Talking To The Moon escrita por juliamoura


Capítulo 26
Don't you worry, cuz everything's gonna be alright


Notas iniciais do capítulo

Oi, oi, oi! Não demorei pra voltar! Ai gente, acho que eu nem tenho mais cara pra vir aqui depois de tooodo esse tempo sem postar, desculpa mesmo! Se eu soubesse que esse tanto de gente tava sentindo falta, não tinha parado, juro!
Me desculpem mais uma vez :( e pra recompensar fiz um capitulo maiorzinho! Espero que vocês gostem :)



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(Capítulo anterior)

“– É PIQUE, É PIQUE É PIQUE É PIQUE! É HORA, É HORA É HORA! RÁ, TIM BUM, NICOLLE, NICOLLE, NICOLLEEE!! – E surgiu um bolo gi-gan-te na minha frente cheio de velinhas.

– Gente, vocês não existem! – Ri, assoprando as velas.”


“Hoje foi um dos melhores dias da minha vida, mamãe. Conheci uma das minhas cantoras favoritas, sim, aquela dos cachinhos cor de ouro como você a chamava, ela mesma! E ela cantou só pra mim mãe, na minha festa! Sim, minha festa de aniversário! A primeira que eu tive até hoje, a festa que você sempre sonhou em me dar. Eles estavam planejando havia meses e conseguiram me esconder todo esse tempo, acredita? Todos os segredos que eles tinham era sobre essa festa! E tem mais uma ultima coisa... Agora estou oficialmente comprometida. Sim, estou usando uma aliança de namoro. Agora mais do que nunca sabemos que é sério e pra valer, sinto como se agora fosse de verdade. Foi tudo perfeito, como sempre sonhamos, mamãe, absolutamente todos os detalhes foram perfeitos, os que eu até poderia descrever pra você agora, mas acho que não será necessário já que eu senti sua presença lá do meu lado. Acho que o melhor presente de todos ontem foi sentir você de novo tão perto de mim. Obrigada por isso. Mas agora eu preciso parar de escrever, porque agora eu sou oficialmente uma menina cheia de responsabilidades. Dezoito anos não é para qualquer um, como disse Kenny. E ah! Você amaria conhece-lo, alias, você amaria todos. Eles são meus presente, assim como você é para mim. E voltando a mim... Já imagino o que estaria dizendo agora se estivesse aqui: “Meu bebê cresceu, virou uma mulher!”. Pois é, mãe, pra você ver como o tempo passa e passa depressa demais. Mas eu sempre vou ser seu bebê, assim como você sempre vai ser meu anjo, agora com asas... Te amo infinitamente, meu anjo.” – Fechei o diário e fui me deitar depois desse dia totalmente surreal, precisaria estar descansada porque amanhã seria um dia de muita decisões sobre minha carreira profissional.

Finalmente as coisas estão se encaixando, que permaneça assim, porque não tenho o que reclamar. Está tudo muito bom pra mim, nem parece minha vida de anos atrás.


-  -  -

Meses depois...

Nicolle's POV

– Eu tô sentindo tanto sua falta, amor... – Pigarreou do outro lado do telefone.

– Tô quase descendo do avião, mô! – Ri e tratei de me apressar, não via a hora de ver ele também.

– Eu tô aqui no aeroporto te esperando.

– Você é doido? – Ri. – Deve estar cheio de fotógrafos aí.

– Com certeza são todos pra fotografar a mais nova modelo Nicolle Campbell. - Riu abafado.

– Eu nem tô reconhecida ainda, Justin. – Ri junto.

– Ainda não, mas vai ficar. – Pausou. - Coitado de mim com esses bando de homens que vão ficar em cima de você. – Fui saindo e o avistei de longe revirando os olhos e fazendo uma careta bufando.

– Só que você sabe que o único homem que me importa é você. – Ele me achou e sorriu. Fui apressando os passos até ele e ele até mim, senti os flashes começarem. – Saudade do seu abraço. – O abracei, mas o que eu queria mesmo era beijar ele. Ficamos abraçados por um tempo e ele me levantou um pouquinho do chão, como de costume. Ri fraco.

– Saudade dos seus beijos. – Me roubou um selinho rápido, dando um sorriso de canto depois. Sabíamos que era tudo o que podíamos fazer diante daquele bando de gente nos fotografando e filmando, tirando as fãs dele que estavam por lá, que por mais que nos apoiassem, sempre havia umas que ainda não gostavam muito e nós as respeitávamos. Mas eu até que as entendo, o Justin é o sonho de qualquer menina do mundo, qualquer uma gostaria de tê-lo só pra ela. Mas elas o tem por demais, ele é maluco por todas elas! É muito fofo de ver. – Em casa nós continuamos. - Sussurrou no meu ouvido e foi pegando algumas das minhas malas, fomos indo em direção à saída com os seguranças de lá nos acompanhando, também como de costume.

– Justin, Justin!! – Ouvi um coral de umas 10 meninas gritando logo que saímos. – Por favor, eu te amo, só uma foto!! – Ele me olhou e eu sorri dando sinal que era pra ele ir e fiquei o esperando.

– Não, nós queremos uma foto com você também Nicolle! Venha! – Outra garota falou e as outras concordaram. Fiquei surpresa, não esperava.

– Claro! – Sorri e fui indo ao encontro deles.

– Tira uma foto dela conosco, Justin? – Uma loira perguntou. Arregalei os olhos, geralmente seria ao contrário, né?! Justin riu achando fofo e tirou umas fotos, depois peguei e tirei deles com o celular dele, como ele pediu.

Fiquei conversando com elas enquanto ele ia com os seguranças pegar o carro, pelo fato de muitos paparazzi terem chegado. Meu coração se parte de ver o semblante do rosto dele quando tem muito deles em cima da gente, ele realmente fica muito chateado, por ele e por mim. Ele tenta me poupar, mas eu sei das consequências e não me importo, só me importo com ele. Esses caras deveriam pelo menos respeitar o espaço dele. Tudo bem terem o trabalho deles, mas com consciência e limites!

– Você é tão simpática! No começo eu tinha uma visão totalmente ruim de você, mas com o tempo vi que não era nada disso.

– Fico muito feliz em ouvir isso, já ouvi muitas coisas ruins, mas eu tento entender. – Sorri gentilmente.

– Não liga, é ciúmes bobo e tudo o que elas queriam era estar no seu lugar. - Outra falou e  outra pequena concordou.

– Eu queria muito ser você, além de linda ainda namora o Justin Bieber! - A pequenininha falou com uma cara alvoroçada e eu ri, ela deveria ter no máximo uns 8 aninhos, uma linda!

– Você que é linda, princesa. Tenho até medo dele me trocar por você! - Falei rindo e ela olhou com uma cara de "será mesmo?!" e as meninas riram.

– Isso vai ter em todo lugar, tenta não se importar, você o faz feliz e isso é o que importa. - A mais velha falou sorrindo. 

- E Jic é aceito na maioria de nós! – A loira falou e elas concordaram.

– Jic? – Ri, era um apelido meio diferente, mas fofo ao mesmo tempo. – Que fofas vocês!

– Ai, ele está voltando, é o carro dele!! – Uma delas falou e elas ficaram afobadas. Ele parou o carro perto de nós e abaixou o vidro.

– Vejo vocês mais tarde no twitter, vou postar nossas fotos e sigo as que eu ainda não sigo. – Sorriu. - E vocês são todas lindas. Amo vocês. – Piscou e elas deram aqueles gritinhos básicos. Entrei no carro e o olhei sorrindo.

– Elas gostam de mim.

– E como não gostariam? – Pegou na minha mão e a beijou, eu sorri de leve e fiquei o olhando. – Muito cansada, amor? – Voltou a atenção para o transito.

– Um pouco, foi corrido. – Respirei fundo. – E você, como está?

– Morrendo de vontade de te beijar. – Me olhou mordendo os lábios e sorrindo, pena que estava dirigindo.

– Eu também tô. – O olhei.

– Eu paro o carro aqui, agora. Quer? – Foi passando na frente dos carros pra tentar estacionar rápido.

– Justin! – Gritei quando quase batemos em um. – Cuidado, seu barbeiro! – Ri. – Não precisa, lá na sua casa a gente fica a noite inteira juntos se você quiser. - Ele me olhou torto, abaixei a cabeça corada, fico sem graça quando ele leva essas coisas em segundas intenções.


Justin's POV

– Nós estamos precisando de um tempo só pra nós, não acha? – Falei como quem não queria nada, aproveitando a brexinha que ela sem querer deu. Na verdade já estava tudo planejado na minha cabeça, só precisava saber o que ela achava pra por em prática.

– Sim, amor. – Ela apenas concordou.

– Eu estava pensando em um lugar calmo, que ficasse no interior de preferencia, sem ninguém pra nos atrapalhar. – A olhei e ela foi concordando com a cabeça. - Que tal uma casa no campo por uns dias? Meu aniversário tá quase chegando mesmo... O que você acha? – A olhei sorrindo, tentando entender as feições dela. Ao mesmo tempo em que ela parecia concordar sorrindo, parecia que estava apreensiva com alguma coisa. Será que ela não gostou?

– Adoro cheiro de grama molhada de manhã! – Sorri mais aliviado. Chegamos em casa, estávamos a sós.

– Ué, cadê todo mundo? – Ela ficou olhando em volta e deixei suas malas no chão.

– Minha mãe saiu, só volta mais tarde. – A encarei, finalmente a puxando para mim. Selei nossos lábios em um selinho cumprido, depois pedi passagem e a beijei enfim. Mas não era só beijo que eu queria, eu precisava de mais. Precisava dela por completo, só pra mim. Ela me fazia entontecer só com um beijo... Faz tempo que eu tô resistindo com isso porque eu respeitava nosso tempo, mas depois de todo esse tempo longe... Eu não respondo pelos meus atos mais.


Nicolle's POV

– Ué, cadê todo mundo? – Perguntei pensativa, olhando em volta. Na verdade eu estava muito pensativa mesmo. Uma hora eu vou ter que contar toda a história pra ele, ele merece saber, porquê, além de meu namorado, ele é meu amigo também. É que ainda é meio ruim tocar nesse assunto, tenho traumas, meio que travo, sinto vergonha... Não sei bem dizer, mas está na hora dele saber.

– Minha mãe saiu, só volta mais tarde. – Falou e me encarou forte, e num puxão estava em seu braços o beijando. Saudades dos lábios macios dele...

Fui percebendo o beijo saindo do controle. Ele me deixava plenamente desorientada. As mãos dele da minha cintura tinham subido, assim como minha blusa foi subindo devagar junto à elas. Senti sua mão quente se encostando à minha barriga gelada, me arrepiei. Ele sem parar de me beijar, me encostou no sofá forte e foi descendo beijando meu pescoço, nossos corpos estavam tão juntos que formávamos só um. Mas eu não sei se conseguiria agora. Eu o amo muito, desejo ele da mesma maneira que sou desejada, mas minhas pernas ainda bambeiam só de pensar em alguém fazendo qualquer coisa assim comigo, por mais que seja diferente.

Olhei em volta tentando arrumar uma desculpa e lembrei de um book que tinha feito que tinha ficado pronto.

– Amor.. – Desgrudei ele devagar do meu pescoço e o afastei, ouvi pelo peso da sua respiração que ele não ficou contente. Eu não sabia simplesmente dizer “não”, até porque eu também queria, mas algumas coisas me bloqueavam, então parei, não era ainda minha hora. – Deixa eu te mostrar meu ultimo book, recebi muitos elogios! – Estava tentando disfarçar que nem ali, nem naquele momento, era a hora certa pra mim e qualquer otário perceberia minha péssima atuação, obviamente que ele também percebeu.

– Ah.. agora? – Me puxou novamente pra ele e me deu selinhos.

– Não tá querendo mais me ver? – Fiz carinha de triste pra tentar aliviar.

– Não! – Se corrigiu rápido. - É que..

– Então olha! – O interrompi no meio do que ia falar, sorrindo. Eu não queria ouvir. Me entenda amor, por favor.

Justin's POV

Ela provavelmente não estava querendo que eu fosse mais além. Nunca tocávamos nesse assunto, sempre que tentava ela cortava na hora, não sabia se ela ficava incomodada com o assunto por ser virgem ou se era porque ela não queria... É difícil de decifrar ela. Algumas atitudes dela davam um ar que ela não era mais, por isso não achei nada demais tentar, afinal estamos a um tempo namorando e depois desse tempo todo longe um do outro, pensei que seria normal. Mas depois disso, provavelmente ela ainda é virgem. Vou respeitar o momento dela e esperar até que ela me fale, mesmo eu querendo muito. Muito mesmo.

 – Linda – Desconversei, falando da primeira foto. Só que na verdade ela estava linda em todas fotos mesmo. Ela é linda, na verdade.

(algumas das fotos: [1] [2] [3] [4] [5])


Nicolle's POV

– Piano novo? - Olhei por um momento do outro lado da sala e vi um piano branco de calda maravilhoso lá. Apaguei por fim o silêncio da sala, ele tinha ficado quieto depois que o cortei daquela forma. - Tantos anos que não vejo um...

 – Ah, é. – Desviou os olhos das fotos e respondeu. – Eu gosto de tocar às vezes quando tô sem nada pra fazer. – Falou fechando o book. – Muito tempo?

 – Sim, bastante. - Ri fraca. - É que eu tocava também. – Fiquei encarando o piano sorrindo, me fazia lembrar minha avó.

 – Eu não sabia disso. – Veio vindo perto de mim, me olhando fofo. – Tem mais alguma coisa que eu não saiba a seu respeito? – Fez um ar de dúvida sorrindo. Eu só ri fraca de novo como resposta, tinha tantas coisas que ele ainda tinha que saber a meu respeito...

 Fui até lá e o abri. Toquei um dó maior. Quando vi, estava tocando algumas notas.

 – Ele me faz lembrar minha avó. – Falei sem tirar os olhos das notas. - Na verdade, foi ela quem me ensinou a tocar. – Me sentei. - Mas depois que ela faleceu, eu nunca mais voltei a tocar. – Ele estava encostado no piano me olhando atento. Coloquei as mãos do modo certo por cima das teclas.

 – E faz tempo que não toca? – Puxou um banquinho e se sentou perto de mim, como se estivesse me assistindo.

 – Quase 10 anos. – Arqueou as sobrancelhas visivelmente surpreso.

 – Mas acho que você ainda consegue. – Sorriu me encorajando.

 – Será? – Sorri, colocando o pé no pedal. - Faz muito tempo. - Ele apenas concordou com a cabeça.

 Comecei, e não sei como, consegui tocar. Passou tanto tempo e eu não devia nem me lembrar mais como colocava sequer as mãos sobre o piano, só que por surpresa eu me lembrei justamente da música favorita da minha mãe. Ela sempre cantava comigo enquanto eu tocava pra ela. Quando percebi, estava cantando como se fosse há 10 anos atrás com ela do meu lado me ouvindo e cantando comigo. 

 Nunca me senti confortável para cantar na frente de ninguém, somente do lado dela e da vovó, mas na frente do Justin eu me sentia bem.


(n/a: vamos fingir que essa voz é da nic http://youtu.be/nHIOaJslmpY )

Justin's POV

 Ela terminou de cantar e veio me abraçar enquanto chorava. Eu fiquei alguns segundos calado, estava sem saber o que falar diante daquilo tudo. Ela cantou perfeitamente bem e transpôs toda emoção dela pra música, tinha ficado sem ter o que dizer de verdade.

 – Agora além de modelo, eu tenho uma namorada que toca piano e canta melhor do que eu. – Falei pra fazer ela rir. Funcionou em termos. – Não chora, amor... – Passei a mão debaixo dos olhos dela tentando limpar logo que ela voltou a se sentar. Ela estava chorando igual bebê, tinha até começado a me arrepender de ter pedido pra ela tocar.

 – É que essa música me faz lembrar muito minha mãe. – Ela voltou a deitar no meu colo, segurando meu ombro forte. Ficamos em silêncio, era difícil falar qualquer coisa quando se tinha haver com a mãe dela. 


Nicolle's POV

 Fiquei deitada no abraço dele, chorando. Ele ficou acariciando meu cabelo, mas me deixou quieta, respeitando meu momento. Era tão bom ter ele ali me confortando, pra ficar junto comigo. Quero ficar com ele pra sempre.

 – Justin... – O chamei fraco.

 – Fala, princesa.

 – Lembra que você perguntou se tinha mais alguma coisa sobre mim que você ainda não sabia?

 – Sei... – Falou e deu continuidade pra eu terminar.

 – Pois tem muitas coisas ainda. – Me sente certa agora pra valer, limpado o rosto e respirando levemente fundo. - Mas a história é longa..

 – Tenho a noite inteira pra te ouvir. – Sorriu. – Mas se não quiser contar, tudo bem, eu entendo.

 – Não, uma hora você ia precisar saber mesmo... – Balancei a cabeça e ele ficou me olhando tentando entender. – Bom... - Respirei fundo. - Quando eu tinha 8 anos de idade minha avó faleceu com problemas no coração. Minha família era só ela e minha mãe, a gente se virava com algumas costuras dela e minha mãe trabalhava fora para sustentar a casa. Quando ela faleceu, minha mãe ficou desestruturada, tanto financeiramente como psicologicamente também. Vovó era como a base da gente e sem ela minha mãe não sabia muito bem por onde recomeçar, principalmente comigo pequenininha. Foi aí que ela conheceu Marcos...

 – Marcos? Aquele Marcos? – Me interrompeu perguntando rápido e ficou me encarando com suas feições mudadas.

 – Sim, ele mesmo. – O olhei fraca, vi que ele estava cheio de perguntas para fazer, mas me deixou terminar. – Desde a primeira vez que o vi, senti algo estranho, um arrepio na alma. Mas na inocência de garota, qualquer agrado te fazia mudar de ideia. Passou-se algumas semanas que eles começaram a namorar e ele praticamente estava morando em casa, dando a desculpa que estava com problemas na casa dele e que não dava pra ficar lá. Como minha mãe trabalhava o dia inteiro e ele não tinha emprego certo, ficava somente eu e ele em casa quando eu voltava da escola. – Comecei a engolir em seco e a vontade de chorar estava voltando. – Sempre tinha a sensação que alguma coisa me observava enquanto tomava banho, enquanto dormia ou quando fazia qualquer coisa sozinha, ele sempre olhou diferente para mim. Foi aí que aconteceu o primeiro abuso sexual. – Já estava começando a ficar difícil de falar, minhas mãos estavam um pouco tremulas e minha voz falha. Ele me olhou sem ação. – Eu tinha deixado a porta do banheiro sem trancar enquanto tomava banho uma vez e não sabia que minha mãe não estava em casa, até que ele entrou no banheiro sem me avisar, dando a desculpa que queria muito usar o banheiro, trancou a porta e simplesmente foi abaixando a calça sem me deixar fazer qualquer ação, a não ser de pegar a toalha e me cobrir com vergonha. Só que ele mirou em mim... – Justin estava com uma feição séria e em seus olhos eu percebia o quanto estava assustado com aquilo e também estava visivelmente bravo, eu não sei decifrar. Mas não falou nada, só segurou minha mão.  – Sabe? Eu era tão novinha, eu não sabia nada daquilo. - Solucei baixo. - Ele me machucava, me fazia sangrar e me fazia fazer coisas que eu não queria fazer. Só de lembrar do peso dele em cima de mim, meu corpo arrepia. - Senti Justin vindo me abraçar quando eu comecei a chorar e não consegui mais falar.

 – Não precisar continuar, chega, tá te machucando muito. – Falou num tom fraco.

 – Não, eu preciso terminar, ainda tem muitas coisas. – Então me soltou e ficou me olhando não concordando, mas era melhor eu me abrir inteira para ele. Me recuperei um pouco e continuei. – Não foi só uma vez, e ele ainda dizia que se eu falasse qualquer coisa pra alguém, minha mãe morria na mesma hora. - Minhas mãos estavam super tremulas, odeio me sentir assim. - Eu não sabia o que fazer, eu tinha 8 anos e pra uma criança pensar na possibilidade da mãe morrer só porque ela estava se machucando... Eu não conseguia nem pensar, ela era tudo pra mim, não sabia o que fazer. Eu era fraca. – Abaixei a cabeça. – Depois disso eu só fui piorando na escola, minhas notas eram excelentes antes disso. Era uma menina alegre e brincava com todo mundo. Depois fui perdendo meus amigos, não conseguia me relacionar com mais ninguém, qualquer pessoa que se aproximava de mim eu achava que ela já estava querendo fazer alguma coisa contra mim... Era muito horrível, me sentia sozinha e diferente das outras meninas. Eu perdi a confiança no mundo, ninguém era seguro para mim. - O olhei fraca. - Mas aos meus 12 anos isso foi piorando, porque ele começou a beber e, além de me abusar, me batia. E batia na minha mãe. Era desesperador ela querer fazer alguma coisa e ele a ameaçar da mesma forma que fazia comigo. Ela era fraca, assim como eu. Nós duas tínhamos muito medo de perder uma a outra porque eu só tinha ela e ela a mim. Acho que eu só não desisti porque eu ainda tinha esperança de um dia aquele inferno acabar e eu poder viver bem longe dele com a minha mãe. Só que isso não aconteceu. – Abaixei o olhar e minha voz ficou fraca. - Quatro meses antes de te conhecer, ele tinha sumido de casa por uns dias e eu tinha acreditado fielmente que ele tinha morrido ou algo do tipo. Era um alívio para minha mãe e eu. Estava sozinha em casa como de costume. Tinha acabado de sair do banho e ouvi um barulho lá fora. Tinha certeza que era ele, tranquei meu quarto e depois me tranquei dentro do banheiro e fiquei quieta. Mas a psicopatia daquele monstro era tão extrema que ele tinha cópia de todas as chaves de casa e abriu meu quarto, depois quebrou a porta do banheiro e foi como da primeira vez. Mas eu já tinha cansado. Pra quê que eu iria continuar com aquilo? Eu já tinha perdido a esperança de um dia conseguir ser feliz novamente, sem ter alguma coisa que bloqueasse isso. Sem contar que na escola eu virei motivo de zoação porque não quis transar com um garoto que chegou quase a me forçar também; no bairro eu era a diferente. Eu não tinha amigos, não tinha ninguém. Então... Eu me perguntava, pra quê? – Ele só me olhava sem ter o que dizer, mas o olhar dele me dizia tanta coisa. - Daí que eu tomei a decisão de tentar me matar. – Agora a boca dele se abriu um pouco e ele pareceu perplexo. – Eu estava disposta a tomar quantos remédios fossem necessários, tentei até romper com algumas veias. Mas minha mãe chegou bem na hora e quis me levar pro hospital, na mesma hora em que Marcos voltou com uma faca na mão. Uma das duas iria morrer naquele dia, e eu o vi a matando, foi exatamente na minha frente.

 Respirei fundo terminando, acho que não ia conseguir falar mais nada. Eu estava tremendo, estava meio atordoada, eu.. Eu nunca tinha contado a história assim pra ninguém. O máximo que sabiam era por cima.

 – Eu nem sei o que falar, Nic... – Me olhou com cara de “eu sinto muito...” e apertou forte minhas mãos.

 – Não precisa falar nada, só fica aqui comigo. – O puxei pra perto de mim e me afundei nele.

 – Eu sempre vou estar com você. – Segurou meu rosto e me beijou. - E ninguém nunca mais vai te machucar. – Voltou a segurar minhas mãos. – Não se depender de mim. – Entrelaçou nossos dedos. – E... Desculpa por ter tentando aquela hora, eu te juro que eu não sabia, não queria te fazer nada de mal.. – Falou um pouco envergonhado.

 – Não precisa se desculpar, eu que devia ter te contado antes, mas eu nunca tive coragem. Eu nunca falei sobre isso com ninguém, ainda me dói muito relembrar tudo.

 – Então para de pensar, esquece isso. Você não precisa mais se machucar por causa de um cara louco que já deve estar morto.

 – Mas ele não está. – Falei séria, ele franziu o cenho. – Aquele cara do Ano Novo era ele. - Fez uma cara difícil de descrever.

 – O quê? - Gritou incrédulo. - Como? Ele não deveria estar no Brasil então?

 – Ele fugiu, ele mesmo falou no carro aquele dia. – Ele me olhava chocado com tudo aquilo. - O importante agora é que ele esteja preso e longe de nós. – Pausei. - Ele ameaçou te matar aquela vez, eu fiquei com tanto medo de te perder, amor... – As lágrimas voltaram a escorrer de novo. – Não aguentaria perder mais ninguém, muito menos você.

 – Não vai me perder. – Me beijou novamente. – Eu também fiquei com muito medo de te perder aquele dia, lá eu me dei conta que te amava de verdade. – Fechei os olhos suavemente enquanto ele falava e passava as mãos no meu rosto. - Nunca mais pense em se matar. - O olhei e ele estava me olhando profundamente, concordei. Foi só coisa do momento, eu geralmente não penso em me matar toda hora, aprendi a ser forte com o tempo.

 – Você me esperaria? – O olhei nos olhos meio receosa com a resposta. Ele sorriu de leve.

 – Eu te espero o tempo que for preciso. – Beijou minha testa, depois me colocou deitada no seu peitoral e ficou brincando com a minha orelha.

 – You know that I care for you, I'll always be there for you, I promise I will stay right here… – Começou a cantar baixinho. - I know that you want me too, baby, we can make it through anything… Cause everything's gonna be alright, be alright… – O olhei sorrindo, depois fiquei ouvindo as batidas do seu coração. Estavam calmas e leves, exatamente como eu estava me sentindo agora. Calma e leve, nos braços dele. Como eu sempre quero ficar.


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Notas finais do capítulo

E aí, gostaram? Ai, espero muito que sim! Deixem reviews se puderem, eu adoro! Obrigada por continuarem ler mesmo depois de todo aquele tempo, desculpa de verdade :(



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