Talking To The Moon escrita por juliamoura


Capítulo 3
Adeus português, hello english!


Notas iniciais do capítulo

Como eu disse, eu mudei de Londres para Atlanta, pra deixar as coisas mais "fácies", se é que você me entendem...
Talvez o Justin apareça no próximo capítulo, mas é apenas >talvez



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/137750/chapter/3

(Capítulo anterior)

“- Pronto, agora é vamos mesmo! – Disse e veio do meu lado.

– Tô precisando de um banho! – Ri.

– É, eu também.”


– Chegamos. – Disse e parou o carro na frente da minha casa, onde tudo aconteceu...

– É... – Fechei meus olhos.

– Tem certeza que quer mesmo fazer isso? – Perguntou apreensivo, esperando um não.

– Quero sim. – Saí do carro.

– Se for assim eu vou junto. – Suspirei, ele não iria me deixar ir sozinha.

– Então vamos...

Saiu do carro e fomos até a porta, ela tava fechada mas não trancada. Lá dentro no piso de baixo estava tudo em perfeito estado. Fui subindo as escadas e as imagens dele me agredindo e me abusando soavam como um pesadelo, tentei segurar o choro. Ao mesmo tempo em que eu estava feliz por meu pesadelo ter acabado, eu estava um caco por dentro. Ela poderia estar aqui comigo agora, não poderia? Mas tudo bem, ela vai sempre estar comigo, de uma forma diferente, mas vai.

Abri a porta do meu quarto e tudo estava de perfeita forma, sem sangue, sem cacos no chão, sem nada. Olhei pro chão, onde ele fez aquela crueldade, e não deu para segurar. Me sentei no chão e passei as mãos como se fosse ela, ainda chorando. Meu pai ficou na porta observando. Eu estava chorando de saudade e de alívio. Nós duas nos livramos daquele monstro.

Levantei-me e peguei um porta-retrato nosso que eu tinha do lado da cama, fui no seu quarto e peguei um casaco dela e o abracei. Andei até a cômoda e peguei seu colar preferido, de agora em diante ele será meu.

– Pronto, agora podemos ir. – Sorri para John que me olhava sem ter o que dizer.

– Eu nem sei o que dizer, Nicolle. – Falou fraco.

– Não diga nada, só fique aqui comigo, pai. – Sorri, ele me abraçou. – Obrigada pai. Mesmo estando nesse momento me sinto feliz de te ter perto de mim. – Lhe dei um beijo estralado no rosto. Descemos a escada em silêncio, na verdade nem tinha mais o que dizer sobre tudo aquilo.

Chegamos à porta da sala e ele saiu, eu fiquei por alguns minutos olhando tudo aquilo como um adeus.

– Ei Nic, vamos. – Ele já estava com o carro ligado.

– Adeus. – Sussurrei e tranquei a porta. Fui caminhando até o carro com o porta-retrato em mãos e seu casaco. Entrei no carro com os olhos inchados.

– Devo estar horrível. – Ri fraco.

– Você é linda, filha. – Sorriu e passou sua mão no meu rosto o acariciando, fechei meus olhos.

– Pai... – Fiz uma voz fofa pigarreando, iria lhe pedir algo. Fez um sinal com a cabeça para eu continuar. – Posso te pedir uma ultima coisa? – Olhei apreensiva.

– Claro – Sorriu. – O que é? – Perguntou gentilmente.

– Me leva ver o túmulo da mamãe? – Me olhou desaprovando. – Por favor... – Insisti e ele suspirou.

– Tá bom, mas eu não tenho certeza se o corpo já está la...  

– Tudo bem, não custa tentar. – Coloquei minha cabeça no vidro da janela e abracei forte seu casaco, segurei o meu colar, o que eu ia dar a ela. 

O caminho foi silencioso, até que ele parou o carro.

– Chegamos... – Saiu do carro e eu o acompanhei. – Tem certeza? – Perguntou apreensivo.

– Absoluta. – Fomos caminhando até o túmulo, mas ele ficou um pouco distante de mim, me deixando ficar um tempo sozinha lá. Me agachei nele e não pude impedir de chorar.

– Mãe, isso aqui é pra você. – Sorri, tirei o colar do meu pescoço que ganhei dela aos meus cinco anos e coloquei sobre o túmulo. – Agora você está junto com a vovó. – Fiquei em silêncio. - Nós conseguimos. – Sorri. – Ele foi preso. – Fiquei em silêncio por um tempo de novo. – Obrigada por tudo, mãe. – Fechei meus olhos e comecei a chorar um pouco mais forte. – Você não imagina a falta que você me faz... – Limpei algumas lágrimas. – Eu te amo muito. – Me levantei, era melhor ir. Meu pai sorriu bobo, não entendi.

– O que foi? – Perguntei, limpando as lágrimas.

– Sua mãe era linda e você é muito parecida com ela. – Sorri fraco.

Já mencionei que ser comparada com ela era ótimo?

– Sim, ela era... – Desfiz o sorriso devagar e saímos de lá. Entramos no carro de novo.

O caminho foi normal, sem nada de importante. O silêncio estava ficando chato, melhor ligar o rádio. Começou a tocar That Should Be Me, do cantor Justin Bieber. Ok, esse música era linda e muito triste, melhor mudar.

– Pode deixar, eu não me importo. – Não entendi, mas fiz o que ele falou.

– Tá bom. – Sorri.

– Não sou como os outros pais que ficam falando que o Bieber é gay, pode ficar tranqüila. – Ri desentendida, não estava entendendo o porquê daquele assunto do nada.

– Mas o que eu tenho a ver com isso? – Perguntei rindo.

– Pode falar que é uma Belieber, eu não ligo. Não sou um pai cafona.

– Uma o quê? – Ri.

– Vai dizer que não sabe? – Perguntou confuso e com a sobrancelha direita levantada, desconfiando.

– Não sei! – Ri da sua cara. – Me explique direito, talvez eu saiba se é para comer, beber, ou dormir. – Debochei brincando.

– É o nome das fãs do Justin Bieber. – Ah sim, o carinha de cabelinho jogado pro lado, gatinho.

– Ah sim, o carinha de cabelinho jogado pro lado que é gatinho. – Repeti meus pensamentos.

– Ele mesmo. – Engraçado, meu pai está me contando sobre as novidades do mundo. Sorri, era engraçado isso. Chegamos no hotel e que hotel, hein! – Mas é sério que você não é uma? – Saímos do carro, ele parecia inconformado, eu ri.

– Não sou pai, eu nem sabia que as fãs dele se chamam assim. – Sorri ainda da sua cara de espanto.

– Uau... Mas ok. – Entramos e ele foi pra recepção, enquanto eu observava o “hotelzinho”.

Fiquei abobada com aquele lugar, era muito, muito chique. Nunca na minha vida que eu achei que iria entrar num desses, mas tudo bem...

– C’mon, baby! – Riu, o acompanhei. – Vem cá, você fala inglês? – Perguntou e entramos no elevador.

– Mas que pergunta mais tonta, né senhor John?! – Ri. – Claro que eu falo, achou mesmo que eu iria pra Atlanta sem falar? – Levantei minha sobrancelha direita.

– Então tá, senhorita Sabe-Tudo. – Chegamos ao nosso andar, acho que era o décimo sexto, I don’t know.

– Seu quarto é o 321, o meu é o 322 e o da Mary é o 323. Vá, tome um banho que eu vou comprar uma pizza. – Me deu um beijo na testa. – Venha no meu quarto quando terminar. – Sorriu e virou as costas. Fiz o mesmo e entrei no meu quarto.

O quarto era gigante! Tipo, dá quase minha casa inteira. Ou melhor, minha ex casa.

Ei, o que é aquilo ali no quanto? Minhas malas? Mas como? Abri-as para ver, e sim, eram minhas roupas e minhas coisas. Como veio parar aqui? John, John...

Não liguei muito pra isso, acho que como nós vamos ir amanhã mesmo para os Estados Unidos, ele pediu pra alguém ir arrumar. Bom, preciso de um banho.

Peguei um shorts larguinho, uma regatinha rosa bebê com um laço de renda preto e fui pro banheiro. Me despi e deixei a água cair aos poucos no meu corpo, já que ele estava dolorido. Olhei rapidamente pro meu corpo e vi roxos...

Isso acabou, Nicolle, acabou. Esquece isso.

Desliguei o chuveiro e fui me trocar. Deixei meu cabelo liso solto, coloquei a roupa e peguei um chinelinho qualquer. Acho que estaria apropriado para ir comer uma pizza no quarto do meu pai. Pai, essa palavra soa tão bem para mim.

Saí do quarto e fechei a porta, fui ao quarto do meu pai e ouvi risadas, deveria ser Mary. Bati na porta, ela veio atender.

– Oi! – Ela disse com um sorriso imenso no rosto, em inglês. – Sou a Mary. – Nos cumprimentados com beijo no rosto.

– É, eu sei. – Ri e olhei pro John como "sim, ele me falou muito de você", que me lançou um olhar. – Sou a Nicolle – Sorri e entrei no quarto. Senti aquele cheirinho bom... – Pizza! – Meus olhos brilharam ao olhar pra mesa, corri até ela.

– Nã-ná-ni-ná-não! – Desaprovou me vendo pegar a pizza com a mão. – Você lavou suas mãos primeiro, mocinha? – Ri.

Começamos a falar em inglês, precisava me acostumar, de agora em diante seria assim.

– Na boa pai, eu tenho 17 anos, não preciso mais disso. – Mordi minha pizza quatro queijos deliciosa.

Mary riu com a minha cara de boba. Tava muito boa, cara.

– Tem dezessete anos, mas eu ainda sou seu pai. – Olhou bravo pra mim.

– E eu sei me cuidar sozinha também, como eu sempre me cuidei. – Respondi dando lhe a entender que aquilo era desnecessário. Ele ficou quieto.

– Liga não, Nicolle. – Mary tentou desconversar. – Ele é assim mesmo. – Piscou pra mim e veio me acompanhar. – Com o tempo ele acostuma. – Pegou um pedaço de pizza também.


-   -   -

– (...) Depois disso eu nunca mais toquei piano. – Terminei de contar minha história, pelo menos tentei.

Nós comemos e ficamos conversando. Descobri muitas coisas sobre o John, tipo que ele morre de medo de cobras. Mary quem contou! Eles também descobriram muitas coisas sobre mim, na verdade, quem mais falou fui eu.

Eu percebi logo de cara que a Mary era caídassa pelo meu pai, dava para ver em seus olhos isso, não sei como eles não estão juntos! Eles se gostam e vai muito além de amor de amigos de profissão, já que Mary é a tantos anos secretária dele. Mas deixa comigo isso!

– Acho melhor irmos dormir. – Falei. Achei melhor eu sair de lá, deixar eles conversarem sozinhos, e sem contar que eu preciso descansar também. Eles só concordaram e se levantaram junto comigo.

Dei um beijo em cada um e um abraço bem forte no meu pai, como agradecimento de tudo. Era o mínimo que eu poderia fazer depois de tudo isso que ele está fazendo por mim.

Cheguei ao meu quarto e baguncei minha mala a procura de um pijama, o vesti meio rápido e sai na mini sacada que tinha no apartamento. O céu estava lindo, as estrelas brilhavam como nunca! Tinha uma que mais me chamou atenção, a que brilhou mais forte, perto da lua cheia. Deveria ser minha mãe sorrindo para mim.

– Dona Sarah, como você me faz falta... – Murmurei para mim mesma. – Boa noite, mãe. – Sorri e fechei a cortina. Depois disso só lembro de ter caído na cama e dormido feito neném.





Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Desculpa qualquer erro, sério! e eu amo quando vocês deixam reviews , viu? D: Me digam o que acharam ;)Beijos, até o próximo. :*
Ps.:Gente, eu sei que vocês não devem fazer idéia de quem é Mary, né? Enfim, eu achei que tinha colocado aí, mas eu devo ter apagado, não sei... Ela é a secretária de muitos anos e amiga também do John, e eles são apaixonados um pelo outro mas não sabem, entenderam?
É só isso mesmo, haha