Shiroi Tsubasa escrita por Shiroyuki


Capítulo 27
Capítulo XXVII




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A quinta-feira ensolarada anunciava a chegada iminente do verão. Logo seriam as férias de verão, e era óbvio que ninguém conseguia esperar mais pela tão sonhada folga no meio do ano.

Depois de quase uma semana longe, Rima finalmente conseguiu voltar para a cidade – e isso poderia se dever quase que exclusivamente ao fato de o seu suposto noivo ter sumido da pousada no dia seguinte. Nem mesmo Meiko, sua amiga de infância, sabia informar o paradeiro dele, e era ela quem estava mais abatida com aquele sumiço, realmente. Apesar disso, Rima tinha mais coisas com o que se preocupar. Como por exemplo, as provas finais, e com essa “volta às aulas” conturbada que certamente teria, com tantas coisas para contar à todos.

Rima reunira seus amigos durante o horário do almoço no telhado da escola, para conversar com eles. Desde que chegara à escola, sendo bombardeada por perguntas atropeladas e confusas de Amu e Yaya, prometera à elas que explicaria tudo direitinho, e era isso o que elas faziam nesse momento.

— … então, foi isso o que aconteceu… - Rima terminou sua narração, à muito custo, pois Rima e Amu não paravam de interrompê-la a cada segundo com exclamações, xingamentos, ou opiniões exacerbadas. Olhou para Nadeshiko, que calmamente sorriu, com se quisesse tranquilizá-la, depois de tudo aquilo.

— Mashiro-san! Isso é muito horrível! – Tadase, que estava ali também, exclamou – Ninguém deve se casar contra a sua vontade! E além do mais, você já tem ao Fujisaki-kun!

— Mas não tem como eles saberem disso, nee, Tadase! – Yaya replicou, alterada, quase se descabelando. Essas situações “de adulto”, complicadas e sem saída sempre a deixavam nervosa de uma maneira extrema.

— Fiquem calmos, todos vocês… - Nadeshiko disse, no seu tom de voz brando de sempre – Nós vamos dar um jeito nessa situação. De qualquer forma, o garoto já sumiu, é uma bela desculpa pra cancelar logo tudo isso…

Ninguém tinha mais nada a dizer, e em silêncio, até mesmo Yaya, tentava absorver todas as informações. Rima e Nadeshiko se entreolhavam, mais calmas do que estavam antes, apenas por poder contar com seus amigos agora. Nadeshiko segurou a mão da loirinha, com os olhos transbordando afeição. Nesse momento, a porta do telhado abriu-se, e elas se afastaram, discretamente.

— Ah, tem gente aqui… - era Hitomi quem saíra, trazendo nas mãos um livro. Ela olhou para todas, nervosamente, até perceber que Tadase estava entre elas, mas preparou-se para sair da mesma forma. Não era muito boa com interações sociais, e não ia começar a ser logo agora.

— Espera, Hitomi-chan! – Tadase chamou, fazendo menção de se erguer – Venha até aqui!

Hitomi virou o rosto, ponderando se deveria atender ao pedido do loiro, ou apenas dar meia volta. Percebeu que Tadase estava sentado ao lado de Nadeshiko, e seus olhos franziram, irritados.

— Ah, então você é a Hitomi-san, a namorada do Hotori-kun… - Nadeshiko exclamou admirada, juntando as mãos em sinal de admiração. Tadase corou, e Hitomi também, embora tentasse disfarçar – É tão kawaii… itai! – ela parou subitamente, recebendo um sonoro tapa nas costas de Rima. Hitomi arqueou a sobrancelha, sem nada entender. Aqueles amigos do Tadase eram completamente bizarros.

Como Tadase continuasse a fita-la com aquele olhar irritantemente suplicante e adorável, ela se viu sem opções além de aceitar o convite e se desviar do seu caminho e se juntar àquele bando de pessoas desconhecidas. Sem nada a dizer, ela sentou bem no meio dos dois, e cumprimentou a todos com um aceno de cabeça, lançando mais um olhar irritado para a garota ao seu lado.

— Eeei!!! Hitomi-chii! – Yaya chamou, escandalosamente, antes mesmo de ser apresentada devidamente. Hitomi sobressaltou, completamente desacostumada com esse tipo de tratamento, e olhou de relance para Tadase, como se esperasse por alguma ajuda – A Yaya adorou que a Hitomi-chii tirou o Tadase da fossa…

— Yaya!

— Demo nee, você sabia, Hitomi-chii? A Rima-tan vai casar com um noivo que sumiu! – Yaya exclamou, abrindo os braços em sinal de espanto. Todos se entreolharam, imaginando qual era a noção que Yaya tinha de bom senso… se é que ela tinha alguma de fato. Não era nenhum segredo o casamento arranjado de Rima, mas também não era algo que se contava para uma pessoa que acabara de se conhecer.

Rima esperou que a garota risse, ou duvidasse daquela história. Certamente era a reação a se esperar, afinal, em pleno século 21, alguém se casar obrigada era algo que só se poderia ver em filmes. Mas, para surpresa até mesmo de Tadase, Hitomi a fitou seriamente, com um semblante que, para alguém geralmente inexpressivo como ela beirava à quase compaixão.

— É verdade? – ela indagou retoricamente – Eu nunca pensei que isso pudesse acontecer com outras pessoas além de mim!

— Espera… isso aconteceu com você, Hitomi-san? – Amu perguntou, intrigada.

— O que? – Tadase quase se afogou, na ânsia de falar rapidamente – V-v-você tem um noivo também…?

— Claro que não! – Hitomi se apressou em dizer – Meu tio considerou a ideia de arrumar um noivo para mim, já que nossa família passava por… ahn… dificuldades nos negócios… Mas depois do terceiro omiai arruinado, e um dos pretendentes foi parar no hospital por que caiu acidentalmente em um poço, ele desistiu de vez da ideia.

— Ah! – Tadase respirou aliviado – Ainda bem…

— Ainda bem não sei por que… - Amu cochichou para Nadeshiko – Quem corre mais risco de vida aqui é ele mesmo…

— O que eu queria dizer… - Hitomi voltou-se para Rima, surpreendentemente falando por vontade própria – É que eu entendo a sua situação. Posso te ensinar alguns dos meus truques para cancelar noivados, acho que eu realmente sou boa nisso…

— Isso ajudaria muito, Hitomi-san – Rima agradeceu, parecendo bastante cordial agora. Nadeshiko e Tadase fitaram as duas garotas, estranhando aquela afinidade tão repentina, mas nenhum comentário foi desferido.

Depois disso, o sinal para final das aulas soou, e todos se encaminharam lentamente para voltar ao prédio. Yaya foi na frente, cantando a abertura do seu mais novo mahou shoujo favorito, e Amu tentava fazê-la calar a boca, antes que acabasse sendo advertida junto com ela, como da última vez. Hitomi e Rima foram logo atrás, discutindo estratégias de afogamento acidental em lagos, e parecendo bastante animadas com suas conversas.

— Ei, Hotori-kun… - Nadeshiko chamou, antes que ele começasse a descer as escadas. Esperou as outras garotas avançarem na frente, e quando elas tinham se afastado o suficiente, continuou – Tem algo que eu quero dizer à você.

— Sim?

— Bem, eu estou muito feliz por você ter se acertado com a Hitomi-san. Ela parece uma garota muito legal… apesar do incidente com o poço, aquilo pareceu perigoso… b-bem, o que eu quero dizer… é que parece que, estando com você, ela provavelmente passará bastante tempo conosco, então, seria bom se você esclarecesse com ela  a minha situação, e a minha relação com a Rima…

— Você está dizendo para eu contar a ela o seu segredo? – Tadase se surpreendeu.

— Sim. Facilitaria muito a nossa convivência… e a sua, também. Eu percebo que ela ainda tem muita hostilidade comigo… e ela deve saber sobre a carta que você me mandou no início do ano – Nadeshiko citou, hesitante, e Tadase corou furiosamente – Então, se você pudesse contar tudo à ela, seria bom.

— Mas… a Mashiro-san não se importa? Quero dizer, isso a envolve também…

— Desde que Hitomi-san não conte à ninguém, não há problema. E, além disso, tenho certeza de que a Rima não quer que as pessoas pensem que somos… bem, você sabe, lésbicas… então, ela vai preferir que a Hitomi-san saiba logo da verdade, e não pense em nada precipitado…

— Entendo… - Tadase assentiu.  – Eu vou fazer isso, então, Fujisaki-san… muito obrigado por depositar a sua confiança em mim – ele se curvou rapidamente, virando no corredor para a sua sala.

— Hai, até mais Hotori-kun – Nadeshiko acenou, seguindo para o lado onde Rima virava, logo a frente.

-

Rima espanou a saia do seu vestido marrom, respirando fundo, e deu duas pequenas batidinhas na porta de madeira, tão sutis que quase não podiam ser ouvidas. Do lado de dentro, a porta se moveu, mostrando o rosto da secretária do seu pai, que dava passagem para Rima com um sorriso forçado transparecendo.

A loira curvou-se, respeitosamente, andando até a mesa do seu pai, sem se importar em sentar, e calmamente, esperou que a secretária desse licença.

— Papai… você me chamou?

— Ah, sim, chamei… - o Sr. Mashiro nem mesmo moveu os olhos dos papeis que lia, com uma ruga de concentração entre as sobrancelhas – O seu noivo, Homura-san… foi localizado nas imediações da pousada. Ele tentara fugir, mas se perdeu na mata, e estava chorando e chamando pela mãe quando o encontraram. Patético. Ao que parece, ele também tinha uma namorada… não lembro o nome dela, mas… isso apenas denota o caráter infiel e inconfiável do garoto Homura, não posso entregar minha herdeira para alguém assim. Depois dessa situação ultrajante, eu não vi outra saída a não ser cancelar o seu noivado com esse garoto, Rima, sinto muito.

— Cancelar? – Rima não pode evitar o tom de voz radiante, quase cantarolado, que usara. Era uma sorte que seu pai não prestasse muita atenção nela, ou teria notado o brilho em seus olhos, e sua alegria indisfarçável, diante da notícia – Que… triste… não, é? Você estava tão animado…

— Ah, mas não vamos desistir agora. Dessa vez, eu irei marcar omiais para você, querida, e vamos fazer as coisas do jeito certo, conhecer os seus pretendentes antes. Eu irei deixar você escolher entre eles, o que acha?

Rima riu sem graça, incapaz de formular uma resposta que agradasse ao seu pai. Por mais que quisesse fazê-lo feliz, não podia dizer que jamais ia escolher entre qualquer um que ele a apresentasse, e que já tinha em mente a pessoa com quem gostaria de passar o resto da sua vida.

— Papai… e-eu tenho um pedido a fazer… - ela falou, em tom comedido, achando que aquele era o melhor momento para mudar de assunto.

— O que houve, princesinha…? -  o pai ergueu os olhos pela primeira vez, embora não parecesse tão afetivo quanto suas palavras sugeriam.

— Eu… tem um lugar onde eu quero passar as férias de verão…

O Sr. Mashiro sorriu para ela. Quando se tratava de algo que o dinheiro pudesse pagar, ele tinha todas as respostas.

— Apenas diga o lugar, querida, e eu mandarei comprar as passagens.

— Obrigada, papai…


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Notas finais do capítulo

Capítulo curtinho, gomen~ o próximo com certeza vai ser maior...
Não deixem de comentar o//



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