Shiroi Tsubasa escrita por Shiroyuki


Capítulo 35
Capítulo XXXV (Final)


Notas iniciais do capítulo

Bem, pessoas e pessoas, aqui se encerra um looongo e complicado percurso, finalmente!! Eu não posso dizer que foi fácil, e vocês realmente deve me culpar por todos os atrasos, os hiatos, a falta de atualizações... bem, parece que tudo isso faz parte da minha vida de escritora, e minha sina é me desculpar por tudo isso...
Tanta coisa mudou, enquanto eu escrevia essa história... Eu conheci pessoas, terminei a escola, entrei na faculdade, comecei a trabalhar... foram quase três anos, nossa... posso dizer com toda a certeza, a "eu" que começou a escrever a história não é a mesma que está aqui para terminá-la... e com certeza levou mais tempo do que eu esperava =-= mas não posso dizer que me arrependo disso... com certeza valeu a pena...

Muito obrigada, a todos aqueles que deixaram reviews lá no início, e me acompanham desde então, e a todos que foram chegando durante todo esse tempo, e que pacientemente esperara pelos capítulos, sempre me animando com seus comentários, sugestões, opiniões... sempre se apaixonando pelo Nagihiko, que eu sei -u- aah, muito obrigada, suas fofas, eu amo todas vocês! Até aquelas que nunca deixaram reviews, as leitoras fantasmas, as que não tem conta no nyah, eu aprecio muito o fato de as pessoas terem acompanhado minha história durante todo esse tempo, e só posso agradecer a cada uma de vocês!!!

Bem, agora chega de discursos melosos, ninguém aqui quer saber disso, não é??? Vamos ao capítulo final!!!~


Boa leitura (づ。◕‿‿◕。)づ



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Nagihiko estava cercado por todos os lados, com armas apontadas para sua cabeça, vindo de todas as direções, com Rima nas suas costas e apenas uma pistola calibre 45 nas mãos. Havia sido imprudente ao agir de maneira impulsiva e sem nenhum recurso disponível? Bem, sim. Mas que alternativa ele tinha? Deixar Rima para trás, esperar que outros a salvassem, e nunca mais vê-la, sumir da vida dela para sempre sem nem ao menos uma explicação… disso ele com certeza se arrependeria. Mas jamais iria se envergonhar por ter tentado salvá-la, jamais.

Ele só possuía seis balas naquele cartucho, e duas delas já haviam sido usadas. Estava agora amaldiçoando a sua falta de cuidado. Havia relaxado tanto com a falsa sensação de segurança quando estava com Rima, que se tornara ineficaz, descuidado. Cerca de 20 homens avançavam na sua direção, e ele ficou encurralado pela parede. Olhou ao redor, tomado pela adrenalina da situação de perigo. Seu pensamento estava rápido, o sangue corria rápido pelo seu corpo. Rima estava mais leve do que uma pluma nas suas costas, e se ele tivesse a chance, poderia correr por quilômetros com ela, até estar a salvo. Mas, o mais importante era sair dali primeiro.

Depois de analisar bem o espaço em que se encontrava, enquanto os homens ao redor continuavam a rir da sua atitude impensada ao invadir o local. Encontrou uma brecha, um plano imediatamente se formou na sua mente. Ele sabia o que fazer. Puxou a arma, apontou para frente. Os homens riram mais ainda.

— Olha só, o franguinho fez cara feia. Ele tem uma arma. Que medo!

Nagihiko não se abalou com os comentários. Certificou-se de que Rima ainda estava acordada, e ela respirava com dificuldade, mas seus olhos estavam semicerrados. Ela também tremia, sabendo que eles estavam em perigo agora, mas não dizia nada. Ele a segurou com cuidado nos braços, e a deixou escorada na parede. Ela não se opôs, apenas relaxou, encolhendo as pernas. Nagihiko se posicionou logo a frente dela, em posição defensiva.

— Você não parece ter dinheiro algum… Se não tiver dinheiro, não pode levar a nossa princesinha, sabe… – uma voz, que lembrava o tom da porta se arrastando, dizia, falsamente pensativo. Seu modo de se expressar não lembrava em nada aqueles bandidos comuns e pequenos. Era, da sua própria maneira, polido. Seu rosto era do tipo mais comum, mas parecia mais novo do que Nagihiko pensava. Os cabelos negros estavam presos para trás, alguns poucos fios escapavam e caiam sobre a testa. Seus olhos acinzentados não tinham brilho algum, e o sorriso sádico que se mostrava não era nada agradável. Ele não se parecia muito com Hitomi, em nada, mas pela breve descrição feita por ela, Nagihiko logo o reconheceu como sendo o tio de Hitomi, líder do clã. Ele não parecia reconhecê-lo como sendo o filho dos Fujisaki, mas era melhor que fosse assim agora. – Hm… alguém já te falou que você parece uma garota?

— Já podem ter mencionado, mas isso não vem ao caso – Nagihiko sibilou, com os olhos fixos no homem à sua frente, a arma apontada direto para ele.

Ele sorriu e fez um gesto com a mão, mandando seus seguidores avançarem, e eles assim o fizeram. Porém antes que eles pudessem fazer qualquer movimento, Nagihiko atirou, acertando o braço do líder. Ele perdeu o equilíbrio, segurando o ferimento com a mão, que logo ficou banhada de sangue.

—O que estão esperando, peguem esse maldito moleque filho da puta!!! – ele berrou com raiva, ao ver que a maior parte dos subordinados havia ficado sem reação diante da queda do seu chefe. Nagihiko recuou um passo na direção de Rima, e atirou para o teto, três vezes seguidas. Os homens riram da sua falta de mira, e Nagihiko jogou a arma, agora inutilizada pela falta de munição, para longe, pegando Rima novamente nos braços.

Enquanto os homens continuavam a tentar segui-lo, porém, um barulho ensurdecedor se fez ouvir, e do teto pendeu um enorme andaime de metal, onde Nagihiko havia atirado previamente. O volume caiu diretamente em cima dos homens que estavam mais próximos, e barrou a passagem dos demais. Com Rima nos braços, Nagihiko correu para o único caminho disponível, o corredor de onde havia vindo com ela.

Com toda a velocidade, ele correu pelo caminho mal iluminado procurando por uma saída, qualquer que fosse, que o levasse para longe daquele pesadelo. Era questão de tempo até que os homens restantes transpusessem o obstáculo criado por ele, então deveria arrumar uma saída rapidamente, antes disso. Rima havia fechado os olhos, fraca demais para manter-se acordada, mas ainda respirava, e era isso o que motivava Nagihiko a seguir em frente, com toda a força que possuía.

Encontrou no fim do corredor uma porta aberta, e esta levava a uma escadaria, direto para o nível inferior. O lugar estava absolutamente escuro, e não havia janelas, mas Nagihiko podia ver as luzes do dia infiltrando-se por frestas, que só podiam pertencer à moldura de uma porta. Ele estava pronto para correr naquela direção, quando ouviu barulhos de passos pesados, e o som inconfundível de um gatilho sendo ativado. Ao olhar para trás, deparou-se com o líder da facção, ainda segurando o braço ferido. Havia mais dez homens ao redor dele, todos com armas apontadas para Nagihiko.

Ele engoliu em seco, sentindo o suor grudando seus cabelos no rosto, mas suas mãos estavam ocupadas, segurando Rima, e ele não podia tirá-los da frente da sua visão. Precisava pensar, precisava ser rápido. A porta estava ali, ele poderia correr e abri-la. Mas então, os homens atirariam, e poderiam acertar Rima. Ela já estava fraca, não aguentaria isso. Se ele conseguisse ser veloz o bastante para abrir a porta e sair correndo, mesmo assim, em campo aberto ele era um alvo fácil, e não havia garantias de que Ikuto ou Kukai pudessem estar por perto com o carro agora.

Enquanto imaginava se era possível que um anjo caísse do céu direto para salvá-lo, já que sua situação era sem esperança, um grande ruído veio da porta, que parecia estar sendo arrombada por alguma coisa muito forte, até que foi aberta com um estrondo. Os homens que antes o encaravam sem nem piscar, agora estavam agitados, e olhavam naquela direção.

A luz invadiu o local, e afetou temporariamente a visão de todos. Quando enfim puderam ver alguma coisa, eles perceberam a silhueta de uma figura pequena, em posição de quem estava segundo antes chutando o local. A pessoa que estava ali era ninguém menos do que Hitomi. Nagihiko havia esquecido completamente que a deixara para trás na floresta, mas ela não parecia nada hesitante agora.

— Atenção, todos vocês! – ela gritou com voz de comando, fazendo todos a olharem no mesmo instante. Sua figura parecia altiva e confiante, enquanto ela avançava até ultrapassar Nagihiko, ficando entre ele e os bandidos. – Saiam todos daqui, e deixem o garoto ir embora com ela sem resistência. É uma ordem direta de Yamisaki Hitomi, Líder do clã Yamisaki!

— Do que você está falando, Hicchan… - o tio dela riu, incrédulo, com o rosto contorcido em uma careta de dor. O sangue pingava do seu braço ainda, e os homens ao seu redor olhavam de um para outro, sem saber a quem ouvir.

— É isso mesmo o que você ouviu, Tio! Eu estou tomando o lugar que é meu por direito. – ela bradou com confiança – Meu pai era o líder desta família, e desde a morte dele, a herdeira direta sou eu! Você controlou tudo como bem quis durante o tempo em que eu era nova demais para entender qualquer coisa, mas agora eu sei o que devo fazer, e não preciso mais que você cuide de mim!

— Eu estou cuidando do seu patrimônio, para você, querida! Eu já consegui muito dinheiro com o pai dessa garota hoje, e vou conseguir ainda mais!! Nosso nome vai se espalhar por toda a província, nós seremos o clã mais forte! Apenas deixe tudo comigo. Eu estou aqui para você, eu vou fazer de tudo para que nunca falte nada para você! Eu sou como seu pai, não sou?

— Você não é meu pai, nunca vai ser!!! – ela gritou em resposta, cerrando os pulsos – Não importa o quanto tente tomar o lugar dele, como líder, como pai, como homem… você nunca vai conseguir!! E agora, eu estou reivindicando a liderança que é minha por direito! É uma ordem, esqueçam essa história de sequestro. Vamos reconstruir nosso clã sem precisar usar isso, com trabalho duro, com empenho! Nós também possuímos empresas dentro da lei, vamos nos concentrar nelas, e reergue-las! Começar do zero!

— Ignorem o que ela fala, todos vocês! – o tio de Hitomi ordenou, gritando mais alto do que ela – Segurem-na e a levem para casa! Prendam os outros dois! É uma ordem!!

— Mas… chefe, é a Ojou-chan… - disse o maior dele, o mesmo careca de óculos de antes – Nós não podemos pegá-la…

— Quem vocês querem como líder? Eu ou aquela criança?! – ele gritou ainda mais exasperado, quase caindo por causa da dor do braço onde levara o tiro – Peguem todos eles agora!!

— Eu já disse, eu sou a líder!! – Hitomi bradou, silenciando novamente o local. Inesperadamente, ela começou a desabotoar a camisa pela frente, e todos soltaram exclamações de surpresa. Nagihiko imaginava se era uma boa chance para fugir, mas sabia que qualquer movimento brusco seu, seria atingido. Os homens dali hesitavam em prender Hitomi, mas ele ainda estava na mira.

Hitomi tirou a camisa, e virou de costas. Através das linhas do sutiã, era impossível não ver o desenho que se espalhava pela sua pele branca, como se fosse uma estampa grudada na pele. A tatuagem se alongava a partir das costas, tomando parte do braço esquerdo, e sumindo através da roupa por baixo. Era um enorme dragão azul, rodeado por flores de lótus, e soltando fogo pelas ventas. O desenho era todo trabalhado e detalhado, e era evidente de que se tratava de uma tatuagem real, com significado. Era o que comprovava Hitomi como herdeira da liderança, a marca de que ela pertencia à família Hitomi, de corpo e alma.

— Foi a mim que vocês todos juraram fidelidade um dia! O clã Yamisaki é a família de todos vocês! E eu espero que retribuam à altura! – ela gritou mais alto, fechando a blusa. Ninguém respondeu suas palavras, e apenas a encaravam boquiabertos. Nagihiko estava tão perdido na sequência de eventos que hesitava em dar o próximo passo.

Um a um, os homens foram baixando suas armas. O tio de Hitomi olhava de um para o outro, sem acreditar realmente que estava sendo traído pelos seus seguidores, mas a reinvindicação de Hitomi era legítima e a partir daquele momento, ela era a chefe da família, e a única a qual eles responderiam. Ele já estava muito fraco, depois de perder tanto sangue, e nem conseguia mais reclamar.

— Obrigado… Hitomi-chan… realmente, muito obrigado, eu nem sei…

— Shh, não me agradeça ainda. – ela interrompeu a súplica de Nagihiko no meio, colocando a mão no ombro dele. Por baixo da manga levantada da camisa, era possível ver a ponta da asa do dragão em seu braço – Vocês estão livres agora, mas ainda há muito com o que você precisa lidar, não é?

— Sim, mas…

— Kukai e Ikuto estão do lado de fora, esperando por você. Eles estão bem, não foram pegos. Deixe tudo aqui comigo, e leve Rima para um hospital, ela parece tão fraca…

— Eu vou fazer.

— E mais uma coisa… - ela ergueu os olhos, e riu sem graça – Não conte para o Tadase, sobre isso de agora. Sabe, de tirar a camisa… bem…

— Ah, claro. Eu entendo. Mas… ele sabe sobre a tatuagem…?

— Claro que sabe! Afinal… - ela interrompeu a frase no meio, e seu rosto coloriu-se imediatamente. Não era o semblante de uma líder da máfia, definitivamente – Isso não importa agora. Leve Rima em segurança, e boa sorte para vocês.

Nagihiko sorriu com gratidão, e olhou novamente para Rima. Ela ainda dormia, e seu rosto estava pálido e indefeso, mas ela já não chorava. Ela estava bem. Ele havia conseguido salvá-la, com ajuda de todos os seus amigos. E tudo voltaria ao normal. Ou, quase tudo.

~

Nagihiko acariciou o rosto macio da garota delicadamente, tirando os fios de cabelo cacheado que o tocavam, passando a outra mão de leve no braço enfaixado dela, onde o soro estava ligado. No quarto de hospital, Nagihiko havia sido permitido de entrar por apenas algum tempo, e depois, teria que ir embora dali, e talvez, para sempre.

O pai de Rima esperava do lado de fora, encarando-o com sua força esmagadora pelo vidro do lado de fora, e Nagihiko sabia, sem olhar, que estava sendo fortemente vigiado. Depois de ter salvado a filha dele, e levando-a diretamente para o hospital com ajuda de todos, Sr. Mashiro permitiu que Nagihiko ao menos se despedisse dela. Era a única forma de gratidão que ele estava disposto a demonstrar, então Nagihiko teria que ser forte e aguentar.

Não sabia o que o destino reservava para os dois, e que rumo a vida deles tomaria. Ela ainda seria a filha única nascida em berço de ouro, e ele era apenas um renegado, que havia abdicado do seu nome para poder salvá-la. Apesar disso, não se arrependia. Teria feito novamente, se possível. Apenas em ver o rosto dela, corado, saudável novamente, dormindo de forma tão pacífica, já garantia a ele satisfação o bastante.

— Parece que eu não vou poder manter a minha promessa para você até o final, Rima… - ele sussurrou para a garota adormecida – Eu menti sobre quem eu era, menti quando disse que a manteria segura, e acabei mentindo sobre essa promessa também, mas… nunca, jamais, duvide quando eu disse que te amava. Apenas aquilo era verdade, mas era a maior verdade que eu tenho para te oferecer. A única. Eu nunca vou te esquecer, pequena… - ele sorriu para si mesmo, passando os dedos pela franja dela, tirando-a de cima dos olhos fechados. – Você se tornou toda a minha vida, e de alguma forma, eu sei que viverei apenas por você. Algum dia, talvez daqui a muitos anos, talvez não… nós vamos voltar a nos encontrar. Mesmo que você vá para longe, mesmo que sua vida mude, e você pense que talvez, eu tenha sido apenas uma lembrança boa… mesmo assim, eu te encontrarei, e eu te conquistarei de novo. Eu não vou prometer mais nada, parece que não sou muito bom nisso, afinal… - ele riu, segurando a mão dela entre a sua, e colocando-a nos lábios, delicadamente – Mas eu vou fazer isso, apenas espere…

— Seu tempo de visita acabou, senhor… - a enfermeira entrou no quarto, com uma bandeja de medicamentos nas mãos, e um sorriso reconfortante. Ao lado dela, o pai de Rima esperava, com os braços nas costas e a pose austera de sempre.

— Só um segundo – Nagihiko assentiu, virando-se novamente para Rima. Deixou algo bem seguro na mão dela, e a fechou, sem que ninguém percebesse. E então, roubou um último beijo dos lábios dela, sem se importar com quem estivesse vendo, rápido o bastante para se afastar antes que a enfermeira ralhasse com ele. Pela última vez, olhou para trás, vendo seu pequeno anjo ressonar. Seu lindo anjo, de asas puras e brancas.

~

Com dificuldade, Rima conseguiu abrir os olhos novamente. Tinha tido a impressão de ouvir a voz do seu pai, e a voz de Nagihiko, e queria acordar e dizer para que eles parassem de discutir. Depois disso, ela se lembrava de ter ouvido somente a voz de Nagihiko, dizendo coisas doces, perto do seu ouvido. Podia até mesmo sentir o toque rápido e urgente dos lábios dele nos seus, mas a sensação era tênue, e desapareceu logo. Ela também não conseguiu se forçar a despertar, e acabou caindo ainda mais profundamente na inconsciência depois disso.

Mas agora, ela despertou completamente, e olhou ao redor da maneira que podia. Estava em uma cama de hospital, e o cômodo estava completamente vazio. A televisão presa à parede mostrava algum programa qualquer, mas o volume estava baixo demais para ela ouvir. Havia um fio ligado ao soro, que vinha até seu braço, por baixo de bandagens. Ela sentia algumas dores musculares, mas devia ser mais ao fato de estar deitada por muito tempo na mesma posição do que qualquer outra coisa. Sentia fome, e nem lembrava mais qual havia sido a última vez que comera qualquer coisa, e embora o soro a mantivesse nutrida, a necessidade de comer algo sólido era presente.

Rima não preservara as lembranças do tempo em cativeiro, e nem sabia dizer exatamente quanto tempo fora. Ela ficava sozinha no escuro o tempo todo, e comida vinha de tempos em tempos. Aos poucos, ela foi ficando cada vez mais cansada de esperar e parara de comer completamente o que enviavam para ela, na esperança de que ao menos abrissem aquela porta e a deixassem ver a luz do sol. Ninguém respondia quando ela chamava, ninguém falava com ela, e ela passou a desejar apenas dormir e nada mais, pois ao menos nos seus sonhos, havia luz, e havia Nagihiko. Apesar disso, ela nunca perdeu a esperança de que um dia ele viria.

E então, lá estava ele. Envolto em luz, abrindo aquela maldita porta de uma só vez. Como no seu sonho. Rima queria correr para os braços dele, onde era seguro, com a certeza de que tudo ficaria bem. Mas não tinha forças, suas pernas pareciam travadas. Aquele sonho seria mais um pesadelo? Isso nunca teria fim?

Porém, Nagihiko andou na sua direção. Ela podia sentir o toque, o calor do corpo dele, era tudo real! Quando ele a segurou em seus braços, ela podia sentir as batidas do coração dele ecoando. E se sentiu tão segura, que acabou dormindo novamente, antes de ter a chance de dizer qualquer coisa a mais. Estava tão fraca… tudo o que queria era acordar, e ver os olhos de Nagihiko, ouvir a voz dele dizendo que enfim eles poderiam ser felizes como sempre foram.

No entanto, agora que conseguira acordar, tudo o que havia ao seu redor era o vazio do quarto de hospital. Nem mesmo seu pai estava ali, ou alguma enfermeira. Ninguém. Rima tentou se mover, para ao menos conseguir sentar na cama, e então não se sentiria tão desconfortável, mas nem isso era possível. Ao tentar mover a mão, sentiu que havia algo entre seus dedos, algo que não estava lá antes.

Esticou o braço, sentindo a dor atravessar seus nervos, e enfim, trouxe a mão para onde seus olhos podiam ver. Era um pedaço de papel, amassado depois de ter sido contido entre seus dedos por sabe-se lá quanto tempo, mas Rima não precisava nem ter lido para ter certeza de onde ele havia vindo. Abriu-o, esticando-o diante de seus olhos, notando a caligrafia elegante de Nagihiko, e com os olhos marejando imediatamente, começou a ler.

Querida Rima

Sinto muito por não poder ter mantido nossa promessa até o fim. Mas você deve ter percebido por si só, eu acho que não consigo evitar a mentira, talvez ela esteja mesmo no meu sangue. Isso não vem realmente ao caso, por que eu tenho certeza de que você sabe que eu não estava mentindo quando disse a você, tantas vezes, que a amava. E eu amo, tanto que serei capaz de sair da sua vida no momento, por que só trarei problemas a você, e eu tenho ciência disso. Mas esse Adeus não é eterno, tenha certeza disso.

Eu sei que você sabe tudo sobre minha família. Quando pesquisou sobre o meu endereço, no início desse interminável verão, você deve ter tido acesso a essa informação também, e mesmo que não tenha comentado nada, eu imagino que você saiba muito bem quem eu era, e talvez até soubesse na época qual o meu objetivo quando eu entrei na sua casa. E mesmo tendo consciência de tudo isso, você continuou ao meu lado, como se isso não fosse nada, como se não importasse. Talvez não importasse realmente… por que nós nos amávamos, e isso não mudou, mesmo agora.

Eu não voltarei à minha casa. Estou morando no café de Ikuto, e trabalhando lá durante todo o dia. Você poderá me encontrar lá a qualquer hora se algum dia puder voltar a frequentar lugares públicos, o que a julgar pela cara do seu pai, que não para de andar de um lado para o outro no corredor desse hospital, eu suponho que não vá ser assim tão cedo. De qualquer forma, estarei sempre esperando por você.

Você deve estar se perguntando, se eu estou mesmo disposto a sair da sua vida por ser um problema para você, por que não sumo de uma vez… bem, eu admito, sou fraco. Sou egoísta, também. Mesmo sabendo que sou um enorme problema, e que você está deitada nessa cama desconfortável com tubos no seu braço por minha culpa, não consigo me obrigar a ir embora. É mais forte do que eu. Vou estar sempre por perto, pensando em você. E um dia, nós vamos poder ficar juntos e ser felizes. Por que você é uma princesa. E eu… bem, eu posso não ser o príncipe com que você sonhou. Talvez eu tenha sido até mesmo um dos vilões, em algum ponto. Mas eu estou disposto a ser o seu cavaleiro, pronto para protegê-la de novo, a qualquer segundo. E se você me aceitar dessa forma, eu estou aqui, para fazer o que estiver ao meu alcance, para dar a você o que você merece. Um belo final feliz.

Rima… Eu amo você. Amo muito, você deve saber. O que vou dizer agora vai soar meio piegas, brega, sentimentalismo tolo. Se você estivesse aqui ao meu lado agora, bateria em mim por ser tão idiota. Mas… preste atenção. Você me trouxe à vida. Antes de te conhecer, eu não tinha objetivo nenhum, obedecia cegamente às ordens da minha mãe. Eu era um idiota completo. E então, você apareceu, e virou minha cabeça 180 graus. Tudo o que eu conseguia era pensar em você, e tudo o que eu queria era te fazer feliz, te manter a salvo. Quando você aceitou os meus sentimentos por você… puxa, eu me tornei o cara mais feliz do mundo. Eu passava as noites em claro, olhando você dormir. Eu adorava contar piadas sem graça, só para ver o seu sorriso. Eu cantava músicas de amor idiotas no chuveiro, pensando em você. Eu nem mesmo me reconhecia ao olhar para o espelho, e, detalhe, não era por que estava usando saia e maquiagem.

Você me mudou, Rima. Por você, eu desejei me tornar uma pessoa boa, eu queria ser alguém adequado a estar ao seu lado para sempre. Você abriu meus horizontes, se tornou meu mundo. Graças a você, eu fiz amizades. Amizades verdadeiras, do tipo que te ajudam quando você acha que matou a governanta, e se oferecem para esconder o corpo… que te emprestam o carro, quando você precisa ir resgatar a sua namorada sequestrada, e fazem papel de isca, para você entrar em um depósito abandonado cheio de bandidos. Que te oferecem um lugar para ficar quando você saiu de casa, e que ficam ao seu lado, quando descobrem que você vem de uma família de mafiosos perigosos. Eu nunca encontraria palavras suficientes para agradecer você por isso, Rima. Amar você foi a melhor escolha que eu já fiz na vida, eu nunca me arrependerei disso. E também, não desistirei tão fácil.

Você tornou-se as minhas asas, Rima. Fez com que eu voasse, conhecesse o céu, puro e livre de tristezas. Meu anjo… eu não sei mais o que poderia dizer para você. Além de Obrigado… e eu te amo. Já disse tudo isso, e repetirei quantas vezes forem necessárias. Até que você entenda, fique cansada de mim, e me mande para longe.

Prometa que não vai chorar, por que eu não poderei secar suas lágrimas. Algum dia, com certeza, nós nos encontraremos novamente.

Então, direi apenas… até logo.

Com amor.

Fujisaki Nagihiko.

Quando terminou de ler, Rima sentia as lágrimas escorrem dos cantos dos seus olhos, molhando o travesseiro em sua cabeça. Colocou o braço na frente do rosto, abafando os soluços dolorosos que feriam sua garganta, e abraçou aquele pedaço de papel, que continham as preciosas palavras de Nagihiko para ela. Ela jamais parou de acreditar nele, e não iria desistir agora. Ele prometeu que voltaria. E ela acreditaria nele.

Nagihiko também se tornou as suas asas. Foi ele quem mostrou a ela o mundo, e deixou que ela experimentasse o gosto do primeiro amor. Ela pode voar livremente, ao lado dele, e não desistiria facilmente desta felicidade. Ela não iria esperar por ele… ela iria ao encontro dele! Antes mesmo do esperado. Só precisava pensar…

— Eu também te amo, Nagi… - ela sussurrou com a voz falhando pela falta de uso, secando as lágrimas com as costas da mão enfaixada – Você foi a melhor coisa que aconteceu em toda a minha vida. E eu não estou disposta a desistir… Espere por mim.


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Notas finais do capítulo

....... alguém aí querendo me matar...? Alguém? Suspeito que sim =-=

Well, my sweethearts~ tenho que avisar a todos vocês que nós ainda temos um peeeequeno epílogo, que encerra de vez essa história~ acharam mesmo que eu ia ser cruel ao ponto de acabar tudo dessa maneira? Bem, não posso negar que gosto de finais trágicos -u- mas ainda tem mais por vir, respirem fundo, e aguardem ansiosamente~


Estarei esperando pelo review de vocês!!! Nem que seja só uma vez, não deixem para depois, escrevam logo um comentário, quero muito saber a opinião de todos, okay?

Até o epílogo!! ヽ(゜∇゜)ノ



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