Meu Namorado Infernal escrita por Mandy-Jam


Capítulo 13
A nossa "linda" história


Notas iniciais do capítulo

Vamos ver o que a Hera vai fazer agora...

Espero que gostem!



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“Mas então... Alice.” Disse Hera sorrindo para mim, enquanto colocava um pouco de chá em sua xícara. “Me conte... Como se conheceram?”

Eu olhei para Ares, e franzi o cenho.

“A senhora não sabe?” Perguntei sem entender.

“Ah, é claro que eu sei.” Falou ela revirando os olhos. “Eu só quero ouvir a história de você, querida.

Aquele “querida” estava me deixando muito incomodada. Eu tomei mais um gole nervoso de chá, e olhei para ela incerta.

“Ahm... Bem... Eu era vizinha dele, senhora...” Fui interrompida.

“Não precisa me chamar de senhora.” Disse ela com um sorriso. “Pode me chamar só de Hera.”

“Ok. Hera.” Repeti assentindo. “Nós éramos vizinhos.”

“Ah sim.” Concordou ela. “Só isso?”

“Não... Estou entendendo. Deveria ter mais?” Perguntei sem entender. Tenho que admitir que estava com um pouco de medo dela. Hera era uma Deusa bem estranha. A mera presença dela já me fazia sentir um sentimento de... Culpa? Sei lá. Algo pesado dentro de mim, como se eu estivesse completamente errada.

“Não. Se você diz que é só isso...” Hera olhou para Ares, e abriu um sorriso largo. “O que eu não sei é como foi que você pediu ela em namoro.”

Estava sentindo que Ares ia cuspir a bebida que estava tomando encima da toalha de mesa por ser pego de surpresa por ela, mas ao invés disso ele só se engasgou.

“O que?!” Perguntou ele depois de tossir um pouco. “Não é da sua conta!”

“Não fale assim com a sua mãe.” Disse Hera com um sorriso triunfante. Um sorriso que até mesmo eu daria, mas só se visse Ares se ferrando. Acho que aquele era o caso... “Responda.”

“A... A Alice gosta mais de contar isso.” Disse ele sorrindo e olhando para mim. “Não é mesmo, amor?”

“Na verdade, você conta melhor.” Sorri de volta.

“Tsc. Não seja indelicada com a minha mãe.” Disse ele sorrindo.

“Não seja você indelicado com a sua mamãe.” Disse sorrindo.

Ares pisou no meu pé por debaixo da mesa, e eu pude sentir a câimbra voltando. Subitamente eu respirei fundo e sorri para Hera.

“Eu conto! Eu conto!” Falei ainda sorrindo. Ares deixou o meu pé em paz. “Ah... Por onde eu começo?”

Olhei para ele. Aquilo teria o troco!

“Que tal pelo começo?” Perguntou ele se divertindo, mas não por muito tempo.

“Obrigada pela dica.” Sorri para ele gentilmente, e depois me virei para Hera. “Aaaaw, você não tem idéia de como ele é doce! Sabe? No começo nós tivemos as nossas desavenças, e tudo mais... Mas depois do jeito com que ele me pediu em namoro... Eu mudei a minha visão sobre ele.”

“Mesmo?” Perguntou ela sem acreditar. “Ele... Foi doce?”

“Foi sim! Não foi?” Perguntei me virando para ele. Meu sorriso continuava intacto no meu rosto, enquanto o de Ares queria sumir e dar lugar á uma expressão cheia de raiva.

“Claro.” Confirmou ele entre dentes, em um sorriso forçado. “Mas... É claro.”

“Você não sabe o que ele fez.” Disse eu me deliciando com o momento. Estava decidida a fazê-lo sofrer, e seria o troco por ter me acordado daquele jeito. “Eu estava voltando de casa, e pensando que o meu dia não poderia ser pior... Mas aí... O que aconteceu?”

“O que aconteceu?” Hera estava começando a ficar curiosa.

“É... O que aconteceu mesmo?” Perguntou Ares com um pouco de raiva atrás do sorriso.

“Você não se lembra? Que vergonha...” Fingi estar ofendida. “Eu cheguei em casa e tinha uma carta para mim.”

“Carta?” Repetiu Hera franzindo o cenho para Ares.

“É... Uma... Carta.” Assentiu ele sem entender aonde eu iria com aquela história.

“Como eu sou filha de Hermes, tem um sentido, sabe?” Sorri ao mostrar esse detalhe. “Mas então eu abri a carta e vi que tinha vindo dele. Dentro tinha...”

“Uma carta de amor?” Perguntou Hera olhando para o filho, surpresa.

“Não.” Tinha vontade de rir só de pensar no que estava prestes a dizer. “Tinha ingressos para o ballet.”

Ares afundou a cabeça na mesa. Apostava que ele queria arrancar o meu pescoço fora por ter falado aquilo, mas na frente da mamãe ele não podia. Hera sorriu para mim.

“Era... Dele?!” Perguntou envolvida na história.

“Não!” Respondeu ele levantando a cabeça rapidamente.

“Não!” Concordei. ”Eram do Apolo. Só que ele não queria mais me chamar para o ballet, então Ares resolveu aproveitar a oportunidade. Ele me chamou para essa apresentação, o que eu achei bem estranho, pois isso não faz o seu tipo. Mas... Quem diria que por dentro desse Deus da guerra violento, existe uma alma artística e delicada?”

Ares não sabia o que fazer. Ele ficou parado só olhando para mim com um sorriso pequeno e forçado, enquanto o seu rosto ficava cada vez mais vermelho de raiva.

“Eu... Juro que não esperava por uma coisa dessas.” Disse Hera sorrindo. “Que... lindo!”

“Você ainda não ouviu metade.” Tive que rir um pouco, mas logo voltei a minha concentração. “Quando estávamos vendo a apresentação... Nossa! Foi tão bonito! Nós vimos o espetáculo inteiro, e no final... Posso contar?”

Virei-me para Ares ao perguntar a última coisa. Ares me fuzilou com o olhar.

“Não!” Respondeu ele curto e grosso.

“Aaaaw, por favor!” Pedi.

“Não!” Repetiu ele.

“Ignore ele, Alice. Conte o resto.” Pediu Hera.

Olhei para Ares com um sorriso diferente, como se eu estivesse sem jeito de ter que contar aquilo. O que era uma grande mentira, pois eu estava amando.

“Ele... Chorou.” Contei para Hera em um sussurro, fingido que queria que ele não ouvisse. Mas ele ouviu.

“Eu não chorei!” Protestou ele com raiva. “Isso é tudo mentira!”

“Aaaaaw, está tudo bem!” Falei como se ele fosse uma criança. “Até mesmo os Deuses durões e fortes podem chorar de vez em quando. Não precisa se envergonhar, Ares. Você é um fofo.”

Apertei a bochecha dele com um sorriso, e ele tentou arrancar o meu dedo com uma mordida, mas errou. Hera estava olhando para ele chocada.

“Você... Você...” Ela não encontrava as palavras certas. “Você está mudando. Meu... Meu filhinho.”

Filhinho?! Eu comecei a rir, mas fingi que estava chorando. Hera caiu nessa, Ares me olhava com todo o ódio do mundo.

“Eu não sou fofo!” Rugiu ele fazendo o chão tremer. “Eu não estou mudando! E eu não chorei!”

“Viu? Eu não devia ter contado isso.” Falei tentando conter as minhas falsas lágrimas de emoção. “Mesmo assim... Isso me deixa tão emocionada. Ele está mudando por mim!”

“É realmente adorável.” Comentou Hera sorrindo maternalmente. “Ares... Eu aprovo o seu namoro com ela.”

Ares olhou para mim, e decidiu entrar no jogo também.

“Que bom ouvir isso.” Resmungou ele. “Posso continuar a história agora?”

“A história já acabou.” Disse á ela. “Final feliz. Viva.”

“Claro que não acabou!” Riu ele para conter a sua raiva. “Você não se lembra do que aconteceu depois daquilo? Eu pedi você em casamento.”

“O que?” Perguntou Hera surpresa. “Continue.”

“Não, foi namoro. E eu aceitei.” Falei á ele.

“Depois de eu pedir em casamento, e você recusar.” Disse ele. “Não se lembra mesmo? Você tinha dito que casamentos são puras mentiras, e que nunca funcionam.”

Não tinha entendido muito bem o que ele estava fazendo. Pelo menos não até olhar para a cara da Deusa dos casamentos sentada na minha frente.

“Você disse o que?” Perguntou ela estreitando os olhos para mim.

“E-Eu... Eu não disse isso, Ares.” Falei com um sorriso nervoso.

“Aaaaah, disse sim!” Confirmou ele sorrindo para mim, maldoso. “Disse que não queria se casar comigo, mas que namoro servia.”

Tive uma idéia de última hora.

“Claro!” Dei um tapa no braço dele, e ele se assustou com a minha reação repentina. “Você não se lembra do que você fez?! Quebrou todas os meus sonhos de casamento quando ficou olhando para aquelas garotas!”

“Que garotas?!” Perguntou ele.

“As... Bailarinas!” Contei fingindo estar magoada. Que droga de resposta...

“No ballet, todos pagam para olharem as bailarinas.” Disse ele.

“Mas não do jeito que você estava olhando!” Insisti. Olhei para Hera, que parecia estar deixando de me odiar, e começando a analisar melhor a situação. “Você pode acreditar nisso?! Ele me pediu em casamento, e olhou para outras garotas segundos depois! Eu tive que recusar!”

“Isso foi... Muito insensível da sua parte.” Comentou Hera repreendendo-o.

“Mas...!” Ares tentava arrumar uma desculpa, mas não conseguiu. “A culpa não foi minha, eu...!”

“É claro que a culpa foi sua!” Reclamei. Eu tinha que concluir aquela história antes que ele inventasse mais alguma coisa que me colocasse em perigo. “Mas depois disso, ele fez surgir flores e pediu perdão de joelhos. Eu pensei bem no assunto, e falei que era melhor nós darmos um passo de cada vez. Começando com um namoro. E aqui estamos nós. Fim.”

Sorri para Hera, e ela demorou alguns segundos para notar que a história tinha terminado. Ela olhou para Ares, que queria me matar, e depois para mim.

“Vocês... Devem se amar mesmo. Para passarem por tantas coisas juntos.” Disse ela assentindo com a cabeça. “Bem... De qualquer jeito, eu tenho que dizer que... Fica feliz do meu filho ter achado uma garota como você. Agora, Ares, você pode deixar de estragar o casamento dos outros.”

Ares revirou os olhos, e eu imaginei quantas vezes Hera devia ter brigado com ele por estar saindo com a Afrodite.

“E quanto a você, Alice Kelly...” Hera olhou para mim, agora não tão simpática. “Por você ser filha de Hermes, eu não vou te odiar tanto. Gosto da inteligência do seu pai, mesmo ele sendo um bastardo. Mas vou logo avisando... É melhor você tomar cuidado quando falar sobre casamentos, entendeu? E é melhor você me chamar como madrinha quando vocês forem se casar.”

Engoli aquilo em seco. Em uma única frase ela disse que me odiava só um pouco, ofendeu meu pai de um jeito sutil, e me ameaçou. Tinha muito medo dela...

“Claro... Sim.” Engoli em seco aquilo. Hera sorriu novamente.

“Nos vemos depois então.” Disse ela sumindo bem na minha frente. A mês do café da manhã foi junto.

“Uou... O que foi aquilo?” Olhei para o lado a tempo de me jogar no chão. “Ah!”

Ares tinha dado um soco onde eu estava, mas eu desviei. Rolei para o lado escapando de um chute, e me levantei.

“Ballet?! Chorar?! Fofo?! Eu vou acabar com você!” Berrou ele furioso. “Todo o Olimpo vai saber disso agora! O que acham que vão falar de mim depois dessa?!”

“Uhm... Acho que vão falar que você é um docinho de coco.” Brinquei rindo.

Venha aqui!” Rugiu ele indo na minha direção. Eu gritei e saí correndo o máximo que eu pude.

“Você não pode me matar!” Lembrei. “Sou imortal, lembra?”

“Quem falou em matar?! Eu vou te esmagar até você virar poeira! E quando você voltar, eu fazer isso de novo! E de novo, e de novo, e de novo!” Rugiu ele correndo.

Nós corremos tanto que chegamos até o quarto novamente. Eu entrei e tranquei a porta, mas Ares a derrubou com muita facilidade.

“Não faça nenhuma besteira!” Avisei jogando um travesseiro nele, mas o Deus da guerra rasgou ele no ar.

“Tarde demais para me avisar.” Disse rangendo os dentes. “Mas sinta-se a vontade para se ajoelhar aos meus pés e se humilhar por perdão.”

“Até parece que eu... Ah!” Acabei caindo no chão. Não porque eu ia pedir perdão a ele, e nem porque ele me derrubou. Mas porque eu comecei a sentir câimbras muito fortes no meu pé. Esqueci que ele ainda estava assim!

Ares arqueou uma sobrancelha.

“O que?! Vai chorar agora, pirralha?!” Perguntou ele furioso.

“Câimbra...!” Exclamei entre dentes. “Ah!”

Ele queria me bater, mas quando viu que eu já estava sofrendo ficou desapontado.

“Aaaah! Eu é que devia fazer você chorar de dor! E não essas câimbras!” Reclamou ele com incomodado. “Dê um jeito nisso para que eu possa te esmagar como um inseto, Kelly!”

“Ah, tá! Eu estou assim porque eu quero!” Depois de dizer isso, soltei mais um grito de dor. “Se eu conseguisse parar a dor, já tinha feito isso, gênio!”

“É só esticar o pé!” Disse ele revirando os olhos.

“Eu não... Ah! Não consigo!” Respondi morrendo de dor no pé. “Não dá!”

“Eu faço isso então.” Disse ele se sentando ao chão na minha frente. “Me dá o seu pé.”

“Wow! O que?! O que você vai fazer?!” Perguntei.

“Te ajudar, para poder te fazer sofrer mais tarde. Agora me dá o seu pé!” Respondeu impaciente.

“Nem pensar!” Exclamei com medo dele. “Saí de perto de mim! Chega para lá!”

“Deixa de ser fresca!” Reclamou ele chegando mais perto. “Eu mesmo pego então.”

“Não!” Berrei me arrastando para trás, na tentativa de fugir dele. “Não! Não! Não! Não meche no meu pé! Deixa as minhas câimbras em paz!”

“Cala essa boca! Eu ainda estou tentando te ajudar, sua retardada!” Reclamou ele. Eu tentei tanto fugir dele, que acabei chegando até a parede do fim do quarto. Ares pegou o meu pé, e eu quase considerei a idéia de chorar por piedade.

“Para! Vai doer! Não meche! Larga!” Pedi tentando puxar o pé para longe dele.

“Já está doendo!” Retrucou ele. “Agora fica quieta e para de chutar!”

Eu ia dizer mais alguns “nãos”, mas ele puxou o meu pé tão rápido e forte, que me calei ao ouvir um estalo. As câimbras passaram, mas... Eu não conseguia sentir o meu pé, e ainda tinha a sensação de dor por algum motivo... Ares sorriu para mim, triunfante.

“Viu? Não disse que não ia doer?” Falou ele.

“Eu...” Estava tentando respirar novamente. Meus olhos estavam com um pouco d’água. “Eu te odeio.”


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Notas finais do capítulo

Haha! O que vocês acharam?

Ballet, câimbras, mamãe orgulhosa...

Espero pelos reviews!