disfarçar. Ele achou aquilo um pouco estranho, mas a fome fez com que ele ignorasse o fato. “Vamos logo comer, Filhinha de Hermes! Você enrola demais!” foi tudo o que ele disse.

Pensando bem naqueles fatos... Imaginei se tinha alguma coisa de errado acontecendo. Foi aí que me lembrei de Afrodite.

Ela disse que ia arrumar um jeito de fazer com que nós “terminássemos”. Será que estaria mudando as nossas roupas, e aparência? Isso fazia parte do plano dela?

“Paramos?” Perguntou Ares abrindo os olhos. Ele ajeitou o seu óculos escuro, e olhou para a vela. Era verdade. O vento tinha parado de soprar. “Ah, droga... Kelly! Não fique aí parada olhando para mim! Pegue a droga do remo e nos tire daqui.”

“O que?! Você quer que eu reme? Tipo... Sozinha?” Perguntei incrédula. “Quer mesmo sair do meio do lago hoje?”

“Quero. Por isso reme.” Ordenou ele.

“Não! Não sozinha, pelo menos. Pode ir pegando um remo também.” Falei cruzando os braços.

“Será que você esqueceu que eu estou com o braço machucado?” Perguntou ele apontando para seu braço. “E a culpa é sua. Por isso, é melhor começar a remar para mim.”

Eu estava morrendo de raiva. Não importava o que acontecesse, ele sempre tinha que arrumar um jeito de mostrar para mim que a culpa era toda minha.

“Se você sabia que seu braço estava machucado, porque quis vir para a droga do lago com um barco?!” Perguntei.

“Por que eu não estou sozinho.” Respondeu ele com um sorriso maldoso. “Eu tenho você, benzinho, para remar para mim. Agora seja útil pelo menos uma vez na sua vida, e reme!”

“Na verdade, você está sozinho. Por que ninguém quer ficar do lado de alguém tão irritante e egoísta quanto você!” Corrigi. “Eu não vou remar sozinha, e quer saber? Estou me divertindo muito olhando essa vista, por isso não vou fazer nenhum esforço para sair daqui.”

Ares tinha ficado com muita raiva ao ouvir aquilo. Ele pegou os remos e jogou encima de mim com força. Aquilo doeu.

Reme!” Exigiu ele. “Antes que eu jogue você na água para que possa aproveitar melhor a sua tão bela paisagem!”

“Você não manda em mim!” Reclamei jogando os remos nele. “Reme você!”

“Escute aqui, Kelly...!” Ele lançou os remos em mim novamente... Ou pelo menos era para baterem em mim. “Você não passo de uma pirralha mimada que se acha melhor do que todo mundo, mas fique sabendo que você não é nada! E...!”

“Ares!” Exclamei me levantando.

“Cala essa boca, e me escuta!” Rugiu ele se levantando também.

“Os remos, idiota! Acabou de jogar eles na água!” Reclamei olhando-os se afastar. “Ótimo! Como vamos voltar agora?!”

Ele olhou para a água e viu que eu tinha razão. Ele tinha lançado os remos para fora, e agora eles estavam sendo levados pela água. Ares tampou os próprios olhos de raiva.

“Viu o que você fez?!” Reclamou ele olhando para mim. “Só uma inútil como você para me atrapalhar até mesmo em um barco! É tudo culpa sua, Kelly! É sempre culpa sua! Ainda me pergunto se pode existir alguém tão lesada como você nesse mundo!”

Cerrei os punhos com raiva. Estava cansada de levar a culpa por tudo de errado que acontecia. Tudo bem que eu era azarada, mas quem era ele para jogar isso na minha cara?!

Estendi a mão e peguei a primeira coisa que veio na minha frente.

“Se me acha tão lesada... Então devia ter ido ser vizinho de outra pessoa!” Berrei jogando o objeto que tinha pego nele. Infelizmente... Era um buque de flores rosa claro. Não doeu nem um pouco, por isso resolvei dar-lhe um soco também.

Porém Ares era duro demais para o meu punho. Minha mão doeu, e eu cheguei para trás involuntariamente. Ele estava pronto para zombar de mim, quando eu perdi o equilíbrio e quase caí no lago.

Sim. Quase.

“Cuidado!” Exclamou ele. Ares estendeu a mão e me puxou para frente de novo, de modo que impediria que eu caísse. Porém... Ele me puxou com força demais.

Não posso descrever muito bem o que aconteceu. Foi tudo muito rápido, mas ao mesmo tempo... Muito devagar.

Ares me puxou com um pouco de força demais, sem querer. Eu acabei voltando para frente, só que rápido demais. Bati contra ele, e foi nesse exato momento que nossos lábios se tocaram.


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Notas finais do capítulo

Ok...

Não preciso nem falar que reviews são obrigatórios nesse capítulo, não é mesmo?

Quero MUITO saber o que vocês acharam!

Até o próximo, certo?