Quando em 1918... escrita por Leh Cullen


Capítulo 1
Capítulo I




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“Você não é boa para mim”

“Será como se eu nunca tivesse existido”

Essas duas frases tinham o poder de não me fazer dormir, nem comer... Muito menos viver. Desde que ele me deixou, procuro não pensar em seu nome, pois se o fizer, todos os muros que levantei a minha volta –aqueles que me faziam levantar e sorrir quando necessário- ruiriam. Depois de um tempo os pesadelos acabaram e com eles os gritos se foram, mas o sentimento ainda estava ali, cada dia mais forte.

Hoje completaria 8 meses desde que ele e toda a sua família foram embora sem deixar vestigios, como se realmente nunca tivessem existido. Desci as escadas para tomar café com Charlie, essa era uma coisa que eu fazia unicamente para agradá-lo. Comer.

–Bom dia pai. –eu disse pegando o ceral no armário e o leite na geladeira.

–Bom dia. –ele respondeu abaixando o olhar do jornal e me analisando. –Como esta se sentindo hoje? –ele perguntou preocupado. Ótimo, ele havia associado às datas. Mas era assim todo dia, ele me perguntava como eu me sentia e eu respondia com meias verdades, pois fisicamente eu estava bem.

–Estou bem. –respondi colocando uma colherada de ceral na boca, essa era uma forma de ele não me encher de perguntas, pois eu estaria com a boca ocupada demais para ter que responder.

Assim que acabei de comer lavei a louça e fui até a sala pegar meu material para poder ir para a escola.

–Hoje é sexta feira. –Charlie apareceu atrás de mim. –Tem algum plano para hoje?

–Não sei... –eu respondi, na verdade eu não tinha nada que quisesse fazer, mas toda sexta eu saia com as meninas, unicamente para agradá-lo e fazê-lo feliz. –Acho que vou convidar as meninas para um passeio em Port Angeles tudo bem para você pai? –perguntei.

–Ótimo. –ele respondeu sorrindo, aquele sorriso que o fazia parecer mais jovem do que realmente era.

–Até de noite então pai. –eu disse.

O dia na escola se passou normal e na hora do almoço resolvi cumprir minha promessa.

–Jess, Ang. –eu chamei e as duas me olharam curiosas, ultimamente eu não falava muito. –Querem ir até Port Angeles hoje à noite? –perguntei. –Podemos ir comer uma pizza ou qualquer coisa assim.

–Claro. –disse Jess animada. –Estamos perto das férias de verão e os caras gatos começam a sair de noite, vai ser um máximo. –sendo Jéssica é claro que ela só pensaria em garotos. Ângela me olhava com um sorriso feliz. Talvez eu pudesse voltar a minha vida normal, ou o máximo que eu poderia ter dela.

Depois da escola fui até em casa para deixar minha picape e depois peguei uma bolsa, saindo rápido para me encontrar com as meninas lá fora, Jessica esperava animada em seu carro e o som já estava ligado em uma estação que só tocava músicas pop e animadas demais para mim.

O passeio foi como o prometido. Comemos pizza em um restaurante italiano enquanto Jéssica flertava com o garçom. Depois saímos para andar no calçadão onde havia uma pequena feirinha. Varias famílias e casais andavam animados por ali visitando as barraquinhas e coisas artesanais.

–Ah olha, sempre quis uma dessas! –disse Jessica enquanto paramos em frente a uma barraca onde se fazia aqueles colares onde o nome das pessoas era gravado em um grão de arroz e colocado dentro de um tubinho.

–Vamos fazer? –disse Ângela.

–Eu vou dar mais uma voltinha e depois volto aqui ok. –eu disse e ambas concordaram.

Caminhando pela feira uma barraca em especial me chamou atenção. Não muito pelo que se vendia lá dentro, mas pelo anunciado da placa: “TRAGO SEU AMOR DE VOLTA”. Fiquei inquieta. Eu estaria sendo totalmente absurda ao pensar que uma cigana poderia trazer o amor da minha vida de volta para mim, sendo que ele não me queria mais.

Mas se havia uma possibilidade de tê-lo de volta, eu teria que fazer, pois se não eu ficaria por toda a minha vida me questionando o que teria acontecido se eu tentasse.

–Olá! –entrei na barraquinha com luzes vermelhas e envolta por panos coloridos a toda volta.

–Olá. –disse uma senhora com um tipo de turbante vermelho na cabeça e com um pano enrolado no corpo como se fosse um sári. –O que vai ser leitura de mão, cartas, prever o futuro?...

–O anunciado da placa. -falei rapidamente e então corei.

–Quem não quer o amor de volta hum? –ela disse com um sorrisinho debochado. –Como é o seu nome?

–Bella. –falei.

–E o do rapaz?

–Edward. –eu senti todo o meu corpo tremer ao dizer seu nome, o muro cuidadosamente levantado aor edor de seu nome caiu tijolo por tijolo.

–Um belo casal, os nomes combinam perfeitamente. –ela disse de forma pensativa. –Você deve saber que o terá de volta. –ela disse me olhando seria. –Mas será irreversível, e não virá da forma que você espera, você não vai poder voltar atrás com a decisão depois de feito, ainda tem certeza?

–Sim. –eu disse. Edward era a unica certeza em minha vida.

–Tudo bem. –ela acenou levemente com a cabeça se levantando e indo até uma prateleira atrás dela voltando com um objeto em mãos. –Esse é um amuleto poderosíssimo. –ela me entregou um tipo de correntinha com uma pequena ampulheta dourada de pingente, no centro da ampulheta tinha um símbolo que se parecia com um olho. –Durma com ele e terá de volta quem mais deseja.

–Obrigada. –eu disse. –Quanto é? –perguntei.

–Não custa nada trazer um pouco mais de amor pelo mundo. –ela disse me olhando de maneira significativa.

–Mais uma vez obrigada. –eu olhei para o amuleto. –Como é o seu nome?

–Cassandra. –ela disse.

–Que você também tenha tudo o que deseja. –falei educadamente. –Tchau. –arrisquei a lhe dar um sorriso, que a meu ver deve ter parecido mais uma careta.

–Nos vemos por aí Isabella, em algum lugar pelo tempo. –ela disse. Dei dois passos e então estaquei no lugar. Eu não havia dito que meu nome era Isabella, só Bella. Quando me virei para trás e perguntar como ela sabia meu nome, ela não estava mais lá, mas não havia motivos para ficar encafifada, pois não é muito difícil se chegar a conclusão de que Bella é abreviação de Isabella.

Voltei para as meninas e pouco tempo depois fomos para casa. Antes de dormir eu olhei intensamente para o pequeno amuleto na corrente. Era tudo coisa de charlatã, pensei. Essas coisas de ciganismo não funcionam, mas mesmo assim, por algum motivo insano de minha mente, eu dormi segurando com força o pequeno amuleto na minha mão. A ultima coisa que pensei foi em Edward.

Eu sentia os raios de sol entrar pela janela e aquecerem o meu quarto, achei estranho. Afinal eu estava em Forks, mas hoje era sábado e eu queria dormir um pouco mais. Rolei na cama para ir fechar a cortina e quando abri os olhos me sentei rapidamente na cama.

Aquele não era o meu quarto. Quer dizer, devia ser, pois eu acordei aqui e não me lembro de ter saído de casa. Olhei para a janela e me espantei mais um pouco. Eu não estava em Forks, definitivamente, o que eu via lá fora era um céu azul e límpido com raios de sol cintilando. Onde estava a vegetação densa e o dia nublado?

Levantei-me e procurei o amuleto em minha cama e não o encontrei, eu o perdi? Eu devia estar sonhando, só pode. É claro que era sonho. Quando olhei para o meu corpo estranhei mais ainda. Onde estava meu pijama furado? Eu estava vestida em uma camisola branca de flanela e que ia até os pés.

Sai do quarto olhando a minha volta, só para constatar que eu não estava em minha casa. Desci as escadas ouvindo vozes no andar de baixo e fui em direção a elas. Parei em choque em frente a uma porta que dava para uma cozinha ensolarada.

–Mãe, pai? –eu falei chocada.

Aqueles definitivamente eram Charlie e Reneé, sentados na mesa e vestidos em trajes antigos. Meu pai vestia um terno bege com um colete por baixo e ao seu lado na mesa, havia uma cartola. Minha mãe estava vestida em um lindo vestido verde com o cabelo preso em coque para trás.

–Querida esses são trajes de se aparecer na cozinha, e se tivéssemos visitas? –minha mãe se levantou.

–Eu... –e estava confusa. –Onde estou? –perguntei.

–Em sua casa, em Chicago, Ilinóis, onde mais a senhorita poderia estar? –minha mãe respondeu, eu não moro em Chicago! Eu moro em Forks!

Olhei mais uma vez para suas roupas.

–Em que ano estamos?

–1918. –respondeu meu pai sorrindo e então eu arregalei os olhos em choque, eu havia voltado ao passado? –Não se preocupe minha querida esposa. –disse meu pai e eu estreitei meus olhos para ele. –Devem ser os efeitos da viajem, nossa menina deve estar deveras cansada ainda. –desde quando meu pai usa palavras tão formais e coloquiais assim?

–Que viajem? –perguntei abobalhada.

–Querida você chegou ontem do colégio de freiras. –minha mãe disse com a voz carregada de doçura. –Agora vá se trocar e desça para o café. –ela se voltou para a mesa junto do meu pai. –Fomos convidados para um almoço na casa dos Masen, eles estão muito curiosos sobre a nossa filhinha meu esposo. –ela olhou com amor para o meu pai que sorriu amavelmente para ela.

Subi a escada lentamente, ainda muito confusa. Eu havia regredido para 1918, e a coisa mais estranha de tudo isso era os meus pais... Eles estavam juntos? E pareciam... apaixonados?


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Notas finais do capítulo

Bellinha foi para o passado?
E aí gente devo continuar?