Quando em 1918... escrita por Leh Cullen


Capítulo 19
BÔNUS


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem!



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Bônus

Minhas memórias humanas eram fracas. Ainda mais pela quantidade de tempo que havia se passado desde que eu me lembrava da minha época como humana nesses tempos.

Mas pelas poucas lembranças que eu tinha nada havia mudado. O ensino médio continuava uma tortura. Sempre as mesmas intrigas. Sempre haveria os deslocados e os populares, e os abutres, aqueles que tentavam ser populares a todo custo. E haveria o grupo de vampiros do qual eu pertencia, a minha família, que tentava de tudo para sermos invisíveis, mas que não conseguíamos.

No dia de hoje as alunas e alunos da Forks High School estavam em polvorosa pelo novo acontecido. Eu quase podia sentir em minha pele a excitação dessas crianças loucas por uma novidade, um motivo do qual comentar. A filha do chefe de policia da cidade se mudaria para cá. E as garotas fofocavam pelos cantos, tecendo teorias do porque ela viria para cá e os garotos se perguntando se a garota seria bonita, pois eles já estavam cansados das mesmas caras.

-Que foi amor? –perguntei a Edward que fazia uma careta.

-Não aguento mais ouvir o pensamento desses moleques nojentos.

-Se concentra em outra coisa então. –acariciei seu rosto tentando acalmá-lo.

Como vampira descobri ter um poder muito util. Eu achava que eu não tinha a capacidade de fazer nada de extraordinário, mas há alguns anos atrás quando nos mudamos para Denali e ficamos por um tempo com nossos amigos de lá, Eleazar descobriu meu poder, seu poder era exatamente esse, descobrir vampiros com poderes em potencial. Meu superpoder vampírico era ser um escudo mental e com o passar dos anos fui treinando meu poder e aperfeiçoando-o, até conseguir projetá-lo para fora de minha mente.

Então sendo assim, projetei meu escudo para fora de minha mente envolvendo meu marido entorno dele e mandei para a mente de Edward lembranças felizes de nós dois e de nossa família, concentrando-me nos detalhes de nossa ultima noite juntos e aos poucos vi seus ombros relaxarem e um sorrisinho de canto aparecer em seu canto.

-Melhor? –perguntei com doçura.

-Na verdade pior. –ele deu uma risadinha e percebi seu estado de espirito malicioso.

-Mais tarde. –sussurrei em seu ouvido.

-Hei parem com isso! –Anthony que se aproximava de nos jogou uma maçã que estava em sua bandeja.

-Olha o respeito com a sua mãe. –Edward o repreendeu.

-Desculpa mãe. –Anthony murmurou envergonhado.

-Tudo bem.

Tentei ser discreta enquanto ainda me comunicava com Edward, lhe enviando imagens mentais do que ele poderia esperar de nossa noite juntos e senti seu aperto forte em minha mão. Seria bom parar de provocá-lo por enquanto, ou era capaz de ele me atacar aqui na frente de todas essas crianças no refeitório.

-Alguém já teve aula com a garota nova? –Alice se sentou a nossa frente quase quicando em seu lugar de empolgação.

-Ainda não e você? –perguntei.

-Sim, ela é uma gracinha! –Alice disse e vi que seus olhos encontraram o de Edward e ele se remexeu desconfortável em sua mesa.

Ah não... Não! Isso não. Retrai meu escudo, querendo proteger meus pensamentos de Edward.

Se eu tivesse um coração vivo, há essa hora eu teria tido um ataque do coração. Se eu fosse ainda capaz de chorar, meu rosto estaria banhado em lágrimas. Soltei minha mão da de Edward e fiquei ereta em minha cadeira, tentando controlar o desespero que me assolava.

-Que foi Bella? –Jasper perguntou enquanto me encarava confuso, sua expressão seria parecendo a de alguém que fazia um grande esforço.

-Nada. –murmurei.

-Bella? –Edward se virou para mim preocupado.

-Não foi nada Edward.

-Então porque Jasper não está conseguindo te acalmar?

-Ele não precisa me acalmar.

-Bella... –Alice me encarou e balançou a cabeça como que querendo me dizer alguma coisa.

-Me deixem em paz. –me levantei e fui em direção à saída do refeitório sem olhar ou prestar atenção a minha volta.

-Me desculpe. –ouvi uma voz gaguejar, nem havia percebido a garota trombar em mim.

Olhei para ela. Nunca havia a visto ali, com certeza deveria ser a garota nova que todos esperavam. Ela não era mais alta que eu e era muito bonita para os padrões humanos, o cheiro de seu sangue era bom, mas não tinha nada de apelativo, chegava a ser enjoativo ate de tão doce. Seu coração estava acelerado e ela me encarava de boca aberta, deslumbrada coma beleza de minha espécie. Sorri de lado.

-Melhor olhar por onde anda. –murmurei entre dentes e sai dali dando um encontrão em seu ombro e sai em disparada para fora do refeitório.

-O que você fez para ela? –ouvi a voz de sua colega dizer.

-E-eu não sei... Você viu como ela me olhou? –sua voz disse um leve temor em sua voz.

Seria bom ele ter medo mesmo.

-Bella espera. –ouvi a voz de Edward.

-Conseguiu ler a mente dela? –me virei de encontro a ele me sentindo devastada por dentro, com medo de suas próximas palavras.

-Sim, você a assustou. –me senti um pouco aliviada com suas palavras.

-Que bom. –sorri.

-E porque você quer assustá-la?

-Para ela não chegar perto do que é meu. –o puxei de encontro a mim com força, querendo fundi-lo a mim. Eu nunca me cansaria da sensação de seu corpo contra o meu.

Estávamos no estacionamento agora e caia uma fraca chuva que molhava nossas roupas, mas aquilo não me importava nem um pouco, tudo o que eu queria era senti-lo contra mim.

-Amor temos aula ainda. –ele me empurrou delicadamente pelos ombros.

-Não quero ir pra casa. –tentei voltar a beijá-lo, mas ele riu se afastando.

-Vem, vamos precisar estar aqui por Anthony. –ele disse com uma expressão seria.

-E por que?

-Alice me disse que você entendeu tudo errado amor, ela viu Anthony e essa garota, a Melanie juntos, acho que você conhece a história melhor do que eu. –ele gentilmente me abraçou pela cintura.

-Ah. –eu me sentia envergonhada por meu ataque.

-Vem. –ele me puxou em direção à sala de biologia.

-Tudo bem mamãe? –Anthony murmurou e eu acenei que sim.

-Como você está se sentindo querido, está com sede? –acariciei seu rosto e tentei arrumar seu cabelo no lugar.

-Mãe isso é um pouco estranho. –ele desviou do meu toque.

-Você é tão bonito filho. –sorri e fui me sentar na carteira atrás dele ao lado de Edward.

-Mães. –ouvi meu filho murmurar e Edward deu uma risadinha ao meu lado.

Nesse momento, como em um filme, vi a cena que em outra vida eu protagonizaria acontecer a minha frente.

O vento soprou pela porta, o cabelo de Melanie se agitou e seu cheiro nos atingiu em cheio. Edward e eu não nos alteramos e fiquei feliz pelo cheiro da garota não afetar meu Edward, mas vi Anthony se retesar em sua mesa, agarrando as laterais do móvel, os nós de seus dedos mais brancos do que o normal.

-Está tudo bem querido. –murmurei tentando acalmá-lo.

-Preciso sair daqui. –ele murmurou com a voz contida.

-Você consegue filho. –Edward disse, os ombros de Anthony relaxaram minimamente com o apoio de seu pai.

A única carteira vazia era a lado dele e então, desajeitadamente como só um humano consegue ser, Melanie se dirigiu até a carteira vazia. Ela me encarou, seu olhar cheio de medo e sorri para ela, para aliviar um pouco a tensão.

-Ela está pensando eu você é bipolar amor. –Edward murmurou em meu ouvido e ri cm aquilo.

É eu realmente consegui passar uma bela de uma impressão em minha futura nora, fazendo jus a fama das sogras.

A tensão que irradiava em meu filho era tangível e tudo o que eu gostaria de fazer era pegá-lo em meu colo e abraçá-lo até que tudo estivesse bem. E eu realmente o faria, não fosse pela sala de aula cheia de alunos e a humana amedrontada ao seu lado, com medo pela postura de meu filho e do olhar que ele lhe deu quando ela se sentou ao seu lado.  Seus olhos haviam ficado negros.

Ainda me lembro da minha reação ao ser vitima daquele olhar. Os nervos daquela garota deveriam estar agitados a essa altura.

O sinal do fim da aula tocou e então mais rápido do que um humano, mas não tão rápido quanto os de nossa espécie, Anthony se levantou indo embora da sala. Eu sabia o que ele faria a seguir.

-É melhor você ir com ele. –Edward disse.

-Eu te amo. –lhe dei um rápido beijo e segui o rastro de meu filho.

Não foi necessário correr muito para encontrá-lo. Ele estava sentado em uma mureta do lado de fora do abrigo do prédio.

-Anthony. –me aproximei sentando-me ao lado dele.

-Eu vou embora mãe. –ele disse decidido.

-Já te contei a história de como conheci seu pai? –ignorei o que ele disse sobre ir embora.

-Um milhão de vezes. –ele riu sarcasticamente.

-Não essa, a verdadeira história de como conheci seu pai. –ele me encarou confuso. –Vem vamos caçar algum animal pela área enquanto te conto.

Nossa conversa foi rápida na verdade. Ele se alimentava enquanto eu não lhe poupava dos detalhes de minha história até o dia que encontrei a cigana em Port. Angeles e no dia seguinte acordava em uma época totalmente diferente da minha.

-Como isso é possível? –ele se levantou a boca suja com o sangue do cervo que ele havia abatido.

-Como nós existimos? –dei de ombros. –Não importa meu filho, só o que importa é você agora e a sua Melanie.

-Minha? –ele riu. –Mãe, você realmente acredita que eu vou condená-la a essa vida que vivemos?

-Já vi essa história antes. –resmunguei ao me lembrar dos discursos sobre a minha vida humana de meu Edward vampiro em outra época.

Anthony era muito mais parecido com o Edward vampiro que conheci em minha outra vida, do que o dessa.

-Sua tia Alice viu acontecer. –declarei.

-Não.

-Você realmente prestou atenção em tudo o que eu te disse filho? –perguntei encarando e ele deu de ombros. –Nada do que você faça vai impedir o curso do destino dessa garota, de um jeito ou de outro ela vai ser uma de nós, veja bem o que me aconteceu.

-Mãe você foi transformada em circunstancias diferente, estava morrendo.

-Seu pai não quis me transformar quando o conheci pela primeira vez, tudo o que ele queria era me manter humana e com o coração batendo e para isso se afastou de mim, e o destino se encarregou de fazer com que eu virasse vampira para viver com ele, não se brinca com essas coisas.

-Eu não posso e não vou condená-la a essa vida, é um absurdo isso o que a senhora me diz mãe! –ele disse desesperado, enquanto caminhávamos lado a lado de volta para a escola.

-Anthony Masen. –coloquei uma mão em seu ombro, fazendo com ele me encarasse. –Assim como foi comigo, essa garota, nasceu para ser vampira. –ele balançou a cabeça relutante ainda lutando com as minhas palavras, mas vi em seus olhos aceitação.

Eu lutaria ao lado dessa garota, pois eu sabia o que ele desejava, o mesmo que eu há uma vida atrás. Só que dessa vez eu tinha mais um motivo para lutar, um motivo muito mais valioso do que a minha própria vida: a felicidade de meu filho.


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Notas finais do capítulo

E cá estou eu quase dois anos depois de finalizar a fic com um bônus para vocês! ^^
Espero que todas tenham gostado!
Mereço comentários e recomendações pelo mimo??

Bjus
Leh ^^