Meus últimos dias de férias foram bem movimentados junto com John e Louis. Jogamos vídeo game, saímos para encontrar alguns colegas na nossa lanchonete preferida e até arriscamos andar de skate com uns garotos da nossa turma.

Laura e Norah faziam cara feia toda vez que me viam, mas eu não ligava para isto. O que me deixava preocupado é que eu tinha certeza que elas contariam a Milla tudo o que tinha acontecido na boate na versão delas, ou seja: inventando fatos e aumentando o que realmente existiu.

Não me sentia culpado por nada que eu tenha feito, até por que não tinha feito nada de errado, mas Milla é a minha namorada e não gostaria que ela soubesse uma versão distorcida dos fatos. Por esta razão, resolvi ligar para ele e contar que Bella tinha estado na boate e que nós tínhamos nos encontrado e conversado um pouco.

Milla foi bem tranqüila quanto a isto e disse que eu tinha direito de conversar com quem eu quisesse, o que me deixou surpreso.

Ela estava realmente mudando, e eu estava muito feliz com isto.

O mês de julho chegou e as aulas começaram. Agora já estava no ultimo ano de colégio, o que era ao mesmo tempo um alívio e uma preocupação para mim.

O alivio era por que, finalmente estava concluindo o meu ensino básico com ótimas notas, o eu me daria grandes oportunidades e a preocupação se devia a ter que escolher uma profissão e também uma universidade onde estudar, que provavelmente seria bem longe de casa e da minha mãe.

Milla só voltou a Sacramento na véspera das aulas começarem e nós nos encontramos no colégio, em nosso primeiro dia de aula.

Estava sentado em uma mesa no pátio, conversando com os meninos quando ela veio toda saltitante e me deu um beijo na bochecha.

- Oi meu amor! – ela se sentou ao meu lado e me abraçou – Oi meninos!

John e Louis acenaram para ela.

- Estava morta de saudades de você – ela pulou em meu colo, me dando um selinho. – Estava contando os dias para voltar.

Corei envergonhado com sua grande demonstração de afeto. Ainda não estava acostumado com esta nova maneira de ser de Milla, toda despachada e amorosa.

- Também senti – dei um beijo em sua bochecha e a coloquei sentada em seu banco.

Ficamos conversando sobre as nossas férias, enquanto esperávamos as aulas começarem. Minutos depois, as meninas chegaram e nos olharam surpresas, pois Milla estava, mais uma vez, sentada em meu colo.

- Milla! – Norah gritou – Você chegou e nem nos procurou. Que novidade é esta?

Ela me deu um beijinho na bochecha e se levantou, indo para perto das amigas.

- Vim logo matar as saudades do meu namorado, mas já ia procurar você...

- Temos muito o que conversar sobre estas férias – Laura falou e ela e Norah me lançaram um olhar acusador.

Pronto! Era agora que o mundo ia desabar! Elas iam contar a Milla a minha noite na boate.

- Eu também tenho muito a contar a vocês – Milla puxou as duas pela mão e acenou para nós.

- Tchau meu amor, tchau meninos!

Louis e John olharam para mim, curiosos. Eles também sabiam que eu estava encrencado.

...

Passaram-se os primeiros de aulas e como Norah e Laura, aparentemente, não comentaram nada com Milla a respeito de Bella, resolvi esquecer o assunto de uma vez por todas.

Ainda sentia muita falta dela, mas tinha que tirá-la da minha cabeça, pois aquela foi, provavelmente a última vez que eu iria vê-la. Nossas vidas tomariam rumos bem diferentes, ela iria fazer faculdade na Inglaterra e eu ficaria aqui nos Estados Unidos mesmo.

As coisas continuavam tranqüilas e eu estudando cada vez mais, então estava na biblioteca estudando um pouco de Literatura, quando Milla veio ao meu encontro com uma cara de poucos amigos.

- Edward, preciso conversar com você

Levantei os olhos do livro eu estava lendo e sorri para ela.

- Agora?

- Agora sim! – Ela pegou meu livro e fechou. – Não posso esperar nem mais um minuto.

- Hey, eu estava lendo, você não viu? – protestei, puxando o livro da mão dela e guardando em minha mochila.

Ela me olhou com uma cara feia e me puxou pela manga da camisa.

- Agora Edward!

- Espera aí Milla, primeiro me solte – tirei suas mãos da minha roupa – Depois vamos falar como duas pessoas civilizadas.

Me levantei da cadeira e segui para o pátio da escola com Milla logo atrás de mim. Paramos em frente a uma das mesinhas e eu a olhei curioso.

Tinha quase que certeza qual era o assunto que Milla queria tratar comigo e é claro que as línguas felinas de Norah e Laura tinham tudo a ver com isto.

- Agora você pode falar – já estava na defensiva, com os braços cruzados.

Ela soltou um longo suspiro e também cruzou os braços.

- Não tem mais nada que você queira me contar não, Edward? – seu olhar era inquisidor.

Dei um sorrisinho de canto de boca. Sim, o assunto era mais uma vez Bella.

- Sobre o que? – a provoquei – Acho que não tenho nada de importante para te contar.

Ela bufou de raiva e ficou com o rosto todo vermelho.

- Não se faça de desentendido Edward Cullen! – gritou, já agarrando a minha camisa. – Você sabe muito bem do que estou falado.

Mais uma vez, tirei suas mãos de mim.

- Fale baixo e não dê escândalo, por favor – falei pausadamente, reunindo toda a minha calma.

Já estava sem paciência com seus ataques de ciúmes e se ela me fizesse passar vergonha, mais uma vez, ela iria se arrepender.

Ela suspirou e começou a falar mais calma.

- Não adianta mais você esconder de mim... As meninas já me contaram tudo... – ela estreitou o olhar para mim – Só estava esperando a hora certa de tirar esta história a limpo e como você está bem esquisitinho e distante desde que as aulas começaram, isto só confirma o que elas me disseram sobre a noite na boate...

- Milla... – dei um sorriso e ela se afastou ainda mais de mim.

- Não quero mais explicações baratas, Edward... Eu cansei de ter que competir com Isabella Swan por sua atenção.

Precisava saber o que aquelas cobras tinham dito a ela.

- Milla, por favor... Me deixe falar. – pedi.

- Fale então! – ela fez um bico enorme – Só não venha com suas desculpas...

- O que as meninas te falaram? – perguntei – Por que, se você não se lembra, no dia seguinte que estive na boate eu te liguei e contei tudo, inclusive que tinha encontrado com Bella lá.

- Me contou tudo? – voltou a estreitar os olhos – Que eu me lembre, você não me contou que passou a noite inteira dançando com ela, conversando com ela, passeando com ela e muito menos que todos os nossos colegas achavam que você tinha terminado o namoro comigo e estava com ela – Milla gritou a ultima frase.

Dei um riso sem graça, olhando para os lados. Alguns alunos já enchiam o pátio e eu não queria mais um escândalo em público;

- Milla, vamos conversar em outro lugar... – peguei em sua mão – O pátio já está cheio e eu vendo que você não vai conseguir controlar seu tom de voz... Venha comigo.

 Ela me olhou com uma cara furiosa.

- Eu não vou para lugar nenhum com você Edward Cullen – ela soltou sua mão da minha - Se você prefere ficar com a sem graça da Isabella, então fique! Eu desisto...

- Então, você quer terminar o namoro? – soletrei cada sílaba, incrédulo.

Se ela queria isto, ela teria... E se teria... Não iria me  humilhar para ela.

- Não! – ela voltou a gritar – Só quero que você me respeite e pare de dar em cima daquela exibida sem sal!

Segurei seu braço e a puxei para fora da escola, parando no estacionamento.

Desta vez eu ia acabar com este problema de uma vez por todas!

- Agora que você já falou o que queria, você vai me ouvir... – falei raivoso, parando junto do meu carro.

 Não era possível! Eu não conseguia ter nem um minuto de paz com Milla... Quando as coisas estavam bem, ela sempre vinha com esta conversa de ciúmes de Bella.

Me poupe! A garota nem em Sacramento mora mais!

Infelizmente...

- Entra neste carro agora! – abri a porta para ela.

Milla me olhou assustada. Eu nunca tinha falado neste tom com ela.

- Edward... – sussurrou – Não...

- Milla, relaxa... só quero conversar em paz – fingi um sorriso cordial.

Ela se sentou no banco do carona e colocou o cinto de segurança. Me sentei em meu banco e dei partida no carro.

- Onde vamos?

- Vamos ao mirante – me limitei a responder, sem tirar os olhos da rua.

Dirigi cuidadosamente pela cidade até chegar ao meu destino. Estávamos calados e Milla me olhava o tempo inteiro.

Sentei em uma das mesinhas do único quiosque existente no mirante e pedi refrigerantes e batata frita.

- Agora só me ouça... – falei sério – Não sei e nem quero saber o que Laura e Norah te disseram, mas acho que se quisemos viver em paz e continuar com este namoro, algumas coisas tem que ser esclarecidas entre nós.

- Então fale... – sua voz era sem emoção.

- Entenda uma coisa de uma vez por todas. Eu conheço Bella desde sempre, ela é minha amiga e não gosto do jeito de que você fala dela – a minha voz era firme e meu olhar fixo nela – E tem outra coisa, não vi nada de mais em dançar e conversar com a minha amiga, que mora longe e quase nunca vejo, então não achei importante entrar nesta questão com você... E se você quiser acreditar no que suas amigas falam e nossos colegas fofocam, é melhor terminarmos aqui este namoro.

Agora a decisão estava e suas mãos. Ela que iria escolher se continuamos juntos ou não

- Mas Edward... – ela começou a chorar – Você está tão distante... Parece que nem gosta de mim da maneira que eu gosto de você...

Passei a mão por sua bochecha e dei um beijinho em sua cabeça.

- Milla, se eu não gostasse de você, não teria aceitado voltar com você depois da nossa ultima briga...

- Então você ainda quer ficar comigo? – ela sussurrou.

Eu ainda gostava muito dela e mesmo com seus ataques de ciúmes, ainda queria estar com ela

- Sim, eu quero. – Dei um selinho em seus lábios.

E tudo ficou bem, por enquanto.

...

Os meses se passaram e a cada dia o começo das inscrições para as universidades ficava mais perto. Eu, é claro estudava cada vez mais para conseguir as melhores notas e poder escolher para onde ir no próximo inverno.

Meus dias eram divididos entre os estudos, jogos de vídeo games com os meninos, para desestressar e sair algumas vezes com Milla.

Depois da nossa última conversa, ela voltou a ficar mais tolerante, mas as coisas entre nós não eram mais as mesmas. Ela agora passava o dia reclamando que eu preferia ficar com os meus amigos a sair com ela sozinho, o que não deixava de ser verdade, pois quando saiamos todos juntos era bem mais divertido.

Ela também vivia reclamando dos cursos extras que eu estava fazendo, o que não me deixava com muito tempo para estar com ela. No dia que eu avisei a ela que teria minhas tardes ocupadas por uma aula extra de álgebra que tinha resolvido fazer junto com os meninos ela começou a chorar, dizendo que eu não gostava mais dela.

Esta era a nova arma de Milla: Chorar para tentar me convencer.

...

As férias de final de ano chegaram e minha mãe me obrigou a viajar com meu pai, já que a minha vontade era ficar em casa estudando, então fui passar o ano novo em Cancun, com meu pai, Esme, Emmett e Olivia.

Emmett era o mais empolgado com a viagem, pois ele tinha certeza que na cidade teriam muitas ‘gatinhas’ e que ele se daria bem, pegando várias.

Só ele mesmo para só pensar em mulheres o tempo inteiro...

Logo que entramos no avião ele começou a me encher de perguntas.

- Cadê a sua namoradinha sem graça? – o riso dele trovoou no avião – Ainda está problemática ou já melhorou um pouco?

Ok, a culpa de Emmett achar que Milla era problemática é minha que sempre contava a ele os escândalos que ela fazia.

- Ela está mais calminha agora – falei rindo também – Eu tive uma conversa séria com ela e agora ela resolveu parar de me infernizar.

- Eu não sei como você agüenta aquela garota, acho que você deveria terminar com ela logo – Emmett bateu em meu ombro.- O mundo está cheinho de opções e você perdendo seu tempo com ela, não acredito.

- Mas eu gosto dela Emmett... – falei baixinho.

- Está bom... – ele deu outro riso trovoada – Eu apenas acho que este namoro não vai para frente. E aqui em Cancun vamos procurar umas gatinhas para ver se você começa a enxergar as coisas boas da vida.

- É... pode ser... – falei despreocupado, pegando um livro na mochila.

- E em falar em coisas boas, pelo menos a coisinha chata da sua namorada serviu para você perder a virgindade? – ele desta vez falou baixo, graças a Deus.

Fiquei tão sem graça que quase derrubei o livro. Senti meu rosto queimar.

- Não cara, eu respeito ela...

- Mas você nem tentou? – ele voltou a perguntar.

- Não... Quer dizer, sim... Mas ela disse que não estava preparada e aí resolvi esquecer este assunto.

Emmett soltou mais uma das suas gargalhadas e falou bem baixo em meu ouvido.

- Vamos resolver este problema.

Dei uma risada sem graça e resolvi ler um pouco.

Emmett, de certo modo, tinha razão. Provavelmente este meu namoro com Milla não duraria mais que este próximo semestre.

Se é que já não deveria ter acabado.

...

Já no nosso primeiro dia na cidade, Emmett fez amizade com um grupo de primos que estavam passando a festa com a família no mesmo resort que estávamos. Eram 4 garotos e 2 garotas com mais ou menos a nossa idade que moravam em Nova Jersey.

Nós nos identificamos instantaneamente, tanto que passamos a semana inteira cumprindo juntos os divertidos programas do resort, como andar de barco, jogar vôlei, mergulhar nos arrecifes e até fomos ao centro da cidade com o grupo de jovens.

Eles eram muito legais e animados e os meus dias estavam sendo tão maravilhosos e diferentes que nem me lembrava em estudar.

E muito menos de Milla.

Emmett logo arrumou a sua gatinha. Carol, uma das primas. 16 anos, cabelo bem liso preto e olhos azuis bem escuros.

Eles ficaram logo no primeiro dia e não se largaram por todo o tempo que estivemos lá.

Tinha a outra prima, Marie, um pouco mais velha: 19 anos, mas muito parecida com Carol. Cabelos pretos e bem lisos, mas os olhos do verde mais lindo que eu já tinha visto.

Ela era bem bonitinha e legal. Nos aproximamos muito e nos tornamos bem amigos. Ela já fazia faculdade e sempre tinha uma história legal para contar e como também não era muito boa em esportes, ficava comigo assistindo o resto do pessoal jogar vôlei.

Emmett passava o tempo todo me provocando para que eu ficasse com ela, mas eu estava resistindo bravamente já que ainda estava namorando e não queria trair Milla.

Mas, tudo mudou na noite da nossa despedida. O pessoal do hotel resolveu fazer um luau na praia e Marie sentou ao meu lado na fogueira. Começamos a conversar e um pouco depois  não resisti: Pedi para beijá-la e depois disto, ficamos o resto da noite aos beijos, abraços e amassos.

As coisas entre a gente começaram a esquentar e senti como se meu coração fosse sair pela boca. Nos afastamos um pouco do pessoal e fomos para um lugar mais reservado.

Marie foi incrível comigo e por ser um pouco mais velha e muito mais experiente, me mostrou coisas que eu nunca imaginei que pudesse sentir.

Eu estava muito empolgado, mas sabia onde aquela nossa empolgação iria parar e isto não era bem o que eu queria para a minha primeira noite.

Queria que fosse com alguém que eu realmente gostasse e em um momento especial, então quando notei que as coisas estavam saindo do controle, pedi para voltar para a fogueira.

Não que ela não fosse boa. Marie era uma das meninas mais legais que eu já tinha conhecido e me fez me senti feliz, como há tempos não me sentia, mas ela não era a pessoa certa, nem aquele momento era o certo.

Voltamos para perto do pessoal de mãos dadas e Emmett me olhou e deu um sorriso cúmplice.

Perto da meia noite nos despedimos de todos e fomos para o nosso quarto, pois iríamos voltar para Dallas no dia seguinte bem cedo.

Eu estava quase tão radiante, como no dia que dancei com Bella na boate.

Quase, por que acho que nada neste mundo vai superar aquele dia.

- E aí Edward, como foi com Marie? – ele deu um sorriso sugestivo.

Corei na mesma hora e abaixei a cabeça.

- Foi legal... – me limitei a falar, constrangido.

- Que bom então... Valeu a pena conhecê-la? – ele gargalhou.

- Sim... Valeu. – dei um sorriso feliz.

Ficar com Marie me abriu os olhos.

Tinham muitas pessoas interessantes e legais para eu conhecer e não podia deixar o meu mundo restrito.

Agora não teria mais jeito.

Quando voltassem as aulas, eu terminaria o namoro com Milla.

Janeiro de 1999

Voltei de férias com uma idéia fixa na cabeça: Tinha que terminar o meu namoro com Milla o mais rápido possível.

Nosso namoro a algum tempo já estava sem graça e as minhas férias só me fizeram ter certeza de uma coisa que já desconfiava: Eu não gostava tanto assim dela.

Depois do que aconteceu em Cancun, as coisas em minha cabeça clarearam tanto que ficar com Milla agora era impossível.

A minha primeira providência ao voltar às aulas foi convocar John e Louis para uma ‘reunião de cúpula’. Contei a eles todo o meu problema e eles, surpresos com a minha atitude de ficar com a garota, me apoiaram a terminar o namoro com Milla.

Louis apenas concordou comigo, mas John disparou a falar dela, dizendo que desde que começamos a namorar ela estava bem esquisita e casa dia mais chata e que o mesmo acontecia com Norah e Laura.

Nas palavras dele: Parecia que elas escondiam alguma coisa.

As aulas começaram e a cada dia eu e Milla estávamos mais distantes. Eu já não fazia questão de ficar com ela, beijá-la era uma tortura e toda vez que ela se aproximava de mim, eu entrava em pânico, apesar dela continuar carinhosa comigo, sempre propondo atividades para fazermos e nunca pegando em meu pé.

O que eu mais queria naquele momento era que ela me desse um motivo para terminar com ela, mas ela não armou nenhuma confusão e nem deu ataque de ciúmes.

O tempo foi passando e este assunto continuou martelando em minha cabeça, então, depois de um mês de aula, eu a chamei para uma conversa séria.

Daquele dia o nosso namoro não passaria.

Ela estava conversando com as amigas no pátio da escola, quando eu a encontrei.

- Milla, precisamos conversar... – me aproximei dela, tentando controlar meus nervos.

Ela se despediu das meninas e me seguiu para o estacionamento.

Me encostei no meu carro e disparei, antes que perdesse a coragem.

- Milla, quero terminar nosso namoro.

Ela me olhou alarmada e deu um sorrisinho.

 - Como? Não entendi.

Respirei fundo. Isto seria mais difícil do que imaginava.

- É isto mesmo que você ouviu. Quero terminar o namoro – repeti pausadamente, olhando para seu rosto.

Ela soltou uma gargalhada e me deu um tapinha no braço.

- Você está brincando comigo, – ela me olhou séria – Não está?

Balancei a cabeça negativamente.

Que desabe o mundo agora!

Milla, finalmente caiu na real e me olhou raivosa.

- Ok, Edward... Você quem pediu... – ela saiu correndo para dentro da escola e ao chegar ao pátio, junto dos nossos amigos, começou a falar feito uma louca

– Gente, este BOBÃO acabou de terminar o namoro comigo, então estejam avisados que a partir de hoje, onde Edward Cullen estiver, eu não estarei!

Os meninos olharam para mim e soltaram um sorrisinho de alívio, já as meninas correram para amparar Milla, que agora chorava.

...

Dois meses se passaram e agora a minha turma estava às voltas com os formulários de admissão das universidades. Eu me inscrevi na maior parte delas, tentando aumentar as minhas chances. Tentei universidades de todos os tipos. Das mais tradicionais como Columbia, em Nova York e Harvard, em Cambridge, até algumas menos famosas como a Universidade da Louisiana, Arizona e Nevada.

O clima no meu grupinho estava horrível desde que terminei com Milla. Agora estávamos separados de vez e como os meninos me apoiavam, Milla, Laura e Norah declararam guerra aberta a nós três e se afastaram, nos tratando agora como inimigos. Quando nos encontravam, viravam a cara e só viviam cochichando, além de Milla, se fazendo de vítima, ter contado a todos os nossos colegas a sua versão para o fim do namoro, fazendo com que eles me olhassem torto e me acusarem de tê-la traído.

Ela estava jogando muito sujo e o pior é que todos estavam ao seu favor e contra mim.

Eu segui a minha vida, estudando, saindo com meus dois únicos amigos e com o apoio deles, tentando esquecer que um dia a namorei.

John tinha razão. Milla era muito esquisita e o pior, muito cínica e mentirosa.

Em uma tarde, enquanto estudava em uma das salinhas reservadas da biblioteca, ouvi vozes conhecidas da sala ao lado.

Era Milla, Norah e Laura, que pensando estarem sozinhas, conversavam animadamente.

Parei um pouco com o estudo e me concentrei na conversa delas.

 - É isto mesmo Milla... – Laura falou – Aquele bobão só servia para isto mesmo, ser usado.

- Te falo do fundo do meu coração que se minha mãe não tivesse insistido tanto para que eu ficasse com ele por que a família dele é rica, eu nunca ficaria com Edward... Eca! Ele é muito nerd e muito metódico. – Milla falou.

Eu fiquei parado com o que eu tinha acabado de ouvir. Quer dizer que ela tinha me usado?

Ela não gostava de mim? Só estava comigo por interesse?

Estava me sentindo muito mal por ter confiado tanto nela...

A vontade que eu tinha era invadir a sala delas e encher as 3 de desaforos, mas me controlei e continuei a ouvir a conversa.

- Mas agora você está feliz, não é amiga? – agora foi a vez de Norah falar – Este seu namorado novo é tudo de bom!

Milla soltou uma risada e continuou a falar.

- Não é namorado ainda por que ele tem uma namorada, mas ele já prometeu terminar com ela e ficar só comigo...

 Elas continuaram a falar e com isto, peguei algumas informações sobre o namorado de Milla. Isto poderia ser útil para mim.

Depois de um tempo ouvindo, decidi que já bastava e então sai escondido delas e fui para a casa de Louis arrasado por ter sido enganado.

Os meninos ouviram atentamente tudo o que eu tinha a contar a eles e assim como eu, ficaram indignados com a cara de pau delas.

Eles conversaram comigo, me apoiaram e também me consolaram, como bons amigos que eram. No meio da nossa conversa, John teve a idéia de eu me vingar de Milla.

Sim! Isto era bom... Fazer com que ela provasse do seu veneno era uma boa maneira de eu me sentir mais leve, então começamos a traçar planos naquele mesmo momento.

Uma semana depois da minha descoberta, o nosso plano estava pronto e então começamos a fazer algumas pesquisas, utilizando as informações que eu tinha conseguido com a conversa delas.

Uma das nossas melhores descobertas foi uma garota chamada Amelie que além de peça principal para a minha vingança, ainda seria meu par no baile de formatura.

Depois da nossa primeira conversa, descobri que ela tinha informações muito importantes para o meu plano, além de assim como eu, querer se vingar de Milla.

...

Mais um tempo se passou e a festa de formatura estava cada dia mais perto, assim como a minha vingança contra Milla. As aulas já tinham acabado e agora só me restava a expectativa da chegada das cartas de admissão para as universidades.

Minha vida agora estava mais tranqüila, pois não tinha toda aquela obrigação de estudar e tirar boas notas, então estava aproveitando o meu tempo livre para ficar com meus amigos, já que teríamos que nos separar em poucos meses.

Alguns dias depois algumas cartas começaram a chegar e eu ficava mais empolgado a cada novo envelope que abria e via que tinha sido aceito.

Pude escolher entre Darthmount, Harvard e muitas outras escolas tradicionais e renomadas, mas no final optei pelo excelente curso de Administração da University of Califórnia em Berkeley. John, foi aceito no curso de Engenharia Civil na Cal State University de Los Angeles e  Louis, iria estudar Ciências Políticas na The George Washington University.

Como eu havia previsto, cada um iria para um canto do país, o que era chato, mas necessário para o nosso crescimento.

O mês de julho chegou, trazendo a minha formatura na High School. Era uma sexta-feira e meu pai e Esme vieram diretamente do Texas para assisti a cerimônia, assim às sete em ponto partimos do hotel que eles estavam hospedados para o teatro da escola a fim de encontrar a minha mãe e James.

Feliz com a interação harmoniosa da minha família, que agora conversava animadamente, fui encontrar meus colegas para o inicio da cerimônia. Como o sobrenome de Milla também começava com a letra ‘C’, ela se sentou perto de mim e deu um sorrisinho sarcástico. Devolvi na mesma moeda, sorrindo torto.

Ela não perdia por esperar o que iria lhe acontecer na festa de formatura.

A cerimônia foi rápida e na hora de me entregar o diploma, meu pai e minha mãe subiram juntos no palco, de mãos dadas, como duas pessoas civilizada.

Dei um sorriso largo. Era muita felicidade!

Terminada a parte solene, fui me preparar para a festa que iria acontecer em um dos salões de eventos da cidade. Agora o meu plano contra Milla iria começar para valer.

Depois de devidamente arrumados, fomos encontrar com Amelie e duas amigas suas que iriam acompanhar os meninos.

Esperamos o salão encher e fizemos a nossa entrada triunfal, de braços dados e sorrindo sem parar.

O impacto foi o esperado: Todos olharam para nós surpresos.

Dancei a valsa com Amelie, que estava se divertindo muito em ser o centro das atenções da noite, já que todos não tiravam os olhos dela e depois, quando o DJ abriu a pista de dança, juntamos o nosso grupinho e fomos nos divertir dançando os mais diversos ritmos.

- Edward, acho que a bandida está com ciúmes, olhe a cara feia com que ela está nos olhando – Amelie me virou em direção ao local onde Milla estava sentada, com uma cara tão feia, que até dava medo.

- Problema dela – dei uma risada maldosa – Esta cara feia dela ainda vai piorar...

- É verdade... – Amelie riu também – Muito obrigado por me dar a oportunidade de me vingar dela também.

- Não tem de quê – respondi, rodopiando pelo salão.

Dançamos mais algumas musicas, até que Amelie e suas amigas resolveram se sentar e dar espaço para que Milla se aproximasse de mim.

Logo depois, Milla veio tirar satisfações comigo, me puxando pelo braço até um cantinho do salão onde acontecia a festa.

- Quer dizer que você me trocou por aquela menina horrorosa que está com você... – ela falou arrogante – Que mau gosto...

 - Você quem pensa... Estou bem melhora agora - Dei um risinho e me virei para sair de perto dela.

 Já tinha jogado o anzol, agora só era ela morder a isca.

 - Edward Cullen, estou falando com você – ela gritou e puxou a manga do meu paletó.

Dei outro risinho para ela, soltei sua mão da minha roupa e andei em direção ao palco, que agora tinha uma banda se apresentando, com Milla logo atrás de mim, me xingando.

Quando meus amigos me viram, eles me seguiram e Amelie subiu no palco comigo e John e Louis, seguraram Milla para que ela não fugisse.

Como já tínhamos combinado com o pessoal da banda antes, interrompemos a apresentação deles, o que fez com eu todos prestassem atenção em nós.

- Gente, temos um aviso a dar a vocês – Amelie pegou o microfone e começou a falar – Aqui nesta festa tem uma pessoa que se faz de santa, tem cara de santa, mas no fundo é mais suja e diabólica do que vocês possam imaginar.

Todos agora nos olhavam atentamente e o silêncio reinava no salão.

- Teve uma pessoa que a alguns meses atrás acusou este colega de vocês de a ter traído,- Amelie me puxou para o seu lado -  Mas minha gente, a traidora na verdade é ela e vocês sabem por que?

Neste momento, o telão do palco, que antes passava imagens alheatórias, agora exibia fotos de Milla com o namorado de Amelie, em situações bem constrangedoras.

- Por que esta cara de pau, além de enganar o seu namorado Edward, se fazendo de santa e pura, ainda roubou o meu namorado – Amelie pausou e riu para a nossa platéia perplexa - e vocês querem saber de mais?

Ouvimos um ‘sim’ em coro. Milla agora se debatia nas mãos dos meninos, que agora a traziam para o palco.

Quando John e Louis colocaram Milla ao nosso lado, Amelie voltou a falar .

- Esta mocinha inocente aqui, está grávida – ela apontou para Milla e gritou a ultima palavra – Sim, isto mesmo que vocês ouviram... Ela está grávida do meu namorado, alias ex-namorado, por que pode ficar com o traste pra você. – Amelie puxou Milla e a colocou na frente do palco - Olhem como ela já está barrigudinha!

Depois deste momento, a confusão foi generalizada no meio do salão.

Pessoas gritavam xingamentos para Milla, outras gritavam palavras de apoio para mim, algumas apenas olhavam toda a confusão perplexas, Milla chorava amparada pelas suas amigas inseparáveis.

E eu?

Eu apenas ria, junto com meus amigos e Amelie de toda a confusão formada.

Peguei a minha parceira de vingança para sair do palco, mas antes olhei com desprezo pra Milla e falei até nunca mais.

Agora me sentia leve. Andei até o meu carro, escoltado por meus amigos e fui para casa com a alma lavada.

Ela teve o que procurou.

O que mereceu.