O dia mais esperado por mim e por Bella finalmente tinha chegado. Dentro de pouco mais de uma hora saberíamos a verdade sobre as duas menininhas lindas que estavam tomando café da manhã e tagarelando sem parar naquela manhã de sexta-feira.

- Mamãe, porque nós vamos pra escola mais cedo? – Nina coçou o olhinho, ainda sonolenta.

A noite tinha sido agitada na nossa casa. Eu quase não tinha dormido preocupado com o que viria, Bella se remexeu na cama a noite e até Nina e Lila pareciam perceber que algo estava por acontecer, pois choramingaram e pediram a nossa presença no quarto até que conseguissem finalmente dormir.

- Por que hoje é um dia muito especial, princesinha – Bella sorriu para ela – Um dia muito especial.

- Um dia especial porque mamãe? – a pequenina voltou a perguntar.

- Por que hoje a mamãe e o tio Eddie vão receber a noticia que mais esperam – Bella apertou minha mão – E precisamos pegar um papel muito importante.

- O que é? – ela fez uma carinha curiosa - É o que a tia psicóloga conversa com eu e Lila? O que a gente foi naquele médico?

- Sim filha, é sobre o que a tia conversa com vocês e também sobre aquele dia que fomos todos no médico.

- Vocês vão saber se o tio Eddie também pode ser o meu papai? – ela perguntou animadinha.

- Sim filhinha, é isto que vamos saber. – Bella tocou no cabelinho dela – Vamos saber se o tio Edward pode ser o pai de vocês duas.

- Tio Eddie, você sabia que eu rezo todos os dias para o papai do céu deixar você também ser meu papai? – Lila me perguntou – É o que eu mais quero.

- Eu também Lila... – emocionado com as palavras tão sinceras da minha pequenininha, eu a peguei no colo e a abracei - O tio vai ficar muito feliz se puder ser o seu papai, não tenha dúvidas.

Antes das 8 da manhã, deixamos as meninas na escola e desta vez este pequeno gesto teve um significado todo especial pois agora era chegada a hora de sabermos toda a verdade. Talvez quando fossemos buscá-las eu não fosse mais o tio Eddie e sim o mais feliz e orgulhoso pai do mundo.

Pouco depois entramos no mais imponente edifício da Union Square e de mãos dadas seguimos até a sala indicada, nos sentamos no espaçoso do sofá na sala de espera do Dr. Andrew Walter, o mais conhecido geneticista da Califórnia.

- Edward, eu...estou com medo... – Bella me olhou e sua expressão transmitia toda a sua aflição.

Segurei firme em suas mãos, tentando passar uma confiança que eu quase não tinha.

Estávamos aterrorizados com as conseqüências que a descoberta que iríamos fazer em poucos minutos poderiam trazer para nós dois e para toda a nossa família.

A nossa vida estava diretamente atrelada a este resultado e tudo iria mudar para muito melhor, caso as meninas fossem minhas ou até para pior, se elas fossem de Mike Newton.

- Bella, aconteça o que acontecer hoje, me prometa que vamos enfrentar todas as conseqüências deste resultado juntos e de cabeça erguida.

- Eu prometo... – ela murmurou, com os olhos rasos d’água. – E terá que ser assim...

Uma lágrima se formou no canto do seu olho e escorreu por sua bochecha. Passei as mãos por seu rosto e beijei o topo de sua cabeça.

- Calma... Tudo dará certo. – sussurrei em seu ouvido e ela se aconchegou em meus braços.

Pouco depois, a atendente saiu da sala principal e anunciou que o Dr. Walter estava a nossa espera em seu consultório.

- Vamos meu amor - abracei Bella com ternura e a conduzir até aquele que nos daria a melhor ou pior notícia da nossa vida.

Era chegada a hora da verdade e não podíamos fugir mais dela.

O medico nos recebeu simpático e depois de uma breve conversa sobre o método de análise, percentual de acerto do exame e de se colocar disponível para nos ajudar no que fosse preciso que por ter experiência com o assunto e já ter auxiliado muitos casais em processos como o nosso, ele me entregou o temido envelope pardo e saiu da sala, nos dando privacidade para a nossa descoberta.

Olhei para a cara apreensiva que Bella fazia deixando transparecer todos seus medos e inseguranças e senti minhas mãos tremerem um pouco.

O nosso destino estava dentro deste simples envelope.

Apesar da certeza que tinha em mim de que Nina e Lila eram minhas filhas, eu ainda sentia muito medo.

Se, por um acaso, elas fossem de Mike?

E se ele quisesse levar as meninas para a Alemanha?

O que faríamos se não tivéssemos como assegurar um futuro sem intercorrências para as nossas meninas?

Esta era uma possibilidade, mas eu não podia pensar negativo, então fechei meus olhos e fiz uma oração silenciosa pedindo a Deus para que tudo acabasse bem.

Nina e Lila tinham que ser minhas filhas. Tinham!

- Abre Edward... – Bella sussurrou, abaixando a cabeça – Acaba logo com o nosso tormento...

Rasguei a ponta do envelope e puxei o temido papel de dentro dele.

Escrito naquela folha de papel estavam as palavras mais esperadas para mim.

Comecei a ler os muitos termos médicos, mas o que mais me chamou atenção foi a palavra escrita em negrito no meio da folha.

Positivo.

Minhas mãos apertaram as mãos de Bella e meus olhos se encheram de lágrimas.

Positivo... Positivo... Positivo.

Positivo!

- Edward, o que foi?

Mirei seu rosto aflito e abri o meu maior sorriso.

- Elas são minhas! Nina e Lila são nossas filhas! Nossas! Nossas menininhas! Eu sou pai delas, meu amor!

Sem dizer uma só palavra, Bella pulou em meu colo e nós fomos ao chão, chorando juntos e emocionados com a grande descoberta.

O meu sonho mais louco estava realizado. Contra todas as estatísticas e possibilidades, Nina e Lila eram minhas filhas.

Elas eram o fruto da minha ultima noite apaixonada com Bella, antes que ela seguisse o destino escolhido à época.

Minhas meninas. Nossas meninas. Os dois frutos perfeitos do nosso amor.

- Nosso tormento acabou... As meninas são suas... – Bella falou com a voz embargada – Não teremos mais o que temer... Não teremos mais nenhum vinculo com o meu passado... Com Mike...

- Sim meu amor... Acabou...– beijei seu rosto banhado de lágrimas - Agora poderemos ser felizes de verdade... Eu, você, nossas sapequinhas.

- Edward, me desculpe por ter roubado de você a oportunidade de ter convivido com as suas filhas em seus primeiros anos de vida. – falou com uma voz rouca – Eu juro que na sabia de nada... Eu nunca desconfiei... Me perdoa... Eu te amo....

- Esquece isto, meu amor... – beijei sua cabeça - Nada do que passou nos importa mais, agora o que temos a fazer é recuperar o tempo perdido, nos amando muito e cuidando das nossas garotinhas.

Bella voltou a soluçar, com o rosto enterrado em meu peito, minhas mãos acariciando suas costas, tomando o nosso tempo para começarmos a nos acostumar com a nossa nova realidade.

Eu era o verdadeiro pai de duas garotinhas lindas e encantadoras!

Eu era o verdadeiro pai de Lila e Nina!

Beijei o cabelo de Bella e a abracei mais apertado enquanto todos os nossos dias juntos passaram como um filme em minha cabeça.

Nossos encontros na escola. Nosso reencontro em Berkeley. Nosso primeiro beijo. Nossa primeira noite juntos. Os momentos divertidos vividos durante o nosso primeiro namoro.

A traição de Bella. A noticia que ela ia se casar com outro. A noite agridoce que as meninas foram concebidas. Minha tristeza longe dela.

O seu retorno. A primeira vez que eu vi as minhas meninas. O dia que resolvemos nos dar outra chance e voltamos a namorar. Os dias felizes com Lila e Nina. A possibilidade de eu ser o verdadeiro pai delas.

Este resultado.

Minhas meninas!

Minhas. Minhas. Minhas!

Minha Lila!

Minha Nina!

Eu agora só queria curtir a novidade, os problemas viriam depois.

Tinha consciência de que nada seria fácil ou tranqüilo. Havia muito a ser feito. Uma grande mudança para a vidinha das meninas, a questão com Mike Newton, o processo de reconhecimento de paternidade, mas agora não queria pensar nisto. Depois de tudo o que passamos, de tudo o que sofremos, esta era uma grande vitoria e ela deveria ser comemorada.

- E o que vamos fazer agora, Edward? – Bella me perguntou meio desorientada – Por onde começamos?

- Primeiro vamos pegar as nossas meninas e comemorar. – peguei a minha garota entre meus braços e lhe dei um beijo apaixonado – Vamos comemorar esta grande conquista! E o resto depois resolvemos... Agora eu só quero ficar um pouco com a minha família linda!

Seguimos meio entorpecidos para pegar nossas menininhas e lhes contar o resultado do exame que elas também esperavam ansiosamente. Hora da saída das aulas, nos postamos na porta da escola e logo elas foram trazidas até nós por Rosalie, que também estava aflita para saber as notícias.

- Oi tio Eddieeeeeeeee – as meninas dizem em uníssono e correram para meus braços.

- Oi minhas danadinhas! – me abaixei para que as duas me abraçassem e me enchessem de beijos.

- Oi gente, como foi tudo? – Rose se aproximou fazendo logo a pergunta que certamente estava ansiosa para fazer.

- Positivo, Rose... – Bella falou e a amiga a abraçou com força.

- Isto é maravilhoso! – ela falou, com os olhos marejados - Vou ligar para o Emm e contar a novidade. Ele estava mais ansioso do que eu!

- Nós estaremos esperando vocês para o jantar. Temos que comemorar esta noticia apropriadamente. – Bella falou – Até mais tarde.

- Até a nossa comemoração, amiga - Rose acenou se despedindo.

- Vamos meninas? – Bella veio em nossa direção  - O tio Eddie e a mamãe precisam conversar com vocês.

Eu, Bella e nossas filhas seguimos pelas ruas do bairro e paramos na pracinha em frente à nossa sorveteria predileta, sentamos em um banco e lá contamos a verdade para elas do jeito que a psicóloga nos aconselhou que fizéssemos. Ela tinha nos dito que a transição seria feita aos poucos. O que nos fosse perguntado teria de ser respondido, mas não deveríamos nos aprofundar muito no assunto e também a rotina delas não deveria ser mexida.

- Então foi você que colocou a minha sementinha e a sementinha de Lila na barriga da mamãe? – Nina perguntou curiosa.

- Sim, fui eu que fiz isso com muito amor – respondi simplesmente – E é por isto que eu posso ser o papai de vocês.

- E a gente agora vai ter o sobrenome do tio Eddie, mamãe? – os olhinhos de Nina brilharam com a possibilidade - Cullen é o sobrenome mais lindão do mundo!

- Vai sim, Nina. Mas antes vamos ter que falar com o papai Mike e isto pode demorar um pouquinho. – Bella sorriu – Mas se vocês daqui a um tempo não terão mais Newton como sobrenome e sim Cullen.

- E o papai Mike vai continuar sendo o nosso papai como antes? – desta vez quem perguntou foi Lila.

Bella me lançou um olhar triste e eu notei que este assunto mexeu com ela. Por mais que Mike tenha sido terrível durante o casamento, ela se sentia culpada porque sabia que ele iria sofrer quando soubesse que as filhas que ele criou como dele não eram suas de verdade.

Apesar de ter se afastado das supostas filhas, após a separação de Bella, ele gostava de verdade delas.

- O Mike agora vai ser mais um tio do que um pai, Lila. – expliquei à pequenina - Uma pessoa que vocês vão gostar, como vocês gostavam de mim quando eu era somente o tio Eddie.

- Vivaaaaa, o tio Eddie virou papai Eddie! – Nina gritou e subindo em meu colo enrolou seus bracinhos em meu pescoço e me apertou em um abraço apertado.

- Obrigada Papai do Céu, eu prometo que vou ser bem bozinha de hoje em diante - ouvi Lila falar bem baixinho com as mãozinhas postas em oração e os olhinhos fechados.

Bella pegou Lila no colo e mantendo as meninas entre nós dois, me deu um abraço apertado e mais uma vez deixamos que a emoção nos dominasse.

Esta era a nossa família. A família linda que eu sempre sonhei formar com Bella.

- Mamãe porque você e o tio Eddie estão chorando? – Nina olhou para nossos rostos assim que nos afastamos um pouco – Vocês então tristes?

- Não filha... – Bella enxugou algumas lágrimas e deu um beijinho da cabeça da nossa filha – Muito pelo contrário, a mamãe e o tio Eddie estão bem felizes por vocês serem filhas dele. Nós estamos chorando de felicidade.

Nina pulou para o colo da mãe e lhe deu um abraço.

- Eu também estou feliz, mamãe. – ela falou.

- E eu agora tenho o melhor pai do mundo! – Lila deu um gritinho empolgado, pulando do colo de Bella para o meu.

– E eu as filhas mais lindas e especiais. Amo muito vocês duas. – toquei o narizinho da minha Lila e me virei para Bella e Nina – O que vocês acham de comemorarmos que estamos tão felizes tomando um sorvete tamanho família?

-  Obaaaaaa – as minhas meninas falaram animadas e já foram dizendo o que queriam.

- O meu é de morango e chocolate! – Nina gritou.

- Eu também quero de chocolate e morango com calda de montão! – Lila falou também.

- O desejo de vocês é uma ordem, filhas lindas!

Eu e minha linda família atravessamos a rua e fomos curtir nossa comemoração tomando muitos sorvetes e aproveitando o clima descontraído para conversar um pouquinho mais com as meninas e também responder mais algumas perguntas.

Ao chegarmos em casa pouco depois, e seguindo com a rotina normal, demos banho nas sapequinhas e servimos a sopinha delas. Enquanto Bella ligava para o Senador Swan para contar as novidades, fiquei na sala assistindo TV com elas e depois Bella ficou com as meninas enquanto eu telefonava para minha mãe. O senador falou que iria cuidar de tudo com Mike e também já começaria os trâmites para o meu reconhecimento de paternidade, já  minha mãe ficou felicíssima com a confirmação que é a avô das menininhas que ela tanto gostou e afirmou que no final de semana viria nos ver para comemorar a novidade.

Emmett e Rose chegaram por volta das 8 da noite e as meninas logo correram para a tia, empolgadas para contar as novidades.

- O tio Eddie é o nosso papai! – as duas gritaram juntas, pulando sem parar na frente da nossa amiga.

- Que ótimo, princesas! – Rose me olhou e piscou o olho – A tia Rose que saber de tudo!

- Então vem cá que vamos te contar tudão! – Nina falou e junto com a irmã saíram puxando Rosalie pelo braço e tagarelando sem parar.

- No final de contas eu estava certo, não é cara? - Emmett se aproximou com um sorriso satisfeito e bateu em meu braço - As pestinhas são mesmo suas... Que grande novidade... – ele revirou os olhos, irônico – Você deveria me agradecer mais uma vez por ter te dito aquelas verdades – continuou se gabando por ter sido o principal responsável pela feliz descoberta.

- Sim, você estava certo Emm – lhe dei um abraço – Obrigada, mais uma vez amigo.

- De nada, cabeção – ele me deu um tapa na cabeça - Do jeito que você é lerdo, se eu não falasse o que estava na cara, até hoje você não saberia de nada. – ele sorriu ainda mais – Qual a sensação de ser o pai das duas terroristas mirins?

- Maravilhosa Emm. – suspirei – A melhor sensação do mundo! Agora me sinto completo.

- Depois, quando as mafiosas dormirem, vou querer saber de tudo - ele riu e saiu andando pelo apartamento - Cadê sua namorada atrapalhada? Quero dar os parabéns a ela!– olhou para todos os lados - Só Bella mesmo para não saber ao certo quem tinha conseguido a façanha de engravidá-la de duas!

- Eu estou ouvindo Emmett – Bella surgiu da cozinha com uma garrafa de champanhe nas mãos – Para de falar besteira e vem aqui brindar a nossa felicidade!

Todos nos sentamos à mesa para jantarmos e comemorar a grande notícia. Servi a taça de todos com a bebida borbulhante e para as meninas colocamos suco de laranja.

- Eu não quero suco, mamãe! – Nina protestou – Eu quero isto que vocês estão bebendo.

- Não pode filha, isso é bebida de gente grande – Bella tentou explicar.

- Mas ontem eu se medi na escola e a tia disse que eu cresci uns tracinhos.

- Eu me medi, é assim que se fala mocinha. – baguncei o cabelinho dela - E mesmo crescendo uns tracinhos você ainda não pode tomar champanhe.

- Por que eu não posso? – ela fez bico – Eu já estou grande!

- Eu sei que você está grande, mas para beber você precisa ser do tamanho do Tio Emmett.

- Então eu nunca vou poder beber porque o tio Emmy é muito grande e eu nunca vou ficar do tamanho dele. – ela fez uma expressão triste.

Vendo a carinha de frustração dela tive uma idéia para mediar a situação. Fui até a cozinha, coloquei refrigerante de limão em duas taças e trouxe:

- Aqui está! – coloquei uma taça na frente dela e outra na de Lila -  Ficou igual as nossas taças. Faz de conta que é champanhe também.

- Só tomem cuidado com as taças porque o vidro é muito fino – Bella alertou com um sorriso enorme no rosto  – Vamos brindar e depois a gente coloca nos copos de plástico, está bom?

As duas assentiram contentes por participar da comemoração como se fossem adultas e ficaram ajoelhadas na cadeira para fazer o brinde.

- À nova família que está começando. À Lila e Nina Cullen! – falamos todos juntos e erguemos nossas taças.

 E assim, eu, minha família e meus amigos brindamos e comemoramos a felicidade que era eu ser o pai biológico das tão amadas menininhas. A alegria que sentíamos naquele momento era maior do que qualquer preocupação com problemas futuros. Nós enfrentaríamos tudo o que viesse, de cabeça erguida e unidos, por que o mais importante nós já tínhamos. 

Agora, mais do que nunca, éramos uma família de verdade que nos amamos e nos respeitamos.

Nenhum segredo existia entre nós e nenhum medo nos restava. Era chegado o tempo de focarmos apenas no futuro e construirmos uma vida muito melhor para nós.

Para mim, para a minha eterna garota e principalmente para as nossas menininhas lindas.

E isto era o bastante para que a nossa felicidade fosse plena.