Shiroi Tsubasa escrita por Shiroyuki


Capítulo 5
Capítulo V


Notas iniciais do capítulo

Nyaan, aqui está o capítulo 5! Tcharaaaam, o que aconteceu com Rima?~ *0*Boa leitura! ;D



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Nadeshiko corria, sem conseguir pensar para onde ia. A noite não tinha luar nem estrelas, e se não fossem as luzes excessivas da cidade seria impossível enxergar qualquer coisa. Estava vestindo uma calça jeans um pouco mais larga, uma camisa de botões branca e simples e tênis all star. Estava parecendo definitivamente mais masculino, mas isso não importava, era mais fácil de movimentar-se assim. Os cabelos cor da noite esvoaçavam para trás, acompanhando seu ritmo acelerado, e mais de uma garota, a até alguns garotos, acompanharam-no com o olhar ao vê-lo passar.

Apertou com mais força o celular em sua mão, até ele quase se desmontar. Ali estava uma mensagem de texto, indicando o lugar que agora ele procurava.

Havia acontecido. Era de certa forma inevitável, mas ele havia sido extremamente descuidado, falhou de modo miserável.

A mensagem, que ele havia lido de forma quase obsessiva centenas de vezes, dizia, com poucas palavras, que Rima havia sido levada, e exigia um resgate. Indicava um endereço, e insinuava, de forma vulgar, que “coisas ruins” aconteceriam se não fossem atendidos rapidamente.

Nagihiko não comunicou a ninguém o ocorrido. Como poderia dizer ao Sr. Mashiro que, depois de todos os esforços, havia acontecido de novo? Ele nunca mais deixaria Rima sair, nem mesmo nos jardins da casa, e ela passaria a vida toda presa. Prisioneira em uma gaiola de ouro. E a culpa seria total e completamente dele.

Correu ainda mais rápido pelas ruas atulhadas de gente, imaginando como poderia existir alguém tão desajeitada quanto Rima. Ele só havia a deixado sozinha por alguns instantes, não haviam sido mais de 20 minutos, e ela conseguiu se meter em uma situação dessas. Seria cômico se não fosse tão perigoso.

Parou subitamente no endereço indicado. Era um estacionamento. Ali não havia luz alguma, e mesmo os postes públicos estavam apagados. O vento frio da noite fez seu corpo todo arrepiar-se, mas ele não conseguiu sentir o frio.

O número que foi citado na mensagem não era de um endereço, e sim do lugar onde o carro estava estacionado. Não foi preciso procurar muito, por que estava tudo completamente vazio, exceto por um carro no canto mais afastado. Nagihiko correu até lá, sentindo seu coração acelerando a cada passo. O carro grande, negro e luxuoso o esperava friamente, e parecia estar debochando do seu esforço.

 Passou a mão nos cabelos soltos, e sentiu que havia feito uma grande besteira. Não trouxe dinheiro algum, e com certeza o número de homens naquele carro era muito superior a ele, não teria chance em uma luta, sem falar que eles com toda certeza estariam armados. Mas, antes que o medo o tomasse por completo, a imagem de Rima invadiu sua mente. Ela era tão pequena, frágil e tinha tanto medo... Como ele se quer pensar que poderia deixá-la?

Promete que eu não vou mais ficar sozinha? – a voz dela, sussurrada e chorosa, ecoou na sua mente. A lembrança apertou seu peito de maneira dolorosa.

— Prometo – ele disse, para o vento, no meio do estacionamento totalmente vazio. Ele podia sentir a respiração pesada dela, as lágrimas quentes molhando sua roupa, o calor do pequeno corpo dela, que tremia. A lembrança tornou-se real demais, e ele teve que se concentrar e continuar. Deu os últimos passos até o destino final, e bateu no vidro enegrecido, três vezes ritmadas como se batesse em uma porta. Tentou olhar através da janela, mas viu apenas seu próprio reflexo, com a cara pálida, a respiração ofegante e o cabelo desarrumado.

A porta do motorista abriu-se. De dentro um homem, alto e de aparentemente uns vinte ou vinte e cinco anos saiu. Vestia um terno aparentemente caro, com a camisa entreaberta e a gravata frouxa. Os cabelos negros eram longos, na altura do queixo, e as pontas secas se dobravam para todos os lados. Os olhos acinzentados transpareciam diversão e sadismo. Aparentemente, estava sozinho, o que era favorável.

— Posso ajudar em alguma coisa? – perguntou, tirando um cigarro da boca e jogando para trás, despreocupadamente.

— Onde está a Rima-chan? – sibilou, querendo parecer ameaçador.

— Há há há, senão, o que? Vai gritar desesperada até alguém aparecer? Vai me dar uma bolsada? Vamos, caia na real, pequena! – ele disse, rindo debochado. Nagihiko surpreendeu-se. Ele ainda estava parecendo uma garota, de certa forma. Poderia usar isso como vantagem, então. E também, seria melhor se Rima não desconfiasse nenhum pouco da verdade, de fato, ele não havia pensado nisso antes, ao sair de casa vestido dessa maneira e falando com a voz masculina.

Tirou uma fita vermelha do bolso da calça, e amarrou os cabelos no alto da cabeça, perfeitamente, sem desperdiçar nenhum movimento. Agora, era Nadeshiko quem falava. Fitou o homem deixando transparecer medo e nervosismo.

— Por favor! Devolva a Rima-chan! – disse, com a voz suave, tremendo levemente.

— Ah! Você é bem educadinha. Só por isso vou levar em conta seu pedido... – ele sorriu, avaliando Nadeshiko de cima abaixo – talvez você queira se juntar a nossa festinha, mais tarde.

— Eu passo. Só quero levar Rima-chan para casa, em segurança. Ela está bem, não está? – sua voz trêmula não foi uma farsa, ao imaginar o que poderiam ter feito com Rima.

— Fica fria. Não fizemos nada... ainda. Ela está do mesmo jeito que estava quando tiramos ela lá do seu quarto de princesa. Nenhum arranhão.

— E-eu quero vê-la... – pediu, suplicante.

— Claro... – o homem sorriu novamente. Parecia do tipo fraco que não podia negar nada a uma dama, o que era perfeito.

Entrou no carro novamente, e saiu instantes depois, com um corpo desacordado e amarrado no colo. O uniforme escolar, que ela não havia trocado ao chegar em casa, estava arrotado e um pouco rasgado em algumas partes. Rima tinha os olhos fechados, vermelhos e úmidos, indicando que ela havia chorado bastante. Sua boca estava amordaçada, e os cabelos amarrados de mal jeito, caiam para trás.

Nagihiko sentiu seu sangue ferver, ao vê-la naquela situação, mas manteve-se impassível.

— E então, trouxe a grana?

— Claro – mentiu – mas me dê ela primeiro.

— Como uma coisinha como você vai carregar a princesa por aí? Sabe, ela é bem mais pesada do que parece. Se quiser, nós te damos carona...

— Hmm... eu me viro – Nadeshiko respondeu, erguendo os braços para segurar Rima. O homem estendeu os braços também, com a garota desacordada.

— Espera – ele pareceu lembrar-se de algo, parando na metade do movimento – o dinheiro.

— Eu pego a garota e deixo você pegar o dinheiro. Está no bolso de trás da calça – acrescentou, piscando o olho, com um sorriso de canto. Sentiu-se enojado por dentro.

O homem sorriu ainda mais, entregando Rima. Nadeshiko segurou a garota com força nos braços, e, respirando fundo, antes que o homem se aproximasse, saiu correndo.

Sabia que o homem estava atas dele, provavelmente armado, e podia ouvir seus passos pesados e os xingamentos berrados atrás de si. Acelerou ainda mais, entrando novamente na rua movimentada pela qual havia passado antes. O número de pessoas dificultava sua passagem, mas isso significava que o homem também estava sendo impedido de avançar. Entrou no espaço entre duas lojas, que não era iluminado e tinha algumas caixas de madeira e papelão. No escuro os dois não seriam facilmente identificados, e também haviam vários manequins quebrados empilhados por ali, que ajudava a disfarçar. Poucos segundos depois, o homem de terno passou correndo como um borrão, tão rápido que era difícil distinguir sua expressão.

Nagihiko soltou a respiração, segurando Rima entre os braços. Era um pouco desconfortável estar com ela assim tão perto, afinal, ele ainda era um garoto! Já não restava muita coisa da saia de Rima, e a maneira com que a respiração pesada dela batia no seu pescoço causavam tantas sensações que por apenas um momento, Nagihiko desejou ser realmente uma garota.

Repentinamente, houve uma movimentação. Rima começara a acordar. Nagihiko ficou rígido, por que, ele percebeu imediatamente, o seu cabelo havia se soltado durante a corrida, e os primeiros botões da camisa haviam se soltado, revelando o peito liso.

Ela entreabriu os olhos, com dificuldade, tentando levantar o corpo. Apoiou a mão no ombro de Nagihiko, colocando a outra mão na cabeça, sentindo-se tona desnorteada. Estava sentada no colo de Nagihiko, que por sua vez estava sentado no chão. Não era a melhor das situações, pelo menos da visão externa, já que Nagihiko nem mesmo conseguia lembrar-se da culpa, sentindo apenas aquelas sensações que Rima causava inconscientemente.

 — Quem é você?  - ela perguntou, com a voz tão baixa que Nagihiko não conseguiria escutar se não estivesse perto.

— Alguém... - ele respondeu. Se ela não o reconhecesse sozinha, era melhor manter-se desconhecido então.

— Eu não me lembro de nada... aconteceu alguma coisa?

— Não aconteceu nada – ele respondeu, com a voz firme e grossa. Seria muito mais fácil se ela não lembrasse, e evitaria que ela sofresse com seus traumas passados – você está sonhando – acrescentou, sorrindo.

Rima, apesar de estar confusa, sentiu seu coração acelerando ao fitar aquele sorriso. Perdeu a linha de pensamento naquele momento.

— Você é muito bonito – ela disse, sonhadora, tocando com a ponta dos dedos o rosto de Nagihiko. Ele sentiu-se arrepiar, pela enésima vez aquela noite. Mas dessa vez, foi muito mais agradável – é um anjo?

— Não... – ele riu. “ Só tem um anjo aqui, e não sou eu...” acrescentou em pensamento.

— Um príncipe então... – ela inclinou a cabeça para um lado, de um jeito completamente fofo, que fez Nagihiko ficar ainda mais agitado por dentro.

— Não... estou mais para um cavaleiro... guardando a princesa – ele disse, sem tirar os olhos dela. Havia resolvido entrar na brincadeira, já que isso não passaria de um sonho para a garota.

— Certo, então... eu espero que a sua princesa não esteja em perigo... – ela se aconchegou no peito de Nagihiko, passando seus braços finos ao redor do seu corpo. Ouviu com atenção as batidas aceleradas do coração dele. Era uma música linda - ... por que eu quero que você fique aqui comigo.

— Ela não está. Não mais. – Nagihiko passou a mão na cabeça de Rima, com cuidado, enquanto a outra mão a abraçava protetoramente – e eu sempre vou estar aqui... com você.

— Que bom! – ela riu feliz, melodicamente, como uma criança – eu acho que quero que você me ame... isso faz sentido?

— Faz... – Nagihiko respondeu, sussurrando no seu ouvido – mas você não precisa querer algo assim... é inevitável.

— Hmmm... eu acho que quero dormir... – bocejou.

— Então durma... – ele a fitou carinhosamente, ainda fazendo carinho nos cabelos.

— Mas eu não quero. Seu eu dormir, você vai sumir... – ela recomeçou a tremer, e seus lábios tocavam o corpo de Nagihiko quando ela falava.

— Eu sempre vou estar aqui pela manhã...  – ele apoiou o queixo no todo da cabeça dela, aspirando o cheiro de flores – Não confia em mim?

— Tudo bem... sabe... – ela levantou a cabeça, com os grandes olhos brilhando suplicantes – eu acho que te amo...

— Você está “achando” muitas coisas essa noite – Nagihiko sentiu seu coração despencando ao ouvir essas palavras, mas quis a todo custo refrear seus sentimentos. Queria ter dito “eu também” mas mesmo que aquilo fosse apenas um sonho, iria acabar doendo muito mais, depois – Apenas durma, Rima-chan.

— Claro... – ela assentiu, e voltou a deitar no colo de Nagihiko, segurando sua camisa com força, temendo, talvez, que ele fugisse assim que ela fechasse os olhos – Boa noite... – ela sorriu gentilemente, e caiu na inconsciência.

Nagihiko esperou alguns minutos a mais, olhando fixamente para o rosto adormecido, e aproveitando aquele pequeno momento o máximo que podia. Seria algo que ele nunca esqueceria, de fato, e também o máximo a que se permitia (ou era permitido).

Depois, pegou-a no colo, como uma princesa, e levantou-se num movimento só, saindo do pequeno beco. Ligou para o motorista, tentando parecer tranquila, e esperou que ele chegasse. As pessoas a olhavam de uma maneira desconfiada, mas ela se preocupava mais em buscar uma desculpa convincente. Poderia dizer que Rima pegou no sono enquanto passeavam, mas como explicar as roupas? Um cachorro irritado talvez... claro que era mais fácil Rima morder o cachorro do que o contrário, mas qualquer coisa era melhor do que falar sobre o sequesro. Não poderia permitir que Rima fosse presa novamente por causa de um erro dele, e mais ainda, não poderia arriscar-se perder o emprego e ficar longe dela.

Não, ele já havia perdido coisas demais, e um Fujisaki nunca voltava atrás com a sua palavra. Ele havia prometido ficar ao seu lado, não havia?

E, acima de tudo, estavam seus próprios sentimentos. Ele não poderia mais negar, fugir, mentir ou se esconder. Estava definitivamente apaixonado pela pequena loirinha que babava no seu colo neste instante, e nada poderia mudar esse fato.


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Notas finais do capítulo

Waa~ ele finalmente admitiu *0*!!!!!! Moe Moe Kyun ♥Espero pelos revieews, minna-san! Nyan~